A Igreja de Deus na Profecia

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A Igreja de Deus na Profecia

Apocalipse foi escrito especificamente para os servos de Deus, a Igreja de Deus. Assim não deve ser nenhuma surpresa que a própria Igreja seja o tema principal em discussão nos três primeiros capítulos. (Ver “O que é a Igreja?”, Página 23).

Jesus encarregou a Sua Igreja ser a “luz do mundo”—(Mateus 5:14-16). Aqui em Apocalipse Ele introduz simbolicamente sete congregações específicas da Igreja como sete candelabros (Apocalipse 1:12, 20).

Essa imagem nos lembra o candelabro ou menorá, com seus sete ramos, no tabernáculo da antiga Israel e mais tarde em seu templo (Êxodo 25:37; Zacarias 4:2). Agora, porém, Deus considera a própria Igreja como Seu templo espiritual (Efésios 2:19-22).

Visto que sete frequentemente representa plenitude [aquilo que está completo] na Escritura, como anteriormente dito, estes sete candelabros parecem retratar um quadro composto da Igreja de Deus, a luz do mundo. Paulo explica que a Igreja é um corpo (1 Coríntios 12:12-13, Efésios 4:4). No entanto, tem várias congregações e membros espalhados por todas as nações. Portanto, estas sete assembleias específicas de crentes parecem efetivamente representar a totalidade da Igreja.

Parece provável que as profecias da Igreja em Apocalipse 2 e 3 tenham múltiplos significados e aplicações. E uma autoridade escreve sobre o livro de Apocalipse:

“Tem havido algum debate sobre o significado teológico destas sete igrejas. É óbvio, como havia muitas igrejas localizadas na área onde estas igrejas foram encontradas, que Deus miraculosamente selecionou sete e apenas sete, e não enviou mensagens para outras igrejas que possivelmente poderiam ter sido mais importantes . . .

“Havia de quinhentos a mil municípios na província da Ásia no primeiro século, alguns deles muito maiores do que as cidades de Tiatira e Filadélfia, e, sem dúvida, alguns tinham igrejas cristãs . . . É compreensível que o número de igrejas deveria ser limitado a sete já que este é o número da perfeição ou da universalidade nas Escrituras, mas havia, sem dúvida, outros princípios que determinaram a seleção”.

“Antes de tudo, cada igreja precisava de uma mensagem específica, e o estado espiritual de cada igreja corresponde precisamente à exortação que foi dada. A seleção das igrejas também era regida pelo fato de que cada igreja era, de uma forma ou outra, típica e ilustrava condições comuns nas igrejas locais nesse tempo, bem como ao longo da história mais tarde. As mensagens às sete igrejas, portanto, incorporam a admoestação adequada para as igrejas em muitos tipos de necessidade espiritual.

“Junto com as mensagens para as igrejas haviam exortações de caráter pessoal que constituiam-se de instrução e alerta para o cristão particularmente. Cada uma das mensagens entregue às igrejas, portanto, termina em uma exortação pessoal iniciando com a frase “Aquele que tem ouvidos, ouça”.

“Muitos eruditos acreditam que além das implicações óbvias destas mensagens, as sete igrejas representam a evolução cronológica da história da igreja vista espiritualmente. Eles observam que Éfeso parece ser característica do período apostólico em geral e que a progressão da maldade chegou a um clímax em Laodicéia, o que parece indicar o estado final de apostasia da igreja . . . A ordem das mensagens para as igrejas parece ser divinamente selecionada para mostrar profeticamente principais movimentos da história da igreja” (John Walvoord, A Revelação de Jesus Cristo, [The Revelation of Jesus Christ] 1989, págs. 51-52).

A mensagem geral é, claro, que Cristo revela os pontos fortes e fracos predominantes na Igreja, tanto nos dias de João como através dos tempos. Ele diz claramente a cada congregação: “Quem tem ouvidos ouça o que o Espírito diz às igrejas” (Apocalipse 2:7). Ele revela o que parece ser um quadro geral do futuro da sua Igreja. No meio dos sete candelabros, que representam Sua Igreja, até o fim do presente século, Ele aparece em toda a Sua glória como sua Cabeça e Sumo Sacerdote (Apocalipse 1:13; Efésios 4:15, Hebreus 8:1-2).

Respondendo a intensa perseguição da Igreja da época, Cristo assegura a Seus servos fiéis que seu sofrimento não é em vão. Ele, também, tinha sofrido perseguição e morte. Então, Ele lembra-lhes: “Estive morto mas, agora estou vivo para todo o sempre! E tenho as chaves da morte e do Hades [a sepultura]” (Apocalipse 1:18, NVI).

Então, Ele exorta: “Nada temas das coisas que hás de padecer. Eis que o diabo lançará alguns de vós na prisão, para que sejais tentados; e tereis uma tribulação de dez dias. Sê fiel até à morte, e dar-te-ei a coroa da vida” (Apocalipse 2:10).

