A Arqueologia Continua Respaldando a Bíblia
Ruínas de cidades fortificadas mostram a expansão do reino da Judeia na época de Davi e Salomão (junho de 2023).
Esse não é um achado único, mas o estudo publicado pelo arqueólogo Yosef Garfinkel, da Universidade Hebraica, revela os locais das ruínas de cinco cidades fortificadas, Lachish e Khirbet Qeiyafa (a Fortaleza de Elá, talvez Saaraim, em 1 Samuel 17:52), juntamente com Beth Shemesh, Tell en-Naṣbeh (identificada como Mispa) e Khirbet ed-Dawwara, que se encontra na periferia desértica da região montanhosa de Benjamim.
Esses locais fortificados de forma semelhante no sopé da Judeia ou Sefelá, todos ao norte e oeste de Jerusalém, ficavam nas principais estradas que levavam às áreas de Jerusalém e à antiga capital de Davi, Hebron, aparentemente formando um perímetro ao redor do interior do reino. Eles receberam basicamente o mesmo leiaute urbano no século X a.C. (datado por radiocarbono e cerâmica). Cada um tinha uma muralha externa contígua às moradias e uma estrada periférica. Quatro dessas muralhas eram de casamata (duplas e ocas no meio para cômodos), enquanto a parede sólida em Lachish tem datação um pouco mais tardia, coincidindo com a fortificação feita pelo filho de Salomão, Roboão, em 2 Crônicas 11:5-12. Essas cidades tinham grandes edifícios administrativos com vigas retangulares em grupos de três, que coincidem com as descrições do Palácio de Salomão e do templo. As evidências epigráficas demonstram alfabetização.
Esses fatores coesivos apontam para uma autoridade regional centralizada, indo contra a narrativa de estudiosos minimalistas que negam a descrição bíblica de um reino em expansão sob Davi e Salomão, considerando-os meros e possíveis chefes locais ou senhores da guerra. Deve-se notar que Garfinkel não afirma ter evidências da ampla extensão desses reinados, conforme demonstra as Escrituras.
Outros apontaram que não deveríamos necessariamente esperar uma urbanização extensiva naquela época além do que a Bíblia descreve, pois embora alguns israelitas habitassem as antigas cidades cananeias, evidentemente muitos ainda eram pastores e seminômades. Contudo, até mesmo um reino nômade poderia ser poderoso e opulento — como o dos mongóis, o maior império de terras contíguas da história.
Painéis de pedra representando o cerco de Senaqueribe a Laquis encontrados (agosto de 2023).
Em Mosul, no norte do Iraque, em 2022, foram encontrados sete grandes painéis de alabastro ou "mármore de Mosul" representando arqueiros, o cerco da cidade e detalhes paisagísticos reutilizados como pedras fundamentais no antigo Portão de Mashki da cidade bíblica de Nínive. Atualmente, acredita-se que antes elas ficavam no local do Palácio Sudoeste do Imperador Assírio Senaqueribe para mostrar sua campanha militar no oeste contra os fenícios e Judá, particularmente sua conquista da cidade judaica de Laquis em 701 a.C. Esses painéis são muito semelhantes aos expostos no Museu Britânico. Ademais, é significativo o fato de não haver nesses painéis nenhuma representação dos assírios conquistando Jerusalém, pois a Bíblia mostra que Deus interveio para impedir isso.
(Em nossa próxima edição de descobertas arqueológicas em andamento, abordaremos alegações, em junho de 2024, da identificação do acampamento do cerco assírio em Laquis e em Jerusalém).
Descoberta confirma que El-Araj é a verdadeira localização da cidade de Betsaida (agosto e novembro de 2023).
