A Graça Sob Pressão

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A Graça Sob Pressão

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Costuma-se dizer que "a vida é o que acontece quando você está ocupado fazendo outros planos". Assim já deveríamos saber que devemos esperar o inesperado. Por que então nos permitimos ficar paralisados quando o inesperado acontece? Permitam-me ser franco, os discípulos de Jesus Cristo não estão isentos dos desafios da vida. É verdade que Deus zela amorosamente por nós, mas Ele nunca nos prometeu uma existência blindada nesta era. Até Jesus passou por adversidades e circunstâncias extremas, mas superou tudo valorosamente por nossa causa (Hebreus 12:1-3).

Como podemos nos preparar para o inesperado e não permitir que as circunstâncias nos desanimem, aproveitando a oportunidade para imitar o exemplo de Jesus e aceitar o convite de segui-Lo? (ver Mateus 4:19, grifo nosso).

Tocar usando apenas uma corda

Gostaria de compartilhar uma história de quase duzentos anos atrás. O famoso violinista e compositor Niccolo Paganini subiu ao palco diante de uma plateia empolgada, sem perceber o desafio que aquilo representaria. Quando ele começou a tocar seu instrumento de quatro cordas com acompanhamento orquestral, as cordas começaram a se romper até restar apenas uma, mesmo assim ele continuou tocando. A plateia aplaudiu entusiasmadamente. E no final, ele ainda tocou um solo bis com seu violino de uma corda.

Paganini poderia ter deixado o palco quando a primeira corda se rompeu. E, certamente, com o rompimento da terceira corda, ele poderia ter encerrado a noite, sorrido (ou franzido a testa?) e ido embora. Mas em um momento de introspecção, ele decidiu se manter firme. Mais tarde, ele disse: "Sempre pensei que a música vinha do meu violino, mas esta noite percebi que ela vem de mim". Esse episódio, que poderia ter sido desastroso, tornou-se uma demonstração de graça sob pressão.

É incrível quando um indivíduo persevera sob o estresse do inesperado e causa um impacto significativo nos outros — especialmente em termos espirituais, inspirando as pessoas a se comprometer ao máximo e a se manter firme até o fim. Pela graça de Deus, essa pessoa pode ser você. Podemos não ser uma celebridade como Paganini, mas somos chamados do Alto para sermos filhos do Pai Celestial e aprendermos a seguir o maior de todos os exemplos: o de Jesus, o Messias! Em certo sentido, Deus tem preferido escolher nesta era "instrumentos humanos de uma corda" — muito menos perfeitos que o violino de Paganini — "para que nenhuma carne se glorie" (1 Coríntios 1:26-29), assim a melodia vital dEle flui para os outros através de nós.

Talvez você esteja pensando no ditado que diz que é "mais fácil falar do que fazer". Mas precisamos ser realistas e entender que haverá obstáculos. A questão é como enfrentaremos uma situação que pode paralisar e até impedir nosso testemunho de Cristo habitando em nós (ver 2 Coríntios 13:5). Isso pode advir de uma discussão com o cônjuge ou da convivência com um adolescente rebelde ou de um vizinho difícil ou de um contratempo de um pneu furado quando se está prestes a viajar. E se for um desentendimento com alguém na igreja, que chegou ao conhecimento dos membros antes dos envolvidos conversarem e perceberem que foi um mal-entendido?

Avançando apesar dos obstáculos

Apesar das surpresas da vida, precisamos demonstrar graça sob pressão, ainda que os melhores planos deem errado e a aprendizagem em Cristo se estagne — quando “as cordas do violino arrebentam”.

Aqui estão alguns passos para avançarmos nesse caminho do discipulado de Cristo.

Primeiro Passo: Leve a sério o seu chamado. Reflita sobre o questionamento de Mardoqueu à Ester, sua filha adotiva e rainha da Pérsia, que foi desafiada a defender seu povo, os judeus, apesar do risco de perder a própria vida: "E quem sabe se para conjuntura como esta é que foste elevada a rainha?" (Ester 4:14, Almeida Revista e Atualizada). Quando chegar o momento do desafio, agarre-se ao seu chamado celestial para ser cidadão do futuro Reino de Deus (ver Filipenses 3:20) e testemunha de um caminho melhor do que o nosso próprio e fortuito caminho. Lembre-se sempre que Jesus nunca disse que seria fácil, mas nos garantiu que valeria a pena.

