Uma Parábola Que Demonstra a Magnitude da Graça de Deus
Como vimos várias vezes nesse envolvente capítulo, Jesus exemplificou a graça de Deus em tudo que fez enquanto estava na Terra. E os Evangelhos estão repletos de muitos outros exemplos. Mas Jesus também contou uma extraordinária história que ilustra a magnitude da graça de Deus para conosco. Ela é conhecida como a Parábola do Filho Pródigo, encontrada em Lucas 15:11-32.
Jesus começou, dizendo: “Certo homem tinha dois filhos. E o mais moço deles disse ao pai: Pai, dá-me a parte da fazenda que me pertence”.
Na cultura daquela época, seria extremamente ofensivo um filho tratar seu pai assim. Pedir a herança enquanto o pai ainda estava vivo significava rejeitá-lo — na verdade, seria desejar que ele estivesse morto e fora de cena. Portanto, era praticamente incomum alguém desonrar seu pai dessa maneira. Essa ilustração deve ter sido chocante para os ouvintes de Jesus, levando-os a prestar muita atenção.
Ele continuou: “E, poucos dias depois, o filho mais novo, ajuntando tudo, partiu para uma terra longínqua e ali desperdiçou a sua fazenda, vivendo dissolutamente” — um estilo de vida imprudente e desenfreado.
Para aqueles galileus, ouvintes de Jesus, o país longínquo, e outro fator que veremos em breve, trazia à mente a área gentia a leste do mar da Galileia, a área pagã de Decápolis, onde os gregos haviam fundado uma série de cidades alguns séculos antes. Aquela cultura era totalmente pagã e pecaminosa, caracterizada pela idolatria e todos os tipos de pecados sexuais. Basicamente, aquele jovem desperdiçou sua herança em bebidas, mulheres e festas. Um equivalente moderno seria ir para Las Vegas e gastar centenas de milhares de dólares em jogos, mulheres e festas.
Essa história é bastante cáustica, pois quem aquele pai simboliza nessa história? Deus Pai, é claro. E quem é o filho perdido? Somos todos nós, aqueles que, em algum momento da vida, decidiram seguir seu próprio caminho longe de Deus. O pai na parábola, representando a Deus, está de luto e com o coração completamente partido pelas atitudes tolas de seu filho. Mas ele sabe que não pode viver a própria vida do filho ou forçá-lo a mudar de ideia.
Voltando à parábola: “E, havendo ele gastado tudo, houve naquela terra uma grande fome, e começou a padecer necessidades. E foi e chegou-se a um dos cidadãos daquela terra, o qual o mandou para os seus campos a apascentar porcos”.
Por esta razão sabemos que o filho foi para uma área pagã dos gentios, porque ele acaba alimentando suínos — que eram comumente criados para alimentação e também para sacrifícios nos diversos templos pagãos. O filho dele atingiu o fundo do poço. Depois que acabou o dinheiro de sua herança, as novas amizades dele também chegaram ao fim. Agora ele não tinha mais nada. O dinheiro se foi, os amigos se foram, a diversão se foi e a festa acabou. A realidade chegou — ele estava com fome, e o único trabalho que conseguiu encontrar foi o de alimentar os porcos naquela terra pagã.
Ele estava tão desesperado que o que ele estava alimentando os porcos começou a lhe parecer algo bom: “E desejava encher o seu estômago com as bolotas que os porcos comiam, e ninguém lhe dava nada. E, caindo em si, disse: Quantos trabalhadores de meu pai têm abundância de pão, e eu aqui pereço de fome!”.
Aqui está a chave: “cair em si”. Ele se perdera e agora começara a voltar a si. Ele percebe que os funcionários de seu pai tinham mais do que ele, então tomou uma decisão que mudou sua vida.
“Levantar-me-ei, e irei ter com meu pai, e dir-lhe-ei: Pai, pequei contra o céu e perante ti. Já não sou digno de ser chamado teu filho; faze-me como um dos teus trabalhadores".
