Como Podemos Crescer na Graça?

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Como Podemos Crescer na Graça?

“Antes, crescei na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo” (2 Pedro 3:18).

No livro de Marcos, encontramos a história de um cego chamado Bartimeu. Aqui está a história: “Depois, foram para Jericó. E, saindo Ele [Jesus] de Jericó com Seus discípulos e uma grande multidão, Bartimeu, o cego, filho de Timeu, estava assentado junto ao caminho, mendigando. E, ouvindo que era Jesus de Nazaré, começou a clamar e a dizer: Jesus, Filho de Davi, tem misericórdia de mim! E muitos o repreendiam, para que se calasse; mas ele clamava cada vez mais: Filho de Davi, tem misericórdia de mim!” (Marcos 10:46-48).

Mandaram Bartimeu ficar quieto! A multidão disse-lhe para calar a boca — mas, Jesus ouviu os gritos dele.

“E Jesus, parando, disse que o chamassem; e chamaram o cego, dizendo-lhe: Tem bom ânimo; levanta-te, que Ele te chama. E ele, lançando de si a sua capa, levantou-se e foi ter com Jesus. E Jesus, falando, disse-lhe: Que queres que te faça? E o cego lhe disse: Mestre, que eu tenha vista. E Jesus lhe disse: Vai, a tua fé te salvou. E logo viu, e seguiu a Jesus pelo caminho” (Marcos 10:49-52).

Esse homem era cego, mas enxergava de uma maneira diferente. Ele enxergava muito mais do que aqueles à sua volta, que tinham a visão física, e tinha um discernimento muito maior que eles.

Ele reconheceu Jesus como o "Filho de Davi" — um termo usado naquela época para o tão esperado Messias. Ele proclamou o caráter de Jesus, Sua pessoa e atitude, como de “misericórdia”. Então, Jesus lhe disse: “A tua fé te salvou”. Sua fé permitiu que ele visse o que muitos não podiam ver — que Deus é um Deus de misericórdia!

Bartimeu anunciou uma verdade profunda e transformadora.

Confiança na misericórdia de Deus

Confiar na misericórdia e na graça de Deus implica deixar de inventar desculpas pelo seu comportamento. No momento em que confia na misericórdia de Deus, você deve abandonar todas as desculpas e justificativas. Você não vai mais tentar justificar seus pecados.

Se estiver sendo julgado em um tribunal civil, tentando justificar suas ações, você recorrerá à justiça. Mas se, diante desse tribunal, você se declarar culpado, sem apresentar qualquer justificativa ou desculpa, então se colocando à mercê desse tribunal.

Assim é no reino de Deus. Confiar na misericórdia significa desistência final de toda a dependência da justiça. Você não tem mais desculpas e nem apresenta mais nenhuma. Você precisa da graça e da misericórdia de Deus — e do sacrifício de Jesus Cristo — para evitar a sentença de morte que merece, e, em vez disso, espera receber o inestimável dom da vida eterna de Deus.

Como você corresponde à misericórdia de Deus e depois se aproxima do trono da graça?

O dom da graça

O apóstolo Paulo lembrou aos irmãos de Éfeso: “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isso não vem de vós; é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie” (Efésios 2:8-9).

A vida eterna é o resultado da graça e da misericórdia de Deus. Ela é o dom de Deus, o qual nós não merecemos. Ninguém jamais poderá se gabar de ter conquistado ou merecido o dom da vida eterna.

Mas vamos trazer um pouco mais de equilíbrio à equação. Como nos mostrou o cego Bartimeu, Deus não é apenas o Deus da justiça, mas também da misericórdia. Leia a última parte do Segundo Mandamento: “E faço misericórdia em milhares aos que Me amam e guardam os Meus mandamentos” (Êxodo 20:6).

Deus equilibra a justiça — e Sua insistência que guardemos Seus mandamentos — com misericórdia, considerando o que está no coração de cada um. Enquanto essa possibilidade existir, Deus não está disposto a nos deixar perecer (2 Pedro 3:9).

