Como Deus é Revelado na Bíblia?

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A maioria das pessoas tem suas próprias e distintas opiniões sobre um Ser Supremo. Mas de onde é que vêm essas impressões? Muitas são simplesmente reflexos de como as pessoas consideram Deus—com base no que escutam dos outros e no seu próprio raciocínio. Como consequência a palavra Deus ganhou uma gama de significados, e muitos deles bastantes estranhos à Bíblia.

Então, qual significado é verdadeiro? Como o Criador Se revela ao homem?

Deus Se revela em Sua Palavra, a Bíblia. (Para provar a autenticidade da Bíblia, baixe ou solicite gratuitamente nosso livro A Bíblia Merece Confiança? Em www.revistaboanova.org/literatura). A Bíblia é um livro sobre Deus e Sua relação com os seres humanos. As Escrituras contêm uma longa história da revelação do próprio Deus ao homem—desde o primeiro homem, Adão, ao profeta e legislador Moisés, e até aos apóstolos de Jesus Cristo e à Igreja primitiva.

Em contraste com muitas suposições humanas, a Bíblia transmite a verdadeira imagem de Deus. Este livro notável revela como Ele é, o que Ele tem feito e o que Ele espera de nós. E também nos diz por que estamos aqui e revela seu plano, pouco compreendido, para a Sua criação. Este manual de conhecimentos básicos é fundamentalmente diferente de qualquer outra fonte de informação. Ele é realmente único, pois contém, em muitos aspectos, a assinatura genuína do Todo-Poderoso.

O Criador nos diz em Sua Palavra: “Eu sou Deus, e não há outro Deus, não há outro semelhante a mim; que anuncio o fim desde o princípio e, desde a antiguidade, as coisas que ainda não sucederam; que digo: o meu conselho será firme . . .” (Isaías 46:9-10). Ele nos diz que somente Ele pode predizer o futuro e fazê-lo acontecer. Que poderoso testemunho do Deus Todo-Poderoso da Bíblia!

Apesar de ser um Deus Grandioso, Ele não é inacessível. Ele não está fora do nosso alcance. Nós podemos chegar a conhecer o nosso magnífico Criador!

A verdadeira chave para compreender Deus

Inspirada por Deus, a Bíblia nos dá a chave mestra para conhecê-Lo: “Como dizem as Escrituras Sagradas: “O que ninguém nunca viu nem ouviu, e o que jamais alguém pensou que podia acontecer, foi isso o que Deus preparou para aqueles que o amam”. Mas foi a nós que Deus, por meio do Espírito, revelou o seu segredo. O Espírito Santo examina tudo, até mesmo os planos mais profundos e escondidos de Deus” (1 Coríntios 2:9-10, BLH, ênfase adicionada).

Precisamos saber―a partir da própria Escritura inspirada―quem é Deus e como Ele se relaciona e se revela a nós. Deus é uma pessoa, duas ou três? O que Jesus quis nos revelar sobre a natureza de Deus quando, continuamente, se referia a um Ser que Ele chamou de “o Pai”? As respostas tornam-se evidentes quando examinamos o que realmente nos diz as Escrituras.

O primeiro ponto importante que precisamos entender é que, como dito anteriormente, Deus se revela através da Sua Palavra. O Criador quer que homens e mulheres O entendam tal como Ele se revela nas Escrituras Sagradas. É importante considerar cuidadosamente esta verdade e não interpretar as nossas próprias ideias―ou conceitos errados―da Sua Palavra.

No primeiro livro da Bíblia encontramos um ponto vital sobre a natureza de Deus. Gênesis 1 registra muitos atos criativos de Deus antes de Ele criar a humanidade. Mas note o versículo 26: “E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança”.

Deus não usou em nenhum outro versículo anterior de Gênesis esta construção verbal, “Façamos . . .”. Por que agora Gênesis usa essa expressão no plural? Por que os tradutores da Bíblia através dos séculos entenderam que o plural era necessário nesse versículo?

