Tateando em busca de Sentido e Moralidade

Você está aqui

Tateando em busca de Sentido e Moralidade

Download (Baixar)
MP3 Audio (7.26 MB)

Download (Baixar)

Tateando em busca de Sentido e Moralidade

MP3 Audio (7.26 MB)
×

Falando de uma maneira geral, o homem desenvolveu três filosofias que tentam explicar o significado da vida sem Deus. Estas têm tido um enorme impacto no mundo e no modo como as pessoas vivem.

O conceito niilista

A primeira conclusão que salta dum desígnio ateísta é o de que a existência da humanidade, leis e instituições são sem sentido. Esta abordagem à vida é conhecida por niilismo—a convicção de que, posto que Deus não existe, o universo e qualquer coisa nele não tem objectivo ou propósito. Nós somos meramente o produto da matéria, do tempo e do acaso. Não há vida para além da nossa existência temporária. Dentro dos limites que as forças naturais permitem, nós somos os únicos senhores da nossa vida terrena.

Este ponto de vista sobre o mundo nega a existência de valores. Ele nega a existência de qualquer base objectiva para o estabelecimento de ética, de moral ou da verdade. Ele declara que somos livres para adoptar qualquer conjunto de gostos ou ódios visto não haver moral absoluta. Os padrões e escolhas são determinados pelo que parecer melhor a cada um, pelo que nos dá satisfação ou prazer pessoal.

A visão niilista não provê justificação racional para vivermos uma vida moral. Pode ser que seja vantajoso a alguém conformar-se aos valores morais da sociedade se isso for do seu melhor interesse, mas não existe obrigação para ser uma pessoa moral se isso for contra o nosso interesse pessoal. Neste sentido um ateu pode ter morais e ser uma pessoa moral, mas devemos compreender que um ateu apela para nenhuma autoridade para essas regras morais.

O niilismo levou ao pronunciamento, na década de 1960, de que “Deus está morto.” Essa divisa indicava que o Deus da Bíblia e as Suas leis eram irrelevantes e não deveriam ser usados para influenciar o homem para um padrão moral mais alto. Ela implicava que cada um pode fazer segundo o que desejar.

Esta filosofia conduziu a uma geração que fez o que quer que lhe apeteceu. Ela inaugurou um tempo de rebelião contra valores de longa data. Abuso de droga, violência e promiscuidade subiram vertiginosamente. Os padrões morais e o número de matrimónios e famílias estáveis caíram a prumo.

Conquanto raramente vejamos tais exibições de rebelião e anarquia nas nossas ruas e universidades como vimos então, os estragos foram feitos. Sociedades inteiras foram—e permanecem—permanentemente corruptas por esta rejeição de padrões e valores biblicamente baseados. Ela cobrou um preço terrível. As ideias têm consequências. As pessoas que divulgaram esta filosofia não se aperceberam do alcance dessas consequências.

A abordagem humanista ou existencial

A seguinte filosofia é semelhante. O humanismo também assenta na idéia de que o universo existe sem propósito. Esta também mantém que nós somos o resultado de processos cegos que não necessitam de nenhum tipo de sentido.

Contudo, o humanismo difere do niilismo em sustentar que a vida pode ter um sentido se nós lhe designarmos um sentido. Esta idéia também é chamada existencialismo. Os seus aderentes crêem que a vida pode ter tanto sentido quanto lhe pusermos. Os humanistas argumentam que vale a pena viver a vida, porque nós próprios lhe damos valor e a gozamos. Contudo, como com o niilismo, não são reconhecidos nenhuns valores objectivos. Este ponto de vista sustenta que uma pessoa pode ser moral porque lhe dá satisfação pessoal criar valores e viver de acordo com esses valores.

Não há muita diferença entre o ponto de vista humanista e o niilista. O humanismo reconhece que existem valores, porém não objectivos, nem universais, nem permanentes—e ninguém, por este conceito, é obrigado a ser moral, porque não existem valores absolutos.

O humanismo falha em prover objecções morais para comportamento imoral. Por outras palavras, se não existe moral absoluta, não se pode demonstrar que qualquer coisa é falsa ou má. Por conseguinte ninguém está em posição de julgar ou condenar as escolhas ou acções dos outros.

A tolerância da imanência

Uma terceira filosofia, a da imanência, é a de que existem valores objectivos, mas eles existem independentemente de um Deus Criador; eles não necessitam d’Ele para existirem porque eles são intrínsecos ao universo. Esta perspectiva de vida é comum ao panteísmo, que vê toda a natureza como Deus ou força divina. Não requer um Criador, posto que uma força divina permeante pode ser considerada como se tendo evoluido com o domínio natural (sendo estes vistos como um e o mesmo). A imanência difere das duas primeiras filosofias na medida em que reconhece a existência de valores objectivos.

Porém, segundo esta filosofia, o homem tem suficiente discernimento moral para tornar-se consciente dos valores morais que existem e influenciar a ordem moral. Aqui, de novo, o homem é o descobridor da ordem moral e tem em si mesmo a capacidade de viver pela ordem moral se ele quiser. Ele não precisa de Deus para lhe falar de absolutos, ou o que é a moral absoluta. Por conseguinte, não há necessidade de Deus. O significado da vida não depende da existência de Deus ou de algo exterior à vida humana.

Alternativas viáveis a Deus?

Todas estas três filosofias têm elementos em comum: elas põem de parte um Deus Soberano; não oferecem vida para além da morte (embora algumas filosofias imanentes dêem uma aparência disso, vendo-nos reabsorvidos numa consciência universal). Todas estas três filosofias proclamam, em essência, que o homem veio do nada, que nós evoluímos para nos acharmos na ordem mais alta da vida, que estamos numa posição para dirigirmos os nossos próprios valores, definir a nós próprios, e determinar o nosso significado na vida, conforme vivemos. Evidentemente, não podemos garantir o nosso propósito escolhido, posto que estamos sujeitos às escolhas de outros e aos caprichos das circunstâncias.

A questão final é: Podemos ter um propósito real da vida e valores absolutos sem Deus? As pessoas podem alcançar algum sentido na vida com estas filosofias—se definirmos sentido na vida como uma sensação de felicidade temporária e curtindo a vida no momento. É muito triste que demasiadas pessoas definem sentido na vida desta maneira. Mas estas filosofias falham em responder às verdadeiras questões do propósito da vida. Só quando se põe Deus no cenário é que se pode encontrar uma resposta completa que não só dá sentido a esta vida agora, mas também satisfaz a nossa aspiração ao propósito da nossa existência para além desta vida.