Natal: A História Que Nunca Foi Contada

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Natal

A História Que Nunca Foi Contada

Quase todo mundo observa o Natal. Mas como o Natal começou a ser observado? Como os costumes e práticas associadas ao Natal fizeram dele o feriado mais popular do cristianismo tradicional?

Você sabia que a data de 25 de dezembro tem um passado duvidoso e uma história longa e controversa? Isso não devia ser nenhuma surpresa, pois o Natal e muitos de seus costumes e armadilhas populares não se encontram na Bíblia.

O ponto de vista do nosso Criador a respeito desse feriado popular é ignorado ou nem mesmo considerado pela maioria das pessoas. No entanto, devemos considerar grandemente Sua perspectiva. Vamos examinar a história do Natal e compará-la com a Palavra de Deus, ao invés de nossas próprias ideias e experiências, para descobrir Sua opinião sobre este feriado religioso quase universal.

Os historiadores nos dizem que a celebração do Natal vem de origens duvidosas. William Walsh resume as origens desse feriado religioso e suas práticas no seu livro A História do Papai Noel: “Lembremos que a festa do Natal . . . teve uma evolução gradual desde os tempos que antecederam, e muito, o período cristão . . . e foi sobrepondo-se aos festivais pagãos, e muitas de suas observâncias são apenas adaptações de cerimoniais pagãos para os cristãos” (1970, pág. 58).

Como essas práticas pagãs poderiam fazer parte de uma celebração da igreja dominante? Que “festas pagãs” eram essas que vieram a se tornar o Natal no decorrer dos séculos?

As antigas origens dos costumes do Natal

Durante o século II a.C., os gregos praticavam rituais em homenagem a seu deus Dionísio (também chamado de Baco). O nome latino para esta celebração era Bacchanalia. E espalhou-se desde os gregos até Roma, centro do Império Romano.

“Foi por volta de 21 de dezembro que os antigos gregos celebraram os chamados bacanais ou festas em honra a Baco, o deus do vinho. Nestas festas as pessoas entregavam-se às canções, danças e outras coisas que muitas vezes passavam dos limites da morale dos bons costumes” (Walsh, pág. 65).

Por causa das orgias noturnas associadas a este festival, o senado romano acabou com a sua observância em 186 a.C. Porém, os senadores levaram vários anos para alcançar esta meta por causa da popularidade desse feriado.

Acabar com um feriado era incomum para os romanos, uma vez que, mais tarde, Roma se tornou um crisol de muitos tipos de deuses e cultos. Assim como assimilavam a cultura, arte e costumes dos povos conquistados por seu império, os romanos também adotavam as práticas religiosas desses povos.

Além do Bacanal, os romanos celebraram outro feriado, a Saturnália, realizada “em honra a Saturno, o deus do tempo, [que] começava em 17 de dezembro e seguia por sete dias. Muitas vezes, estes também terminavam em tumulto e desordem. A partir daí as palavras Bacanal e Saturnália começaram a ter uma má reputação nos últimos tempos” (pág. 65).

O motivo para o descrédito da Saturnália é revelador. Na mitologia pagã Saturno era um “antigo deus-rei da agricultura que comia seus próprios filhos, presumivelmente para se evitar o regicídio [ser assassinado enquanto rei]. E Saturno era um paralelo de um Baal Cartaginês, cuja efígie de bronze com chifres continha uma fornalha onde as crianças eram lançadas como sacrifício” (William Sansom, Um Livro do Natal, 1968, pág. 44).

Veja os costumes que cercam a Saturnália: “Todos os estabelecimentos eram fechados, exceto aqueles que forneciam alimentos ou acessórios para a festa. Os escravos eram igualados aos mestres ou até mesmo eram elevados acima deles. E todos eram incentivados à bebedeira, à jogatina e a comilança. As pessoas trocavam presentes, chamados strenae, por causa da deusa da vegetação Strenia, a quem era importante honrar em meados do inverno . . . Homens vestidos de mulheres ou com peles de animais se embriagavam nas ruas. Velas e lâmpadas eram usadas para espantar os espíritos das trevas, que eram [considerados] poderosos nesta época do ano.

