Qual é a causa da agitação que varre o Oriente Médio?
No século passado, o historiador David Fromkin escreveu em seu livro entitulado A Peace to End All Peace [A Paz para acabar com toda a paz]: “Poucos europeus . . . sabiam, ou pouco se importavam, no que acontecia nos impérios do Sultão Otomano ou do Xá Persa” (1989, p. 25).
É difícil acreditar, mas há cem anos atrás, havia pouco interesse no Oriente Médio ou na África do Norte. Poucos “sabiam ou se importavam com o que acontecia” lá.
Mas, no século passado, tudo se mudou.
O petróleo é uma das razões. Aí é onde a maioria das reservas mundiais de petróleo estão, e por isso os países ocidentais se tornaram tão envolvidos na área para garantir seu abastecimento de petróleo.
Outra razão é Israel. Antes de 1948 não existia nenhum Estado judeu no Oriente Médio por quase 2.000 anos. No Norte de África e no Oriente Médio, o Islã tem sido a religião dominante por 14 séculos, com umas minorias cristãs e judaicas espalhadas por aqui e ali. O nascimento repentino de um país independente judeu trouxe com ele a hostilidade de centenas de milhões de árabes na região e uma série de conflitos desde então.
Sem dúvida, a criação de Israel elevou a crise na área.
“A guerra para acabar com todas as guerras” dá lugar à “paz para acabar com toda a paz”
A Primeira Guerra Mundial foi uma terceira causa da complexidade do Oriente Médio actual. Antes de 1914 a região era governada ora “pelo Sultão Otomano ou pelo Xá da Pérsia”, como o historiador Fromkin descreveu. Mas após a Primeira Guerra Mundial, esta vasta região foi dividida em 22 nações árabes, que são hostis ao Irão (Pérsia) e a Israel — e até algumas destas nações árabes têm graves hostilidades entre elas mesmas!
A inspiração para o título do livro de Fromkin é porque a Primeira Guerra Mundial foi descrita como “a guerra para acabar com todas as guerras.” Depois dos tratados de paz serem assinados, o Marechal de Campo Conde Wavell, um oficial que serviu sob o vitorioso general britânico Edmund Allenby no Oriente Médio, comentou proféticamente: “Depois ‘da guerra para acabar com todas as guerras’, eles parecem ter sido bem sucedidos em Paris, fazendo uma ‘paz para acabar com toda a paz.’” Quase um século depois, a região continua a ser a principal fonte mundial de guerras, após séculos de relativa paz sob o domínio otomano.
Desejo de restabelecer um califado
Uma razão adicional deve ser acrescentada: o desejo de pessoas (como era de Osama bin Laden) de restaurar o califado islâmico que cobriu toda a região e para além da região. O califado — um império islâmico governado por um califa ou sucessor espiritual de Maomé — não tem existido por quase um século desde que foi abolido no rescaldo da derrota da Turquia na Primeira Guerra Mundial.
Nos pensamentos dos extremistas islâmicos, como Bin Laden era, não haverá paz até que o califado seja restaurado. A esperança deles é que a actual crise mundial esteja levando o mundo nessa direção. O sonho deles é de um Ummah (uma comunidade islâmica unida sob um califa), vivendo sob a lei Xariá (lei islâmica), e que englobe inicialmente todas as terras que são e tenham sido muçulmanas, desde a Espanha à Indonésia, e que finalmente abranja o mundo inteiro.
Embora a profecia bíblica é muito clara sobre o resultado final da crise no Oriente Médio e Norte da África, ela não descreve em grande detalhe os eventos entre hoje e a vinda de Cristo. No entanto, nos dá um esboço para o qual devemos prestar muita atenção.
E, evidentemente, o Oriente Médio é o centro da profecia bíblica.
Turbulência vindoura concentrada no Oriente Médio
Quando os discípulos perguntaram a Jesus Cristo sobre os eventos que levariam à sua segunda vinda, Ele respondeu: “Mas, quando virdes Jerusalém cercada de exércitos, sabei, então, que é chegada a sua desolação” (Lucas 21:20).
