O Que Devo Fazer?

O Que Devo Fazer?

A Igreja do Novo Testamento―o corpo espiritual chamado e escolhido para se tornar o fiel povo de Deus―começou quando Deus deu o Espírito Santo aos discípulos de Cristo no dia de uma de Suas festas anuais, a Festa de Pentecostes. Atos 2 registra como o Espírito de Deus veio àqueles que creram em Jesus, aceitaram os Seus ensinamentos e O seguiram fielmente. Mas os milagres não pararam por aí. Milhares de pessoas que se juntaram a eles naquele dia também ficaram perplexas pelos milagres que viram e ouviram.

Quando o apóstolo Pedro falou nesse dia, ele anunciou que o Messias tinha vindo, mas foi rejeitado e sofreu uma morte brutal. Pedro admoestou que todo ser humano era responsável pela morte de Cristo―a responsabilidade não se limitava somente aos soldados romanos que o crucificaram ou ao pequeno grupo de judeus que O prendeu e julgou.

Entre a multidão que o escutava estavam visitantes de nações do mundo Mediterrânico, da distante Pérsia e do leste da Mesopotâmia (Atos 2:7-11). Muitos deles provavelmente nem estavam em Jerusalém quando Jesus foi crucificado, sete semanas antes.

E para esta plateia mista Pedro declarou: “Varões israelitas atendei a estas palavras: Jesus, o Nazareno, varão aprovado por Deus diante de vós com milagres, prodígios e sinais, os quais o próprio Deus realizou por intermédio dele entre vós, como vós mesmos sabeis; sendo este entregue pelo determinado desígnio e presciência de Deus, vós O matastes, crucificando-o por mãos de iníquos; ao qual, porém, Deus ressuscitou, rompendo os grilhões da morte; porquanto não era possível fosse ele retido por ela” (versículos 22-24, ARA).

“Que faremos?”

Alguns dos ouvintes de Pedro reconheceram o significado de suas palavras. Embora não estivessem diretamente envolvidos na morte de Cristo, eles perceberam, pelo poderoso sermão de Pedro, que a verdadeira razão da crucifixão do Messias foi a de pagar a pena dos pecados deles e de todos os outros seres humanos! Para eles, a mensagem de Pedro era pessoal e direta.

Pedro continuou: “Saiba, pois, com certeza, toda a casa de Israel que a esse Jesus, a quem vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo. Ouvindo eles isto, compungiram-se em seu coração e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos, varões irmãos?” (versículos 36-37).

Sim, eles “compungiram-se em seu coração.” O seu sentimento de culpa os atingiu. Ao ouvirem a censura de Pedro, eles não pensaram nas boas obras que fizeram ao longo de anos, mas nos pecados que manchavam as suas vidas. Então, o que deveriam fazer?

Imediatamente, Pedro respondeu-lhes: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para perdão dos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo” (versículo 38). E foi exatamente o que fizeram. “De sorte que foram batizados os que de bom grado receberam a sua palavra; e, naquele dia, agregaram-se quase três mil almas” (versículo 41).

Deus continua exigindo o arrependimento

Desde então os membros da fiel Igreja de Deus têm continuado a pregar a mesma mensagem trazida por Jesus, nosso Messias e Salvador—a boa notícia da salvação, o reino de Deus e que todos podem se arrepender (Marcos 1:14-15).

A resposta à mensagem varia de pessoa a pessoa. Algumas não prestam atenção. Outras mostram apenas um breve interesse. Mas algumas a reconhecem como a notícia mais excitante e importante jamais ouvida―uma pérola de grande valor! Talvez você seja uma dessas pessoas.

Como já lido, este mundo corrompido foi cegado por Satanás (Apocalipse 12:9; 1 João 5:19). Mas Deus está tirando alguns dessa cegueira. Se você for um dos que Deus está chamando para compreender a Sua Palavra e viver por ela, então provavelmente deve estar fazendo a mesma pergunta que fizeram aqueles que ouviram Pedro, no Dia de Pentecostes: “O que devo fazer agora?”.

A Palavra de Deus diz que todos pecaram (Romanos 3:23). Até mesmo nós. Mas, para nós, é mais fácil ver os erros e as fraquezas dos outros do que as nossas próprias falhas e defeitos.

