As Leis de Deus São Uma Espécie de Escravidão?: Gálatas 4:9-10

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As Leis de Deus São Uma Espécie de Escravidão?

Gálatas 4:9-10

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As Leis de Deus São Uma Espécie de Escravidão?: Gálatas 4:9-10

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Nestes versículos Paulo escreveu: "Mas agora, conhecendo a Deus ou, antes, sendo conhecidos de Deus, como tornais outra vez a esses rudimentos fracos e pobres, aos quais de novo quereis servir? Guardais dias, e meses, e tempos, e anos”.

Aqueles que argumentam contra as leis de Deus veem a referência de Paulo aos "dias, e meses, e tempos, e anos" como uma menção ao Sábado, aos festivais, aos anos sabáticos e ao jubileu dados no Antigo Testamento (Levítico 23, 25). Eles veem estas observâncias dadas por Deus como os "rudimentos fracos e pobres" aos quais os Gálatas estavam “voltando” ou “tornando outra vez” a "servir" (versículo 9).

É isto o que significa as palavras de Paulo?

Há um problema óbvio com o ponto de vista dos críticos do Sábado acerca destes versículos, pois o Sábado nem sequer é mencionado aqui. O termo "Sábado", "Sábados", e as palavras relacionadas nem sequer aparecem em qualquer lugar na epístola aos Gálatas.

Para argumentar contra a observância do Sábado, alguns supõem que os "anos" referidos em Gálatas 4:10 são os anos sabáticos e o jubileu descritos em Levítico 25. No entanto, o ano do jubileu não estava sendo observado em nenhum lugar nos dias de Paulo, e o ano sabático não estava sendo observado nas áreas fora da Palestina (Enciclopédia Judaica, vol. 14, p. 582, e Enciclopédia Judaica, p. 666, "Ano Sabático e Jubileu"). O fato de que eles estavam na Galácia da Ásia Menor pagã, fora da terra de Israel, torna ilógico imaginar que Paulo estaria se referindo aos anos sabáticos e ao jubileu.

As palavras gregas que Paulo usou para "dias, e meses, e tempos, e anos" são utilizadas em todo o Novo Testamento para descrever os períodos de tempo civis comuns. Eles são totalmente diferentes dos termos precisos que Paulo usou ​​em Colossenses 2:16, especificando os Sábados e os festivais de Deus. Ele usou a terminologia exata para as observâncias bíblicas em Colossenses, mas usou palavras gregas muito diferentes em Gálatas, uma clara indicação de que estava discutindo assuntos completamente diferentes.

Para entender o que Paulo queria dizer, devemos examinar ambos os contextos históricos e imediatos destes versículos.

Os gálatas não poderiam "tornar outra vez" para os dias que eles nunca guardaram

Em sua maioria, as igrejas da Galácia eram compostas de membros gentios ao invés de judeus. Paulo deixou claro que eles estavam fisicamente incircuncisos (Gálatas 5:2; 6:12-13), então eles não poderiam ter sido judeus.

Este contexto é importante para entender esta controversa escritura. Em Gálatas 4:9-10, Paulo disse que os Gálatas estavam "tornando outra vez a esses rudimentos fracos e pobres", que incluía "dias, e meses, e tempos, e anos". E já que, pelo contexto, os leitores de Paulo eram gentios, é difícil ver como esses "dias, e meses, e tempos, e anos", aos quais eles estavam retornando, como sendo o Sábado e outras festas bíblicas, uma vez que não poderiam "tornar outra vez" a algo que anteriormente não haviam observado.

Isto ainda está mais claro no contexto imediato. No versículo 8, Paulo disse: "Mas, quando não conhecíeis a Deus, servíeis aos que por natureza não são deuses". Aqui Paulo se refere "claramente aos ídolos do paganismo, que, na típica expressão judaica, Paulo os denominava ‘não deuses’" (O Comentário Bíblico Expositivo, 1976, vol. 10, p. 475).

Isto não se refere às práticas bíblicas

Seria possível que esses "rudimentos fracos e pobres", aos quais estavam retornando, (versículo 9) fossem as leis de Deus, os Sábados e os festivais? A palavra traduzida por "rudimentos" aqui é a palavra grega stoicheia. O que ela significa? O Comentário Bíblico Expositivo explica:

"Parece que, no tempo de Paulo... stoicheia... se referia ao sol, à lua, às estrelas e aos planetas — todos eles associados com deuses ou deusas e, porque regulava a progressão do calendário, também ela era associada a grandes festas pagãs em honra aos deuses. Na visão de Paulo, estes deuses eram demônios. Assim, ele estaria pensando em uma escravidão demoníaca em que os Gálatas realmente estavam enredados antes da proclamação do evangelho...”.

"Nos versículos que se seguem, Paulo passa a falar destes três assuntos cruciais em uma rápida sucessão: (1) ‘aos que por natureza não são deuses’, presumivelmente eram falsos deuses ou demônios; (2) ‘esses rudimentos fracos e pobres’, novamente stoicheia, e também (3) ‘dias, e meses, e tempos, e anos’ (versículos 8-10). Sem dúvida, Paulo pensaria acerca desses demônios de modo totalmente diferente do pensamento anterior dos gálatas... Assim, toda esta questão adquire um significado cósmico e espiritual. O contraste irrevogável é a liberdade em Cristo e a escravidão de Satanás e dos espíritos malignos" (p. 472).

Observância supersticiosa de dias e tempos

Este é o contexto em que pelo menos alguns dos gálatas estavam observando "dias, e meses, e tempos, e anos" especiais. A palavra traduzida aqui como "guardais" ou "observais" é o paratereo palavra grega, que significa "prestar atenção, [ou] observar estritamente" (WE Vine, Dicionário Expositivo Completo das Palavras do Antigo e do Novo Testamento de Vine, 1985, "Observação, observar").

Esta palavra "parece ter o sentido de ‘ansioso, escrupuloso, uma observância bem fundamentada no interesse próprio’, que...se encaixa quanto a pontos ou períodos de tempo que são avaliados de forma positiva ou negativa do ponto de vista do calendário ou da astrologia" (Gerhard Kittel, Dicionário Teológico do Novo Testamento, 1995, vol. 8, p. 148).

Sejam quais forem esses "dias, e meses, e tempos, e anos", que os gálatas estavam observando, eles eram, aparentemente, observados de forma supersticiosa, da maneira como haviam observado os dias e os tempos antes de sua conversão.

A partir do contexto, vemos que simplesmente não é lógico concluir que Paulo estava criticando a observância do Sábado e dos festivais bíblicos, já que não foram sequer mencionados em qualquer lugar nesta epístola. Em vez disso, ele estava atacando o esforço equivocado para alcançar a salvação através de observâncias supersticiosas desnecessárias.

Paulo diz-lhes: "Receio de vós que haja eu trabalhado em vão para convosco" (versículo 11). Ele estava tentando impedi-los de voltar a ser enredados por suas antigas práticas pagãs.