E nessa decadência e barbárie descontrolada, a Saturnália servia de desculpa entre os soldados romanos do Oriente para os sacrifícios humanos do rei das pândegas” (Gerard e Patricia Del Re, O Almanaque do Natal, 1979, pág. 16).

As celebrações do solstício de inverno

Ambos os antigos feriados eram observados por volta do solstício de inverno—a época do ano com o menor período de luz do dia. “Também dos romanos veio outro fundamento do Natal: A data, 25 de dezembro. Quando o calendário Juliano foi proclamado em 46 d.C., definiu em lei o que na prática já era comum: A data de 25 de dezembro para o solstício de inverno. As reformas posteriores do calendário fizeram com que o solstício astronômico migrasse para 21 de Dezembro, mas o resquício irresistível da data mais antiga permaneceria” (Tom Flynn, O Problema do Natal, 1993, pág. 42).

No rastro da Saturnália, os romanos marcaram 25 de dezembro com uma festa chamada de Brumalia. A palavra Bruma é a contração da palavra latina brevum ou brevis, que significa breve ou curto, denotando o dia mais curto do ano.

Por que este período era significativo? “O tempo do solstício de inverno sempre foi uma época importante na mitologia de todos os povos. Onde o sol, o doador da vida, está no seu ponto mais baixo. É período mais curto de luz do dia do ano, a promessa da primavera é enterrada no frio e na neve. É o momento em que as forças do caos que se colocam contra o retorno da luz e da vida, devem ser derrotadas novamente pelos deuses. No ponto mais baixo do solstício, as pessoas devem ajudar os deuses através da magia imitativa e cerimônias religiosas. O sol começa a retornar em triunfo. Os dias longos e, apesar dos resquícios de inverno, a primavera mais uma vez se torna possível. Para todo mundo, é um momento de grande festa” (Del Re, pág. 15).

Nos dias dos apóstolos de Jesus, no primeiro século, os primeiros cristãos não tinham conhecimento do Natal como é hoje em dia. Mas os apóstolos, vivendo sob o Império Romano, viam as pessoas observando a Saturnália romana enquanto eles mesmos persistiam em celebrar as habituais “festas do Senhor” (listadas em Levítico 23).

A Enciclopédia Britânica nos diz que “os primeiros cristãos . . . continuaram a observar as festas judaicas, embora com um novo espírito, em comemoração aos eventos que esses festivais prenunciavam” (11 ª edição, vol. 8, pág. 828, “Easter” [Domingo de Páscoa]).

Ao longo dos séculos seguintes, novas observâncias não bíblicas, como o Natal e o Domingo de Páscoa, foram introduzidas gradualmente no cristianismo tradicional. A história mostra que esses novos dias foram impostos à força, enquanto os dias das festas bíblicas dos tempos apostólicos foram sistematicamente rejeitados. “O Natal, o festival do [suposto] nascimento de Jesus Cristo, foi estabelecido por causa do desvanecimento da expectativa do retorno iminente de Cristo” (Enciclopédia Britânica, 15 ª edição, Macropédia, Vol. 4, pág. 499, “Cristianismo”).

A mensagem de Jesus Cristo e dos apóstolos—“o evangelho do reino de Deus” (Marcos 1:14-15)―logo foi esquecida. A celebração do Natal mudou o foco do cristianismo para longe do retorno prometido de Cristo para o Seu nascimento. Mas é isso que a Bíblia orienta aos cristãos a fazerem?

Como foi escolhida a data do Natal

Gerard e Patricia Del Re explicam bem a evolução da data de 25 de dezembro como celebração romana oficial: “A Saturnália e a Calenda [lua nova, neste caso, de janeiro] eram as celebrações mais conhecidas aos primeiros cristãos (de 17-24 de dezembro e de 1-3 de janeiro, respetivamente), mas a tradição de comemorar 25 de dezembro como o aniversário de Cristo veio aos romanos da Pérsia. Mitra, o deus persa da luz e dos pactos sagrados, nasceu de uma rocha em 25 de dezembro. Roma era famosa por flertar com outros deuses e cultos, e no terceiro século [274 d.C.] o imperador anticristão Aureliano criou o festival de Dies Invicti Solis, o Dia do Sol Invencível, em 25 de dezembro”.