Jerusalém tem sido a cidade mais disputada do que qualquer outra cidade no mundo. No século passado, foi o centro de guerras regionais em quatro ocasiões (1917, 1948, 1967 e 1973), e com escaramuças relativamente menores ainda mais freqüentes. O Monte do Templo, no centro da parte antiga de Jerusalém é o terreno mais contestado no mundo. É sagrado para os judeus como o local do templo construído por Salomão, Zorobabel e Herodes, o Grande, e para os muçulmanos como o local do qual pensam que Maomé subiu ao céu.
As profecias do Antigo Testamento demonstram que os judeus (da tribo bíblica de Judá) se estabeleceriam uma vez mais na Terra Santa antes da vinda de Cristo. E Judá é referido com destaque nos eventos do fim dos tempos: “Eis que vem o dia do SENHOR ... Porque eu ajuntarei todas as nações para a peleja contra Jerusalém ... E o SENHOR sairá e pelejará contra estas nações ... E, naquele dia, estarão os seus pés sobre o monte das Oliveiras, que está defronte de Jerusalém para o oriente ... E também Judá pelejará em Jerusalém” (Zacarias 14:1-4, 14).
É evidente que essa profecia é ainda no futuro.
A cidade de Jerusalém também é central para a fé cristã como o local da morte, enterro e resurreição de Jesus Cristo e de muitos outros eventos de Sua vida e ministério. Históricamente, várias nações além das do Oriente Médio, têm tido interesse na área.
Curiosamente, neste momento, centenas de milhões de cristãos esperam a segunda vinda do Messias [o Cristo] durante suas vidas, enquanto muitos judeus esperam a primeira vinda do Messias, e centenas de milhões de muçulmanos esperam a vinda da figura messiânica muçulmana, o Mahdi, ou “o Guia”. Isto, obviamente, contribui para o caldeirão do Oriente Médio e complica ainda mais as coisas.
Manifestações e protestos abalam o Oriente Médio
Somado a tudo isto temos as perturbações recentes na região, que não são poucas.
As perturbações recentes foram habilitadas, em grande parte, por um problema que está particularmente disseminado na região — dificuldades financeiras deixando muitos, especialmente os jovens, sentindo-se desprivilegiados. As manifestações e tumultos na região foram desencadeadas por organizadores que estão a explorar o crescente desemprego entre os jovens, e os preços dos alimentos que estão subindo.
É claro que o Oriente Médio não é a única região com este problema. Manifestações semelhantes e motins têm sido incitados por toda a Europa conforme as medidas de austeridade estão a ser introduzidas. Igualmente, cortes de despesas nos governos das cidades dos EUA, são parte desta mesma crise. Milhões de pessoas em todo o mundo sentem-se pobres e desfavorecidas e estão lutando pelas necessidades humanas básicas de alimento, emprego e habitação.
Foi um sentimento de desespero que levou Mohamed Bouazizi na Tunísia a colocar fogo em si mesmo a 17 de dezembro de 2010, e assim desencadeando manifestações e motins. Exatamente quatro semanas depois da sua acção desesperada, o presidente da Tunísia, que tinha presidenciado o país por 24 anos, fugiu para a Arábia Saudita, acabando com uma das muitas ditaduras do Norte de África. O que Bouazizi queria fazer era simplesmente cuidar da sua família, mas funcionários corrutos continuaram exigindo subornos, para que ele simplesmente podesse continuar a sua actividade profissional, o que é uma situação muito comum em todo o mundo.
A Tunísia tornou-se um catalisador, e a agitação espalhou-se pelo Egito, causando o mesmo resultado, o colapso de uma ditadura que durou mais de 30 anos. Os tumultos rapidamente se espalharam para outros países na região. As nações desta região, ou rapidamente anunciaram reformas, ou escolheram uma repressão ainda mais pesada na tentativa de se manterem no poder.
As manifestações no Oriente Médio foram manifestadas uniformemente por causa duma elevada taxa de desemprego, aumento dos preços dos alimentos, uma falta de liberdades básicas, condições de vida geralmente pobres, e uma sensação de falta de esperança.
No Ocidente, esperanças surgiram para a difusão da democracia e da liberdade, e que este ano seria um ano de revoluções libertadoras, tal como 1989 foi para o mundo comunista, levando a sociedades mais livres.
