Você Não Tem Uma Alma Imortal

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Deus disse aos primeiros seres humanos, Adão e Eva, que se pecassem, morreriam e voltariam ao pó de onde vieram (Gênesis 2:17; 3:19). Mas, astutamente, Satanás influenciou Eva a acreditar que Deus estava mentindo e que eles não morreriam (Gênesis 3:4). E foi a partir desse ponto que o diabo começou uma empreitada nefasta para enganar todas as futuras gerações sobre este e muitos outros assuntos. A intenção dele era cegá-los para que não conhecessem seu formidável destino no Reino de Deus (Apocalipse 12:9; Mateus 6:33). Como resultado, milhões de pessoas de diversas religiões, inclusive a maioria dos cristãos professos, foram convencidas de que têm almas imortais.

Até filósofos gregos renomados expressaram essa crença em suas obras. Por exemplo, Platão (ca. 428-347 a.C.) argumentou em seu livro Fédon que a alma é indestrutível: “A alma se assemelha ao que é divino, imortal...o corpo, pelo contrário, equipara-se ao que é humano, mortal” (Fédon, Notas de Jorge Paleikat e João Cruz Costa, p. 24).

Essas ideias errôneas influenciaram os primeiros líderes da Igreja Católica. Por exemplo, Agostinho (354-430 d.C.) escreveu em sua obra Cidade de Deus: “Mas, como a natureza da alma, criada imortal, não poderá ser privada de toda a vida, a sua morte suprema consiste em ser separada da vida de Deus numa eternidade de suplício”.

Centenas de anos mais tarde, outro influente teólogo católico, Tomás de Aquino (1225-1274 d.C.), ensinou em sua obra Summa Theologica que a alma é uma entidade separada que não pode ser destruída. E quando a Reforma Protestante se enraizou no século XVI e começou a espalhar-se, a maioria de seus líderes continuou aferrada ao conceito equivocado da imortalidade da alma.

O que as Escrituras Hebraicas ensinam sobre a alma?

Na filosofia ocidental, a noção de que as pessoas têm almas imortais tem sido comumente aceita, juntamente com a ideia de que as pessoas vão para o céu ou para o inferno após a morte, dependendo da crença. Mas o que diz a Bíblia? A frase “alma imortal” não existe em nenhuma de suas páginas! Nem sequer aparece esse conceito e muito menos o ensinamento de que a morte é apenas a separação do corpo e da alma, que supostamente continuaria vivendo.

A palavra hebraica traduzida como “alma” nas Escrituras é nephesh, que significa basicamente “uma criatura que respira”. O dicionário The Interpreter’s Dictionary of the Bible explica que nephesh “nunca significa alma imortal, mas é, essencialmente, o princípio da vida ou o próprio ser vivo” (Vol. 4, 1962, “Alma”, grifo nosso). E isso pode ser visto na maneira como a Bíblia emprega esse termo. A palavra nephesh é usada para designar animais, peixes e insetos antes de sua primeira referência aos seres humanos.

Por exemplo, Gênesis 1:20 declara: “Disse também Deus: Povoem-se as águas de enxames de seres viventes [nepheshim, forma plural de nephesh]; e voem as aves sobre a terra, sob o firmamento dos céus” (ARA). Além disso, em Gênesis 1:25 lemos: “E fez Deus os animais [nephesh] selváticos, segundo a sua espécie, e os animais domésticos, conforme a sua espécie, e todos os répteis da terra, conforme a sua espécie” (ARA).

Portanto, o termo nephesh é usado nas Escrituras quando se refere à vida física de criaturas de carne e osso — inclusive a do ser humano. Por exemplo, lemos: “E formou o SENHOR Deus o homem do pó da terra e soprou em seus narizes o fôlego da vida; e o homem foi feito alma vivente [uma nephesh]” (Gênesis 2:7). Aqui, uma alma vivente se refere ao que Adão era, não a algo que ele tinha. A NVT traduz esse termo como “ser vivente”.

Observe que a palavra “alma” é usada quatro vezes em Ezequiel 18:4, todas traduzidas da palavra nephesh, referindo-se a algo que pode morrer: “Eis que todas as almas são Minhas; como a alma do pai, também a alma do filho é Minha; a alma que pecar, essa morrerá”. Está muito claro que a alma não é imortal!

