Evitando Buracos Negros Financeiros

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Evitando Buracos Negros Financeiros

Certamente barcos servem para lazer, mas essa visão reflete a frustração que pode surgir sobre as despesas descontroladas ou não planejadas que podem acompanhar a compra de um barco. Poderíamos citar muitos outros exemplos pertinentes para descrever vazamento de nossos recursos financeiros.

O profeta Ageu descreveu isto como colocar dinheiro em uma bolsa furada (Ageu 1:6). Do mesmo modo, os astrônomos falam de buracos negros no universo que absorvem a matéria e até mesmo a luz das áreas circunvizinhas.

Neste capítulo, vamos identificar buracos negros financeiros que podem minar o seu planejamento financeiro e vamos ajudá-lo a pensar em maneiras de evitá-los.

Cartões de crédito

Os cartões de crédito são uma conveniência maravilhosa. Além de eliminar a necessidade de levar dinheiro, eles também tornam possível comprar bens e serviços em locais distantes pelo telefone ou pela internet.

Se a pessoa paga toda a fatura do cartão de crédito a cada mês, não há nenhuma taxa adicional ao cliente. As taxas de serviço são pagas pelos comerciantes que aceitam o cartão. No entanto, quando a pessoa não paga toda a sua fatura, esses práticos, convenientes e pequenos cartões se transformam rapidamente em enormes buracos negros financeiros.

O uso indevido de cartões de crédito tem um custo elevadíssimo para muitas pessoas. Nos últimos anos, a dívida de cartão de crédito ao consumidor brasileiro médio disparou. "O consumidor brasileiro inadimplente deve, em média, R$ 21.676, já incluindo as multas e taxas cobradas pelo atraso. O valor representa 768% da renda familiar mensal dos entrevistados nesta situação, que é R$ 2.822, de acordo com pesquisa encomendada pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil), feita em 27 capitais entre 1º a 8 de fevereiro de 2015.

"O levantamento mostra que o brasileiro inadimplente está com o nome sujo há cerca de dois anos. Ele deve, em média, para 3,7 empresas, e contraiu as dívidas por meio de cartão de crédito e de lojas. O valor atual das dívidas é, em média, 70% maior que o seu valor inicial, que era R$ 12.776 (453% da renda familiar).

"'Por isso, o consumidor inadimplente deve negociar e pagar o que deve o mais rápido possível para que a dívida não se transforme em uma bola de neve', explica a economista do SPC Brasil, Marcela Kawauti" (http://agenciabrasil.ebc.com.br/economia/noticia/2015-03/brasileiro-inad...).

Esse tipo de dívida é muitas vezes referido como "crédito rotativo", porque os consumidores normalmente pagam apenas os juros e uma quantidade mínima do capital mensalmente. Essa prática garante que o consumidor levará um longo tempo para pagar integralmente o valor cobrado. O pagamento mínimo no cartão de crédito depende do saldo no cartão e as políticas da empresa de cartão de crédito. Algumas empresas exigem pagamentos mínimos tão baixos como dois por cento do saldo devedor. Fazendo só o pagamento mínimo, seu saldo devedor vai caindo lentamente e você vai demorar anos para quitar a dívida. Dependendo da taxa de juros, se efetuarem apenas um pagamento mínimo de dois por cento mensalmente, você pode demorar vinte ou mais anos para pagar uma simples compra feita com cartão de crédito.

As implicações por trás dessa dívida são preocupantes. Taxas enormes de juros—que podem ser até de 25 por cento (ou mais)―consomem vorazmente os seus rendimentos. Aqueles com tal dívida estão à beira de grande desastre financeiro e muitas vezes encontram seus objetivos financeiros frustrados ou seriamente atrasados. Muitos consumidores entram em depressão por causa de tanta dívida e por não poderem comprar mais nada a crédito. Quando isso acontece, eles serão forçados a desistir de sonhos que tinham da vida, bem como de oportunidades únicas, simplesmente por causa do pagamento mínimo mensais das dívidas dos cartões de crédito.