Quem é o Nós [de façamos] mencionado aqui, e por que o plural Nossa também é duas vezes utilizado nesta frase? Durante todo o primeiro capítulo de Gênesis, a palavra hebraica traduzida como “Deus” é Elohim, um substantivo plural que denota mais de uma entidade. Por que o nosso Criador propositadamente usou estas expressões no plural? Deus é mais de uma pessoa? Quem e o que Ele é? Isso prova que Deus é uma trindade, como muitos supõem, ou está nos ensinando alguma outra coisa? Como podemos entender isso?

Devemos deixar que a Bíblia interprete a Bíblia

Um dos princípios mais fundamentais para se manter na mente a respeito da compreensão adequada da Palavra de Deus é simplesmente este: A Bíblia interpreta a Bíblia. Frequentemente devemos procurar em outro lugar nas Escrituras para obtermos mais luz sobre o significado de uma passagem em particular. O Novo Testamento lança muita luz sobre o Antigo, e vice-versa.

Podemos compreender Gênesis 1:26 muito melhor à luz de alguns dos escritos do apóstolo João. Ele começa seu Evangelho dizendo: “No princípio, era o Verbo, e o Verbo estava com Deus, e o Verbo era Deus. Ele estava no princípio com Deus. Todas as coisas foram feitas por ele, e sem ele nada do que foi feito se fez” (João 1:1-3).

Se você está com alguém, então você é uma pessoa diferente e distinta da outra. O grego vigente diz aqui que Aquele chamado “o Verbo” estava com “o Deus”, enquanto o próprio Verbo também era “Deus”. A palavra não diz que o Verbo era “o Deus”, pois Eles não são a mesma entidade. Por isso, João descreve claramente dois seres divinos nesta passagem―Aquele chamado “o Deus” e outro referido como “Deus, o Verbo”, que estava com Ele.

Em certo sentido, poderíamos referir a João 1:1 como o verdadeiro início da Bíblia. Este descreve a natureza de Deus como Criador, mesmo antes do início descrito em Gênesis 1:1. Como O Novo Comentário Bíblico Revisado declara, “a contribuição distinta de João é para mostrar que antes da criação o Verbo já existia” (The New Bible Commentary: Revised, 1970, pág. 930).

Devemos considerar cuidadosamente o contexto desse capítulo crucial de João. O versículo 14 explica exatamente quem, de fato, este Verbo se tornou: “E o Verbo se fez carne e habitou entre nós, e vimos a sua glória, como a glória do Unigênito do Pai, cheio de graça e de verdade”.

O Verbo foi concebido em carne como um ser humano físico―Jesus Cristo. Embora plenamente humano, Ele refletiu perfeitamente o caráter divino de Deus. Como Hebreus 1:3 descreve, Jesus foi a “expressão exata do seu ser” (ARA). A Bíblia Cristã Padrão Holman traduz que Jesus foi “a representação exata da natureza” [do Pai]. (Para saber mais sobre o papel de Cristo como o Verbo de Deus, consulte “No Princípio Era o Verbo”).

Jesus Cristo―“o Verbo da vida”

Aqui, então, temos duas grandes personagens, dois Seres que não foram criados e que são eternos―“o Deus”, ou Deus, o Pai, e “o Verbo”, que se tornou Jesus Cristo, ambos divinos―presidindo sobre a criação. Como, mais tarde, o teólogo britânico F.F. Bruce comentou sobre as passagens introdutórias do Evangelho de João: “A Pessoa do Verbo não foi criada, e não apenas desfruta da companhia divina, como também compartilha da essência divina” (A Mensagem do Novo Testamento [The Message of the New Testament], 1972, pág. 105). Este Verbo era e é Deus junto com o Pai.

Mais tarde, em sua primeira epístola, João acrescenta ao nosso entendimento: “O que era desde o princípio, o que temos ouvido, o que temos visto com os nossos próprios olhos, o que contemplamos, e as nossas mãos apalparam, com respeito ao Verbo da vida” (1 João 1:1, ARA). Aqui este mesmo “Verbo” (Jesus Cristo) no Evangelho de João é chamado “o Verbo da vida”.

