Um Mundo de Ponta-Cabeça
Em 15 de junho de 2020, a Suprema Corte dos Estados Unidos emitiu uma decisão que redefiniu o significado de “sexo”. O tribunal já decretou que “sexo” (na lei da discriminação) significa mais do que biologia, genes e DNA. Agora sexo é interpretado como significando a preferência e a identidade pessoal de alguém — ou seja, os homens agora podem alegar serem mulheres e as mulheres podem afirmar serem homens, e todos serão obrigados por lei a aceitar essas mentiras gritantes como verdadeiras e normais.
Essa decisão abrangente impactará toda a cultura dos Estados Unidos — de escolas e empresas a igrejas e até banheiros. Mais uma vez, a Suprema Corte, como fez na decisão de 2015 sobre o casamento homossexual, cruzou uma linha definida pelo reino de Deus e interferiu com a própria ordem divina da vida estabelecida pela Bíblia.
Deus criou o ser humano à Sua imagem e os declarou como sendo “homem e mulher” e com papéis biológicos e espirituais distintos. Ignorando totalmente a vontade e o propósito de Deus nessa decisão, o tribunal proferiu uma decisão degradante e pervertida sobre a moralidade sexual que irá corroer ainda mais a cultura moral e espiritual dos Estados Unidos.
Essa decisão, assim como as decisões anteriores da Suprema Corte, convida ao julgamento divino sobre um povo que não deseja levar em conta nada que diz respeito a Deus.
O que isso significa daqui para frente?
Em essência, a decisão da Suprema Corte reescreve a Lei dos Direitos Civis de 1964, que proíbe a discriminação no emprego com base na "raça, cor, religião, sexo [e] nacionalidade". O tribunal redefiniu “sexo” para significar mais do que homem ou mulher, feminino ou masculino.
Nesse processo, a maioria de seis juízes passou por cima do Congresso, que é o braço legislativo do país delegado constitucionalmente. Ela abriu um precedente para reinterpretar o significado evidente de uma lei escrita por uma geração anterior.
Em uma discordância enérgica, o juiz Samuel Alito tachou essa decisão de “absurda” e que demonstra uma arrogância “de tirar o fôlego”. Alito alertou que a decisão terá impactos destrutivos de amplo alcance nas liberdades fundamentais que os norte-americanos prezam tanto, e que "todo o judiciário federal ficará imerso durante anos em ações sobre o alcance desse entendimento do Tribunal".
A discordância dele expõe sete diferentes esferas da vida norte-americana que serão afetadas por essa decisão. Aqui estão estas sete áreas:
• Banheiros e vestiários. As consequências aqui são de longo alcance e envolvem a segurança de mulheres e crianças, já que essa decisão significa que agora homens podem usar banheiros femininos e outras instalações exclusivas para mulheres. Isso abre a porta para trágicos casos de abuso.
• Esportes femininos. Como observa o juiz Alito: “O efeito do entendimento da Suprema Corte pode ser o de forçar as mulheres jovens a competir com pessoas que têm uma vantagem biológica muito maior, inclusive atletas que têm o tamanho e a força de um homem, mas se identificam como mulheres e aquelas estão usando hormônios masculinos para fazer a transição de feminino para masculino”.
Alito também alertou que essa decisão também pode afetar o esporte profissional. E os desafios dos tribunais já estão acontecendo neste ponto.
• Alojamentos. A hospedagem em campus de universidades que têm dormitórios, quartos e banheiros separados para homens e mulheres será um desafio.
• Emprego e religião. Mais uma vez, o juiz Alito observou essa discrepância: "Relatórios apresentados por uma ampla gama de grupos religiosos — cristãos, judeus e muçulmanos — expressam uma profunda preocupação de que essa posição, agora adotada pelo Tribunal, 'irá desencadear um conflito aberto nas decisões empregatícias baseadas na fé de diversas igrejas, sinagogas, mesquitas e outras instituições religiosas'”. Em outras palavras, os empregadores que seguem as definições bíblicas de gêneros podem ser forçados a contratar ou manter empregados pessoas que negam e desafiam essas definições bíblicas.