Por exemplo, no Brasil, durante o início do século 21, a dívida de cartão de crédito foi o que mais aumentou o endividamento do consumidor. Não é por acaso que os pedidos de falência também aumentaram ao lado do endividamento do consumidor. Para entender melhor o significado da dívida de cartão de crédito, considere a situação de muitas famílias. De acordo com a pesquisa citada, cerca de 40% das famílias agora gastam mais do que ganham, e uma família média paga cerca de três mil reais por ano em juros do cartão de crédito.

A armadilha dos gastos

Para muitos jovens, o crescimento de uma dívida começa de forma inocente. Ao ingressar na faculdade, muitos jovens acham que devem financiar sua educação através de empréstimos estudantis. As faculdades e universidades operam como empresas, ajudando os novos alunos a conseguirem empréstimos educacionais com condições favoráveis.

Empresas de cartão de crédito pagam às faculdades e universidades taxas altas, para terem autorização de oferecerem os seus serviços aos estudantes nas faculdades e universidades. Essas empresas aprenderam que os jovens se tornam fiéis à empresa do seu primeiro cartão de crédito e por isso é um bom negócio ser o primeiro a emitir um cartão para um jovem.

É claro, os adultos não são os únicos a serem atraídos por essa comodidade. Pessoas adultas, com trinta anos ou mais, também têm caído nessa tentação do crédito fácil.

Os anunciantes dizem que "merecemos" ter os seus novos e avançados produtos e a maioria acredita nisso. O desejo de viver a vida ao máximo, desfrutando de entretenimentos, roupas e produtos eletrônicos, como tablets e smartphones, podem ser irresistível. Trazer esse desejo de ter o produto eletrônico mais recente e a roupa da moda a outro nível pode nos levar a transgredir o mandamento de Deus contra a cobiça (Êxodo 20:17; Deuteronômio 5:21)―colocar aquele objeto de desejo acima do próprio Deus, simplesmente é idolatria.

O desemprego também pode levar as pessoas a um grande endividamento no cartão de crédito. Se a pessoa não tem poupança, muitas vezes, aumentar as dívidas nos cartões de crédito se torna a maneira mais rápida de cobrir as despesas básicas. Mas quando finalmente encontram um novo emprego, muitos estão tão endividados nos cartões de crédito, que quitá-los vai ser um fardo pesado.

Embora a maioria nem queira pensar nessas possibilidades negativas, mas desastres financeiros não podem evitados apenas ignorando a realidade. Como vimos, a Bíblia nos diz que devemos nos precaver de possíveis perigos e nos preparar para eles (Provérbios 22:3; 27:12).

Orientações Bíblicas sobre dívidas

Deus, como nosso Criador, sabe como pensamos. Deus revela em Sua Palavra uma verdade simples, mas profunda sobre as dívidas, que já foi mencionada anteriormente: "O rico domina sobre os pobres, e o que toma emprestado é servo do que empresta" (Provérbios 22:7).

Quando nos endividamos, servimos aqueles a quem devemos dinheiro. No caso de nossos mestres dos cartões de crédito, nós o temos servido muito bem. Afinal, qual investidor não gostaria de receber um retorno de quase dezenove por cento em seus investimentos?

O caminho para a liberdade financeira é através da regularização das dívidas, em seguida, evitar o endividamento sempre que possível. Embora possa fazer sentido financiar itens essenciais em longo prazo, tais como uma casa e um curso universitário, mas dever no cartão de crédito é algo que a maioria das pessoas pode evitar facilmente.

Como pagar a dívida do cartão de crédito

Se você se encontra numa situação em paga de juros todos os meses em seus cartões de crédito e deseja sair dessa dívida, o primeiro passo é avaliar suas receitas e despesas. Calcule o total de suas despesas mensais e as subtraia de sua renda. Assim, você vai encontrar o que tem disponível depois de pagar as despesas, sendo esse o valor que você tem para gastar ou poupar.

O próximo passo é parar de comprar com seus cartões de crédito. Pague à vista (com dinheiro) por bens e serviços. Saiba que estudos mostram que as pessoas gastam mais quando usam cartão de crédito do que quando usam dinheiro.