É fácil ignorar a importância fundamental destes versículos e deixar de ler corretamente o seu enorme significado. Aquele que se tornou Jesus Cristo, declarou que existia no mesmo plano de existência do Deus, o Pai, nascido como um ser humano e observado por e através dos sentidos físicos dos seres humanos―particularmente pelos apóstolos de Seu núcleo interno, incluindo aquele que escreveu estas palavras, João. Esses homens tornaram-se apóstolos de Cristo―Seus emissários―e foram testemunhas especiais de Sua ressurreição.

João escreveu que o Verbo, que estava com Deus desde o início, viveu entre eles na carne humana. Porque Ele nasceu como um ser humano físico, os discípulos realmente viram, tocaram, conversaram e ouviram Aquele que era (como se tornará cada vez mais claro) um membro da família divina.

João continua: “E a vida se manifestou, e nós a temos visto, e dela damos testemunho, e vo-la anunciamos, a vida eterna, a qual estava com o Pai e nos foi manifestada” (1 João 1:2, ARA). “O Verbo da vida” em 1 João 1:1 é chamado de “a vida eterna” no versículo 2.

João continua a dizer: “O que temos visto e ouvido anunciamos também a vós outros, para que vós, igualmente, mantenhais comunhão conosco. Ora, a nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho, Jesus Cristo” (versículo 3, ARA). As Sagradas Escrituras revelam que Deus, o Pai, e Jesus Cristo formam uma família divina (discutiremos essa verdade bíblica com mais detalhes nos capítulos seguintes).

Eles têm uma relação familiar distinta e amorosa. Dirigindo-se ao Pai, Jesus disse: “Me amaste antes da fundação do mundo” (João 17:24, ARA). Ele não se refere aqui ao nosso limitado amor humano, mas ao amor divino do reino celestial.

Jesus Cristo foi o Criador!

O apóstolo João não escreveu apenas o quarto Evangelho e três epístolas, preservadas no Novo Testamento, mas também escreveu o livro de Apocalipse. Foi aqui, na mensagem às sete igrejas de Apocalipse, que Jesus se identificou como Aquele que realizou a criação de Deus: “Estas são as palavras do Amém, a testemunha fiel e verdadeira, o soberano da criação de Deus” (Apocalipse 3:14 NVI).

Observe que a palavra traduzida como “soberano” também pode ser traduzida como “princípio”, e alguns tomam isso como significando que Jesus foi a primeira criação. Mas o sentido aqui é que Ele foi o iniciador ou origem da criação, um fato que o primeiro capítulo de João e outras passagens deixam claro. A Bíblia na Linguagem de Hoje, traduz este versículo assim: “Esta é a mensagem do Amém, da testemunha fiel e verdadeira, daquele por meio de quem Deus criou todas as coisas.”

Sim! Além de Jesus morrer pelos nossos pecados para que pudéssemos ser reconciliados com o Pai, Ele é o nosso Criador. O apóstolo Paulo nos diz em Efésios 3:9 que “Deus, tudo criou por meio de Jesus Cristo” (ACF). Assim, como Criador de todas as coisas, Jesus Cristo poderia pagar a pena por todos os pecados da humanidade, de todas as épocas―e é por isso que Pedro em Atos 4:12 nos diz: “Não há salvação em nenhum outro, pois, debaixo do céu não há nenhum outro nome dado aos homens pelo qual devamos ser salvos” (NVI).

Além disto, em Colossenses 1:16 Paulo escreve: “Porque nele [Cristo] foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades; tudo foi criado por Ele e para Ele”.

Esta passagem é abrangente. Jesus criou “todas as coisas que há nos céus”―todo o reino angélico, que inclui um número incontável de anjos―e o universo indescritivelmente vasto, incluindo o planeta terra. Muitas pessoas não compreendem o fato bíblico claro que Jesus Cristo é o nosso Criador!

