O Arrependimento: Primeiro Passo

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O Arrependimento

Primeiro Passo

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Após sermos chamados por Deus, o arrependimento é o ponto inicial de nossa relação com Ele. Sem o arrependimento, continuamos separados de Deus: “Eis que a mão do SENHOR não está encolhida, para que não possa salvar; nem o Seu ouvido, agravado, para não poder ouvir. Mas as vossas iniquidades fazem divisão entre vós e o Vosso Deus, e os vossos pecados encobrem o Seu rosto de vós, para que vos não ouça” (Isaías 59:1-2).

Mas, Deus quer que todos se arrependam e se tornem Seus filhos (2 Pedro 3:9; João 1:12). Para isto acontecer, Deus na Sua grande misericórdia começa por nos dirigir ao arrependimento (Romanos 2:4).

Veja como Deus usou o apóstolo Pedro para instruir a quem Ele chamava. Em seu primeiro sermão proferido no Dia de Pentecostes, Pedro disse: “Saiba, pois, com certeza, toda a casa de Israel que a esse Jesus, a quem vós crucificastes, Deus O fez Senhor e Cristo. Ouvindo eles isto, compungiram-se em seu coração e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos, varões irmãos?”.

“E disse-lhes Pedro: Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para perdão dos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo” (Atos 2:36-38).

Mas o que significa “arrepender-se”? A definição de arrepender-se inclui uma mudança de comportamento com pesar, uma mudança de uma opinião para outra melhor; lamento ou contrição; tristeza com autocondenação pelos erros; aversão pelos erros passados e total afastamento do pecado.

A Bíblia descreve o arrependimento como um reconhecimento profundo de nossos pecados, que causa uma tristeza que nos leva a mudar nossos pensamentos e atitudes: “Porque a tristeza segundo Deus opera arrependimento para a salvação, da qual ninguém se arrepende; mas a tristeza do mundo opera a morte” (2 Coríntios 7:10).

A tristeza segundo Deus nos permite ver como somos tremendamente egoístas, corruptos e distantes de Deus e nos motiva a pôr nossa esperança nEle. E isso leva a um profundo compromisso que muda nossa vida. A tristeza mundana, ao contrário, é frívola e superficial, que não causa nenhuma mudança real e permanente.

Em essência, o arrependimento significa mudança. Significa abandonar nossa antiga forma egocêntrica de viver para servirmos e focarmos a nossa vida em Deus.

No sermão citado acima, Pedro descreve o arrependimento como uma profunda e sincera expressão pessoal de sujeição a Deus que advém do reconhecimento e da aceitação do que Jesus, como nosso Salvador pessoal, fez para nos reconciliar com Deus Pai (Romanos 5:8-10; 2 Coríntios 5:18-20). O arrependimento nos une a Deus Pai e a Jesus Cristo em um relacionamento extraordinário.

O milagre do arrependimento

Ao início de nosso relacionamento com Deus, precisamos entender que o arrependimento é um milagre. Através da Bíblia, vemos que a oportunidade do arrependimento é um presente de Deus, somente possível quando Ele nos chama. Como referido anteriormente, Jesus declarou abertamente: “Ninguém pode vir a Mim, se o Pai, que Me enviou, o não trouxer” (João 6:44).

É impossível que, por conta própria, uma pessoa consiga submeter completamente sua vontade a Deus. Humanamente falando, nós não podemos compreender a profundidade da mudança que Deus deseja ver em nossos corações e mentes. Precisamos de ajuda até para entender o que é o pecado!

É por isso que Deus precisa que nos conceder o arrependimento (Atos 11:18; 2 Timóteo 2:25). Além disso, precisamos da vontade — tanto do desejo quanto da escolha — de nos arrepender. E essa vontade de arrepender-se também vem de Deus: “Pois Deus está agindo em vocês, dando-lhes o desejo e o poder de realizarem aquilo que é do agrado dEle” (Filipenses 2:13, Nova Versão Transformadora).

Não obstante, Deus “quer que todos os homens se salvem” (1 Timóteo 2:4), Ele não força ninguém a arrepender-se. O Seu carinho e bondade nos conduzem ao arrependimento, como mencionado em Romanos 2:4, mas Ele não faz a escolha por nós. A decisão continua sendo nossa.