Em seguida, analise suas dívidas nos cartões de crédito. Verifique quais cartões cobram taxas de juros mais altas. Se você tem dívidas nesses cartões de crédito de taxas de juros elevadas, seria sábio procurar um cartão com taxas menores e transferir essas dívidas para ele. Alguns cartões têm taxas extremamente baixas por até seis meses―fazem isso para atrair novos clientes. Você pode fazer esse procedimento até ter suas dívidas liquidadas. Porém, tenha cuidado com as taxas de transferências porque podem ser inviáveis.

Se você está tendo dificuldades em saldar a dívida do cartão de crédito, considere vender alguma coisa que você não precise mais ou substituir algo caro (como um veículo) por um mais barato. Muitas pessoas conseguem eliminar certos gastos adicionais, como planos de telefone celular, várias linhas de telefone (e produtos de telefonia), televisão a cabo ou por satélite, vários veículos, e coisas usadas ou que você não usa mais.

Use o dinheiro que poupou ou que recebeu dessas vendas para pagar os saldos dos cartões de crédito. Quando suas finanças melhorarem e você tiver dinheiro no banco, então, se assim quiser, você pode voltar a adquirir os produtos que havia vendido.

Após conseguir uma taxa de juros favorável e eliminar coisas não essenciais, verifique quais cartões de crédito têm juros mais altos e use o dinheiro disponível para pagar completamente a dívida deles―e continue fazendo o pagamento mínimo nos outros. Em seguida, foque a sua atenção no próximo cartão e siga fazendo o mesmo até quitar todos os seus cartões de crédito.

Outra maneira de fazer isso seria pagar primeiro o cartão com menos dívida e, em seguida, o próximo com menor dívida, e assim por diante até que todos sejam pagos. Dave Ramsey salienta que este método permite que as pessoas verão seus cartões sendo pagos mais rapidamente, criando uma dinâmica psicológica que vai incentivá-las a continuar. Quitar essas pequenas dívidas se pode eliminar rapidamente várias contas mensais. Sem dúvida, se um cartão, que tem uma dívida maior, tiver uma taxa de juros elevadíssima, então seria melhor pagá-lo logo, antes que essa dívida aumente muito.

Outra forma de saldar a dívida de cartão de crédito mais rapidamente é fazer metade do pagamento mensal de duas em duas semanas (sincronizando esse ciclo no extrato da conta para evitar o pagamento de multas por atraso). Realizar a metade do pagamento mensal a cada catorze dias, em vez de um pagamento total no mês, seria como antecipar um mês de pagamento ao findar o ano.

Independentemente do método que você escolher, uma vez que suas dívidas no cartão de crédito estejam quitadas, talvez fosse melhor você não ter mais cartão de crédito ou ter apenas um―e não uma meia dúzia ou mais como têm muitas pessoas.

O melhor modo de usar um cartão de crédito

Depois de pagar todos os seus cartões de crédito, é hora de considerar como eles podem ser utilizados de forma adequada, caso decida ficar com eles. Afinal, eles podem ser instrumentos extremamente convenientes. Como os consumidores experientes gerenciam o uso de seus cartões?

O passo mais importante no uso responsável do cartão de crédito é pagar completamente o saldo da fatura do cartão de crédito a cada mês―apenas 40% dos usuários de cartão fazem isso. Quando as pessoas fazem apenas o pagamento mínimo (geralmente 20% do saldo no Brasil), o custo de cada item comprado no cartão quase duplica quando a dívida é finalmente liquidada. A Associação Brasileira do Consumidor revelou casos em que "os juros cobrados no pagamento do mínimo durante todo esse período foram de 17,49% ao mês, ou seja; 453,46% ao ano" ("Cartão de crédito e juros abusivos", http://www.ongabc.org.br/blog/item/19-cart). Considere usar o cartão como usa o dinheiro, que tem destino certo a cada mês. Desta forma, não se acumula juros e os cartões se tornam ferramentas financeiras legitimamente úteis. Eles se tornarão nossos servos e não os senhores.

Em longo prazo, estaremos numa condição financeira muito melhor se pouparmos para comprar certo produto em vez de financiá-lo com cartão de crédito. O melhor modo para usar cartões de crédito é pagar a fatura total a cada mês. Para aqueles que precisam tomar dinheiro emprestado, outras opções (como financiamento da casa própria e de veículo) geralmente estão disponíveis com taxas de juros muito mais baixas que as dos cartões de crédito.