Muitos no Norte de África e no Oriente Médio também querem a democracia, mas não necessariamente uma democracia ao estilo ocidental. A democracia está associada com a abundância, o que é positivo. Mas o que acontecerá acerca da igualdade de direitos para mulheres assim como para todas as religiões? Isso não é provável que aconteça em qualquer parte do mundo árabe!
Sóbria realidade por trás dos acontecimentos no Egito
Escrevendo no The Wall Street Journal em 29 março de 2011, o especialista em assuntos do Oriente Médio e ex-editor do The Jerusalem Post, Bret Stephens, escreveu o seguinte em um artigo intitulado “O Egito - a ressaca”:
“‘O Ocidente parece estar convencido de que a revolução foi liderada por forças democráticas seculares’, diz (o meu amigo egípcio) Mahmoud. ‘Agora esse mito está quebrado. O que acontece é que, ou a velha ordem’ — o que ele entende ser o regime militar — ‘se mantem no poder, ou estamos a caminho duma dominação islâmica.’
“Os coptas do Egito, cerca de 15% da população e o maior grupo de não-muçulmanos em todo o Oriente Médio, têm boas razões para estar preocupados. Apesar dos protestos em Tahrir terem feito um show de solidariedade inter-religioso, o sentido da comunidade está rapidamente voltando-se ao normal sentimento venenoso pré-Tahrir. No início deste mês uma Igreja Copta ao sul de Cairo, foi queimada até o chão, aparentemente por causa de um romance censurável entre coptas e muçulmanos. O episódio parece quase ridículo se não fosse tão comum no Egito, e se não tivesse resultados fatais tão frequentemente.
"A ameaça para a comunidade copta é também um lembrete de que, além da Irmandade Muçulmana, existem ainda os Salafistas [reformistas islâmicos, por assim dizer] no Egito que ainda são mais extremos. ‘A questão não é que eles se tornaram mais fortes desde a revolução’, explica Mahmoud. ‘É que eles estão ficando mais ousados. Não há contraponto à sua posição dominante de rua em bairros pobres. Eles não têm medo do governo. Eles não estão com medo de serem processados.’
“Ahmed, outro amigo de Mahmoud, passou para dizer Olá. Ahmed é um designer gráfico, e conseguiu um emprego cobiçado numa agência de publicidade, dois dias antes dos protestos terem começado em Tahrir, mas foi demitido poucos dias depois, e permanece até hoje desempregado. Embora seja hoje geralmente esquecido, os últimos sete anos foram economicamente bons para o Egito, graças ao programa de liberalização do ex-primeiro-ministro Ahmed Nafiz — e em retrospectiva, é um caso clássico de que as revoluções são um resultado de expectativas crescentes.
“Mas agora isso é tudo no passado. Os investidores estrangeiros estão cautelosos do Egito, assim como estão os turistas. Por outro lado a junta militar, que atualmente rege o país, iniciou uma ‘caça às bruxas’ contra pessoas que pertenciam ao ‘gabinete de empresários’ e que derem ao Egito os seus anos fugazes de crescimento, mas agora servem como bicho-papão conveniente a um exército ansioso de re-afirmar a sua boa fé aos populistas [com uma população favorecendo o fundamentalismo islâmico].
“Mais tarde eu volto para o hotel para ouvir o Secretário de Defesa dos EUA, Robert Gates, e a embaixadora Margaret Scobey a proferir avaliações otimistas sobre a evolução do país. Quem é que vamos acreditar: os próprios seculares egípcios ou o pessoal, que, poucas semanas atrás, estava dizendo que o regime de Mubarak não estava em perigo de colapso?”
Certamente, a turbulência atual pode levar ao triunfo os extremistas islâmicos, o que daria aos Estados Unidos mais inimigos como o Irão. Mas aí a semelhança com o Irão termina. O Irã é majoritariamente composto de muçulmanos xiitas, enquanto os países árabes são na sua maioria sunitas, e historicamente os dois raramente têm conseguido andar lado a lado. Cerca de 85 por cento dos muçulmanos são sunitas. Os xiitas são uma minoria e se sentiram perseguidos por quase 14 séculos. Um conflito entre os dois seria um conflito de grandes proporções, interrompendo o fornecimento de petróleo e tornaria o mundo um lugar muito mais perigoso.