• Assistência médica. Existem vários problemas nesse ponto. Alito avisa: “Funcionários transgêneros entraram com processos . . . contra os planos de saúde das empresas que não cobrem as onerosas cirurgias de redefinição de sexo”. Portanto, isso pode fazer com que o custo dos planos de saúde aumente à medida que empregadores, funcionários e contribuintes sejam forçados a pagar a conta dessas cirurgias, que muitos consideram moralmente erradas.
• Liberdade de expressão. Alito adverte: “A decisão do Tribunal pode afetar até a forma como os empregadores se dirigem aos seus empregados e a forma como os professores e funcionários de escolas tratam os alunos”. E, como já aconteceu em várias situações, qualquer um pode ser e será punido por falar a verdade sobre essa loucura.
• Consequências constitucionais. As questões aqui são extensas e vão além do espaço que temos aqui para discutir agora. Mas essa decisão tem um efeito abrupto em uma legislação ampla que impactará muitas outras áreas da vida pública, sem o efeito moderador e solucionador do debate, da discussão e da legislação deliberada ao longo do tempo. O efeito real é que seis autoridades não eleitas determinaram que uma nação de mais de 330 milhões de pessoas é obrigada a aceitar uma mentira absurda e fingir que ela é de fato verdade.
Aqueles que estão aplaudindo essa decisão sentem que o Supremo está apenas tentando acompanhar o entendimento do resto do país. Mas, francamente, a cultura está se movendo tão rapidamente nessas questões que fica difícil se manter informado sobre o que está acontecendo e o significado e as consequências disso para toda a sociedade.
Os Estados Unidos ainda tem uma forte corrente religiosa tradicional ativa em sua cultura. Essa decisão, e suas consequências sociais, irão aumentar a divisão cultural e política do país. Aqueles que defendem uma forma de moralidade bíblica se sentirão ainda mais acuados. Estamos observando uma nação se distanciar da moralidade ordenada por Deus, baseada não apenas na revelação das Escrituras, mas também nos fatos científicos da biologia estabelecidos pelo Deus Criador.
Quatro decisões blasfemas da Suprema Corte
Nos últimos sessenta anos, a Suprema Corte dos Estados Unidos tomou quatro decisões históricas que impactaram a fé em Deus na esfera pública. Cada uma dessas decisões violou os princípios divinos, as leis e a ordem divina da criação que nosso Criador estabeleceu.
No início dos anos 1960, a Suprema Corte tomou duas decisões sobre a oração e a leitura da Bíblia em escolas públicas. Na primeira, os juízes decidiram que a oração não tinha lugar na educação pública. Um ano depois, o tribunal declarou inconstitucional leitura da Bíblia e recitação do Pai Nosso nas escolas.
Embora essas decisões não sejam a favor ou contra as expressões pessoais de fé, elas fazem parte de um período de mudança cultural que continua ocorrendo até hoje. O tribunal decidiu sobre um assunto de grande importância espiritual para uma nação, que foi abençoada com um lugar único no mundo — um lugar que o Deus celestial tornou possível.
Em termos bíblicos, este ato significa que “semearam ventos e vão colher tempestades” (Oséias 8:7, Bíblia Viva). Ao plantar essas sementes malignas — ao retirar Deus oficialmente da educação e da vida pública — o tribunal colocou a nação no rumo da degradação moral que estamos vendo hoje em dia, há muita violência, perversão, doenças sexualmente transmissíveis, abuso de substâncias químicas e colapso da família, da lei e da ordem.
Em 1973, a Suprema Corte decidiu outra ação histórica e significativa, o caso Roe versus Wade. Este processo classificava o assassinato de nascituros como um direito garantido pela Constituição dos Estados Unidos — embora a Constituição afirme que seu objetivo é “garantir as bênçãos da liberdade para nós mesmos e nossa posteridade”, o que inclui os que ainda não nasceram.
