Alguma vez você já ficou sem combustível e parado à beira da estrada? Aconteceu comigo uma vez, quando eu estava apressado para uma reunião. A ironia era que eu tinha acabado de sair de um posto de gasolina, onde havia parado para dar um telefonema. Dirigi por alguns quilômetros na estrada e o carro parou de uma vez. Aquilo foi frustrante, mas eu aprendi uma lição valiosa.

Esse episódio me fez lembrar uma música da década de setenta, intitulada "Running on Empty". O tema da música é acerca de ficar tão ocupado a ponto de não saber que, em muitos aspectos, pode estar perto de ficar sem combustível. Será que eu ou você podemos estar "correndo quase sem combustível "?

Em várias ocasiões, Jesus Cristo disse a Seus discípulos para "vigiar" a Sua vinda, porque não sabemos nem o dia nem a hora. Aprender a fina arte de "vigiar" ao seguir Sua instrução requer não ficar sem combustível. Temos que aprender a vigiar o medidor de combustível.

Aprendendo a esperar e vigiar

Cristo entregou uma parábola que é a chave para aprender a "vigiar" e se preparar para Seu glorioso retorno. Conhecida como a parábola das dez virgens, ela se encontra no capítulo 25 de Mateus.

O capítulo anterior, Mateus 24, tem uma detalhada profecia de Jesus sobre os eventos mundiais que vão culminar em Sua segunda vinda. Essa parábola é uma continuação da profecia, que nos diz o que devemos fazer à luz do que Ele disse sobre o Seu retorno. Então, vamos dar uma olhada nessa parábola para entender como podemos vigiar e esperar com paciência e fidelidade a vinda do Senhor.

"Então o reino dos céus será semelhante a dez virgens que, tomando as suas lâmpadas, saíram ao encontro do noivo" (versículo 1). Os discípulos já sabiam o que Cristo queria dizer quando ouviram isso. A cena remete diretamente aos costumes dos casamentos da época. Quando o futuro marido acabava de preparar o lugar em que viveria com sua esposa, ele viria buscá-la para o casamento. Os gritos de "eis o noivo!" ecoariam pela aldeia quando ele estivesse chegando para buscar sua noiva. Toda essa empolgação retratava as pessoas se reunindo para a festa de casamento e um cortejo percorrendo as ruas.

“Cinco delas eram insensatas, e cinco prudentes. Ora, as insensatas, tomando as lâmpadas, não levaram azeite consigo. As prudentes, porém, levaram azeite em suas vasilhas, juntamente com as lâmpadas” (versículos 2-4). Pela tradição o noivo viria à noite, por isso as virgens precisavam de lâmpadas. E na época, essa lâmpada era pequena e feita de barro e usava azeite como combustível. E sem azeite não havia luz. Cinco das virgens se prepararam com antecedência e tinham azeite suficiente para iluminar o seu caminho, enquanto as outras cinco foram tolas e não provisionaram combustível.

Na Bíblia, o azeite é símbolo do Espírito Santo. Como o azeite, o Espírito Santo de Deus vem de uma fonte externa. O Espírito Santo vem de Deus. Ele reside em uma pessoa, dando-lhe a capacidade de produzir bons frutos de conduta e caráter. O Espírito Santo habitando em alguém é a chave para torná-lo um cristão (Romanos 8:9; 1 João 3:24).

Na parábola, a presença ou a ausência do Espírito Santo é o mote dessa lição. Cinco dessas dez virgens não têm o Espírito Santo de Deus. E as outras cinco o tem e estão preparadas para encontrar o noivo.

Tradicionalmente, os amigos do noivo precederiam a vinda do noivo, dizendo: "O noivo está chegando!". Isso era feito à noite, aludindo à ideia de que o noivo estava vindo para roubar a noiva. A noiva estaria esperando com suas damas de honra. Esse seria um dos sinais de aviso de que a vinda do noivo estava próxima. Então, havia uma grande expectativa e também uma incerteza do exato momento que ele chegaria.

Uma demora inesperada

A parábola continua: “E tardando o noivo, cochilaram todas, e dormiram" (versículo 5). Todas as virgens dormiram, até mesmo as prudentes, que tinham bastante azeite. As virgens representam o povo da Igreja de Deus e aqui está uma forte advertência para a Igreja ficar acordada e alerta espiritualmente.

O apóstolo Paulo lança mais luz sobre o significado da luta contra o torpor espiritual: "Porque vós mesmos sabeis perfeitamente que o dia do Senhor virá como vem o ladrão de noite; pois quando estiverem dizendo: Paz e segurança! então lhes sobrevirá repentina destruição, como as dores de parto àquela que está grávida; e de modo nenhum escaparão. Mas vós, irmãos, não estais em trevas, para que aquele dia, como ladrão, vos surpreenda; porque todos vós sois filhos da luz e filhos do dia; nós não somos da noite nem das trevas; não durmamos, pois, como os demais, antes vigiemos e sejamos sóbrios" (1 Tessalonicenses 5:2-6).