Aqueles que decidem se arrepender verdadeiramente, logo percebem que Deus está ativo em suas vidas — trabalhando neles para dar-lhes um desejo profundo de mudar tudo o que for necessário para agradá-Lo. Eles querem aprender sobre a vontade de Deus — saber o que Ele espera deles. Eles estudam a Palavra inspirada de Deus, a Bíblia, para entender melhor a Sua vontade. E desejam submeter-se a Deus e viver segundo a Sua instrução.

O estudo sincero da Palavra de Deus, juntamente com um forte desejo de obedecer à Sua vontade, logo nos revela os desejos egoístas que dominam o comportamento e o raciocínio da maioria das pessoas. Começamos reconhecendo a penetrante influência que a nossa mente carnal, como disse Paulo, tem em nossa maneira de pensar e comportar (Romanos 8:7).

Antes de nos arrependermos, Deus precisa nos convencer dos pecados (João 16:8), ajudando-nos a ver o quanto estamos longe de Seus caminhos. Precisamos reconhecer o pecado dentro de nós e compreender nossa intensa hostilidade em relação a Deus.

Reconhecer o pecado em nós é um enorme passo. O primeiro passo para mudar um mau hábito ou evitar agir errado é reconhecer o problema e admitir sua existência. Precisamos ter força de vontade para admitir as nossas falhas e reconhecer a nossa culpa. “Se confessarmos os nossos pecados, Ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça. Se dissermos que não pecamos, fazemo-Lo mentiroso, e a Sua palavra não está em nós” (1 João 1:9-10).

O que é pecado?

No mundo de hoje, o pecado não é um assunto popular. Como sociedade, procuramos maneiras de nos absolver da responsabilidade por nossas ações. Escutamos alguns especialistas dizerem: “Essa pessoa foi abusada quando criança, por isso não podemos responsabilizá-la pelo que fez”. Arrazoamos que se todos incorrem em deslizes, então aquela pessoa não é assim tão má.

Mas, através da Bíblia, Deus vai direto ao âmago do assunto e define claramente o pecado em 1 João 3:4: “Todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o pecado é a transgressão da lei” (ARA).

João se estava referindo a que lei? Ele deixa isso claro em outras passagens desta mesma epístola: “Nisto sabemos que O conhecemos: se guardarmos os Seus mandamentos. Aquele que diz: Eu conheço-O e não guarda os Seus mandamentos é mentiroso, e nele não está a verdade” (1 João 2:3-4). E também: “Porque este é o amor de Deus: que guardemos os Seus mandamentos; ora, os Seus mandamentos não são penosos” (1 João 5:3, ARA).

Portanto, o pecado é definido como a transgressão dos mandamentos e das leis de Deus.

Por que devemos nos preocupar com a transgressão das leis de Deus? Porque a nossa vida eterna está em jogo! Paulo advertiu: “O salário do pecado é a morte” (Romanos 6:23). Consideramos prontamente que atos como o assassinato, o roubo e o adultério são pecados. Contudo, Cristo deixou claro que podemos pecar com nossos próprios pensamentos e não apenas com nossas ações. Ele disse que o ódio e a luxúria violam os mandamentos de Deus contra o assassinato e o adultério do mesmo modo que os atos físicos (Mateus 5:22, 28; 1 João 3:15).

Todos nós erramos. Como disse Paulo em Romanos 3:23: “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus.”

Nesse mesmo capítulo ele cita diversas passagens do Antigo Testamento ao descrever o nosso estado natural, perverso, rebelde e separado de Deus: “Não há um justo, nem um sequer. Não há ninguém que entenda; não há ninguém que busque a Deus...Não há quem faça o bem, não há nem um só...Os seus pés são ligeiros para derramar sangue. Em seus caminhos há destruição e miséria; e não conheceram o caminho da paz. Não há temor de Deus diante de seus olhos” (versículos 10-12, 15-18; ver Salmos 14:2-3; 53:2-3; Isaías 59:7-8; Salmos 36:1).

O arrependimento é uma mudança interior

Deus não é cruel, mesmo que sabendo que somos pecadores. Contudo, Ele exige que entreguemos nossa vontade a Ele. E também espera que passemos a viver nossas vidas à Sua maneira de pensar e de agir, como está revelado nas Sagradas Escrituras. Ele quer que cada um de nós se liberte da antiga forma de pensar e de viver e se torne um “novo homem” em pensamento, atitude e caráter (Efésios 4:22-24). Ele diz a cada um de nós: “Vos renoveis no espírito do vosso sentido” (versículo 23).

