O Espírito Santo É Uma Pessoa?

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Nos capítulos anteriores, vimos que a doutrina da trindade, afirmando que o Espírito Santo é uma pessoa divina, era estranha aos escritores da Bíblia e se originou vários séculos após o Novo Testamento ser concluído. Então, como é que a Bíblia define o Espírito Santo se não é uma pessoa?

A palavra “espírito” é traduzida do hebraico ruach e do grego pneuma, e ambas as palavras também denotam alento ou vento, uma força invisível. Escritura diz que “Deus é Espírito” (João 4:24). No entanto, também nos é dito que Deus tem um Espírito—o Espírito de Deus ou o Espírito Santo.

Então, novamente a pergunta, o que é o Espírito Santo?

“O poder do Altíssimo”

Ao invés de descrever o Espírito Santo como uma pessoa distinta ou entidade, a Bíblia na maioria das vezes refere-se ao Espírito como o poder divino de Deus e o associa a esse poder (Zacarias 4:6; Miquéias 3:8). Os estudiosos judeus, examinando as referências ao Espírito nas Escrituras do Antigo Testamento, nunca definiram o Espírito Santo como qualquer outra coisa além do poder de Deus.

No Novo Testamento, Paulo se refere a ele como o espírito de poder, amor e de moderação (2 Timóteo 1:7). Ao informar a Maria que Jesus seria sobrenaturalmente concebido em seu ventre, o anjo lhe disse: “Descerá sobre ti o Espírito Santo”, e o mensageiro divino descreveu esse Espírito a ela como “o poder do Altíssimo [que] te envolverá” (Lucas 1:35, ARA e BLH).

Jesus começou seu ministério “no poder do Espírito” (Lucas 4:14, ARA e BLH). Ele disse aos Seus seguidores: “Recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo” (Atos 1:8, ARA e BLH).

Pedro relata que “Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o Espírito Santo e com poder” (Atos 10:38, ARA e BLH). Este foi o mesmo poder que permitiu a Cristo realizar muitos milagres poder osos durante Seu ministério. Da mesma forma, Jesus realizou através do apóstolo Paulo “sinais e maravilhas e por meio do poder do Espírito de Deus” (Romanos 15:19, NVI).

Ao confrontar-se com essas escrituras, até mesmo a Nova Enciclopédia Católica admite: “O AT [Antigo Testamento] claramente não contempla o espírito de Deus como uma pessoa . . . O espírito de Deus é simplesmente o poder de Deus. Se às vezes é representado como sendo distinto de Deus, é porque o sopro de Yahweh age exteriormente . . . A maioria dos textos do NT [Novo Testamento] revelam o espírito Deus como algo e não como alguém; isso é visto especialmente no paralelismo entre o espírito e o poder de Deus” (New Catholic Encyclopedia, 1965, Vol 13,”O Espírito de Deus”, págs. 574 -576).

Uma obra de referência entitulada Dicionário Católico reconhece de forma semelhante: “Em suma o Novo Testamento, tal como o Antigo, fala do espírito como uma energia divina ou poder” (A Catholic Dictionary, William Addis e Thomas Arnold, 2004, “Trindade, Santo”, pág. 827 ).

A Palavra de Deus mostra que o Espírito Santo é a própria natureza, presença e expressão do poder de Deus agindo ativamente nos Seus servos (2 Pedro 1:4, Gálatas 2:20). Na verdade, é através do Seu Espírito que Deus está presente em todos os lugares ao mesmo tempo, em todo o universo e comanda como quiser (Salmo 139:7-10).

Uma e outra vez as Escrituras retratam o Espírito Santo como o poder de Deus. Além disso, também indicam ser a mente de Deus e a própria força e essência da vida através da qual o Pai gera seres humanos como Seus filhos espirituais. O Espírito Santo não é Deus, mas sim um aspecto vital de Deus—o agente por meio do qual o Pai e Cristo trabalham.

Inspiração divina e vida através do Espírito

Em seu artigo sobre o Espírito Santo, O Dicionário Bíblico Anchor descreve-o como a “manifestação da presença divina e poder perceptível especialmente na inspiração profética” (The Anchor Bible Dictionary, Vol. 3, 1992, pág. 260).

Repetidas vezes as Escrituras revelam que Deus concedeu a inspiração divina a Seus profetas e servos por meio do Espírito Santo. Pedro observou que “a profecia nunca foi produzida por vontade de homem algum, mas os homens santos de Deus falaram inspirados pelo Espírito Santo” (2 Pedro 1:21).