Podemos ser gratos por Deus ponderar nossa atitude. Quem está disposto a “não pecar mais” se qualifica para a misericórdia em vez da condenação — como Jesus disse à mulher apanhada em adultério em João 8:11. Jesus demonstrou julgamento — ela era, evidentemente, uma pecadora — mas também graça e misericórdia: “Nem Eu também te condeno; vai-te e não peques mais”.

Respondendo corretamente à graça e à misericórdia de Deus

Há uma lição aqui sobre a resposta correta à graça e à misericórdia de Deus. Como destinatários da graça e da misericórdia de Deus, nossa atitude correta, depois de sermos perdoados, é "não pecar mais". Devemos obedecer às leis de Deus de acordo com sua plena intenção espiritual, e não fazendo apenas o mínimo do que é expressamente declarado.

Jesus Cristo deixou bem claro a importância da finalidade espiritual da lei de Deus por meio de vários exemplos em Seu famoso Sermão da Montanha. Ele explicou que não devemos apenas não matar, violando o Sexto Mandamentos, mas também não devemos ver ou tratar os outros com desprezo, pois isso viola o espírito desse mandamento (Mateus 5:21-26).

Ele seguiu dando outro exemplo, assinalando que o mandamento de Deus contra o adultério se estende a cobiçar outra pessoa, pois isso significa cometer adultério no coração e na mente (versículos 27-30). No restante deste capítulo, Ele deu outros exemplos, mostrando que de forma alguma estava abolindo a lei de Deus, mas estendendo sua intenção espiritual — exigindo um grau ainda maior de obediência, não apenas nas ações, mas também nos pensamentos!

Em todo o Sermão da Montanha, Jesus mostra que a lei de Deus serve continuamente como nosso guia para alcançar pensamentos e comportamentos verdadeiramente justos. Essa lei — expandida por Cristo nesta mensagem — ajuda a definir o que significa ser realmente um de Seus seguidores, um verdadeiro cristão.

A palavra graça é usada regularmente por algumas pessoas religiosas como substituta da necessidade de obedecer à lei de Deus. Essa conclusão está terrivelmente errada. Aqui está a razão: Sem a lei — que define o pecado — não haveria necessidade do perdão e da graça. A graça se refere a como Deus estende Seu favor e benevolência aos outros, inclusive aos pecadores arrependidos, perdoando sua prévia desobediência à Sua lei — os pecados anteriormente cometidos. Isso é necessário porque “todo aquele que pratica o pecado também transgride a lei, porque o pecado é a transgressão da lei” (1 João 3:4, ARA). Se não houver lei para ser quebrada, não existiria pecado (Romanos 5:13). E se não existe pecado, a própria ideia da graça como perdão de Deus não tem nenhum sentido.

O dom do Espírito Santo

É a graça e a misericórdia de Deus que nos permitem ser perdoados por nossos pecados quando nos arrependemos, aceitamos o sacrifício de Jesus Cristo, somos batizados e recebemos o Espírito de Deus. Depois, recebemos a promessa do dom da vida eterna.

A graça, como nós vimos ao longo deste guia de estudo bíblico, abrange muito mais do que apenas o perdão pelos pecados passados. Ela também inclui o dom do Espírito Santo de Deus para nos ajudar a obedecer às leis de Deus, que definem o pecado e o padrão de comportamento exigido por Deus. Na verdade, ela se refere a todos os dons gratuitos e imerecidos de Deus. Isso inclui Sua ajuda para nos afastar do pecado e nos levar à Sua verdade e caminho de vida, o perdão dos pecados passados e, finalmente, o recebimento do maior de todos os dons — a vida eterna em Seu Reino!