Também deve ser mencionado que muitos dos benefícios do uso de cartões de crédito também estão disponíveis em cartões de débito ou cheque, que geralmente estão vinculados à sua conta corrente. Nesse caso, é claro, você precisa ter saldo em sua conta para fazer as compras.

Finalmente, se você optar por usar cartões de crédito, escolha aqueles que não cobram taxa de manutenção e os que lhe pagam bônus (às vezes até 2% ou mais) por usá-los em suas compras.

O uso indevido de cartões de crédito é um dos buracos negros financeiros mais comuns. No entanto, não devemos esquecer as outras decisões e despesas que podem contribuir para sua paulatina ruína financeira.

Multas por atraso de pagamento

Alguns credores impõem taxas por dívidas não liquidadas no vencimento. No caso de serviços (luz, água e gás), podem ser cobradas até taxa de religação se os serviços forem desligados por falta de pagamento. Esse tipo de despesa pode ser evitado simplesmente pagando as contas sempre em dia.

Alimentação fora de casa

Em vez de preparar as refeições em casa, muitas pessoas comem em restaurantes regularmente. Um número crescente de estabelecimentos de alimentação está aproveitando essa tendência. Até mesmo as mercearias estão percebendo esse desejo do público por alimentos de conveniência, que requerem pouca preparação.

Embora essa conveniência seja atraente, especialmente quando o casal, marido e mulher, trabalha fora de casa, isso quase sempre aumenta consideravelmente as despesas com alimentação. Às vezes, comer fora se justifique com uma maneira de sair da rotina ou por outras boas razões, mas devemos tomar o cuidado de fazer isso o menos possível.

A maneira mais econômica de amenizar o gasto com alimentação é comprar alimentos a granel e prepará-los em casa. Esse princípio também diz respeito a comer no trabalho, pois devemos levar refeições em vez de comprá-las na lanchonete da empresa ou em restaurantes. Comer fora é agradável e pode ser uma boa decisão em ocasiões especiais, mas definitivamente esse prazer tem seu preço considerável.

E quando for comer fora, procure pagar a conta com dinheiro em vez de cartão de crédito. O consultor financeiro Dave Ramsey, aconselha as pessoas a não usar cartões de crédito: "Quando você paga com dinheiro, você 'vai sentir' o dinheiro saindo. Mas isso não acontece quando se paga com cartão de crédito. Entregar um cartão de crédito para pagar a conta não desperta nenhuma emoção. Um estudo sobre o uso do cartão de crédito no McDonald descobriu que 47% das pessoas gastaram mais quando usaram cartão em vez de dinheiro. Este é um dinheiro que você poderia ter poupado!" (www.daveramsey.com).

Lazer

Divertir-se é importante na vida. Todo orçamento deve incluir alguma reserva para esse fim. Porém, gastar descontrolado e imprudentemente nisso pode acabar rapidamente até mesmo com o mais elaborado dos orçamentos.

É preciso reconhecer que o lazer é temporário. Uma vez que tenha passado, passou, e você vai ter só lembranças dele. Antes de investir o seu suado dinheiro em ingresso de cinema ou teatro―ou na TV a cabo ou satélite ou no mais recente CD musical, ou em um filme em DVD―pergunte a si mesmo se isso é o melhor a fazer com seu dinheiro. O que esse gasto vai acrescentar em minha vida?

Também tenha em mente que o lazer não precisa ser caro. Com um planejamento cuidadoso, você pode se divertir fazendo atividades como visitar parques, fazer caminhadas e assistir a musicais gratuitos. As bibliotecas públicas são uma grande fonte de entretenimento educacional gratuito. Além de ter muitos livros, muitas bibliotecas oferecem CDs de música, audiolivros e inúmeros vídeos informativos e educativos.

A compra por impulso

Outro problema comum é a compra por impulso, que é simplesmente um gasto descontrolado. Quando as pessoas gastam impulsivamente, elas são levadas a concluir que não dá certo fazer orçamento ou que ele estragaria sua diversão. No entanto, orçamento é simplesmente planejar como gastar nosso dinheiro. Quando seguimos um orçamento, apenas nós é que decidimos como vamos usar o nosso dinheiro.