Ele reconhece que pecou tanto contra Deus quanto contra seu próprio pai. Ele sabe que perdeu todo o direito de ser chamado de filho ou de receber qualquer herança — ele havia desistido disso há muito tempo. Agora ele só quer um emprego como servo, que é algo melhor do que tinha agora.
“E, levantando-se, foi para seu pai; e, quando ainda estava longe, viu-o seu pai, e se moveu de íntima compaixão, e, correndo, lançou-se-lhe ao pescoço, e o beijou”.
O pai, que retrata ao próprio Deus, estava olhando para a estrada, aguardando esperançosamente que aquele filho voltasse um dia. E, então, ele o vê de longe e corre para encontrar-se com aquele filho perdido há muito tempo e o demonstra-lhe carinho e amor! Ele demonstrou isso antes de o filho chegar e fazer seu discurso ensaiado.
"E o filho lhe disse: Pai, pequei contra o céu e perante ti e já não sou digno de ser chamado teu filho”.
Contudo, o pai não aceitaria nada daquilo. "Mas o pai disse aos seus servos: Trazei depressa a melhor roupa, e vesti-lho, e ponde-lhe um anel na mão e sandálias nos pés".
A túnica e o anel eram símbolos de aceitação de volta como filho na família. Ele não estava sendo aceito de volta como um servo — que era o melhor que ele poderia esperar ou talvez nem isso — mas como um filho pleno novamente.
“Trazei o bezerro cevado, e matai-o; e comamos e alegremo-nos, porque este meu filho estava morto e reviveu; tinha-se perdido e foi achado. E começaram a alegrar-se".
A principal lição dessa parábola é que nosso Deus é um Pai amoroso que não desiste de Seus filhos. Mesmo quando, nesciamente, O rejeitamos e lhe viramos as costas, Ele ainda nos ama e deseja, ansiosamente, que voltemos para Ele.
Entretanto, Deus não vai nos forçar a voltar para Ele, pois nos deu liberdade de escolher. Mas, às vezes, todos nós precisamos sofrer as consequências de nossos erros para crescer em sabedoria e juízo, aprendendo a colocar o amor e os caminhos de Deus acima dos caminhos que nos parece corretos.
E quando nos voltamos para Deus — independentemente da gravidade de nossos pecados e erros — Ele estará pronto para nos acolher, nos encher de amor e carinho e nos receber em Sua família. Esse é um retrato surpreendentemente belo de Seu amor por nós!
Aqui também há outra lição. A parábola continua descrevendo a mui distinta reação do outro filho, que era fiel e nunca se afastou de seu pai. Este filho não reconhece seu próprio irmão. E para o pai, ele o chama de "este teu filho". Ele não aceita seu irmão de volta, mas o rejeita e se ressente e fica irritado com o amor de seu pai por seu irmão recém-chegado.
Gentilmente, o pai lhe responde: “Filho, tu sempre estás comigo, e todas as minhas coisas são tuas. Mas era justo alegrarmo-nos e regozijarmo-nos, porque este teu irmão estava morto e reviveu; tinha-se perdido e foi achado”.
Essa também é uma lição importante para nós. Ninguém deve agir como esse outro filho, estando pronto para lançar a primeira pedra em alguém que talvez vejamos como pecador, mas devemos amá-los como Deus os ama e sempre nos alegrar quando uma pessoa volta para Deus. Contudo, observe que o pai também é misericordioso com esse filho inconformado, sendo gentil com ele e assegurando-lhe as bênçãos e ensinando-lhe a atitude e o caminho de vida corretos.
Em tudo isso, vemos que Deus nos ama profundamente e nos perdoa muito mais do que jamais poderíamos merecer — e que também devemos aprender a ser misericordiosos e perdoadores para com os outros, como Jesus Cristo ensinou diversas vezes nos Evangelhos. Isso é graça em ação.