Intervenção constrangida do EUA
Também escrevendo no The Wall Street Journal, Robert Kaplan, pesquisador sênior do Centro para uma Nova Segurança Americana, escreveu em seu artigo de 26 de março de 2011, intitulado “A crise do Oriente-Médio apenas começou”:
“Os Estados Unidos são uma democracia, mas também são uma potência de status quo [estado atual], cuja posição no mundo depende do mundo ficar como está. No Oriente Médio, o estado atual é insustentável, porque as populações não têm mais medo de seus governantes.
“Todos os países estão agora em jogo. Mesmo na Síria, com os seus serviços de segurança terríveis, manifestações generalizadas têm sido relatadas e manifestantes mortos. Não haverá maneira de apaziguar as seitas rivais da região, as etnias e outros grupos de interesse, exceto por alguma forma de representação democrática, mas uma anarquia quase-democrática não vai satisfazer ninguém. Outros grupos surgirão, e eles podem vir a ser marcadamente iliberais.
“Aconteça o que acontecer na Líbia, não é necessariamente um termômetro para o Oriente Médio. O movimento verde iraniano [que pede uma reforma democrática no Irão] sabe que as forças aéreas e marinhas ocidentais não estão dispostas a bombardear o Irão em caso de uma revolta popular, e por isso não é bem claro que lição estamos oferecendo à região. Isto é, porque fora do caso do Irão, e com as exceções questionáveis da Síria e da Líbia, não há nenhum benefício a curto prazo para os EUA em revoltas democráticas na região. Na verdade, estas revoltas podem ser bastante destrutivas para os nossos interesses, mesmo que provem ser imparáveis.”
Enquanto a mídia ocidental está focada principalmente no crescente conflito na Líbia e a imposição ocidental de uma zona de exclusão aérea, devemos lembrar que os outros conflitos não desapareceram. Como Robert Kaplan diz:
“O nosso recurso mais importante de segurança nacional é o tempo que os nossos responsáveis políticos superiores podem dedicar-se a um problema, por isso, é crucial evitar distracções. As guerras no Afeganistão e no Iraque, a fragilidade do Paquistão, a corrida do Irão à energia nuclear, uma possível resposta militar israelense — todos estes são desafios importantes que não desapareceram. Isto é além da ascensão do poder naval chinês e tentativa em curso de Pequim para Finlandizar muito da Ásia Oriental.
"Não devemos nos iludir. Na política externa, todas as questões morais são realmente questões de poder. Nós intervimos duas vezes na região dos Balcãs na década de 1990 apenas porque o ditador iugoslavo Slobodan Milosevic não tinha armas nucleares e não poderia retaliar contra nós, ao contrário com os russos, cuja destruição da Chechênia não solicitou nenhum pensamento de intervenção da nossa parte (nem a limpeza étnica em outras partes do Cáucaso, porque estava na esfera de influência da Rússia).
“Neste momento, ajudar os rebeldes em combate na Líbia não afeta os nossos interesses, por isso, defendemos os direitos humanos naquele país. Mas ajudar xiitas em apuros em Bahrein, ou os manifestantes contra o regime do Iêmen, prejudicaria os nossos principais aliados, de modo que não fazemos nada enquanto os manifestantes são mortos nas ruas” (ibidem).
O simples fato é que a América não pode ser consistente em apoiar a democracia no Oriente Médio e manter o domínio da região.
Apoio aos movimentos democráticos no Oriente-Médio poderia facilmente virar e conduzir governos anti-Ocidentais a assumir o poder, incluindo extremistas islâmicos. Se os Estados Unidos vai manter sua posição de superpotência no mundo, deve continuar a dominar o Oriente Médio, a principal fonte de abastecimento de energia do mundo, bem como uma região estrategicamente localizada no cruzamento de três continentes ― Europa, Ásia e Africa. É muitíssimo o que está em jogo para o mundo ocidental na região.
A profecia de Daniel de conflito entre dois impérios
A profecia bíblica mostra que duas novas grandes potências mundiais, em breve serão participantes no Oriente Médio. Novas, isto é, neste mundo moderno. Mas são poderes que renascerão ou ressuscitarão do passado, no mesmo sentido que Israel re-apareceu.