O livro de Hebreus confirma esta verdade maravilhosa, afirmando que Deus Pai “nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo” (Hebreus 1:2, ARA). O abundante testemunho das Escrituras do Novo Testamento mostra que Deus Pai criou tudo através do Verbo―Aquele que, mais tarde, tornou-se Jesus Cristo. Assim, ambos os Seres divinos estavam intimamente envolvidos na criação.

O livro de Hebreus apresenta Cristo como o Ser por meio de quem o Pai fez com que o mundo do tempo e espaço viesse a existir, e por quem continua “sustentando todas as coisas pela palavra do seu poder” (Heb 1:3). A Escritura, portanto, revela que Jesus não apenas criou o universo, mas também O sustenta. Ele é claramente muito maior do que a maioria das pessoas tem imaginado!

Os Salmos e a relação da família divina

Passagens chaves nos Salmos contêm o testemunho indubitável de Deus, o Pai, sobre Seu Filho, Jesus de Nazaré. Nelas encontramos que o Pai testemunhou antecipadamente o futuro e incrível papel do Verbo.

O escritor de Hebreus cita o Salmo 2: “Porque a qual dos anjos disse jamais: Tu és meu Filho, hoje te gerei? E outra vez: Eu lhe serei por Pai, e ele me será por Filho?” (Hebreus 1:5; compare a Salmo 2:7, 1 Crônicas 17:13). Este era o destino profético do Verbo.

O Salmo 45:6 também mostra o Pai testemunhando sobre o Filho, como Hebreus 1:8 explica, citando-o: “Mas, do Filho, diz: Ó Deus, o teu trono subsiste pelos séculos dos séculos, cetro de eqüidade é o cetro do teu reino”.

Muitos que leram este capítulo de Hebreus, leram superficialmente este versículo, e não conseguiram captar sua enorme importância. O Pai chama o Seu Filho, Jesus Cristo, Deus. Cristo não é apenas o Filho de Deus. Ele é Deus! Ele é um membro da família de Deus. As Escrituras revelam Deus em termos de uma relação de família―Deus, o Pai, e Jesus, o Filho, estão juntos na família de Deus!

Nós vimos anteriormente a partir de João 1:14 que o Verbo, Jesus Cristo, “se fez carne e habitou entre nós... como o unigênito do Pai”. A palavra grega monogenees, traduzida por “unigênito” neste versículo e no versículo 18, confirma a relação familiar entre Deus, o Pai, e Aquele que se tornou Jesus Cristo.

O escritor Dr. Spiros Zodhiates, autor de vários livros sobre a língua grega usada na Bíblia, explica: “A palavra monogenees realmente é um composto da palavra monos, ‘sozinho’, e a palavra genos, “raça, linhagem, família”. Aqui somos informados de que Aquele que veio para revelar Deus―Jesus Cristo―é da mesma família, da mesma linhagem, da mesma raça que Deus é . . . Há uma ampla evidência nas Escrituras de que a Divindade é uma família . . .” (Cristo era Deus? A Defesa da Divindade de Cristo[Was Christ God? A Defense of the Deity of Christ], 1998, pág. 21, grifo nosso).

A existência de Jesus Cristo antes de Abraão

Várias outras passagens do Evangelho de João revela detalhes significativos que nos ajudam a compreender mais plenamente quem e o que Jesus Cristo era antes de Sua encarnação—Sua concepção na carne como ser humano.

Reflita nesse relato posterior do capítulo 1: “No dia seguinte, viu João [Batista] a Jesus, que vinha para ele, e disse: Eis o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo! É este a favor de quem eu disse: após mim vem um varão que tem a primazia, porque já existia antes de mim” (versículos 29-30; comparar com o versículo 15, ARA).