Contudo todos somos culpados de pensamentos e atos contrários à lei do amor de Deus. “Se dissermos que não temos pecado, enganamo-nos a nós mesmos, e não há verdade em nós. Se confessarmos os nossos pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos purificar de toda injustiça” (1 João 1:8-9).

Assim como a nós, também aos nossos primeiros pais lhes foi dada a liberdade de escolha. Embora Deus tenha incentivado a Adão e Eva a Lhe obedecer, Ele não os forçou a seguir o Seu caminho. Por causa da influência de Satanás, no jardim do Éden, eles escolheram desobedecer à Sua instrução, rebelando-se contra Ele e seguindo o diabo.

Desde então Satanás tem exercido grande poder—mas não absoluto— sobre toda a humanidade (2 Coríntios 4:4). E tem sido enorme o seu papel na formação do nosso mundo de entretenimento, ensino, política, publicidade e normas morais. Lamentavelmente todos nós somos produto deste mundo; as nossas mentes, pensamentos e estímulos refletem anos da influência de Satanás em nossas vidas (Efésios 2:3-3). (Para saber mais sobre este assunto, veja “O Que Está Errado Com Nossa Natureza Humana?”).

Contudo, além deste conhecimento, devemos também ter sempre em mente que Deus Pai, como Jesus nos lembrou, é “Senhor do céu e da terra” (Mateus 11:25). Ele está sempre no Seu trono e observa constantemente o progresso do Seu grande plano e propósito neste mundo.

E cuidar daqueles que Ele chamou para vencer o pecado em suas vidas é parte importante do Seu plano. Por isso, Satanás só pode fazer aquilo que o nosso Criador permite que faça. Isto pode ser visto claramente no primeiro capítulo do livro de Jó.

Tiago também explica: “Resisti ao diabo, e ele fugirá de vós” (Tiago 4:7). Com a ajuda de Deus, cada um de nós pode resistir e vencer a influência de Satanás sobre as nossas vidas.

A necessidade de uma profunda introspecção

Apesar de tudo temos de viver numa sociedade cada vez mais perversa, egoísta e arrogante à medida que a vinda de Cristo se aproxima. “Sabe, porém, isto: nos últimos dias, sobrevirão tempos difíceis, pois os homens serão egoístas, avarentos, jactanciosos, arrogantes, blasfemadores, desobedientes aos pais, ingratos, irreverentes, desafeiçoados, implacáveis, caluniadores, sem domínio de si, cruéis, inimigos do bem, traidores, atrevidos, enfatuados, mais amigos dos prazeres que amigos de Deus, tendo forma de piedade, negando-lhe, entretanto, o poder. Foge também destes” (2 Timóteo 3:1-5, ARA).

Então, como podemos ficar longe de tais atitudes? O verdadeiro arrependimento inclui reconhecer, com a ajuda de Deus, o quanto estas atitudes têm afetado a cada um de nós. Como diz Paulo: “Anteriormente, todos nós também vivíamos entre eles, satisfazendo as vontades da nossa carne, seguindo os seus desejos e pensamentos. Como os outros, éramos por natureza merecedores da ira [de Deus]” (Efésios 2:3, NVI).

Para nos arrepender temos que nos examinar profunda e honestamente. Caso contrário, vamos parecer com os fariseus que criticavam a Cristo por cear com pecadores e cobradores de impostos. Mas Jesus respondeu àqueles incompreensíveis fariseus: “Não necessitam de médico os que estão sãos, mas sim os que estão enfermos. Eu não vim chamar os justos, mas sim os pecadores, ao arrependimento” (Lucas 5:31-32).

Os fariseus estavam espiritualmente muito cegos para que enxergassem como realmente eram. Eles se sentiam tão confortáveis em seu estado espiritual que fechavam os olhos para os seus próprios pecados. Nem reconheceram nem compreenderam a advertência de Cristo para que se arrependessem.

As Escrituras afirma que todos pecaram. Por conseguinte, todos nós merecemos o castigo da morte eterna (Romanos 6:23). Sem a intervenção de Deus para nos ajudar a mudar, todos morreríamos e jamais voltaríamos a viver novamente!