“Mitra era a personificação do sol, de modo que este período de seu renascimento era um dia importante no mitraísmo, que tinha se tornado a mais recente religião oficial de Roma com o respaldo de Aureliano. Acredita-se que o imperador Constantino aderiu ao mitraísmo até o momento de sua conversão ao cristianismo. Provavelmente, ele teve um papel determinante em que a grande festa de sua antiga religião fosse transferida para a sua nova fé” (O Almanaque do Natal, 1979, pág. 17).

Embora seja difícil determinar a primeira vez que se comemorou a data de 25 de dezembro como Natal, os historiadores estão de acordo que foi por volta do século IV.

Esta é uma data surpreendentemente tardia. O Natal não foi observado em Roma, a capital do império, até cerca de 300 anos após a morte de Cristo. Suas origens não podem ser rastreadas aos ensinamentos ou práticas dos primeiros cristãos. A introdução do Natal representou uma mudança significativa na “fé que uma vez por todas foi entregue aos santos” (Judas 3).

Influências europeias quanto aos costumes do Natal

Apesar de o Natal ter sido oficialmente estabelecido em Roma por volta do século IV, depois outra celebração pagã influenciou bastante muitos dos costumes do Natal de hoje em dia. Esse festival era a festa germânica de Yule (da palavra escandinava para “roda”, que significa o ciclo do ano). Ela também ficou conhecida como as Doze Noites, que se celebrava de 25 de dezembro a 6 de janeiro.

Este festival era baseado na suposta guerra mitológica entre as forças da natureza—especificamente, o inverno (chamado o gigante de gelo), que significava a morte, contra o deus sol, que representava a vida. O solstício de inverno marca o ponto de mudança: Até então, o gigante de gelo estava no auge de seu poder, depois o deus sol começava a prevalecer.

“À medida que o cristianismo se espalhava para o norte da Europa, surgia a observância de outro festival pagão realizado em dezembro em honra ao sol. Desta vez era a festa de Yule, dos escandinavos, que durava doze dias. Nesse tempo, fogueiras enormes eram acesas para ajudar no renascimento do sol. Os santuários e outros lugares sagrados eram decorados com vegetação, tais como o azevinho, a hera, o loureiro e era uma ocasião para festejar e beber.

“Igualmente remota era a prática dos druidas, a casta de sacerdotes entre os celtas da antiga França, Grã-Bretanha e Irlanda, para decorar seus templos com planta de visco e com o fruto do carvalho, que era considerado sagrado. Entre as tribos germânicas o carvalho era sagrado para Odin, o deus da guerra, e sacrificavam a São Bonifácio, no século VIII, então eles foram persuadidos a trocá-lo pela árvore de Natal, um pinheiro enfeitado em homenagem ao menino Jesus . . . e os imigrantes alemães trouxeram esse costume para os Estados Unidos” (LW Cowie e John Selwyn Gummer, O Calendário Cristão, 1974, pág.22).

Em vez de adorar o deus sol, os convertidos foram instruídos a adorar o Filho de Deus. O foco do feriado foi sutilmente mudado, mas os costumes e práticas pagãs tradicionais permaneceram basicamente inalterados. Os antigos costumes religiosos envolvendo o azevinho, a hera, a planta de visco e as árvores verdejantes ganharam significados ‘cristãos’. Devemos ter em mente que Jesus Cristo nos adverte para termos cuidado com as coisas que se disfarçam de algo que não são (Mateus 7:15; comparar Isaías 5:20; 2 Coríntios 11:13-15).

As raízes dos costumes modernos

Muitos desses enfeites de Natal são apenas mudanças de celebrações antigas.

Papai Noel [Pai Natal em Portugal] ou “Santa Claus”, assim conhecido pelos norte-americanos, é uma corrupção do modelo holandês de “San Nicolaas”, que foi uma figura trazida aos Estados Unidos pelos primeiros colonos holandeses (Enciclopédia Britânica, 11ª edição, vol. 19, pág. 649, “São Nicolau”). Por sua vez, este nome deriva de São Nicolau, bispo da cidade de Mira, no sul da Ásia Menor, um santo católico reverenciado por gregos e latinos no dia 6 de dezembro.

Como pode um bispo da ensolarada costa mediterrânea da Turquia vir a ser associado com um homem de casaco vermelho que vive no polo norte e passeia num trenó puxado por renas voadoras?