Estas advertências representam toda uma vida de crescimento e mudança para nós, começando com a primeira mudança — o arrependimento que Deus espera antes do batismo. Ele nos pede para reorientar nossos corações, visando um novo rumo na vida.

Paulo disse que “a inclinação da carne é morte; mas a inclinação do Espírito é vida e paz” (Romanos 8:6). Precisamos desejar a revelada Palavra de Deus, a Bíblia, mudando nosso pensamento. Então, nesse momento, começa o verdadeiro arrependimento. O arrependimento é nossa decisão pessoal de deixar Deus nos mudar por dentro e por fora! Tiago disse: “Chegai-vos a Deus, e Ele se chegará a vós” (Tiago 4:8).

A misericórdia de Deus é tão grande que Ele nos perdoará, contanto que abandonemos nosso próprio caminho (nosso comportamento errado) e pensamentos: “Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno, os seus pensamentos e se converta ao SENHOR, que se compadecerá dele; torne para o nosso Deus, porque grandioso é em perdoar” (Isaías 55:7).

Precisamos aprender a pensar como Deus

Se a mudança vem do interior, ou seja, de nossos pensamentos, então o que vem a seguir é o comportamento correto. O comportamento reto é apenas o fruto de convicções, desejos, emoções e atitudes justas — o resultado de nossos pensamentos.

Mas como podemos aprender a pensar como Deus? Como podemos mudar nossos pensamentos? Deus revela os Seus pensamentos e vontade por meio de Sua Palavra, a Bíblia. Ela contém os valores, os padrões e os princípios de Deus. Aprendemos a pensar como Deus lendo e estudando a Bíblia.

Isso é expresso claramente em Provérbios 2:1-5: “Filho meu, se aceitares as minhas palavras e esconderes contigo os meus mandamentos, para fazeres atento à sabedoria o teu ouvido, e para inclinares o teu coração ao entendimento, e, se clamares por entendimento, e por inteligência alçares a tua voz, se como a prata a buscares e como a tesouros escondidos a procurares, então, entenderás o temor do SENHOR e acharás o conhecimento de Deus.”

Jesus confirma a importância da Palavra de Deus como o nosso guia para a vida. Ele disse: “Está escrito: Nem só de pão viverá o homem, mas de toda a palavra que sai da boca de Deus” (Mateus 4:4). Qualquer pessoa com uma atitude verdadeiramente arrependida buscará na Palavra de Deus as instruções sobre como viver.

Devemos apresentar “frutos dignos de arrependimento”

O arrependimento era parte integrante da mensagem de João Batista, que “percorreu toda a terra ao redor do Jordão, pregando o batismo de arrependimento, para o perdão dos pecados” (Lucas 3:3). Observe que esta mensagem unia o batismo, o arrependimento e a remissão de pecados. Não se pode discutir adequadamente um desses tópicos sem discutir os outros dois.

João era popular entre o povo de sua época. Multidões o seguiam, pedindo-lhe batismo. Mas nem todos eram bem-vindos por João. Alguns não compreendiam o arrependimento. João advertiu-lhes: “Raça de víboras, quem vos ensinou a fugir da ira que está para vir? Produzi, pois, frutos dignos de arrependimento” (Lucas 3:7-8).

A recusa de João em batizar todos os surpreendeu. Quais frutos ele exigia deles? O que ele esperava? “A multidão o interrogava, dizendo: Que faremos, pois?” (versículo 10).

A resposta de João é uma das mais penetrantes e reveladoras descrições do verdadeiro arrependimento na Bíblia. Ele mostrou que o verdadeiro arrependimento produz fruto — resultados genuínos de uma mudança de coração. João não apresentou uma definição de dicionário sobre as palavras arrependimento e frutos. Em vez disso, ele deu exemplos de como as pessoas precisavam mudar para se demonstrarem estar verdadeiramente arrependidas diante de Deus.