João Batista nasceu antes de Jesus (Lucas 1:35-36, 57-60) e começou seu ministério antes de Cristo começar o Seu. No entanto, João Batista ainda disse sobre Jesus: “Já existia antes de mim” Por quê? Considerando o contexto do primeiro capítulo de João, a razão as palavras do João Batista têm que ser porque ele entendia que Jesus era o Verbo preexistente antes do Seu nascimento humano (João 1:14).

Ao lidar com as acusações dos fariseus em João 8, Jesus disse-lhes: “Ainda que eu testifico de mim mesmo, o meu testemunho é verdadeiro, porque sei de onde vim [do lado do Pai no céu] e para onde vou; mas vós não sabeis de onde vim, nem para onde vou” (versículo 14).

Mais tarde, o apóstolo Paulo comentou sobre a falta de compreensão deles, “pois os que habitavam em Jerusalém e as suas autoridades, não conhecendo Jesus nem os ensinos dos profetas que se lêem todos os sábados, quando o condenaram, cumpriram as profecias” (Atos 13:27, ARA).

Assim, como no primeiro século, hoje relativamente poucas pessoas realmente compreendem quem era Jesus, de onde veio, o que está fazendo e o que ainda fará.

Mais tarde, em João 8, os judeus se reuniram ao redor de Jesus e lhe perguntaram: “Quem te fazes tu ser?” (versículo 53). Eles simplesmente não tinham ideia da verdadeira identidade de Quem estava falando com eles. E hoje é a mesma coisa. Poucas pessoas realmente entendem as verdadeiras origens de Jesus Cristo.

Ele, pacientemente, explicou: “Abraão, vosso pai, exultou por ver o meu dia, e viu-o, e alegrou-se” (versículo 56). Mas como isto foi possível? O patriarca Abraão viveu por volta de dois mil anos antes do nascimento de Jesus. Portanto, aqueles que o ouviam desafiaram-No: “Ainda não tens cinquenta anos e viste Abraão?” (Versículo 57). A esta pergunta Jesus deu uma resposta surpreendente: “Em verdade, em verdade vos digo que, antes que Abraão existisse, EU SOU” (versículo 58).

Devemos fazer uma pausa por um momento para digerir o que Jesus disse.

Ele estava declarando que Sua existência precedia a de Abraão. Além disso, a frase “EU SOU” era um título bem conhecido da divindade para os judeus. Isso remonta ao primeiro encontro de Moisés com Deus na sarça ardente mais de quatorze séculos antes.

Um encontro crucial com Moisés

Naquela ocasião, quando Deus disse a Moisés que estava enviando-o para libertar os israelitas da escravidão no Egito, Moisés estava preocupado sobre como os israelitas o receberiam e sua incumbência dada por Deus. Então ele perguntou a Deus: “Eis que quando vier aos filhos de Israel e lhes disser: O Deus de vossos pais me enviou a vós; e eles me disserem: Qual é o seu nome? Que lhes direi?” (Êxodo 3:13).

Observe a resposta do Criador: “E disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós” (Êxodo 3:14 ).

Note também o versículo seguinte: “E Deus disse mais a Moisés: Assim dirás aos filhos de Israel: O senhor, o Deus de vossos pais, o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e o Deus de Jacó, me enviou a vós; este é meu nome eternamente, e este é meu memorial de geração em geração” (versículo 15).

Como é de praxe, na maioria das traduções de língua portuguesa em todo o Antigo Testamento, a palavra “senhor”, aqui com letras maiúsculas substitui a consoantes hebraicas Y-H-W-H (comumente conhecidas como o Tetragrama, que significa “quatro letras”). Hoje, ninguém sabe ao certo como pronunciar este nome, mas a pronúncia mais aceita hoje é Iavé (ou Javé). Antigamente uma maneira comum de pronunciar este nome, embora errônea, era Jeová.