Diante do que já aprendemos sobre as origens do Natal advinda dos antigos pré-cristãos, não devemos ficar surpresos ao saber que Papai Noel não é nada mais que um personagem reciclado de antigas crenças ligadas aos festivais de inverno pagãos.

Os artifícios associados ao Papai Noel―a barba grande, a roupa, o trenó e as renas—revelam que sua origem remonta dos climas frios do extremo Norte. Algumas fontes traçam sua origem dos deuses Woden e Thor no remoto Norte Europeu, de onde os dias da semana de quarta-feira (dia Woden, Wednesday) e quinta-feira (dia de Thor, Thursday) em inglês, obtiveram seus nomes (Earl e Alice Conde, 4000 Anos de Natal, 1997, págs. 56-64). Outras voltam ainda mais atrás no tempo até o deus romano Saturno (homenageado no festival de inverno Saturnália) e o deus grego Sileno (Walsh, págs. 70-71).

E sobre outros costumes e símbolos comuns associados ao Natal? De onde se originaram? “No Ano Novo romano (1 de janeiro), as casas eram decoradas com folhagens e luzes, e as crianças e os pobres ganhavam presentes.

A essas observâncias se acrescentavam os rituais alemãos e célticos do Yule . . . comida e bom companheirismo, as toras e os bolos Yule, a verdura e os pinheiros, os presentes e as saudações, tudo isso para se comemorar os diferentes aspectos dessa época festiva. Os fogos e luzes, símbolos de calor e vida longa, sempre foram associados com o festival de inverno, tanto pagão quanto cristão” (Enciclopédia Britânica, 15 ª edição, Micropédia, Vol. 2, pág. 903, “Natal”).

“Em pleno inverno, a ideia do renascimento e da fertilidade era sumamente importante. Na neve do inverno, o pinheiro era um símbolo da vida que voltaria na primavera, por isso os pinheiros eram usados na decoração . . .

A luz era importante para dissipar a escuridão crescente do solstício, então um tronco de Yule era aceso com os restos do tronco de Yule do ano anterior . . . Conforme muitos costumes perderam suas razões religiosas de existirem, eles passaram para o domínio da superstição, tornando-se tradições de boa sorte e, eventualmente, apenas costumes ilógicos. Assim, o visco não era mais adorado, mas, enfim, tornou-se pretexto para atividades irreligiosas” (Del Re, pág. 18).

“Os presentes de Natal lembram-nos dos presentes que eram trocados em Roma, durante as Saturnálias. Ademais, em Roma os presentes geralmente tinham forma de velas e bonecas de cera, sendo este último, por sua vez, um resquício dos sacrifícios humanos que eram oferecidos a Saturno. É estranho pensar que, em nossos presentes de Natal, estamos preservando, sob outra forma, um dos costumes mais selvagens de nossos bárbaros ancestrais” (Walsh, pág. 67).

Hoje, quando vemos esses costumes perpetuados, na comemoração do Natal, não devemos ter nenhuma dúvida da origem desse feriado religioso. O Natal é um conjunto diversificado de formas pagãs de adoração coberto pelo verniz do cristianismo.

Acolhendo a tradição pagã

Então, devemos nos perguntar: Como é que esses costumes pagãos se tornaram amplamente aceitos pelo cristianismo? Primeiro, devemos entender que essas celebrações e costumes exerciam grande influência sobre o povo dos primeiros séculos. Tertuliano, um escritor católico do século II e início do terceiro, lamentou o fato de que os pagãos de sua época eram muito mais fiéis às suas crenças do que os cristãos comprometidos, que alegremente se juntavam ao festival romano do solstício de inverno que acabou evoluindo para o que agora é conhecido como Natal:

“Nós [cristãos] . . . agora observamos a Saturnália, as festas de janeiro, a Brumália e a Matronália; os presentes vão de um lado para outro, o dia do ano novo é celebrado com estrondos e comemora-se com banquetes barulhentos; oh, como são tão fiéis os gentios à sua religião, pois tomam um cuidado especial para não aceitar nenhuma solenidade dos cristãos” (Tertuliano, De Idolatria, citado por Alexander Hislop, As Duas Babilônias).