A compra por impulso é o motivo de muitas dívidas. Os anunciantes sabem que o desejo de autossatisfação é uma atração poderosa e por isso, frequentemente, eles nos incentivam a comprar seus produtos 'agora', pois assim vamos nos sentir bem com nós mesmos. Como já mencionado, geralmente escutamos que 'merecemos' certos produtos. Muitos divulgam 'ofertas especiais' e por tempo limitado.

Em vez de tomar decisões repentinas, devemos ser sábios e definir limites nos gastos extras, a não ser que já tínhamos decidido previamente. Alguns consultores até recomendam esperar pelo menos trinta dias antes de comprar um produto caro. A espera não é uma decisão de não comprar, mas sim de avaliar mais detidamente o potencial daquela compra! Muitos concluem que, depois de alguns dias, o interesse por aquele produto desejado diminuiu e, eventualmente, as pessoas decidem não comprá-lo.

Além disso, não devemos usar as compras como entretenimento. Os consumidores prudentes, muitas vezes, fazem uma pequena lista de perguntas antes de fazer uma compra (ver "Um Autoteste de Compras").

Identificando buracos negros financeiros

Um das maneiras mais fáceis de identificar para onde está indo nosso dinheiro é analisar as coisas que compramos. Mantenha registros de todas suas despesas durante alguns meses e classifique-as por categorias (moradia, alimentação, roupa, lazer, etc.), então poderá ver quais itens consomem mais dinheiro. Assim vamos poder examinar e identificar maneiras de economizar e controlar nossas despesas.

Visto que a dívida do cartão de crédito cresce rapidamente e é algo que exige ação imediata e decisiva, o que devemos fazer quando percebermos que nosso orçamento está cheio de buracos negros?

Em caso de emergência

Como observado anteriormente, todo mundo, ocasionalmente, incorre em despesas inesperadas. Carros e eletrodomésticos quebram, então temos de consertá-los ou substitui-los. Emergências médicas ou odontológicas caras podem nos surpreender. Apesar de nossas poupanças poderem cobrir essas situações temporárias, os gastos excessivos habituais requerem uma atenção especial.

O que podemos fazer quando nos encontramos em meio a uma longa crise financeira? Aqui estão alguns passos que podem ajudar a solucionar algumas dificuldades financeiras de longa duração.

O primeiro passo, para quem deseja estruturar a sua vida conforme a instrução divina, é pedir sabedoria a Deus para conseguir priorizar as finanças e ter a autodisciplina necessária para levar a cabo um plano sensato de recuperação. Tiago 1:5 diz: "E, se algum de vós tem falta de sabedoria, peça-a a Deus, que a todos dá liberalmente e não o lança em rosto; e ser-lhe-á dada".

Quando nossos gastos excedem nossa renda, o bom senso nos diz que só existem duas possibilidades para resolver o problema. Ou temos que aumentar a nossa renda ou diminuir nossos gastos. Como observa um ditado financeiro: "Manter gastos que excedem a sua renda é caminhar para a ruína".

Em alguns casos podemos aumentar a nossa renda com um segundo emprego temporário ou começando um negócio, que ocupe parcialmente nosso tempo. Essas soluções exigem muito tempo e esforço, mas as opções podem ser poucas.

Se não conseguirmos aumentar nossa renda, então a alternativa é reduzir as despesas. Podemos fazer isso controlando os buracos negros financeiros comuns, previamente identificados neste capítulo, e, analisando cuidadosamente cada despesa à medida que vão surgindo. É possível reduzir as despesas com alimentação, vestuário e habitação. Os supérfluos são candidatos naturais nessa drástica redução ou eliminação.

O ideal, quando enfrentamos uma crise de fluxo de caixa, é nos esforçar tanto no aumento da renda quanto na diminuição das despesas. O esforço em ambas estas direções produz resultados mais rápidos.

Evitando a falência

Algumas pessoas, que enfrentam dificuldades financeiras, acreditam que a falência é a solução mais simples para seu problema. Porém, de um modo geral, deve-se declarar falência apenas em último caso.