Mas é a vontade de Deus nos transformar e nos ajudar a alcançar o arrependimento e ser convertidos. “O Senhor não retarda a sua promessa, ainda que alguns a têm por tardia; mas é longânimo para convosco, não querendo que alguns se percam, senão que todos venham a arrepender-se” (2 Pedro 3:9).

Deus providencia uma maneira de remover a sentença de morte que paira sobre nós—sem desculpas ou aceitação de nossa iniquidade. Ele enviou o Seu filho para pagar a penalidade por nós. “Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:16). Se, voluntariamente, nos desviarmos de nosso mau caminho de vida, então Deus se predispõe a substituir a sentença de morte, por causa de nossos pecados, pelo sangue derramado do nosso Salvador.

O que é o arrependimento?

Solenemente, Cristo avisou a uma multidão: “Se vos não arrependerdes, todos de igual modo perecereis” (Lucas 13:3, 5; comparar Atos 5:31-32).

Hoje em dia é raro se ouvir a palavra arrependimento. Poucos sabem o que ela realmente significa. Em Grego e Hebraico, a palavra arrependimento se refere a uma mudança de coração, uma significativa mudança em nosso pensamento, uma transformação de propósito com ênfase na mudança do próprio comportamento.

Pedro nos diz: “Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados” (Atos 3:19). A palavra traduzida como “converter” quer dizer desviar-se ou afastar-se. Mas, do quê? Obviamente, afastar-se dos pecados para que sejam apagados. Assim, quando nos arrependemos é preciso se afastar dos pecados que somos culpados de cometer e temos de entregar incondicionalmente a nossa vontade a Deus. Dito de outra forma, estamos afastando nossas vidas da influência de Satanás e nos comprometendo inteiramente a Deus.

Embora Cristo tenha vindo remover nossos pecados, todavia temos que fazer nossa parte. Ele não veio para nos salvar nos nossos pecados, ou enquanto continuamos a pecar.

Se um juiz perdoa a alguém por um crime, ele espera que essa pessoa pare de cometer atos criminosos. Ele não lhe perdoa para que continue a transgredir a lei. Da mesma forma, nós temos de nos afastar de obras e pensamentos pecaminosos. O apóstolo João nos diz que “qualquer que nele tem esta esperança purifica-se a si mesmo, como também Ele é puro” (1 João 3:3).

O arrependimento inclui tanto crer quanto praticar

Em Atos 16 está registrado a prisão de Paulo e Silas em Filipos e como um tremor de terra soltou suas algemas e lhes abriu as portas das celas. O carcereiro, reconhecendo isto como um milagre de Deus, perguntou a Paulo e a Silas o que tinha de fazer para ser salvo. E eles disseram: “Crê no Senhor Jesus Cristo e serás salvo, tu e a tua casa” (Atos 16:31).

Mas o que requer essa crença? Ter fé em Cristo não é simplesmente acreditar que Ele é nosso Salvador, mas é crer em Sua mensagem, Suas promessas e Suas instruções. Cristo já havia dito: “E por que me chamais Senhor, Senhor, e não fazeis o que eu digo?” (Lucas 6:46).

Quando nos arrependemos paramos de fazer o que é errado e começamos a viver em harmonia com os caminhos de Deus e Suas leis―conforme a Sua vontade! Paramos de pecar deliberada e intencionalmente!

O arrependimento deve incluir um verdadeiro sentimento de pesar e de vergonha, arrepender-se sinceramente é muito mais que uma simples emoção. As nossas vidas têm que mudar.

Quando Deus nos chama Ele retira a nossa cegueira espiritual e nos torna capazes, como nunca antes, de compreender as Suas Escrituras (João 6:65; Mateus 13:11). Ele nos capacita a enxergar como os nossos caminhos são tão contrários aos Seus. Chegamos a uma importantíssima encruzilhada em nossa vida. Enfrentaremos decisões significativas. O momento do arrependimento é um ponto decisivo em nossa vida.

O verdadeiro arrependimento é uma dádiva de Deus (Atos 11:18). Se respondermos positivamente, Deus nos conduz a esse ponto, agindo em nós e abrindo as nossas mentes, e nos dando o entendimento da Sua Palavra e de quem somos (João 6:44; 2 Timóteo 2:25).

Agora―para que possamos entender o que devemos mudar―nós vamos examinar cuidadosamente a explicação bíblica sobre o pecado e compreenderemos melhor em quê temos que mudar.