Não demorou muito para que tais ritos e práticas anticristãs fossem assimilados em um novo feriado religioso na igreja, que supostamente celebrava o nascimento de Cristo. William Walsh descreve esse processo e a razão por trás dele: “Isso não foi um mero acaso. Essa foi uma medida necessária num momento em que a nova religião [o cristianismo] estava sendo imposta a um povo profundamente supersticioso. A fim de conciliar os recém-convertidos para a nova fé, e desfazer os antigos laços de um modo menos traumático possível, essas relíquias do paganismo foram mantidas com certas alterações em sua forma . . .

“Assim, vemos que quando o Papa Gregório [540-604] enviou Santo Agostinho como um missionário para converter a Inglaterra anglo-saxônica, e o orientou a adaptar, tanto quanto possível, os novos e estranhos ritos cristãos ao que os pagãos nativos estavam familiarizados desde o nascimento deles.

“Por exemplo, ele aconselhou Santo Agostinho a permitir que seus convertidos, em determinadas festas, comessem e matassem um grande número de bois para a glória de Deus Pai, como eles faziam antes em honra a [seus deuses] . . . No próprio Natal, depois de sua chegada à Inglaterra, Santo Agostinho batizou milhares de convertidos e permitiu a celebração tradicional deles do mês dezembro sob um novo nome e com um novo significado” (pág. 61).

Gregório permitiu a introdução de práticas religiosas pagãs, alegando que quando se trata de “mentes obstinadas é impossível cortar tudo de uma vez” (Sansom, pág. 30).

Tragicamente, o cristianismo nunca cumpriu a tarefa de erradicar tudo o que era pagão. De acordo com Owen Chadwick, ex-professor de história na Universidade de Cambridge, os romanos “continuaram celebrando o solstício de inverno com uma festa de bebedeira e tumulto. Os cristãos achavam que poderiam dar um significado melhor a essa festa. Eles tentaram convencer os seus rebanhos a não beber ou comer demais, para celebrarem uma festa mais austera—mas não tiveram sucesso” (A História do Cristianismo, 1995, pág. 24).

Primeiros debates sobre o Natal

No início, os cristãos se opunham ao Natal. Então, algumas polêmicas surgiram sobre se o aniversário de Jesus deveria ser comemorado.

“Já em 245 d.C., Orígenes, padre da Igreja, proclamou que era idolatria comemorar o aniversário de Cristo como se Ele fosse meramente um governante mundano quando a Sua natureza espiritual deveria ser o interesse principal. Este ponto de vista foi repetido ao longo dos séculos, mas somente teve uma defesa intensa e generalizada com a ascensão do protestantismo. Para esses clérigos sóbrios e de espíritos aguçados, a celebração do Natal afrontava tudo o que eles acreditavam. Uma festa de bebedeira no dia de Natal! O dia nem sequer era conhecido como o aniversário de Cristo. Isso era apenas uma desculpa para continuar os costumes pagãos da Saturnália” (Del Re, pág. 20).

A Enciclopédia Britânica acrescenta: “Os Padres [da igreja] dos séculos II e III, como Clemente de Alexandria, Orígenes e Epifânio, sustentaram que o Natal era cópia de uma celebração pagã” (15 ª edição, Macropédia, Vol. 4, pág. 499, “Cristianismo”).

A decisão de celebrar o nascimento de Cristo em 25 de dezembro estava longe de ser totalmente aceita. “Os cristãos da Armênia e da Síria acusaram os cristãos de Roma de adoração ao sol por celebrarem o Natal em 25 de dezembro . . . O Papa Leão Magno, no século V, tentou remover algumas práticas do Natal que ele considerava não ser nada diferente da adoração ao sol” (Robert Myers, Celebrações: O Livro Completo dos Feriados Norte-americanos, 1972, pág. 310).

Na verdade, de todas as épocas do ano sugeridas como o nascimento de Cristo, certamente a mais improvável é a data de 25 de dezembro (ver “As Evidências Bíblicas Mostram que Jesus não Nasceu em 25 de Dezembro” na página 14).

Novamente, inicialmente a ideia de celebrar o aniversário de Cristo em qualquer data se tornou um problema—sem mencionar a celebração numa data provinda do paganismo.