Êxodo 6:3 e 15:3, assim como Números 6:22-27 referem-se a YHWH também como sendo o nome de Deus. O nome YHWH é muito semelhante em significado ao “EU SOU” (em hebraico EHYH ou Eheyeh). Ambas implicam eternidade, auto existência inerente (comparar João 5:26). Embora seja impossível traduzir com precisão e diretamente em português, YHWH transmite um significado de “Aquele Que Sempre Existe” ou “o Auto Existente”—ambos significando um Ser não criado, “Aquele que é Eterno”. Esta distinção somente se aplica a Deus, cuja existência é de eternidade a eternidade. Ninguém criou Deus.

Portanto, diante desse cenário, quando Jesus disse em João 8:58 que Ele precedeu a Abraão e se referiu a Si mesmo como de existência ininterrupta usando o termo “EU SOU”, realmente não deve restar nenhuma dúvida quanto ao que exatamente Ele queria dizer. Então, os judeus logo perceberam isso e imediatamente tentaram apedrejá-Lo até a morte (versículo 59). Jesus estava dizendo que Ele era o próprio Deus de Israel.

Para os judeus, não haviam dúvidas quem Jesus afirmou ser. Ele disse que Ele era o Único, o qual a nação de Israel entendia ser o único Deus verdadeiro. Ao reivindicar o nome “EU SOU”, Jesus estava dizendo que Ele era o Deus que os hebreus conheciam como YHWH. Este nome era considerado tão sagrado que um judeu devoto não o pronunciava. Este era um nome especial para Deus, que pode se referir apenas ao único Deus verdadeiro.

O escritor Dr Norman Geisler, em seu livro Apologia Cristã [Christian Apologetics], conclui: “Em vista do fato de que o Jeová do Antigo Testamento judaico não quis dar seu nome, honra ou glória para outro [Isaías 42:8], não é de admirar que as palavras e atos de Jesus de Nazaré atraíram pedras e gritos de ‘blasfêmia’ dos judeus do primeiro século. As mesmas coisas que o Jeová do Antigo Testamento reivindicou para si mesmo, Jesus de Nazaré também reivindicou” (2002, pág. 331).

Quem era o Deus do Antigo Testamento?

Como o grande “EU SOU”, Jesus Cristo era a Rocha que estava guiando os filhos de Israel pelo deserto quando saíram do Egito (veja Deuteronômio 32:4). Paulo escreveu: “Ora, irmãos, não quero que ignoreis que nossos pais estiveram todos debaixo da nuvem; e todos passaram pelo mar, e todos foram batizados em Moisés, na nuvem e no mar, e todos comeram de um mesmo manjar espiritual, e beberam todos de uma mesma bebida espiritual, porque bebiam da pedra espiritual que os seguia [acompanhava]; e a pedra era Cristo” (1 Coríntios 10:1-4).

O “EU SOU” do Antigo Testamento é ainda descrito como cheio de “beneficência e verdade” (Êxodo 34:6). Da mesma forma, o Novo Testamento nos diz que Jesus era “cheio de graça e verdade” (João 1:14). Jesus Cristo é “o mesmo ontem, e hoje e eternamente” (Hebreus 13:8).

Cabe notar que há passagens no Antigo Testamento, onde YHWH claramente se refere ao Deus, o Pai. Por exemplo, no Salmo 110:1, o rei Davi declarou: “Disse o senhor [YHWH] ao meu Senhor . . .”. O YHWH aqui é o Pai falando com o Senhor de Davi, Aquele que se tornou Jesus Cristo. Muitas vezes, porém, o nome YHWH refere-se Àquele que se tornou Cristo―e, outras vezes, aplica-se tanto ao Pai e a Cristo juntamente, assim como o nome Deus frequentemente é referido.

Pondere que, exceto Jesus, nenhum ser humano jamais viu o Pai (João 1:18; 5:37; 6:46, 1 João 4:12). No entanto, Abraão, Jacó, Moisés e outros viram a Deus (Gênesis 18; 32:30; Êxodo 24:9-11; 33:17-23). Assim, o YHWH, o “EU SOU”, o Verbo, que mais tarde tornou-se Jesus Cristo foi quem eles viram. Ele era quem lidava diretamente com os seres humanos como Deus no tempo do Antigo Testamento.