O Espírito Santo de Deus é essencial em nosso objetivo de erradicar o pecado (para saber mais, leia nosso guia de estudo bíblico gratuito Transformando A Sua Vida: O Processo de Conversão). A chave para resolver o problema do pecado é a ajuda que recebemos de Jesus Cristo e do Espírito de Deus. Jesus nasceu não apenas para possibilitar o perdão das iniquidades passadas, mas também para nos ajudar a vencer os impulsos do pecado, os maus hábitos arraigados que são tão difíceis de expulsar de nossas vidas.

Ele é nosso misericordioso Sumo Sacerdote no céu, intercedendo junto ao Pai em nosso favor — sentado à mão direita do Pai. “Quem os condenará? Pois é Cristo quem morreu ou, antes, quem ressuscitou dentre os mortos, o Qual está à direita de Deus, e também intercede por nós” (Romanos 8:34). No entanto, Ele e o Pai também estão próximos de nós e até podem viver em nós, através do Espírito Santo, para nos ajudar a mudar.

O que devemos fazer?

O segundo capítulo de Atos registra a fundação da Igreja em Jerusalém na Festa de Pentecostes. Muitas pessoas estavam convictas de que seus pecados haviam levado Jesus de Nazaré, o Filho de Deus, à morte e perguntaram a Pedro e aos outros apóstolos o que precisavam fazer. A resposta de Pedro, em Atos 2:38, foi clara: “Arrependei-vos, e cada um de vós seja batizado em nome de Jesus Cristo para perdão dos pecados, e recebereis o dom do Espírito Santo”. (Mais tarde, em Atos 8:17, vemos que esse Espírito é transmitido pela imposição de mãos através dos verdadeiros ministros de Deus).

Então, Pedro acrescentou algo mais: “Porque a promessa vos diz respeito a vós, a vossos filhos e a todos os que estão longe: a tantos quantos Deus, nosso Senhor, chamar” (Atos 2:39). Deus chama ou escolhe as pessoas por Sua graça (Gálatas 1:15; 2 Timóteo 1:9), mas Ele não está chamando todos agora. Como Paulo escreveu em Romanos 11:5: “Assim, hoje também há um remanescente escolhido pela graça" (NVI).

Se estiver lendo e entendendo isso agora, provavelmente Deus está chamando e escolhendo você por Sua graça para que tenha um futuro incomparável e quase incompreensível!

E que futuro é esse? Paulo nos diz em Efésios 1:4-6: “Antes da criação do mundo, Deus já nos havia escolhido para sermos dEle por meio da nossa união com Cristo, a fim de pertencermos somente a Deus e nos apresentarmos diante dEle sem culpa. Por causa do Seu amor por nós, Deus já havia resolvido que nos tornaria Seus filhos, por meio de Jesus Cristo, pois este era o Seu prazer e a Sua vontade. Portanto, louvemos a Deus pela Sua gloriosa graça, que Ele nos deu gratuitamente por meio do Seu querido Filho” (Bíblia na Linguagem de Hoje).

Nosso futuro na família de Deus

O plano de Deus é que você seja membro de Sua família espiritual, eterna e imortal! Em 2 Coríntios 6:18, o apóstolo Paulo cita o que Deus disse: "Eu serei para vós Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o Senhor Todo-poderoso".

Esta verdade é confirmada diversas vezes nas páginas da Bíblia. Por exemplo, em Apocalipse 21:7, Deus nos diz: “Quem vencer herdará todas as coisas, e Eu serei Seu Deus, e ele será Meu filho”.

Em Romanos 8:14, Paulo escreve que "todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus". Os versículos 16-17 continuam dizendo que o Espírito de Deus dentro de nós “testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus. Ora, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo . . .” (ARA).

Uma impressionante verdade é revelada aqui. Nosso futuro não é ficar sentado no céu tocando harpas por toda a eternidade, mas ser “herdeiros de Deus e coerdeiros com Cristo”. O que isso significa? Hebreus 1:2 nos diz que Deus constituiu Jesus como “herdeiro de tudo”. E Hebreus 2:8 acrescenta que o futuro plano de Deus para o homem é lhe sujeitar “todas as coisas” — embora ainda não vemos isso, como explicado aqui, certamente esse dia está chegando, e Jesus mostra o caminho.