Após duas revoltas judaicas que foram esmagadas pelos romanos em 70 dC e 135 dC, os judeus foram dispersos por todo o mundo até o nascimento de um novo estado-nação judaica em 1948. Deus revelou ao profeta bíblico Daniel eventos que iriam acontecer ao povo judeu nos séculos vindouros.
Daniel estava cativo na Babilônia durante o tempo do rei Nabucodonosor e dos seus sucessores no trono da Babilônia. Ele sobreviveu a queda de Babilônia, em Outubro de 539 aC e viveu no tempo da conquista persa sob Ciro, o Grande, quando a Babilônia foi colocada sob o governo de Dario, o medo (Dan 5:30-31).
Daniel 11 contém uma profecia muito espantosa, e tão detalhada que só poderia ter sido revelada por Deus. No tempo de Dario, o medo (versículo 1), Daniel profetizou sobre a vinda dum conflito entre a Pérsia e a Grécia, revelando que “se levantará um rei valente, que reinará com grande domínio” (Daniel 11:3) — uma profecia sobre Alexandre, o Grande, que veio a viver dois séculos após destas palavras serem escritas.
“Mas, estando ele em pé, o seu reino será quebrado e será repartido para os quatro ventos do céu” (Daniel 11:4) — uma referência ao fato de que a morte de Alexandre em 323 aC aos 32 anos levou à divisão do seu império entre quatro de seus generais.
Dois destes generais são de particular importância na Bíblia.
Um deles foi Seleuco, que tomou posse de vastos territórios a leste de Antioquia, norte de Jerusalém. O império, criado em 312 aC, abrangiu território até à Índia e Afeganistão, e incluiu toda a região que era a Pérsia e a maioria da Babilônia. Seleuco e seus sucessores são referidos neste capítulo como o rei do Norte. O império deles duraria até que fosse conquistado pelos romanos quase 250 anos depois, tornando-se uma província romana em 63 aC.
Ao sul de Jerusalém foi a dinastia de outro dos generais de Alexandre, Ptolomeu. Esta dinastia durou três séculos, até à morte da famosa rainha Cleópatra em 30 aC, depois do qual o império dela foi anexado por Roma. Este império é conhecido como o rei do Sul.
Quando os reis do Norte e do Sul íam à guerra, eles às vezes pisavam os judeus que estavam no meio do conflito. Detalhes deste constante conflito entre esses governantes e seu impacto na Terra Santa são a substância do capítulo 11 de Daniel, englobando mais de 150 anos a partir da época de Alexandre, até ao tempo de Antíoco IV Epifânio, que profanou o templo em Jerusalém em cerca de 168 aC.
Neste ponto, a profecia deixa de relacionar a interação entre as duas dinastias e os judeus. No entanto, esse não é o fim do rei do Norte ou do rei do sul.
Profecias bíblicas do fim dos tempos que têm que acontecer
No versículo 40, vemos os dois de volta, agora “no tempo do fim”, quando “o rei do sul lutará com ele” — o rei do Norte.
Por que de repente, são estes dois reis mencionados de novo “no tempo do fim” — um termo usado para descrever os eventos do fim dos tempos que nos levam à Segunda Vinda do Messias?
Uma razão é por causa da restauração da nação judaica no Oriente Médio. Por quase 2.000 anos não houve nação judaica nessa região que pudesse ser afetada por qualquer evento, e esta profecia toda é acerca dos judeus e como eles seriam afetados por esses poderes. Agora que o Estado judaico (chamado oficialmente Israel, mas na verdade formado por descendentes do antigo reino de Judá, o qual que era distinto do reino de Israel) existe novamente, os acontecimentos no Oriente Médio são uma vez mais relevantes para os judeus.
Mas outra razão é que novamente existirão grandes potências, ao norte e ao sul de Jerusalém, que entrarão em conflito, e que serão uma grande conflagração que afetará o povo judeu.
O antigo rei do Sul governou do Egito. Dos 22 países árabes, o Egito é o mais populoso e tem sido o mais influencial. Quando o rei Farouk, foi derrubado pelos militares em 1952, os jovens revolucionários que assumiram o poder influenciaram revoluções semelhantes em todo o mundo árabe.