Naquele momento no tempo os verdadeiros seguidores de Cristo eram um corpo perseguido e desanimado. Eles ansiavam que Jesus voltasse em poder e glória para julgar os seus adversários e estabelecer o Reino de Deus. Eles precisavam desesperadamente de encorajamento e desejam um melhor entendimento sobre seu futuro.

Eles também precisavam ser espiritualmente redirecionados ao caminho certo. Isso foi exatamente o que Cristo fez por eles através deste livro. Durante esse tempo de extrema adversidade, diretamente instigado por Satanás, Cristo estava revelando a João o quadro de eventos futuros e lembrando a Seus servos fiéis o que espera deles.

A avaliação das obras e da fidelidade

Cada congregação apresenta seu próprio conjunto de características. Mas, dentro destas sete igrejas são comuns as virtudes e os problemas que cristãos de todas as gerações devem imitar ou evitar. Estas mensagens deixam claro que algumas congregações e membros da Igreja, individualmente, estavam desenvolvendo graves deficiências espirituais—alguns até mesmo permitindo que Satanás os afastassem do seu chamado. Cristo distingue claramente as obras espirituais daqueles aceitáveis para Ele das obras daqueles que flertam com as “profundezas de Satanás” (Apocalipse 2:24).

Ele começa com a congregação na cidade de Éfeso: “Eu sei as tuas obras, e o teu trabalho, e a tua paciência . . .” (versículo 2). Nos versículos seguintes Jesus avalia as obras e fidelidade de cada congregação. Ele elogia os membros por seus esforços. Mas, também usa expressões como “Tenho, porém, contra ti . . .” (versículos 4, 14, 20). Ele mistura o Seu elogio com palavras de advertência.

Ele é particularmente muito elogioso com aqueles de Éfeso, dizendo: “tens paciência; e trabalhaste pelo meu nome e não te cansaste” (versículo 3). Ele chama a atenção: “. . . as igrejas saberão que eu sou aquele que sonda as mentes e os corações. E darei a cada um de vós segundo as vossas obras” ( versículo 23). Ele aprecia que “não podes sofrer [suportar] os maus” e “puseste à prova os que dizem ser apóstolos e o não são e tu os achaste mentirosos” (versículo 2).

Observe as promessas de Cristo aos fiéis: (1) Eles vão “comer da árvore da vida que está no meio do paraíso de Deus” (2) Eles “não receberão o dano da segunda morte” (3) Eles receberão “um novo nome” (4) Eles receberão “poder sobre as nações” (5) Eles “serão vestidos de vestes brancas” (6) Eles serão colunas “no templo do meu Deus” (7) Eles irão sentar-se “comigo no meu trono, assim como eu venci e me assentei com meu Pai no seu trono” (Apocalipse 2:7, 11, 17, 26, 3:5, 12, 21).

Essas promessas, juntamente com as garantias no restante de Apocalipse, devem ter fortalecido e encorajado os primeiros cristãos.

O historiador Will Durant escreve: “A influência do livro de Apocalipse foi imediata, duradoura e profunda. Suas profecias de salvação para os crentes fiéis, e de punição para seus inimigos, tornaram-se o sustento de uma Igreja perseguida. Sua teoria do milênio consolava aqueles que lamentavam a demora da segunda vinda de Cristo. Suas imagens vívidas e frases brilhantes inauguram o discurso popular e literário da cristandade” (A História da Civilização: Parte III, César e Cristo, 1972,

A batalha da Igreja contra Satanás

Mas, há um lado sinistro na avaliação que Cristo faz de Sua Igreja. Ele se refere à influência ativa de Satanás em atrair os membros da Igreja de volta para a sociedade idólatra e pecaminosa da qual haviam acabado de escapar. Para “a igreja em Pérgamo” Ele diz: “Eu sei... onde habitas, que é onde está o trono de Satanás” (Apocalipse 2:12-13). Ele também revela que alguns de Tiatira estava sucumbindo nas “profundezas de Satanás” (versículo 24).

Falsos mestres eram outro problema. A congregação de Tiatira é censurada por permitir “Jezabel, mulher que se diz profetisa, ensine e engane os meus servos, para que se prostituam e comam dos sacrifícios da idolatria” (versículo 20). A congregação em Éfeso também é abordada por “os que dizem ser apóstolos e o não são”, mas, são “mentirosos” (versículo 2).

A congregação de Esmirna tinha problemas com os “que se dizem judeus e não o são, mas são a sinagoga de Satanás” (versículo 9). E Pérgamo tem “os que seguem a doutrina de Balaão, o qual ensinava Balaque a lançar tropeços diante dos filhos de Israel para que comessem dos sacrifícios da idolatria e se prostituíssem”. E acrescenta: “Assim, tens também os que seguem a doutrina dos nicolaítas, o que eu aborreço” (versículos 14-15).