O que deve acontecer antes de herdarmos todas as coisas com Jesus Cristo? O apóstolo João dá mais detalhes em 1 João 3:1-3: “Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus; e, de fato, somos filhos de Deus. Por essa razão, o mundo não nos conhece, porquanto não O conheceu a Ele mesmo. Amados, agora, somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que haveremos de ser. Sabemos que, quando Ele se manifestar, seremos semelhantes a Ele, porque haveremos de vê-Lo como Ele é. E a si mesmo se purifica todo o que nEle tem esta esperança, assim como Ele é puro” (ARA).

João nos diz aqui que nosso futuro é "ser como Ele" — como Jesus Cristo, agora ressuscitado como um glorioso ser espiritual. E como Jesus é agora em Seu estado ressurreto? Encontramos uma descrição em Apocalipse 1:12-18 (NVI), onde João O viu em visão:

“Eu virei para ver quem falava comigo e vi sete candelabros de ouro. No meio deles estava um ser parecido com um homem, vestindo uma roupa que chegava até os pés e com uma faixa de ouro em volta do peito. Os Seus cabelos eram brancos como a lã ou como a neve, e os Seus olhos eram brilhantes como o fogo. Os Seus pés brilhavam como o bronze refinado na fornalha e depois polido, e a Sua voz parecia o barulho de uma grande cachoeira . . .

Sua face era como o sol quando brilha em todo o seu fulgor. Quando o vi, caí aos Seus pés como morto. Então Ele colocou sua mão direita sobre mim e disse: Não tenha medo. Eu sou o primeiro e o último. Sou aquele que vive. Estive morto mas agora estou vivo para todo o sempre!”

Quando João nos diz, em 1 João 3:2, que “seremos semelhantes a Ele; porque assim como é O veremos”, esse é o tipo de poder e glória espirituais que compartilharemos com Ele! (Para saber mais sobre isso, leia nosso guia de estudo bíblico gratuito Por Que Você Nasceu?)

Paulo disse aos membros da Igreja em Gálatas 3:26: “Todos nós somos filhos de Deus por meio da fé em Jesus Cristo” (Bíblia Viva). E em João 1:12 nos diz que “aos que O receberam, aos que creram em Seu nome, deu-lhes o direito de se tornarem filhos de Deus” (NVI).

Este é o surpreendente futuro que Deus planejou para aqueles que aceitam e vivem pelo Seu incrível dom da graça — tornar-se Sua família espiritual e imortal, e ser transformados em seres espirituais glorificados, assim como Jesus Cristo agora existe como um ser espiritual glorificado!

Mas como isso acontece? Como recebemos esse dom da vida eterna? O que devemos fazer?

O que a graça deve nos motivar a fazer?

Como vimos ao longo deste guia de estudo bíblico, a graça não é uma licença para continuar uma vida de pecados, nem desculpa ou meio para descartar a lei espiritual de Deus. "A lei é santa; e o mandamento, santo, justo e bom", diz Paulo (Romanos 7:12). Não estamos mais sob a punição exigida pela lei, que é a morte; estamos debaixo da graça (Romanos 6:14).

Então, o que a graça deve nos motivar a fazer? Como vimos no capítulo anterior, a graça deve nos motivar a agradecer e ser totalmente leal Àquele que nos deu essa graça, buscando agradá-Lo e servi-Lo com todo o nosso ser.

Observe o que Paulo disse sobre o papel da graça, sob a qual ele agora estava e fazia a obra: “Mas, pela graça de Deus, sou o que sou; e a Sua graça para comigo não foi vã; antes, trabalhei muito mais do que todos eles; todavia, não eu, mas a graça de Deus, que está comigo” (1 Coríntios 15:10).