Paulo escreveu que o plano de Deus para a humanidade havia sido “revelado pelo Espírito aos seus santos apóstolos e profetas” (Efésios 3:5) e que seus próprios ensinamentos foram inspirados pelo Espírito Santo (1 Coríntios 2:13). Paulo explica ainda que através do Seu Espírito, Deus revelou para os verdadeiros cristãos as coisas que Ele tem preparado para aqueles que O amam (versículos 9-16). Operando através do Espírito, Deus Pai é o revelador da verdade para aqueles que O servem.

Jesus disse aos Seus díscipulos que o Espírito Santo, o qual o Pai enviaria, “vos ensinará todas as coisas e vos fará lembrar de tudo quanto vos tenho dito” (João 14:26). É através do Espírito de Deus dentro de nós que temos uma visão e um entendimento espiritual. De fato, chegamos a receber a mesma “mente de Cristo” (1 Coríntios 2:16)―também referida como a “mente do Espírito” (Romanos 8:27, ARA).

Jesus tinha essa compreensão espiritual em abundância. Como o Messias, foi profetizado que Ele teria “o Espírito do senhor, o Espírito de sabedoria e de entendimento, o Espírito de conselho e de fortaleza, o Espírito de conhecimento e de temor do senhor” (Isaías 11:2, ACF).

Como o Filho do Homem na terra, Jesus retratou em Sua conduta pessoal os atributos divinos do Deus Todo-Poderoso por meio do viver completamente pelos padrões bíblicos de Seu Pai, através do poder do Espírito Santo (compare a 1 Timóteo 3:16, ACF).

Agora que Jesus Cristo voltou ao domínio espiritual, Jesus exerce o poder onipotente do Espírito Santo junto com o Pai. O Espírito Santo, precisamos entender, não é somente o Espírito de Deus Pai, pois a Bíblia também o chama de “Espírito de Cristo” (Romanos 8:9, Filipenses 1:19). Por designação, é o mesmo Espírito, já que existe somente um Espírito (1 Coríntios 12:13, Efésios 4:4).

O Pai dá o mesmo Espírito aos verdadeiros cristãos através de Jesus Cristo (João 14:26, 15:26, Tito 3:5-6), que os guia e capacita para serem Seus filhos e “participantes da natureza divina” (Romanos 8:14, 2 Pedro 1:4). Deus, que tem a vida eterna em Si mesmo, dá essa vida aos outros através do Espírito (João 5:26; 6:63, Romanos 8:11).

Os atributos impessoais do Espírito Santo

O Espírito Santo é mencionado de diversas maneiras, as quais demonstram que ele não é uma pessoa divina. Por exemplo, ele é referido como um dom (Atos 10:45, 1 Timóteo 4:14) que é ilimitado e dado por Deus (João 3:34). Também nos é dito que o Espírito Santo pode ser extinto (1 Tessalonicenses 5:19), que pode ser derramado sobre as pessoas (Atos 2:17, 33), e que somos batizados com ele (Mateus 3:11).

As pessoas podem bebê-lo (João 7:37-39), tornar-se participantes dele (Hebreus 6:4) e podem ser cheios dele (Atos 2:4, Efésios 5:18). O Espírito Santo também nos renova (Tito 3:5) e deve ser despertado dentro de nós (2 Timóteo 1:6). Estas características impessoais certamente não são atributos de uma pessoa ou ser pessoal!

O Espírito também é descrito por outras designações―“o Espírito Santo da promessa”, “o penhor da nossa herança” e “espírito de sabedoria e de revelação” (Efésios 1:13-14, 17)―que mostram que ele não é uma pessoa.

Em contraste com Deus Pai e Jesus Cristo, que são constantemente comparados aos seres humanos em Sua forma e aspecto, o Espírito Santo é sempre representado por vários símbolos e manifestações, de uma maneira completamente diferente―tais como o sopro (João 20:22 ), o vento (Atos 2:2), o fogo (Atos 2:3), a água (João 4:14; 7:37-39), o óleo (Salmo 45:7; compare a Atos 10:38, Mateus 25:1-10), uma pomba (Mateus 3:16) e um “penhor”, ou depósito caução da vida eterna (2 Coríntios 1:22; 5:5, Efésios 1:13-14).

No mínimo, essas representações seriam difíceis de entender, se o Espírito Santo fosse uma pessoa!

Em Mateus 1:20 encontramos mais uma prova de que o Espírito Santo não é uma entidade distinta, mas o poder divino de Deus. Aqui lemos que Jesus foi concebido pelo Espírito Santo. No entanto, Jesus orou a continuamente e se dirigiu a Deus Pai, como Seu Pai e não ao Espírito Santo (Mateus 10:32-33; 11:25-27; 12:50). Ele nunca mostrou o Espírito Santo como Seu Pai! Obviamente, o Espírito Santo era o agente ou poder através do qual o Pai gerou a Jesus como Seu Filho―não uma pessoa ou ser inteiramente separado.

