Comentário Bíblico
Êxodo 28
Como Moisés era o líder da nação de Israel, o sacerdócio seria perpetuado pela linhagem de Aarão. Até aqui todo o serviço dos levitas em geral ainda não estava estabelecido — pois só foi implementado depois da rebelião de Israel com o bezerro de ouro, sobre a qual leremos em breve. Considere mais uma vez a atenção que é dada aos pormenores delineados e impressionantes que Deus estabeleceu para o adorno do sacerdócio. A adoração a Deus não é um assunto que deve ser tratado levianamente. Esses princípios ainda são válidos hoje quando nos apresentamos diante de Deus. Visto que Ele chama Sua Igreja de sacerdócio santo e real (1 Pedro 2:5, 9), nosso vestuário e aparência nos cultos de adoração devem ser o melhor possível.
Tudo o que Deus faz é repleto de propósito. Nesse caso, Ele enviou Seu Espírito para guiar os artesãos na confecção das vestes sacerdotais. As pedras de ônix gravadas com os nomes das tribos de Israel e o peitoral com seus nomes simbolizavam o trabalho de intercessão do sacerdote ao representar o povo diante de Deus. Elas deveriam estar sobre seu coração para incutir essa grande responsabilidade deles. E na placa em sua testa, que representa os pensamentos, havia uma gravura que denotava devoção a Deus. Os sinos da vestimenta "tocariam quando o sacerdote se movimentasse dentro dos lugares sagrados. Esse som asseguraria aos que estavam do lado de fora que o sacerdote estava intercedendo por eles" (Bíblia de Estudo Thomas Nelson, nota de Êxodo 28:33-35).
No versículo 30, observe a menção do "Urim e Tumim" — literalmente, em hebraico, "luzes e perfeições". A Septuaginta grega traduz como "revelação e verdade". Na verdade, como a luz geralmente representa o conhecimento de Deus nas Escrituras, talvez essas palavras hebraicas denotassem um perfeito conhecimento de Sua vontade — revelada por meio desse instrumento, que parecia constituir uma pluralidade. Na verdade, não sabemos exatamente o que era o Urim e o Tumim, exceto pelo testemunho do historiador judeu do primeiro século, Flávio Josefo, que, ao relatar os detalhes do éfode (História dos Judeus, p. 131), refere-se ao peitoral como o "oráculo" (do grego logiom ou "palavras") — pois, evidentemente, comunicava uma mensagem de Deus. E ele continua sugerindo que o Urim e o Tumim eram as pedras do peitoral que brilhavam em conjunto com as pedras de ônix (ou sardônica) nos ombros, que sustentavam o éfode, onde o peitoral estava afixado:
“Uma das duas sardônicas de que falei — a que estava sobre o ombro direito do sumo — lançava tal claridade que podia ser percebida de muito longe, o que, não lhe sendo natural e não acontecendo fora da ocasião, devia causar admiração àqueles que fingem parecer sábios, pelo desprezo que votam à nossa religião. Eis, porém, aqui, outra coisa ainda mais admirável. É que Deus se servia ordinariamente dessas doze pedras preciosas, que o sumo sacerdote trazia sobre o seu essém, ou racional, para pressagiar a vitória. Pois antes que se levantasse o acampamento, delas saía tão viva luz que todo o povo ficava sabendo que a soberana Majestade estava presente e prestes a ajudá-los” (cap. 8, p. 137).
Deus também usou esse mesmo aparato para transmitir informações específicas. Davi consultou o Urim e o Tumim para saber se o rei Saul atacaria e destruiria a cidade de Queila, caso os residentes não o entregassem nas mãos dele (1 Samuel 23:9-12). A resposta foi afirmativa (versículo 11). Mas não sabemos exatamente como foi comunicada essa decisão. Talvez as pedras brilhassem de determinada maneira para indicar sim ou não. Independentemente do que tenha acontecido, isso mostra que o Urim e o Tumim não eram "mágicos". Pois, ficou claro que foi Deus quem ordenou essa forma de contato, talvez para demonstrar a importância de Sua nação se aproximar dEle através de Seu sacerdócio, já que era o sacerdote quem informava a resposta. Obviamente, era Deus quem causava esses fenômenos sobrenaturais nas pedras.