“Para os primeiros cristãos a ideia de celebrar o aniversário de uma figura religiosa teria parecido na melhor das hipóteses peculiar e na pior, blasfêmia. Sendo que nascer neste mundo não é motivo para comemoração. O que importava era deixar este mundo e entrar no próximo, numa condição agradável a Deus.

“Quando os primeiros cristãos associavam um dia de festa a uma pessoa específica, como um bispo ou um mártir, era geralmente a data da morte dessa pessoa . . . Se você quiser procurar no mundo do Novo Testamento pessoas que davam importância a aniversários, sua pesquisa seria rapidamente restrita aos pagãos. Os romanos celebravam os aniversários dos césares e muitas religiões anticristãs do Mediterrâneo davam muita importância às festas de natividade do seu panteão de figuras sobrenaturais.

“Se Jesus Cristo nasceu em Belém, e seu propósito em vir foi como o que se tem suposto, então, os cristãos que comemoram seu aniversário de nascimento a cada ano O afrontam em vez de honrar a Sua memória. Pois na comemoração de um aniversário de nascimento, nós apoiamos exatamente o tipo de tradição que Sua vinda almejava acabar” (Flynn, pág. 42).

Natal: Uma festa proibida

Na Inglaterra, “os protestantes encontraram suas próprias e serenas maneiras de celebração, com tranquilidade e meditação”, enquanto “os puritanos estritos se recusaram completamente a celebrá-lo . . . Os Peregrinos de Massachusetts insistiram em trabalhar no Natal como em qualquer outro dia. Em 3 de junho de 1647, o Parlamento estabeleceu punições para quem observasse o Natal e outros feriados determinados. Esta política foi reafirmada em 1652” (Del Re, pág. 20).

Até mesmo em sua era colonial, os Estados Unidos consideravam o Natal mais como uma folia barulhenta do que uma ocasião religiosa: “Na verdade, a sua reputação era tão ruim nos Estados Unidos durante a era colonial que a comemoração do Natal foi proibida na Nova Inglaterra Puritana, onde o notável ministro Cotton Mather descreveu a folia natalina como “uma afronta à graça de Deus” (Jeffery Sheler, “Em Busca do Natal”, EUA News and World Report, 23 dez 1996, pág. 56).

A razão de o Natal ter sobrevivido e se transformado num feriado religioso popular—sendo observado em 96 por cento dos norte-americanos e por quase todas as nações, até mesmo por ateus (Sheler, pág. 56)—é por causa de fatores econômicos (ver “Como o Natal Ganhou Importância” na página 15).

Análise do Natal

Nós não podemos negar que o Natal se originou de antigos costumes e práticas religiosas que nada tinham a ver com o cristianismo e a Bíblia. Tom Flynn resume a questão: “Um grande número de tradições que agora associamos ao Natal têm suas raízes nas tradições religiosas pagãs pré-cristãs. Algumas destas têm conotações sociais, sexuais ou cosmológicas que podem levar a pessoas educadas, modernas e culturalmente sensíveis a descartar essas tradições, uma vez que tenham entendido mais claramente as suas raízes” (pág. 19).

Originalmente concebida como uma maneira de facilitar a transição dos convertidos do culto pagão ao cristianismo, nos anos mais recentes a observância desse feriado tem sido impulsionada por forças econômicas. A Enciclopédia Britânica observa que os feriados tradicionais cristãos têm passado “por um processo impressionante de dessacralização—especialmente o Natal—e comercialização. O fundamento cristológico do Natal foi substituído pelo mito do Papai Noel” (15ª edição, Macropédia, Vol. 4, pág. 499, “Cristianismo”).

Mesmo com suas falhas, o Natal continua sendo uma tradição enraizada. Embora alguns reconheçam o paganismo inerente do feriado, eles acreditam que as pessoas são livres para estabelecer seus próprios dias de culto. Outros se apegam à crença ingênua e biblicamente inaceitável de que as celebrações mais populares do paganismo foram conquistadas pelo cristianismo e, portanto, são aceitáveis a Deus.

Deixando de lado o raciocínio humano, precisamos considerar a opinião de Deus sobre tais celebrações. Precisamos olhar para a Palavra de Deus para saber o que Ele acha dessa mistura de práticas e costumes pagãos em Sua adoração. Mas primeiro vamos examinar o outro importante feriado religioso do mundo cristão, o Domingo de Páscoa.