O exemplo e ensinamento de Paulo estavam em consonância com Cristo

Se Deus fosse uma trindade, certamente Paulo, que foi ensinado diretamente por Jesus Cristo ressuscitado (Gálatas 1:11-12) e que escreveu a maior parte dos fundamentos teológicos da Igreja primitiva, teria compreendido e ensinado esse conceito. No entanto não encontramos tal ensinamento em seus escritos.

Além disso, a saudação padrão de Paulo em suas cartas às igrejas, bem como aos indivíduos a quem ele escreveu, de forma consistente menciona “Deus, nosso Pai e o Senhor Jesus Cristo”. No entanto, em cada uma de suas saudações ele nunca menciona o Espírito Santo! (O mesmo pode ser dito de Pedro nas saudações em suas epístolas).

A mesma saudação, apenas com pequenas variações, aparece em todas as epístolas escritas por Paulo. Observe como ele é constante em não incluir o Espírito Santo em sua saudação:

• “Graça e paz de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo” (Romanos 1:7).

• “Graça e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo” (1 Coríntios 1:3).

• “Graça a vós e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e da do Senhor Jesus Cristo” (2 Coríntios 1:2).

• “Graça e paz, da parte de Deus Pai e da de nosso Senhor Jesus Cristo” (Gálatas 1:3).

• “Graça e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e da do Senhor Jesus Cristo” (Efésios 1:2).

• “Graça a vós e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e da do Senhor Jesus Cristo” (Filipenses 1:2).

• “Graça a vós e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e da do Senhor Jesus Cristo” (Colossenses 1:2).

• “Graça e paz tenhais de Deus, nosso Pai, e do Senhor Jesus Cristo” (1 Tessalonicenses 1:1).

• “Graça paz a vós, da parte de Deus, nosso Pai, e da do Senhor Jesus Cristo” (2 Tessalonicenses 1:2).

• “Graça, misericórdia e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e da de Cristo Jesus, nosso Senhor” (1 Timóteo 1:2).

• “Graça, misericórdia e paz, da parte de Deus Pai, e da de Cristo Jesus, Senhor nosso” (2 Timóteo 1:2).

• “Graça, misericórdia e paz, da parte de Deus Pai e da do Senhor Jesus Cristo, nosso Salvador” (Tito 1:4).

• “Graça a vós e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e da do Senhor Jesus Cristo” (Filemom 3).

O Espírito Santo é sempre deixado de fora dessas saudações―uma omissão inacreditável e inexplicável se o Espírito fosse de fato uma pessoa ou entidade coexistente com Deus Pai e Cristo!

Isto é ainda mais surpreendente quando consideramos que as congregações, às quais Paulo escreveu, tinham muitos membros gentios de origens politeístas e que antes adoravam a inúmeros deuses. As epístolas de Paulo não registram em nenhuma parte algo que possa explicar o Espírito Santo como uma trindade ou como uma pessoa divina em igualdade com Deus Pai e Jesus Cristo.

Em todos os escritos de Paulo, somente em 2 Coríntios 13:14 [versículo 13 em certas versões] o Espírito Santo é mencionado junto com o Pai e Jesus Cristo em tais expressões, e apenas no contexto de “comunhão do Espírito Santo”, no qual os crentes compartilham―e não em qualquer espécie de declaração teológica sobre a natureza de Deus. O ponto que Paulo enfatiza aqui é que o Espírito de Deus é o agente unificador que nos une em uma piedosa e justa comunhão, não apenas uns com os outros, mas também com o Pai e o Filho.

E aqui também, o Espírito de Deus não é mencionado como uma pessoa. Observe que Paulo escreve que a nossa comunhão é do Espírito Santo e não com o Espírito Santo. Como nos diz 1 João 1:3: “A nossa comunhão é com o Pai e com seu Filho Jesus Cristo”―o Espírito Santo não é mencionado.

(Para estudar outros versículos que supostamente sustentam a existência da trindade, veja “O que dizer dessas passagens que ‘Provam’ a Trindade?”)

Jesus também nunca falou do Espírito Santo como uma terceira pessoa divina. Em vez disso, em diversas passagens Ele falou apenas da relação entre Deus Pai e Si mesmo (Mateus 26:39, Marcos 13:32; 15:34, João 5:18, 22; etc.). O Espírito Santo como uma pessoa é conspicuamente ausente do ensino de Cristo em geral. De particular interesse a esse respeito são as muitas declarações Suas sobre Si mesmo e o Pai, especialmente quando Ele nunca fez declarações semelhantes sobre Si mesmo e o Espírito Santo.