Ao ler essa parábola, precisamos nos lembrar de que todos somos suscetíveis a negligenciar a nossa salvação. Cada um de nós pode ser pego pelos cuidados deste mundo e começar a escorregar espiritualmente. Podemos perder de vista o fato de que o cristão deve estar sempre vigilante. Todos nós podemos adormecer e ser pegos desprevenidos.

Penso em cada evento mundial significativo que poderia ter algo a ver com a profecia bíblica. As pessoas "acordam", veem as notícias, ficam assombradas e dizem: "O que isso significa?". Quando ocorreram os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, pessoas assustadas me ligavam perguntando se aquilo tinha algo a ver com a profecia bíblica. Em seguida, as igrejas ficaram cheias durante semanas. Mas, logo após o evento, a vida voltou ao normal. Se não tivermos cuidado, podemos adormecer.

E Jesus mostra o que acontece quando adormecemos espiritualmente: “Mas à meia-noite ouviu-se um grito: Eis o noivo! saí-lhe ao encontro! Então, todas aquelas virgens se levantaram, e prepararam as suas lâmpadas" (versículos 6-7). Toda lâmpada de azeite tinha um pavio que precisava ser aparado para funcionar corretamente, porém não acenderia sem combustível. As cinco virgens insensatas tinham suas lâmpadas e prepararam os pavios, mas não tinham azeite. Isso demonstra que podemos ter uma parte do necessário, mas ainda não ter a outra parte fundamental.

"E as insensatas disseram às prudentes: Dai-nos do vosso azeite, porque as nossas lâmpadas estão se apagando. Mas as prudentes responderam: não; pois de certo não chegaria para nós e para vós; ide antes aos que o vendem, e comprai-o para vós" (versículos 8-9).

No mundo antigo, o combustível era uma mercadoria valiosa. E cada pessoa tinha que certificar-se que seus suprimentos eram adequados. Você não podia contar com os outros para obter esse recurso. Assim também é com o Espírito Santo — o bem mais valioso e poderoso que você pode ter. Você não pode contar com seu amigo, seu cônjuge ou qualquer outra pessoa para lhe providenciar o Espírito Santo. Isso é entre você e Deus!

Alguns ficarão de fora

Sem dúvida, é importante ter caráter em momentos críticos. Se você não tem isso, então perderá oportunidades. A coragem e o discernimento necessários para tomar decisões sábias devem ser cultivados e mantidos para que, ao enfrentar alguma crise, já estejam em sua mente e coração. E ser guiado pelo Espírito de Deus é a principal diferença entre o sucesso e o fracasso.

As virgens insensatas foram instruídas a irem comprar o combustível que haviam esquecido de ter consigo. "E, tendo elas ido comprá-lo, chegou o noivo; e as que estavam preparadas entraram com ele para as bodas, e fechou-se a porta" (versículo 10). As insensatas não estavam prontas para a chegada do noivo. Contudo, sair em busca de combustível naquele momento foi um erro crítico. Elas foram apanhadas desprevenidas. O noivo chegou e elas foram deixadas para trás.

O som de uma porta se fechando traz uma nota sombria de fim de história. O noivo chegou para se casar com sua noiva e o casamento foi realizado. Em qualquer cerimônia de casamento tem-se uma percepção de que tudo foi preparado para celebrar o começo de uma nova vida. Quando Jesus Cristo retornar e tomar a Igreja como Sua noiva, chegará o momento em que todo o trabalho de preparação culminará no maior casamento de todos os tempos.

A lição dessa parábola é sobre preparar-se agora, enquanto você ainda tem tempo. Aqueles que não se prepararem não terão permissão para entrar no casamento. "Depois vieram também as outras virgens, e disseram: Senhor, Senhor, abre-nos a porta. Ele, porém, respondeu: Em verdade vos digo, não vos conheço" (versículos 11-12).

E de todas as palavras que Cristo poderia dizer a alguém, estas talvez sejam as mais trágicas: "Eu não conheço você". Contudo, essa parábola e outras Escrituras nos mostram que um tempo de juízo aguarda todos nós. A obra de nossas vidas será avaliada. Deus é paciente e misericordioso, mas Ele também é um Deus de julgamento.

Nessa parábola, a declaração conclusiva de Cristo nos traz de volta ao que temos de fazer agora: “Vigiai, pois, porque não sabeis nem o dia nem a hora" (versículo 13).

O retorno de Cristo é um evento que sabemos que vai acontecer, mas não sabemos quando. Por isso, temos que vigiar. Temos que vigiar nossas vidas, vigiar o nosso mundo e fazer com que a natureza dos tempos e eventos nos estimule a superar e viver diariamente vidas piedosas.