Para a congregação de Sardes, Cristo diz: “Eu sei as tuas obras, que tens nome de que vives e estás morto” (Apocalipse 3:1). A descrição é de pessoas que são cristãs apenas no nome. Ele ainda acrescenta: “Mas também tens em Sardes algumas pessoas que não contaminaram suas vestes e comigo andarão de branco, porquanto são dignas disso” (versículo 4).

Aqueles em Filadélfia, mesmo “tendo pouca força”, permanecem fiéis (versículo 8). Mas, a congregação de Laodicéia é descrita como morna “nem frio nem quente” (versículo 16). Cristo diz sobre os Laodiceanos: “Como dizes: Rico sou, e estou enriquecido, e de nada tenho falta (e não sabes que és um desgraçado, e miserável, e pobre, e cego, e nu)” (versículo 17).

Estas diversas referências e advertências nos dizem, tanto de fontes externas como de dentro da própria Igreja de Deus, que uma forma corrompida de cristianismo estava se desenvolvendo através da influência do diabo e daqueles que ele conseguiu enganar.

Pedro havia alertado sobre essa evolução perigosa alguns anos antes, quando escreveu: “E também houve entre o povo [da antiga Israel] falsos profetas, como entre vós haverá também falsos doutores, que introduzirão encobertamente heresias de perdição e negarão o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina perdição. E muitos seguirão as suas dissoluções, pelos quais será blasfemado o caminho da verdade” (2 Pedro 2:1-2).

Satanás planejou e manipulou uma religião apóstata que começou a disfarçar-se de cristianismo, já nos dias dos apóstolos. As mensagens às sete congregações na Ásia Menor também parece implicar que este falso cristianismo seria um dos principais instrumentos do engano de Satanás ao longo dos séculos até o tempo do fim.

Advertências sobre um falso cristianismo

A idéia de uma religião apóstata disfarçada como cristianismo pode parecer chocante. Mas, Jesus mesmo disse aos discípulos que isso aconteceria. Quando eles perguntaram: “E que sinal haverá da tua vinda e do fim do mundo?” (Mateus 24:3), Ele afirmou que impostores religiosos viriam em Seu nome. “Cuidado, que ninguém os engane”, alertou. “Pois muitos virão em meu nome, dizendo: “Eu sou o Cristo!” e enganarão a muitos” (versículos 4-5, NVI).

Esta profecia de Jesus foi—e será—cumprida através de líderes religiosos que vêm em nome de Cristo, afirmando ser Seus representantes espirituais, mas cujos ensinamentos são, na realidade, contrários a Suas instruções e assim desviarão as pessoas.

Quais, segundo Cristo, seriam as consequências deste engano? “Então, vos hão de entregar para serdes atormentados e matar-vos-ão; e sereis odiados de todas as gentes por causa do meu nome. Nesse tempo, muitos serão escandalizados, e trair-se-ão uns aos outros, e uns aos outros se aborrecerão. E surgirão muitos falsos profetas e enganarão a muitos” (versículos 9-11).

Foi profetizado que os cristãos Fiéis à Palavra de Deus se tornariam uma minoria distinta e, no tempo do fim, seriam intensamente perseguidos por uma religião falsa muito grande e muito poderosa que alegaria adorar a Cristo.

Ao longo do livro de Apocalipse essa falsa religião, apresentado-se como a verdadeira religião, é mostrada exercendo uma influência incrível no tempo do fim. O poder quase inacreditável que será exibido pelo grande “falso profeta” de Apocalipse será um dos principais sinais de que o fim dos tempos é iminente.

Jesus explicou que, no tempo do fim, “haverá então grande tribulação, como nunca houve desde o princípio do mundo até agora, nem jamais haverá . . . Se, então, alguém lhes disser: “Vejam, aqui está o Cristo!” ou: “Ali está ele!”, não acreditem. Pois aparecerão falsos cristos e falsos profetas que realizarão grandes sinais e maravilhas para, se possível, enganar até os eleitos” (Mateus 24:21-24, NVI).

Cristo revela aos seus servos, que, mesmo durante a vida de João, Satanás já estava desenvolvendo uma versão corrompida do cristianismo. Ele já estava recrutando seguidores dentro da Igreja que Jesus havia fundado. (Você pode ler a história dessas duas formas completamente diferentes de cristianismo, uma fiel a Cristo e outra enganada por Satanás, baixando ou solicitando sua cópia gratuita do livro A Igreja que Jesus edificou).

As profecias entregues por Cristo e Seus apóstolos sobre o desenvolvimento de um falso cristianismo aconteceram como havia sido predito. Esta falsificação até agora domina o cenário religioso mundial—mas, ainda longe do alcance que terá nos próximos anos.

Agora vamos examinar por que devemos ter confiança em outras profecias, contidas no livro de Apocalipse.