A graça de Deus trouxe para Paulo a paz com Deus Pai e Jesus Cristo. Mas também o levou a mudar de perseguidor da Igreja para proclamador do evangelho de Jesus Cristo e o Reino de Deus. Isso o levou a dedicar sua vida a servir a Deus com todo o seu ser! (Ver "O apóstolo Paulo: Um Exemplo da Graça de Deus em Ação").

A graça deve nos levar a uma mudança de pensamento e ações, também conhecida como arrependimento. Como Paulo escreveu aos cristãos em Roma: “Ou desprezas tu as riquezas da Sua benignidade, e paciência, e longanimidade, ignorando que a benignidade de Deus te leva ao arrependimento?” (Romanos 2:4). A palavra benignidade aqui é derivada da palavra chrestos, que pode significar "gracioso", que tem relação com a palavra grega charis. A graça de Deus pode e deve levar você a mudar sua vida!

A graça conduz a uma vida transformada

A Palavra de Deus indica claramente como deve ser a vida de uma pessoa transformada pela graça de Deus. Novamente, Paulo, que escreveu sobre a graça mais do que qualquer outro, explica isso claramente para nós.

Em 2 Coríntios 9:8, ele escreveu para a igreja em Corinto que “Deus é poderoso para fazer que lhes seja acrescentada toda a graça, para que em todas as coisas, em todo o tempo, tendo tudo o que é necessário, vocês transbordem em toda boa obra” (NVI). A graça, diz Paulo, nos dá tudo o que precisamos para que possamos “transbordar em toda boa obra”! Está claro que a graça deve produzir boas obras em nossas vidas!

E isso está afirmado mais nitidamente em Efésios 2:8-10: “Pois vocês são salvos pela graça, por meio da fé, e isto não vem de vocês, é dom de Deus; não por obras, para que ninguém se glorie. Porque somos criação de Deus realizada em Cristo Jesus para fazermos boas obras, as quais Deus preparou de antemão para que nós as praticássemos” (NVI). Novamente, vemos claramente a expectativa de que receber a graça de Deus deve nos levar a praticar "boas obras".

Evidentemente, Paulo não apoiava a moderna ideia de que uma vez salvo pela graça de Deus, não é preciso fazer mais nada, pois já se tem uma passagem gratuita para a salvação. Pelo contrário, ele sabia que a graça de Deus cria uma obrigação ainda maior de demonstrar nossa gratidão e apreço, porque agora “somos criação de Deus realizada em Cristo Jesus para fazermos boas obras”.

Como visto no capítulo anterior, Paulo via Deus como o supremo patrono que dá os dons da graça, e nós, como destinatários, somos obrigados, a partir desse ponto, demonstrar sempre completa lealdade e devoção em troca. E é impensável fazer o contrário. Quão surpreendentemente diferente é essa verdade do enorme equívoco de que a graça nos exime de qualquer obrigação de obedecer a Deus!

Os propósitos e as metas da graça

A graça tem vários objetivos e propósitos específicos, Paulo disse a Tito, seu companheiro e ministro: “Pois a graça de Deus foi revelada e a todos traz salvação. Somos instruídos a abandonar o estilo de vida ímpio e os prazeres pecaminosos. Neste mundo perverso, devemos viver com sabedoria, justiça e devoção, enquanto aguardamos esperançosamente o dia em que será revelada a glória de nosso grande Deus e Salvador, Jesus Cristo. Ele entregou sua vida para nos libertar de todo pecado, para nos purificar e fazer de nós seu povo, inteiramente dedicado às boas obras” (Tito 2:11-14, Nova Versão Transformadora).

Vamos observar aqui alguns pontos específicos mencionados por Paulo:

• A graça de Deus traz salvação.

• A graça de Deus nos instrui a recusar a impiedade e as concupiscências mundanas.

• A graça de Deus nos ensina a viver de uma maneira sensata, justa e piedosa enquanto aguardamos nossa grande esperança do aparecimento de Jesus Cristo.

• Jesus Cristo não veio para nos livrar da lei, mas para “nos redimir” — para pagar o alto preço (Sua morte) por nossas transgressões, poupando-nos da punição da morte eterna.