Jesus Cristo morreu por nossos pecados e se tornou o mediador definitivo entre Deus e o homem (1 Timóteo 2:5), um papel que Ele já tinha cumprido parcialmente como o Verbo preexistente antes do Seu nascimento humano.

Assim, o Verbo era de fato o Deus do Antigo Testamento―e no entanto o Pai também cumpriu esse papel em um sentido muito real. Pois, Jesus lidou com a humanidade em nome do Pai, como Seu Porta-voz (comparar João 8:28; 12:49-50; e novamente, consulte a secção “No Princípio Era o Verbo”). Além disso, em muitas passagens do Antigo Testamento pode ser difícil distinguir entre estes dois grandes personagens, enquanto que o Novo Testamento é geralmente claro a este respeito.

Sem dúvida, desde que Jesus veio para revelar o Pai (Mateus 11:27), a conclusão lógica é que o Pai certamente não era conhecido por aquelas pessoas dos tempos do Antigo Testamento, com exceção de alguns patriarcas e profetas hebreus. O rei Davi, por exemplo, foi um desses que compreendeu.

Citado em parte, anteriormente, Hebreus 1:1-2 afirma: “Havendo Deus, outrora, falado, muitas vezes e de muitas maneiras, aos pais, pelos profetas, nestes últimos dias, nos falou pelo Filho, a quem constituiu herdeiro de todas as coisas, pelo qual também fez o universo” (ARA).

Nesta passagem de abertura do livro de Hebreus a implicação clara é que o Pai é a força motriz por trás de tudo no Antigo Testamento. No contexto, o versículo 2 interpreta o versículo 1. Embora Deus, o Pai, seja a principal força detrás da Bíblia hebraica, foi através de Jesus Cristo que Ele criou todo o universo.

Além disso, o princípio vital da Bíblia interpretar a Bíblia nos ajuda a entender a intenção de Hebreus 1:1 à luz de outras escrituras. Assim tal como Deus criou o universo através da mediação do Verbo preexistente, Jesus Cristo, e criou todas as coisas por Ele (Efésios 3:9, Colossenses 1:16, João 1:3), igualmente Ele tem lidado com o homem através do mesmo mediador, Cristo, o Verbo.

Jesus―igualmente Deus e homem

Jesus Cristo hoje é o mediador entre Deus Pai e o homem. Mas, para cumprir perfeitamente esse papel crucial Ele tinha que ter sido Deus e homem. Ele foi verdadeiramente um homem em todos os sentidos da palavra ou não teríamos a salvação dos nossos pecados. O apóstolo Paulo O chama de “Jesus Cristo, homem” (1 Timóteo 2:5), assim como também o apóstolo Pedro O chama de “Jesus Nazareno, varão” (Atos 2:22).

Paulo nos diz que devemos ter a mesma atitude humilde e servil como a de Jesus Cristo, “pois ele, subsistindo em forma de Deus, não julgou como usurpação o ser igual a Deus; antes, a si mesmo se esvaziou [de ser igual a Deus], assumindo a forma de servo, tornando-se em semelhança de homens; e, reconhecido em figura humana, a si mesmo se humilhou, tornando-se obediente até à morte e morte de cruz.” (Filipenses 2:6-8, ARA).

A humanidade de Jesus foi total e completa no sentido de que Ele viveu uma vida como um ser humano físico e que terminou em morte. Ele ficou com fome e comeu, se cansou e descansou, andava e falava como qualquer outro ser humano. Não havia nada em sua aparência física para distingui-lo de outros homens judeus de Seu tempo (Isaías 53:2).