Do mesmo modo, a revolução deste ano (influenciada pelos acontecimentos na Tunísia), tem inspirado manifestações, motins e a queda de governos à volta do Oriente Médio. A última nação a ser convulsionada por revoltas e manifestações é a Síria, que estava em uma união nacional com o Egito durante a década de 1960.
Como Bret Stephens explicou, o resultado mais provável da crise atual no Egito ou é uma vitória da parte dos fundamentalistas islâmicos ou a continuação do regime militar. Como os militares têm governado por quase 60 anos e não conseguiram produzir resultados, parece bastante possível que os extremistas islâmicos acabarão por triunfar, chefiados pela Irmandade Muçulmana ou pelos Salafistas. Isso também poderia se espalhar por toda a região.
Será que podemos ver um novo califado?
Um possível resultado de eventos no Egito e doutras nações árabes é um califado parcial do tipo que Osama bin Laden e outros têm imaginado. Não se estenderia da Espanha à Indonésia, mas certamente poderia incluir muitos dos países do Norte de África e do Oriente Médio.
O próprio Bin Laden era um Wahhabi, um membro de uma seita extremista e violenta centrada na Arábia Saudita. Se a crise regional se espalha para a Arábia Saudita, o maior produtor mundial de petróleo, o fim poderia ser uma região muito hostil ao Ocidente — com resultados devastadores.
A crise também poderia levar a um conflito entre sunitas e xiitas, um conflito que já está acontecendo no Bahrein, aonde impera uma monarquia sunita numa nação de maioria xiita. Bahrein é também o local de uma base militar importante dos Estados Unidos, e por isso não é provável que os Estados Unidos suportem os que exigem uma democracia, pois seria contra os interesses dos EUA que a maioria assumisse o poder.
Para cumprir a profecia bíblica, um cenário possível no clima de hoje é que um poderoso "rei do Sul" venha a unir várias nações do Islã sunita contra um reavivado "rei do Norte".
E o quê do rei do Norte?
O rei do Norte, no mundo antigo foi conquistado e seu território absorvido pelos romanos no século I aC — assim, falando proféticamente, Roma tornou-se o rei do Norte. A Bíblia mostra que um renascimento do Império Romano, será a próxima superpotência a aparecer na cena mundial, suplantando os Estados Unidos.
Centrado na Europa, esse poder de "Fera" será uma união de 10 "reis" ou líderes: “Os dez chifres que viste são dez reis, que ainda não receberam o reino, mas receberão o poder como reis por uma hora, juntamente com a besta. Estes têm um mesmo intento e entregarão o seu poder e autoridade à besta” (Apocalipse 17:12-13).
Quando o rei do sul ataca o rei do Norte, “o rei do Norte o acometerá com carros, e com cavaleiros, e com muitos navios” (Daniel 11:40).
É bem possível que a evolução actual no Norte de África e do Oriente Médio possa ajudar a impulsionar a ascensão da final superpotência europeia predita aqui. Os eventos atuais demonstram a necessidade urgente de uma Europa mais forte, especialmente agora que os Estados Unidos estão demasiadamente comprometidos, financeiramente sobrecarregados e cuidadosos de se comprometerem ainda mais.
O que está acontecendo agora pode muito bem ser uma antecipação dos eventos previstos nos últimos versículos de Daniel 11. Presentemente, alguns países europeus estão envolvidos na implantação da zona de exclusão aérea e bloqueio de armas navais contra o regime líbio de Muammar Gaddafi, que os tem estado a provocar pela melhor parte de 40 anos.
A Grã-Bretanha e a França estão a cooperar contra a Líbia. Os Estados Unidos, já lutando em dois grandes conflitos na região, está a proporcionar, com relutância, a maior parte dos meios militares do esforço da OTAN. Significativamente, a Alemanha manteve-se fora desta situação. A mais poderosa nação europeia parece estar determinada a uma política externa por si só. Como a Alemanha será quase certamente uma das 10 nações que formarão o poder final da Besta, este é um desenvolvimento interessante em si mesmo.
Seja que a actual turbulência nos traga diretamente aos eventos preditos em Daniel 11, ou não, os eventos que foram profetizados certamente virão a acontecer num futuro não muito distante. Nós certamente precisamos manter nossos olhos voltados para o Oriente Médio e para estes desenvolvimentos! BN