Comentário Bíblico
Deuteronômio 25:5-19
O Casamento Levirato
Deuteronômio 25:5-10 aborda um estatuto que tinha aplicação única à antiga Israel. Agora chamado de lei do casamento levirato, proveniente da palavra latina levir, que significa "cunhado". Essa lei determinava que se um homem casado morresse sem filhos, a viúva dele deveria se casar com seu irmão (cunhado dela), ou seu parente mais próximo se ele não tivesse irmão, e o primeiro filho dessa nova união deveria ser considerado como descendente do marido falecido (Gênesis 38:9; Mateus 22:24).
O objetivo disso era evitar que o nome do irmão falecido "fosse apagado de Israel", além de garantir o sustento da viúva. Obviamente, isso poderia ser um peso financeiro sobre o levir, sobretudo se ele já tivesse uma família, pois teria que sustentar essa outra esposa e ainda criar esse filho até que alcance a idade e a independência suficientes para continuar a linhagem de seu "pai" por conta própria. Entretanto, o parente mais próximo poderia se recusar a tomar a viúva como sua esposa, embora ele tivesse que passar por um processo humilhante no qual todos testemunhariam seu egoísmo em estar mais preocupado consigo mesmo do que com sua família extensa (versículos 9-10). No caso de Rute, o parente mais próximo de seu falecido marido se recusou a casar-se com ela, então, Boaz, o próximo na linha de parentesco, ficou livre para assumi-la (Rute 3:13; 4:1-9).
A lei do casamento levirato não é aplicável hoje na Igreja. Uma razão é que uma aplicação literal dela poderia exigir que um cunhado convertido se casasse com uma cunhada inconversa, ou vice-versa, o que contrariaria as instruções de 1 Coríntios 7:39 e 2 Coríntios 6:14. Além disso, se o cunhado já fosse casado, a aplicação dessa lei violaria o ensinamento bíblico (discutido anteriormente) de que um homem deve ser marido de apenas uma mulher. E como isso é ordenado especificamente no Novo Testamento para ministros e diáconos, entende-se que é obrigatório para todos os homens na Igreja.