A diferença essencial estava na esfera espiritual. Jesus continuamente recebia o poder espiritual necessário do Pai (compare a João 5:30; 14:10). Na verdade, Ele possuía o Espírito de Deus desde a concepção, por ser gerado no ventre de Maria pelo Espírito Santo. Embora tentado como cada um de nós, Jesus nunca transgrediu a lei de Deus. Ele nunca pecou (2 Coríntios 5:21, Hebreus 4:15; 1 Pedro 2:22).

Uma das heresias mais insidiosas na história de dois mil anos de Cristianismo é a que diz que Jesus Cristo não foi realmente e completamente um homem―e que Ele realmente não foi tentado a pecar. O apóstolo João condenou veementemente esse ensinamento (1 João 4:3, 2 João 7).

Esta heresia começou no primeiro século e persiste até hoje, e continua a levar as pessoas para longe da verdade de Deus. Precisamos reconhecer que, se Jesus não tivesse sido realmente humano, então Seu sacrifício por nossos pecados seria inútil e em vão.

Filho do Homem e Filho de Deus

Jesus Cristo é chamado “o Filho do Homem” mais de oitenta vezes no Novo Testamento. E esse era o termo que Ele mais comumente usava em referência a Si mesmo.

Cristo se referiu várias vezes a si mesmo como o Filho do homem a respeito de Seu sofrimento e sacrifício de morte pelo pecados da humanidade (Mateus 17:22; 26:45, Marcos 9:31; 14:41). Embora de origem divina, Ele conscientemente identificava-se com nossa condição humana―as tristezas e sofrimentos da raça humana. O profeta Isaías O retratou como “um homem de dores e experimentado no sofrimento” (Isaías 53:3, NVI).

Pelo fato de compartilhar de nossas dificuldades e fraquezas humanas, Jesus disse: “Vinde a mim, todos os que estais cansados e oprimidos, e eu vos aliviarei. Tomai sobre vós o meu jugo, e aprendei de mim, que sou manso e humilde de coração, e encontrareis descanso para a vossa alma. Porque o meu jugo é suave, e o meu fardo é leve” (Mateus 11:28-30).

Ele também chamou a Si mesmo de ‘o Filho do homem’ quando se referiu ao Seu papel de futuro Governante da humanidade no Reino de Deus (Mateus 19:28). Ele também usou esse termo quando se descreveu como “o Senhor do Sábado”, ao explicar que o Sábado do sétimo dia deve ser observado com misericórdia e compaixão (Marcos 2:27-28, Mateus 12:8, Lucas 6:5).

E, quando veio para a região de Cesaréia de Filipe, Jesus perguntou aos seus discípulos: “Quem dizem os homens ser o Filho do Homem?” (Mateus 16:13). Eles responderam, contando várias crenças comuns, mas errôneas, sobre a identidade de Jesus. Então, Simão Pedro respondeu dizendo: “Tu és o Cristo [o Messias], o Filho do Deus vivo” (versículo 16).

Jesus observou que o próprio Pai tinha revelado essa verdade maravilhosa a Pedro (versículo 17). E todos os Seus apóstolos vieram a reconhecer a mesma verdade, que é reafirmada em outras partes do Novo Testamento (Mateus 14:33, João 20:31, Romanos 1:3-4).

De fato, enquanto Jesus era plenamente humano também era mais do que simplesmente humano―pois, Ele era, de fato, o divino Filho de Deus com tudo o que o nome implica. Sem dúvida, como vimos, Ele era o Deus Criador que veio em carne. E depois que Sua vida humana acabou, Ele voltou para a glória divina que tinha compartilhado com o Pai desde a eternidade (João 17:5). (Para saber muito mais sobre quem era Jesus e os acontecimentos de Sua vida, morte e ressurreição, não se esqueça de baixar ou solicitar o nosso livro gratuito Jesus Cristo: A Verdadeira História em www.revistaboanova.org/literatura)

Vemos, então, que há uma pluralidade em Deus e que Jesus Cristo é Deus, juntamente com o Pai. Embora reconheça isso, a doutrina da trindade encontra-se errada ao apresentá-Los como pessoas em um único ser juntamente com o Espírito Santo.