• Jesus Cristo veio para limpar — purificar — um povo para Si mesmo.

• Após sermos redimidos e purificados por Cristo, devemos ser "zelosos de boas obras".

Essa visão é muito diferente do erro comum sobre a graça!

Então, no versículo 15, Paulo conclui essa instrução para Tito, dizendo-lhe: “Ensine essas coisas e encoraje os irmãos a praticá-las. Corrija-os com autoridade” (NVT). Paulo queria ter certeza de que Tito entendia essas coisas e as tornava parte essencial de seu próprio ensinamento!

O chamado para uma vida santa

Evidentemente, tudo isso está vinculado ao plano e ao propósito final de Deus para nós — dar-nos a vida eterna em Seu Reino para que possamos fazer parte de Sua família para sempre. Essa grande promessa será cumprida no retorno de Jesus Cristo, que o apóstolo Paulo predisse:

“Mas eu lhes revelarei um segredo maravilhoso: nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados! Acontecerá num instante, num piscar de olhos, ao som da última trombeta. Pois, quando a última trombeta soar, aqueles que morreram ressuscitarão a fim de viver para sempre. E nós que estivermos vivos também seremos transformados. Pois nosso corpo mortal precisa ser transformado em corpo imortal” (1 Coríntios 15:51-53, NVT).

Este será o cumprimento final da graça de Deus. O apóstolo Pedro nos encoraja a manter nossa mente focada na promessa desse futuro: “Portanto, estejam com a mente preparada, prontos para a ação; sejam sóbrios e coloquem toda a esperança na graça que lhes será dada quando Jesus Cristo for revelado” (1 Pedro 1:13, NVI).

Pedro também enfatiza que devemos viver uma vida transformada — uma vida santa — se quisermos receber esse dom da salvação. Ele continua: “Como filhos obedientes, não vos conformando com as concupiscências que antes havia em vossa ignorância; mas, como é santo Aquele que vos chamou, sede vós também santos em toda a vossa maneira de viver, porquanto escrito está: Sede santos, porque Eu sou santo” (versículos 14-16, citado de Levítico 11:44, 45; 19:2).

Paulo ressalta que vivermos “uma vida santa”, que leva à salvação, é o que Deus havia planejado para nós desde o início: “Deus nos salvou e nos chamou para sermos o Seu povo. Não foi por causa do que temos feito, mas porque este era o Seu plano e por causa da Sua graça. Ele nos deu essa graça por meio de Cristo Jesus, antes da criação do mundo” (2 Timóteo 1:9, BLH).

Mantendo o rumo com a ajuda da graça de Deus

Deus nunca disse que esse caminho seria fácil (Mateus 7:13-14; Lucas 13:24). Mas Ele diz que valerá a pena!

Paulo, que muitas vezes foi preso e espancado por sua fé, se manteve firme diante de tremendas provações. Ele declarou: “Porque para mim tenho por certo que os sofrimentos do tempo presente não podem ser comparados com a glória a ser revelada em nós. A ardente expectativa da criação aguarda a revelação dos filhos de Deus . . . Sabemos que todas as coisas cooperam para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o Seu propósito” (Romanos 8:18-19, 28, ARA).

A vida será uma luta, enquanto lutamos contra o pecado e os impulsos de nossa natureza egoísta, bem como um mundo que cada vez mais rejeita a Deus e é hostil ao seu caminho de vida (ver "O Apóstolo Paulo Lutava Contra o Pecado, Mesmo Debaixo da Graça").

Isso não é novidade. Sempre foi assim para os servos fiéis de Deus. O capítulo onze do livro de Hebreus lista muitos exemplos de homens e mulheres de fé e corajosos que perseveraram contra grandes adversidades e, muitas vezes, ao custo de suas vidas. Eles foram capazes de fazer isso com a ajuda de Deus, assim também Ele promete nos ajudar em todas as nossas batalhas nesta vida. Hebreus 4:16 nos diz para “aproximarmos do trono da graça com toda a confiança, a fim de recebermos misericórdia e encontrarmos graça que nos ajude no momento da necessidade” (NVI).

