Comentário Bíblico
Deuteronômio 27
A Lei em Muro de Pedras e as Maldições do Monte Ebal
Deus ordena que Israel construa um altar e escreva todas as palavras do Livro da Lei em grandes pedras caiadas, ou seja, num muro de pedra, quando cruzarem o rio Jordão para ocupar a terra (versículos 1-10). Em Josué 8:30-35 está registrado que Josué obedeceu a essa ordem. Mais tarde, Paulo se refere ao que estava escrito naquelas pedras como o "ministério da morte, gravado com letras em pedras" (2 Coríntios 3:7). Esse "ministério" ou, em termos atuais, "administração" da morte se refere ao código de direito civil que determinava as penalidades, inclusive a pena de morte, para determinadas transgressões, conforme consta nos estatutos e julgamentos. Hoje em dia, a Igreja não administra essa pena capital, pois essa função é das autoridades civis (Romanos 13:1-4). Em vez disso, o ministério da Igreja tem a incumbência de pregar a reconciliação e a vida eterna (2 Coríntios 3:1-18; 5:18-21).
Deus ordenou a Israel que proclamasse as bênçãos pela obediência no Monte Gerizim e as maldições pela desobediência no Monte Ebal (versículos 11-13). A Bíblia de Estudo Thomas Nelson observa: "O Monte Ebal ficava ao norte do Monte Gerizim (vv. 12-13). A cidade de Siquém ficava entre essas duas montanhas (Gênesis 12:6, 7; 33:18-20). Siquém e essas duas montanhas ficam aproximadamente no centro da terra de Canaã" (nota sobre 27:4). Ademais, Ebal e Gerizim eram dois picos importantes do centro de Canaã, flanqueando uma passagem leste-oeste através da região montanhosa centro-norte. Quase toda a Terra Prometida podia ser vista do topo do Monte Ebal" (nota sobre Josué 8:30).
Além disso, "o Senhor usou a topografia da terra para um efeito visual significativo. O Monte Ebal, por suas condições topográficas e climáticas, normalmente era um pico árido, enquanto o Monte Gerizim geralmente ficava coberto de vegetação. Consequentemente, o Monte Ebal era um lugar ideal para a recitação das maldições, e o Monte Gerizim era adequado para as bênçãos. A associação entre o lugar e as palavras teria sido inesquecível. Aliás, a proximidade entre essas duas montanhas [embora estivessem em lados opostos de Siquém], serviriam como um anfiteatro natural para os levitas recitarem essas maldições e bênçãos" (nota sobre Deuteronômio 24:11-14).
E ali também seriam erguidos um muro de pedras gravadas e um altar (Josué 8:30-35). A desobediência traria "maldições" ou punição de Deus. Nesse lugar seriam proclamadas ao povo as doze maldições às quais deveriam responder. A conduta desobediente incluía idolatria (versículo 15); desrespeito aos pais (versículo 16; comparar versículos 20, 22); desonestidade, engano e violência para com o próximo (versículos 17, 24-25); injustiça com deficientes ou pobres (versículos 18-19); e perversões sexuais (versículos 20-23). O povo deveria confirmar que essas ações eram de fato dignas de punição — não apenas respondendo com um "amém", mas vivendo em sincera conformidade com a lei que as proibia (versículo 26).