Muitas vezes, é possível se encontrar alternativas viáveis quanto ao pedido de falência (bancarrota). Negociar com os credores pode ser uma saída para se conseguir taxas de juros menores ou diminuir o valor total da dívida. Outro exemplo pode ser um empréstimo consolidado, no qual todas as dívidas existentes são agrupadas em um único pagamento mensal, com uma taxa de juros mais baixa do que dívidas separadas.

Além disso, os credores geralmente aceitam reduzir bastante a dívida (normalmente depois da data de vencimento do pagamento) como se tivesse sido um pagamento integral. Nesses casos o credor pode decidir que um pagamento parcial é melhor que não receber nada.

Além de estudar a adminstração de suas finanças, pode encontrar organizações sem fins lucrativos, como a BM&F Bovespa que dispõe gratuitamente de aulas diárias de educação financeira. O curso ensina como organizar o orçamento pessoal e dá as informações necessárias para começar a investir em ações. A FEBRABAN disponibiliza uma cartilha que orienta como fazer um orçamento familiar. Esses programas podem ajudar você a encontrar alternativas para a falência e desenvolver um planejamento de restabelecimento financeiro. Tenha cuidado na sua selecção, como nem todos os serviços de aconselhamento são igualmente úteis ou a preços acessíveis (veja Serviços de Consultoria Crédito).

Quando a falência é a única opção

Às vezes, as pessoas contraem dívidas tão grandes que não têm outra escolha a não ser pedir falência. Este deveria ser o último recurso, ou seja, somente quando falharem todos os outros métodos de solução do problema, porque a Bíblia nos instrui a pagar as nossas dívidas, além disso, a falência tem um efeito negativo na possibilidade de obtenção de crédito no futuro. É preciso buscar aconselhamento jurídico adequado para saber o que deve ser feito, certamente, as leis variam de um país a outro.

Embora a falência possa ser uma decisão constrangedora, devemos entender que Deus sabia que haveria momentos em que as pessoas cometeriam erros ou que se colocariam em circunstâncias que as levariam à ruína financeira. Devemos aprender a lição e corrigir os erros dessa amarga experiência de vida.

Mas, em Sua compaixão, Deus deu à nação da antiga Israel alguns princípios importantes e essenciais para ajudar aqueles que se encontram numa crise financeira. E isso inclui não praticar usura (Êxodo 22:25) e não desprezar o pobre (Êxodo 23:3). Uma parte das colheitas e vinhedos era deixada para os pobres colherem (Levítico 19:10; 23:22). Israel devia cuidar de seus pobres (Levítico 25:35).

Moisés explicou esses princípios financeiros desta forma: "Quando entre ti houver algum pobre de teus irmãos, em alguma das tuas portas, na tua terra que o Senhor, teu Deus, te dá, não endurecerás o teu coração, nem fecharás a tua mão a teu irmão que for pobre; antes, lhe abrirás de todo a tua mão e livremente lhe emprestarás o que lhe falta, quanto baste para a sua necessidade.

"Guarda-te que não haja palavra de Belial [pensamento vil] no teu coração, dizendo: Vai-se aproximando o sétimo ano, o ano da remissão, e que o teu olho seja maligno para com teu irmão pobre, e não lhe dês nada; e que ele clame contra ti ao Senhor, e que haja em ti pecado.

"Livremente lhe darás, e que o teu coração não seja maligno, quando lhe deres; pois por esta causa te abençoará o Senhor, teu Deus, em toda a tua obra e em tudo no que puseres a tua mão. Pois nunca cessará o pobre do meio da terra; pelo que te ordeno, dizendo: Livremente abrirás a tua mão para o teu irmão, para o teu necessitado e para o teu pobre na tua terra" (Deuteronômio 15:7-11).

O mesmo capítulo nos fala que as dívidas deviam ser canceladas na antiga Israel a cada sete anos (versículos 1-4), dando para cada pessoa uma oportunidade de se livrar do endividamento permanente.

Deus sabe que os imprevistos, as decisões financeiras erradas e a pobreza são problemas perenes, por isso Ele providenciou um meio para que as pessoas possam começar de novo. Da mesma forma, talvez a falência seja ser a única opção que uma pessoa pode ter para começar de novo.

Embora os tempos tenham mudado desde que Deus inspirou essas instruções a Moisés, o princípio de tratar os mais necessitados com dignidade e respeito continua válido.