Deus está disposto e deseja nos ajudar! E Pedro nos assegura: “O Deus de toda a graça, que os chamou para a Sua glória eterna em Cristo Jesus, depois de terem sofrido durante pouco de tempo, os restaurará, os confirmará, lhes dará forças e os porá sobre firmes alicerces" (1 Pedro 5:10, NVI).

Juntamente com nossa grande esperança, temos a promessa divina de encorajamento e força em 2 Tessalonicenses 2:16-17: “Que o próprio Senhor Jesus Cristo e Deus nosso Pai, que nos amou e nos deu eterna consolação e boa esperança pela graça, dê ânimo aos seus corações e os fortaleça para fazerem sempre o bem, tanto em atos como em palavras” (NVI).

E agora?

Agora que você viu o que a Bíblia realmente ensina sobre a graça, o que vem depois? O que você vai fazer?

Independentemente do seu status ou condição social, você recebeu a graça de Deus em algumas de suas múltiplas formas. Tiago 1:17 nos diz: “Toda boa dádiva e todo dom perfeito vêm do alto, descendo do Pai das luzes, em quem não há mudança, nem sombra de variação”.

Tudo o que temos e somos é um dom da graça de Deus. E ele quer nos dar mais!

Você é humilde e ensinável o suficiente para aceitar Suas instruções e estar disposto a fazer o que Ele diz? Provérbios 3:34 diz que Deus "zomba dos zombadores, mas concede graça aos humildes" (NVI).

A humildade é uma característica muito valorizada por Deus, pois sabe que pode trabalhar com os que entendem que precisam dEle e querem servi-Lo humildemente. Por outro lado, aqueles que não são humildes não percebem como suas vidas são vazias sem Deus e sem um relacionamento com Ele!

O apóstolo Paulo teve que lidar com esse tipo de pessoas na igreja de Corinto no primeiro século. Em 2 Coríntios 6:1, ele disse-lhes: "E nós, na qualidade de cooperadores com Ele, também vos exortamos a que não recebais em vão a graça de Deus" (ARA).

Aparentemente, alguns corriam o risco de ter recebido a graça de Deus em vão. Eles não valorizaram os maravilhosos dons de Deus. Eles não entenderam a profundidade do amor, do cuidado e da esperança de Deus por eles. Porém, o mais triste de tudo isso é que eles não permitiram que a graça mudasse suas vidas. O restante da carta de Paulo está repleto de evidências disso, enquanto relata os diversos problemas e dificuldades na vida deles.

Então, novamente, o que você fará? Você, como incentiva Pedro em 2 Pedro 3:18, vai crescer “na graça e conhecimento de nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo”?

Certamente é possível crescer no favor e nas bênçãos de Deus Pai e Jesus Cristo. Devemos entender que as bênçãos e os dons vêm de Deus "porque guardamos os Seus mandamentos e fazemos o que é agradável à Sua vista" (1 João 3:22). Ao andarmos com Deus, confiando em Sua ajuda para continuar vivendo em obediência, nós mesmos nos tornamos instrumentos de Sua graça para abençoar os outros (1 Pedro 4:10) — devolvendo-lhe a graça, como forma de agradecimento, sendo gratos e dedicado a servi-Lo e assim nos tornamos cada vez mais parecidos com Ele.

Portanto, podemos realmente crescer na graça, como vimos em muitos exemplos positivos na Palavra de Deus. Mas, também podemos ir à direção oposta e nos apartar da graça de Deus. Reflita profundamente nisso.

Nossa esperança e prece é que você escolha seguir o encorajamento que Deus entrega em Hebreus 12:28: “Pelo que, tendo recebido um Reino que não pode ser abalado, retenhamos a graça, pela qual sirvamos a Deus agradavelmente com reverência e piedade”!