Desde 1973, mais de sessenta milhões de abortos foram realizados legalmente apenas nos Estados Unidos. Quando uma nação não protege a vida de seus nascituros, ela merece o julgamento do Deus que criou a vida (Números 35:33-34; Provérbios 24:11-12). Esse julgamento está chegando, e mais cedo do que podemos pensar!
A quarta decisão da Suprema Corte aconteceu em junho de 2015 com a legalização do casamento entre pessoas do mesmo sexo. Nessa decisão, o tribunal voltou a atestar um direito radical, ou seja, de que o casamento entre pessoas do mesmo sexo é garantido pela Constituição.
Decisões que negam a Deus e a realidade
Precisamos ser muito claros com essa questão extremamente controversa: A Suprema Corte dos Estados Unidos extrapolou os limites temporais e terrenos do reino espiritual ao desafiar o Deus que criou o homem, a mulher e o casamento. O tribunal decretou que a instituição divina do casamento, definida na Bíblia como uma união sagrada entre um homem e uma mulher — a única definição bíblica de casamento — pode ser substituída pelo entendimento humano e pelo julgamento de cinco autoridades não eleitas. Agora a jurisprudência humana sanciona os relacionamentos matrimoniais que nunca foi a pretensão de Deus — na verdade, Ele proíbe especificamente isso!
Com essas decisões, os Estados Unidos cruzaram diversas linhas importantes. Fomos de uma decisão contra a oração, a leitura da Bíblia em escolas públicas, a liberação do assassinato de nascituros a uma decisão contra a própria definição bíblica de casamento. Agora, o tribunal negou a realidade científica e biológica de que Deus criou o ser humano como homem e mulher (Gênesis 1:27; comparar Mateus 19:4; Marcos 10:6).
Em sessenta anos, essas decisões nos levaram pelo caminho do desafio público e aberto contra Deus nos aspectos mais elementares da vida humana e da sociedade. Como o juiz Alito advertiu em sua discordância sobre a legalização do casamento homossexual pelo tribunal:
“A decisão de hoje...será usada para difamar os norte-americanos que não estão dispostos a concordar com essa nova ortodoxia... [isso] será explorado por aqueles que estão determinados a eliminar qualquer vestígio de dissidência...Aqueles que se apegam a velhas crenças poderão até sussurrar seus pensamentos nos recônditos de suas casas, mas se emitirem essas opiniões em público, correrão o risco de serem rotulados como intolerantes e tratados como tal por governantes, empregadores e escolas...Ao impor seus próprios pontos de vista a todo o país, a maioria [do tribunal] facilita a marginalização de muitos norte-americanos que têm opiniões tradicionais”.
O tempo do julgamento está chegando
As palavras do juiz Alito revelaram-se proféticas. Aqueles que defendem os valores bíblicos — como fazemos na revista A Boa Nova — frequentemente têm sido rotulados de fanáticos, detratores, homófobicos e outras coisas ainda piores. Muitas vozes foram silenciadas. E isso ainda vai piorar. Em algum momento, nós também seremos silenciados (ver Amós 8:11-12).
Os Estados Unidos tateia cegamente por esse caminho ensandecido. E cada onda de mudança moral traz ainda mais cegueira espiritual. O apóstolo Paulo escreveu aos romanos sobre a sociedade corrupta e degenerada de sua época: “Porque do céu se manifesta a ira de Deus sobre toda impiedade e injustiça dos homens que detêm a verdade em injustiça” (Romanos 1:18).
Essa última decisão representa outro passo importante para a nação se afastar do conhecimento de Deus. E demonstra um pensamento confuso e irracional. Para aqueles que apoiam a Bíblia como o padrão da verdade e que acreditam que os Estados Unidos são uma nação “sob a égide de Deus”, tudo isso levanta sérias questões sobre o futuro.
Agora é a hora de cada um de nós entendermos a seriedade dos tempos em que vivemos e olhar pela ótica de Deus para onde os Estados Unidos e o mundo todo estão se dirigindo. Sem dúvida, vamos colher o que plantarmos. Ninguém zomba de Deus (Gálatas 6:7). O justo Juiz de toda a Terra vai agir e nós vamos colher tempestades como nunca antes.