Segundo Passo: Pare, olhe e escute. Desacelere e respire espiritualmente. Viktor Frankl, um psicólogo austríaco que sobreviveu ao campo de concentração de Auschwitz, escreveu no livro Em Busca de Sentido: "Tudo pode ser tirado de uma pessoa, exceto uma coisa: a liberdade de escolher sua atitude em qualquer circunstância da vida". Uma citação relacionada, frequentemente atribuída a Frankl, declara: "Entre estímulo e resposta existe um espaço. Nesse espaço está o nosso poder de escolher nossa resposta. E em nossa resposta está nosso crescimento e nossa liberdade".

Escolher a resposta certa nesse espaço exige a atitude mental adequada. Como nos diz 1 Pedro 3:15: “E se alguém perguntar por que vocês creem assim, estejam preparados para contar-lhe, e façam-no de uma maneira amável e respeitosa” (BLH). E Tiago 1:19 nos adverte: “Seja pronto para ouvir, tardio para falar, tardio para se irar”. Nesse espaço entre o estímulo e a resposta, temos uma escolha sobre o que dominará nosso coração: O foco no efêmero momento presente ou na eternidade com Deus.

Terceiro Passo: Esforce-se para estar preparado. Nossos valores não estão nas provações, eles estão conosco na batalha e a eles nos apegamos. Esse momento presente não ocorre por acaso! Precisamos estar preparados de antemão. Na peça Do Jeito Que Você Gosta, Shakespeare escreveu: "O mundo inteiro é um palco. E todos os homens e mulheres não passam de meros atores. Eles entram e saem de cena". Como podemos entrar preparados no palco da vida e sair dos acontecimentos marcantes de uma maneira que glorifique a Deus? Devemos aprender e apegar-nos à Sua Palavra. Isso fortalecerá nosso ímpeto espiritual e nos ajudará a estar preparados para aceitar o grande convite celestial para seguir a Cristo.

Assim orou a Deus o salmista: “Venha a Tua mão socorrer-me, pois escolhi os Teus preceitos” (Salmo 119:173). Contudo, observe no mesmo salmo como o suplicante sente profundamente a proteção e ajuda do Alto: “De todo o meu coração Te busquei; não me deixes desviar dos Teus mandamentos. Escondi a Tua palavra no meu coração, para eu não pecar contra Ti” (versículos 10-11).

Pondere como essa mesma mensagem afetou Jesus quando Ele estava "sozinho no palco" das tentações no deserto e fisicamente fraco devido a um longo jejum (Mateus 4). Nesse cenário, Ele foi fustigado por Satanás, que empregou as mesmas armadilhas, aparentemente infalíveis, que usou no Éden para enlaçar Adão e Eva no terceiro capítulo de Gênesis — "a concupiscência da carne, a concupiscência dos olhos e a soberba da vida" (1 João 2:16). Humanamente falando, isso teria sido um ponto de ruptura para o Filho do Homem — mas tudo terminou de forma muito diferente do objetivo de Satanás.

Toda as vezes que as simplórias “cordas humanas” estavam prestes a se romper, Jesus tocava a nota "Está escrito" em três movimentos, respondendo a cada desafio com as Escrituras (Mateus 4:4, 7, 10). Em cada toque, o Verbo vivente (João 1:1-3) nos mostra o caminho — a música estava dentro dEle e não em notas musicais de uma folha em qualquer prateleira de Nazaré. Então, não se trata do que você sabe, mas o que você é — expresso naquilo que você faz ou deixa de fazer. No futuro vamos enfrentar momentos críticos em consonância com o exemplo dAquele que foi à nossa frente e nos ordena segui-Lo.

Até a próxima vez e continue olhando para o alto e mantendo-se firme em seu chamado para seguir a Cristo — deixando a graça de Deus fluir através de você, que é um instrumento escolhido por Ele.

Aprofundando o Tema

Será que a graça divina significa receber o perdão por nossos erros independentemente de vivermos segundo as instruções de Deus? A verdade é que Deus espera uma mudança em nós — com a ajuda dEle. Para entender melhor, peça ou baixe nosso guia de estudo bíblico gratuito "O Que A Bíblia Ensina Sobre A Graça?".