A ausência do Espírito Santo nas visões do trono de Deus

Devemos considerar também que, nas visões do trono de Deus registradas na Bíblia, embora o Pai e Cristo sejam vistos, o Espírito Santo como uma terceira pessoa está completamente ausente.

Em Atos 7:55-56, que descreve o martírio de Estêvão, lemos que ele “fixando os olhos no céu, viu a glória de Deus e Jesus, que estava à direita de Deus, e disse: Eis que vejo os céus abertos e o Filho do Homem, que está em pé à mão direita de Deus”. Ele viu Deus, o Pai, e Jesus, o Filho, mas não o Espírito Santo.

Em Daniel 7:9-14, se descreve semelhantemente a visão de Daniel dos céus. E, lá, ele viu “o Ancião de Dias”―Deus, o Pai, neste contexto―assim como milhões de seres angélicos e “Um como o Filho do Homem”, o preexistente Jesus Cristo. Novamente, ele não viu nenhuma terceira pessoa de uma santa trindade.

E em Apocalipse 4-5 e 7:10 vemos que Jesus, o Cordeiro de Deus, é mencionado estando à mão direita de Deus Pai, mas ninguém é mencionado estando à mão esquerda do Pai. Em nenhum lugar o Espírito Santo é mencionado como um ser ou pessoa. Em nenhum lugar, em qualquer dessas passagens, ou em qualquer lugar nas Escrituras, se retrata três pessoas divinas juntas.

No último livro da Bíblia (e o último a ser escrito), o Espírito Santo como uma pessoa divina está completamente ausente de suas páginas. O livro descreve “um novo céu e uma nova terra” (Apocalipse 21:1) onde está “o tabernáculo de Deus com os homens, pois com eles habitará” (versículo 3). Cristo, o Cordeiro também está presente (versículo 22). O Espírito Santo como uma pessoa distinta, no entanto, mais uma vez está ausente―outra omissão inexplicável, se este Espírito fosse a terceira pessoa de um Deus trino.

É por isso que Paulo diz em 1 Coríntios 8:6 que “há um só Deus, o Pai . . . e um só Senhor, Jesus Cristo”, sem mencionar o Espírito Santo como uma pessoa divina. Em outro lugar, ele refere-se ao “mistério de Deus e Pai, e de Cristo” (Colossenses 2:2, ACF)―mencionando apenas os dois como Deus e, novamente, não incluindo o Espírito Santo.

Devemos considerar também que em nenhum lugar encontramos qualquer oração, salmo ou hino destinado ou dedicado ao Espírito Santo. Em nenhum lugar vemos o Espírito Santo ser adorado. Uma e outra vez, o registro bíblico simplesmente não apoia a doutrina da trindade em passagens onde ela deveria ser evidente, se fosse verdade!

É por isso que, como vimos em várias citações no início deste livro, tanto historiadores quanto pesquisadores bíblicos admitem que a doutrina da trindade não é encontrada na Bíblia. Não devemos nos apegar às tradições religiosas antigas se estas contradizem as Escrituras! Nossas crenças têm que estar firmemente consolidadas nos ensinamentos da Bíblia Sagrada. Jesus disse, “a tua palavra [de Deus] é a verdade” (João 17:17).

E como explicar Escrituras que descrevem ações do Espírito Santo?

Algumas passagens bíblicas parecem descrever o Espírito Santo, aparentemente, engajado em atividades pessoais. Isso significa que o Espírito Santo é uma pessoa diferente?

A princípio pode parecer ser uma indicação de que o Espírito é uma pessoa diferente, mas realmente não prova isso. Nas linguagens dos tempos bíblicos, as coisas impessoais às vezes eram descritas de maneira pessoal e executando atividades como pessoas.

Por exemplo, em Gênesis 4:10 Deus disse a Caim: “Que fizeste? A voz do sangue do teu irmão clama a mim desde a terra”. Aqui o sangue derramado de Abel é descrito como tendo uma “voz” que “clama” do solo. No entanto, está claro que isto é uma linguagem figurada, já que o sangue não tem voz e não pode falar.

Da mesma forma, no livro de Provérbios, a sabedoria é personificada como se tivesse chamando em voz alta e chorando (Provérbios 1:20-21). Provérbios 8 descreve a sabedoria como que gritando, de pé em uma colina alta, chamando os homens, falando, com lábios e boca, amando e sendo amada, tendo filhos e acompanhando e se alegrando com Deus. No entanto, é óbvio, a sabedoria não é uma pessoa e não faz nenhuma dessas coisas em um sentido literal!