“E, respondendo ele, disse-lhes: Quem tiver duas túnicas, que reparta com o que não tem, e quem tiver alimentos, que faça da mesma maneira. E chegaram também uns publicanos, para serem batizados, e disseram-lhe: Mestre, que devemos fazer? E ele lhes disse: Não peçais mais do que aquilo que vos está ordenado. E uns soldados o interrogaram também, dizendo: E nós, que faremos? E ele lhes disse: A ninguém trateis mal, nem defraudeis e contentai-vos com o vosso soldo” (Lucas 3:11-14).

Era comum que os cobradores de impostos exigissem mais impostos de pessoas do que os legalmente devidos, embolsando avidamente a diferença. Os soldados encarregados de manter a lei e a ordem, frequentemente aumentavam sua renda com extorsão — intimidando e abusando das mesmas pessoas que deveriam proteger.

Como esses funcionários públicos tinham dificuldade em reconhecer suas próprias falhas, como as pessoas costumam fazer, João escolheu exemplos que os atingiam, pedindo evidências de arrependimento do coração. Ele exigiu um sacrifício pessoal voluntário, que demostrasse uma genuína preocupação pelos outros. Ele lhes disse que olhassem para dentro de si mesmos e examinassem os motivos que guiavam suas atitudes e ações.

O fruto específico que João pedia que essas pessoas produzissem era uma mudança de comportamento. No entanto, ele escolheu exemplos que tipificam a natureza autocentrada e egoísta em todos nós.

Jesus deixa claro que as mudanças mais necessárias vêm do coração, de nossos pensamentos. Ele disse: “O que sai do homem, isso é que contamina o homem. Porque do interior do coração dos homens saem os maus pensamentos” (Marcos 7:20-21). Então, Ele descreveu as maneiras pelas quais essas atitudes internas se apresentam: “Os adultérios, as prostituições, os homicídios, os furtos, a avareza, as maldades, o engano, a dissolução, a inveja, a blasfémia, a soberba, a loucura. Todos estes males procedem de dentro e contaminam o homem” (versículos 21-23).

Para alguns, a mudança que Deus requer de nós pode parecer tão impressionante que o arrependimento e a conversão para o modo de pensar de Deus parecem impossíveis. E aí está a questão. Pois, sem a ajuda de Deus isso realmente é impossível!

Quando Cristo comparou a entrada no Reino de Deus com o ato de passar um camelo pelo buraco de uma agulha, os discípulos, espantados, perguntaram: “Quem poderá, pois, salvar-se?” (Marcos 10:23-26). Jesus respondeu: “Para os homens é impossível, mas não para Deus, porque para Deus todas as coisas são possíveis” (versículo 27). Para nos arrependermos verdadeiramente, precisamos aprender a confiar e a contar com Deus mais do que com nós mesmos.

Em Lucas 18:9-14, Jesus contrastou a atitude de um indivíduo aparentemente religioso que confiava em si mesmo e em sua integridade com a atitude de um arrependido cobrador de impostos que percebia corretamente sua incapacidade espiritual e buscava a ajuda de Deus para se tornar justo. Jesus explicou que o perdão de Deus (a justificação ou a capacidade de nos fazer justos) é concedido àqueles que, humildemente, buscam em Deus, e não em si mesmos, o poder para arrepender-se e mudar de comportamento.

Busque com fé a ajuda de Deus

Se você deseja sinceramente entregar a sua vida a Deus, peça-Lhe pelo Seu dom de arrependimento. E fale com Ele sobre suas intenções em oração. Busque a ajuda de Deus. Não confie em sua capacidade para lidar com suas falhas e mudá-las por conta própria. Se você ainda não tem o hábito de orar regularmente e se sentir desconfortável ao orar, entenda que Deus o ajudará. Jesus prometeu: “Pedi, e dar-se-vos-á; buscai e encontrareis; batei, e abrir-se-vos-á” (Mateus 7:7). Se você quer seguir sinceramente os mandamentos de Deus e Suas instruções na Bíblia, fale com Ele.

Naturalmente, tudo isso exige que acreditemos em Deus e aprendamos a confiar nEle. De fato, a fé em Deus é parte fundamental de todo esse processo. Em Hebreus 11:6 lemos: “Ora, sem fé é impossível agradar-lhe, porque é necessário que aquele que se aproxima de Deus creia que ele existe e que é galardoador dos que o buscam”. Este é um dos passos mais importantes em toda a sua vida. Não perca tempo! Aproveite o tempo agora e fale com Deus.

A seguir, veremos o significado do batismo.