A palavra alma nos escritos dos apóstolos

Assim como a palavra hebraica nephesh se refere apenas à vida física e mortal, que pode perecer, a palavra grega psuche ou psiqué tem o mesmo significado, sendo a única palavra traduzida como “alma” no Novo Testamento. Ela aparece 105 vezes, sendo traduzida como “alma” 58 vezes e, em outros casos, traduzida por termos como coração, vida, coração e mente, este último significando um ser físico e consciente.

Por exemplo, Atos 3:23 diz: “E acontecerá que toda alma [psuche] que não escutar esse profeta será exterminada dentre o povo”. Além disso, em Tiago 5:20 diz: “Saiba que aquele que fizer converter do erro do seu caminho um pecador salvará da morte uma alma [psuche] e cobrirá uma multidão de pecados”. Nesses casos, a palavra significa apenas uma pessoa — uma pessoa que pode morrer. Portanto, as almas são mortais, não imortais. Elas podem morrer e, de fato, morrem.

Além disso, o apóstolo Paulo disse aos membros da congregação em Roma que buscassem a imortalidade, escrevendo: “Ele dará vida eterna aos que, persistindo em fazer o bem, buscam glória, honra e imortalidade” (Romanos 2:7, NVI). Paulo nunca ensinou aos cristãos que eles já tinham a imortalidade, mas que precisavam ser “revestidos” dela (1 Coríntios 15:53-55). Ele também disse que somente Deus possui imortalidade e que a vida eterna é um dom de Deus (1 Timóteo 6:16; Romanos 6:23), e não algo que temos inerentemente desde o início.

Visto que as pessoas são “almas viventes”, o que acontece quando morrem? A Bíblia mostra que os mortos vão para o seol ou sheol, que significa “cova” ou “sepultura”. O rei Davi afirmou que após a morte, o relacionamento de uma pessoa com Deus cessa completamente: “Porque na morte não há lembrança de Ti; na sepultura [seol] quem Te louvará?” (Salmos 6:5).

Além disso, aqueles que morrem não têm consciência de mais nada. O rei Salomão escreveu: “Porque os vivos sabem que hão de morrer, mas os mortos não sabem coisa nenhuma, nem tampouco eles têm jamais recompensa, mas a sua memória ficou entregue ao esquecimento” (Eclesiastes 9:5). E ele escreveu ainda: “Tudo quanto te vier à mão para fazer, faze-o conforme as tuas forças, porque na sepultura [seol], para onde tu vais, não há obra, nem indústria, nem ciência, nem sabedoria alguma” (versículo 10).

A maravilhosa verdade sobre a ressurreição

Embora o que foi abordado acima possa parecer inquietante, isso não constitui o quadro completo nem o fim da história! Existe um componente espiritual no homem, mas não é uma autoconsciência extracorpórea (ver “A Tecnologia Pode Tornar O Ser Humano Imortal?”, começando na página 6). Embora os seres humanos sejam físicos e estejam sujeitos à morte, a boa nova é que Deus promete que haverá vida após a morte. O Salmo 49:15 declara: “Mas Deus remirá a minha alma [nephesh] do poder da sepultura, pois me receberá”. A Bíblia revela que pessoas arrependidas e obedientes serão ressuscitadas da sepultura e receberão uma vida espiritual perpétua (ver 1 Coríntios 15:52).

Jesus Cristo foi o primogênito dentre os mortos (Colossenses 1:18; Apocalipse 1:5). A ressurreição dos Seus seguidores à imortalidade ocorrerá em Sua segunda vinda, quando Ele estabelecer o Reino de Deus na Terra. Posteriormente, acontecerá outra ressurreição à vida física para todas as pessoas que nunca tiveram um relacionamento com o Pai e Jesus Cristo. E em seu devido tempo, elas também terão a oportunidade de desfrutar da vida eterna (Apocalipse 20; e ver o guia de estudo bíblico oferecido abaixo).

A ficção criada por Satanás sobre a alma imortal oculta a importante e magnífica verdade sobre o futuro maravilhoso que Deus tem reservado para a humanidade. A verdade é que as pessoas não têm almas imortais. Contudo, através de Cristo, temos a promessa de ressurreição da morte à vida eterna para todos os que verdadeiramente se arrependem, obedecem e adoram a Deus. Portanto, vamos honrar tremendamente a Deus pela magnífica verdade que Ele revela na Bíblia. E ainda mais importante, como nos exorta Tiago 1:22, precisamos ser praticantes da Palavra de Deus e não apenas ouvintes!