Há dois possíveis locais para Betsaida, a cidade natal dos apóstolos Pedro e André (João 1:44). O local mais tradicional, Et-Tell, fica a 2,25 km da costa do Mar da Galileia. Contudo, isso já foi contestado por ser muito longe para uma vila de pescadores, o nome Betsaida significa "Casa da Pesca". O outro local é El-Araj, que fica bem próximo à costa. Apesar de Josefo, historiador judeu do primeiro século, afirmar que posteriormente Betsaida foi transformada em uma cidade romana, não há artefatos romanos em Et-Tell. Entretanto, a escavação em El-Araj revelou alguns assentamentos judeus, como vasos de pedra para purificação ritual, juntamente com achados romanos posteriores, como uma casa de banho.
Em 2023, foi encontrado em uma casa do período judaico um tinteiro contendo vários pequenos pesos de pesca, o que parece indicar que os pescadores do primeiro século podiam ser alfabetizados (contradizendo aqueles que argumentavam que Pedro e João, por ser pescadores, não poderiam ser autores de qualquer livro do Novo Testamento).
Posteriormente, uma parede do primeiro século foi encontrada sob as ruínas de uma igreja bizantina — acredita-se que essa igreja primitiva foi construída sobre a casa de Pedro e André, segundo o relato de Willibald, bispo bávaro que visitou a região por volta de 725 d.C. Entretanto, ainda não se sabe se essa parede do primeiro século pertencia mesmo a uma casa.
A escavação no local é desafiadora devido ao alto nível do lençol freático do terreno, pois está muito próximo ao Mar da Galileia.
Novo estudo de radiocarbono revela o portão de Gezer construído por Salomão e a cidade destruída por Merneptá e Sisaque (novembro de 2023).
A revista científica PLOS ONE publicou um estudo de radiocarbono, realizado principalmente nas bases das camadas estratificadas das ruínas da antiga Gezer, entre Jerusalém e Tel Aviv, que estabeleceu uma cronologia mais clara dessas camadas.
Uma das camadas de destruição corresponde à época da invasão do faraó egípcio Merneptá ao território israelita por volta de 1210 a.C. E outra camada de destruição, datada por volta de 925 a.C., corresponde ao período da invasão do faraó Sisaque durante o reinado de Roboão.
É muito importante o fato de que o portão de seis câmaras da cidade é datado da primeira metade do século X a.C., época de Salomão, o que restaura uma datação anterior baseada nas Escrituras.
Na década de 1960, o arqueólogo Yigail Yadin descobriu esse portão e outros quase idênticos em Megido e Hazor, concluindo que essas fortificações da Idade do Ferro mostravam um Estado forte e centralizado. Isso o levou a atribuir essa força ao trabalho de Salomão, que, segundo 1 Reis 9:15, construiu “...Hazor, Megido e Gezer”. Mais tarde, o arqueólogo Israel Finkelstein, que não aceita os relatos bíblicos do reino unificado de Israel sob Saul, Davi e Salomão, rejeitou as conclusões de Yadin e, com base em seu próprio estudo de radiocarbono e cerâmica, argumentou que esses portões de seis câmaras foram construídos no século X a.C. nos reinados de Onri e Acabe (considerado de baixa cronologia).
Finkelstein considera esse novo estudo inexpressivo, dizendo que não foram testadas amostras orgânicas suficientes, pois teria sido baseado em um grande número de amostras aleatórias. Atualmente, muitos reconhecem que os portões de seis câmaras se encaixam adequadamente na alta cronologia e na época da construção de Salomão.
A revista Artifax aponta uma questão crítica que Finkelstein ignora no debate sobre quem construiu essas fortificações: “Por que nenhum portão de seis câmaras construído por Onri e Acabe foi encontrado em suas próprias capitais, Samaria e Jezreel?” (Inverno de 2024, p. 8). A rejeição das Escrituras leva à negação do óbvio. Mais uma vez, a Bíblia é comprovada.
Descoberta de um minúsculo pingente ou brinco fenício do século X a.C. em Jerusalém (fevereiro de 2024).