Do mesmo modo, o Salmo 65:13 descreve os vales gritando de alegria e cantando. O Salmo 96:11-12 atribui emoções aos céus, à terra e aos campos. O Salmo 98:8 diz que os rios batem palmas. E o Salmo 148:4-5 descreve o céu e a chuva louvando a Deus.

Isaías 3:26 diz que os portões da cidade de Jerusalém vão lamentar e prantear. Isaías 14:8 fala de ciprestes se alegrando e cedros conversando. Isaías 35:1 atribui emoções ao deserto e diz que o deserto se alegrará. Isaías 44:23 e 49:13 descreve o canto das montanhas, das florestas, das árvores e dos céus.

Isaías 55:12 diz que os montes bradarão e as árvores baterão palmas. Em Habacuque 2:11, as pedras e madeiras são descritas como falando umas com as outras.

Também encontramos semelhantes personificações de coisas inanimadas no Novo Testamento. Mateus 11:19 fala da sabedoria ter filhos. Romanos 6 diz que o pecado escraviza e reina sobre os seres humanos (versículos 6, 12, 16). Em Romanos 10:6 a justiça é descrita falando. Em 1 João 5:8 a água e o sangue são mostradas testemunhando e concordando.

No entanto está claro que nada disso possa acontecer literalmente. Às vezes, a Bíblia, de forma semelhante, aplica a linguagem figurada ao Espírito Santo, atribuindo-lhe atividade como se fosse uma pessoa. No entanto, como vimos anteriormente neste capítulo, a Bíblia também descreve claramente o Espírito Santo de maneiras que demostram que não é uma pessoa.

Como até mesmo a Nova Enciclopédia Católica, citada anteriormente, reconhece: “A maioria dos textos do Novo Testamento revelam o espírito de Deus como algo, e não como alguém; isso é visto especialmente no paralelismo entre o espírito e o poder de Deus. Quando uma atividade quase pessoal é atribuída ao espírito de Deus como, por exemplo, falar, impedir, desejar, habitar (Atos 8:29; 16:7; Romanos 8:9), não se justifica concluir imediatamente que nessas passagens o espírito de Deus é considerado como uma pessoa; as mesmas expressões são usadas também em relação às coisas retoricamente personificadas ou ideias abstratas . . .

“Em Atos, o uso da palavra ‘Espírito Santo’, com ou sem o artigo, é rica e abundante. No entanto, mais uma vez, é difícil demonstrar personalidade a partir dos textos” (2003, vol. 13,”Espírito, Santo”, pág. 428).

Consequentemente, vemos que em alguns casos onde o Espírito Santo é descrito em uma atividade pessoal, nós devemos entender isso como Deus usando o Espírito Santo como o poder ou agente através do qual Ele atua.

Considere, por exemplo, que se a mão de um homem pega um livro e o levanta, podemos dizer que o homem levantou o livro. Isso não faz com que a mão seja uma pessoa separada. Nem significa que a mão é o homem. A mão é apenas parte ou uma extensão do homem. E é o agente através da qual o homem está agindo. Da mesma forma, o Espírito Santo é o agente através do qual Deus―Pai ou Filho, ou ambos―atuam.

É evidente que o Espírito Santo é muito mais do que uma mão. É o próprio poder, mente e essência de vida de Deus―preenchendo o infinito para que por ele Deus, como o Salmo 139:7-10 e Jeremias 23:23-24 mostram, seja onipresente.

É por isso que Pedro em Atos 5:1-10 disse que Ananias e Safira “mentiram ao Espírito Santo” e também “mentiram . . . a Deus”. Esta passagem não indica que o Espírito Santo seja Deus ou supõe existir três pessoas em Deus, como alguns leem nesta passagem, mas sim que o Espírito Santo, sendo o agente onipresente através do qual Deus age, é como Deus ouviu a mentira.

A referência de Jesus Cristo, em João 16:7, ao Espírito Santo como um “Consolador” (ou “Auxiliador”, como traduz a Bíblia na Linguagem de Hoje) é uma personificação que oferece uma boa analogia de parte da função do Espírito na vida dos verdadeiros cristãos. E como dito anteriormente, muitas passagens mostram o Espírito como o poder de Deus para nos ajudar e socorrer, e não como uma pessoa diferente como defendem os trinitários.

Mas o que o Espírito faz? Qual é a sua função e propósito? No próximo capítulo vamos examinar como o Espírito Santo opera na vida dos cristãos.