Recentemente, um raro pingente de ouro de três mil anos encontrado em Jerusalém foi revelado ao público, feito de electro (uma liga rara e natural de ouro e prata). Ele é semelhante a outros achados em antigos sítios fenícios, e foi descoberto há uma década durante escavações em Ophel, uma área elevada ao sul do Monte do Templo, em Jerusalém. A Bíblia diz que houve uma aliança entre o rei fenício (cananeu do norte) Hirão de Tiro, Davi e Salomão, e também atesta que Hirão enviou trabalhadores para ajudar a construir o palácio de Davi (2 Samuel 5:11).
Provavelmente esse item tenha sido trazido por via comercial, como alguns argumentam, em vez de ter sido um item pessoal de um trabalhador fenício, que acabou perdendo-o. Mas o arqueólogo da Autoridade de Antiguidades de Israel, Amir Golani, especialista em joias do Período do Primeiro Templo, envolvido na pesquisa do pingente, acha que a presença de estrangeiros em Jerusalém é a explicação mais provável — esse pingente é a miniaturização de um santuário de um culto conhecido e tem um importante significado de identidade religiosa, algo que não seria para o comércio internacional. No entanto, até mesmo a explicação de ele ser um item para comercialização destacaria um vínculo com os fenícios, segundo as Escrituras.
Os autores do estudo de radiocarbono apresentam uma cronologia mais exata da antiga Jerusalém, mostrando um aumento populacional anterior e uma expansão para o oeste (maio de 2024).
Um projeto de pesquisa abrangente, que forneceu datação pormenorizada da antiga Jerusalém, da Autoridade de Antiguidades de Israel, Universidade de Tel Aviv e o Instituto Weizmann de Ciência foi publicado na prestigiada revista científica PNAS (Proceedings of the National Academy of Sciences, no nome original), desafiando algumas conclusões anteriores. O estudo envolveu cem datações por radiocarbono de amostras de achados orgânicos em quatro áreas de escavação diferentes nas encostas leste e oeste da Cidade de Davi (a parte mais antiga de Jerusalém) — e calibração extensa de um fenômeno conhecido de leituras imprecisas de datação por carbono-14 durante grande parte da Idade do Ferro (talvez devido à menor atividade solar naquele período).
Ademais, é significante a descoberta de que Jerusalém foi muito mais densamente povoada e urbanizada do século XII ao século X a.C. do que antes se pensava, o que está de acordo com a descrição bíblica da cidade na época de Davi e Salomão, ao contrário dos estudiosos minimalistas que rejeitam a representação bíblica daquele período.
Uma descoberta surpreendente foi a datação da expansão da muralha da cidade para o oeste por causa de um grande aumento populacional. Acredita-se que isso aconteceu na época do rei Ezequias de Judá em resposta tanto ao influxo de imigrantes, quando o reino do norte de Israel foi conquistado pelos assírios, quanto à invasão de Judá pelo imperador assírio Senaqueribe, algumas décadas depois. Esses alicerces são de uma ampla expansão ocidental da muralha da cidade, conhecida como a Muralha Larga (ou Muralha de Avigad, em homenagem ao arqueólogo que dirigiu a escavação que a descobriu), também chamada de Muralha de Ezequias (pela conexão com Isaías 22:10). Uma nova datação mostra que essa muralha e sua expansão para o oeste ocorreram na época do bisavô de Ezequias, o rei Uzias, após o grande terremoto durante o reinado do rei anterior (ver Amós 1:1; Zacarias 14:5).
Em vez de contradizer a Bíblia, essa grande obra de construção defensiva está de acordo com o que ela diz sobre Uzias em 2 Crônicas 26:8-9: “E... se fortificou altamente. Também Uzias edificou torres em Jerusalém, à Porta da Esquina, à Porta do Vale e aos ângulos e as fortificou”.
Aprofundando o Tema
Vemos constantemente que as descobertas da arqueologia não contradizem a Bíblia, mas, na verdade, se encaixam e apoiam o que ela registra. E ainda há evidências muito mais convincentes disponíveis e muitas outras razões para aceitar a veracidade das Escrituras. Para saber mais sobre o assunto, não deixe de pedir ou baixar nosso guia de estudo bíblico gratuito “A Bíblia Merece Confiança?”.