O Propósito de Deus para Você
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O Propósito de Deus para Você
Como mostrado anteriormente neste livro, a Bíblia revela que Deus é uma família. Essa família compreende atualmente o Ser a quem Jesus Cristo chamou “o Pai” e Ele próprio, que é repetidamente conhecido como “o Filho” ou “o Filho de Deus”. Lamentavelmente, esta clara e simples verdade está obscurecida pela incompreensível doutrina da trindade.
Deus quer ter um relacionamento familiar com a gente. E isso deveria ser óbvio dada uma oração que a maioria de nós provavelmente já memorizou em algum momento nas nossas vidas, na qual Jesus Cristo nos instrui a começar assim: “Pai Nosso . . .” (Mateus 6:9). Deus quer que olhemos para Ele como um Pai, não como um inexplicável ser três-em-um!
Considere novamente a saudação que Paulo utiliza em todas as epístolas que levam seu nome, nas quais ele deseja graça e paz “da parte de Deus nosso Pai e do Senhor Jesus Cristo”. Deus poderia ser apresentado para a humanidade de muitas maneiras, mas a maneira como Ele guiou a Cristo para apresentá-lo, foi como “nosso Pai nos céus”.
É óbvio que os autores inspirados da Bíblia estão nos dizendo algo muito importante!
A Escritura revela que toda a humanidade descendeu dos dois primeiros seres humanos, Adão e Eva. Nós somos sua família extensa. Através da criação direta à semelhança de Deus, Adão era um filho de Deus (Lucas 3:38; comparar Gênesis 5:1-3). Portanto, uma vez que somos descendentes de Adão, também somos filhos de Deus. Deus é nosso Pai, porque Ele foi o Pai de nosso primeiro pai humano. É tal como Atos 17:28-29 nos diz: “Sendo nós, pois, geração de Deus”.
Mas o propósito de Deus vai muito além da criação de seres humanos mortais e perecíveis. Ele está em processo de moldar e formar ‘novas criaturas’ (2 Coríntios 5:17), Sua própria paternidade de filhos espirituais―filhos imortais e incorruptíveis imbuídos de Sua própria natureza e caráter.
Quanto mais entendermos o que isso significa, mais impressionado ficaremos―não apenas a majestade do propósito de Deus, mas o que isso implica para cada um de nós particularmente. E, ao enxergarmos a verdadeira natureza de Deus a esse respeito, entenderemos como é absurdamente enganosa e vazia a doutrina da trindade, quando comparado a este entendimento!
Deus está criando uma família
Paulo explica esta nova criação, comparando o “velho homem, que se corrompe pelas concupiscências do engano” com o “novo homem, que segundo Deus é criado em verdadeira justiça e santidade” (Efésios 4:22-24, NVI).
Paulo está descrevendo uma transformação espiritual extemamente necessária nas pessoas. E isso primeiro envolve uma mudança na natureza e no caráter da pessoa. Isto é seguido pela ressurreição―uma total metamorfose em um ser espiritual glorificado e com vida eterna.
Deus está realizando essa transformação pelo poder do Espírito Santo. O termo bíblico para essa transformação espiritual é salvação. Paulo descreve aqueles que irão receber a salvação como filhos de Deus: “O próprio Espírito [isto é, o Espírito Santo de Deus] testifica com o nosso espírito [nosso espírito humano individual] que somos filhos de Deus. Ora, se somos filhos, somos também herdeiros, herdeiros de Deus e co-herdeiros com Cristo; se com ele sofremos, também com ele seremos glorificados” (Romanos 8:16-17, ARA).
Então, começamos a entender o significado da declaração inspirada de Paulo? Pois, ela explica por que estamos aqui, a razão de nossa existência e por que nascemos. Isto dá sentido à própria vida. Isso explica por que Deus quer que todas as pessoas cheguem ao conhecimento da verdade. Deus, segundo as Escrituras, está criando uma família―Sua própria família. Temos a oportunidade inestimável de fazer parte dessa família, a família de Deus!
Essa relação de família―nossa transformação em filhos de Deus Pai―é o coração e o centro do incrível plano de Deus para a humanidade!
Desde o início este objetivo tem sido claramente indicado por Deus. Observe novamente as palavras de Gênesis 1, citado anteriormente: “E disse Deus: Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança . . . E criou Deus o homem à Sua imagem . . . macho e fêmea os criou” (versículos 26-27). Homens e mulheres foram criados à imagem e semelhança de Deus, para ser como Ele.
Esta linguagem diz respeito a família. Veja que isso foi depois de criar as plantas e os animais para se reproduzirem “segundo a sua espécie” que Deus disse: “Façamos o homem à nossa imagem, conforme a nossa semelhança” (versículo 26). Isso mostra que o homem foi criado segundo a ‘espécie’, ou ‘género’ de Deus.
De fato, para nos ajudar a entender o paralelo de Deus criando o homem à Sua imagem e semelhança, Gênesis 5:3 diz que o primeiro homem, Adão, mais tarde “gerou um filho à sua semelhança, conforme a sua imagem, e chamou o seu nome Sete”. Então Deus estava essencialmente reproduzindo a si mesmo através da humanidade. Veremos mais sobre isso em breve.
Deus deixa claro que a Sua família inclui as pessoas que agora são homens e mulheres físicos, ambos filhos e filhas: “Porque todos sois filhos de Deus pela fé em Cristo Jesus; porque todos quantos fostes batizados em Cristo já vos revestistes de Cristo. Nisto não há judeu nem grego; não há servo nem livre; não há macho nem fêmea; porque todos vós sois um em Cristo Jesus” (Gálatas 3:26-28).
A Bíblia muitas vezes refere-se coletivamente aos filhos físicos de ambos os sexos como “filhos” porque esse era o costume na época em que a Bíblia foi escrita. Esse costume continua em muitas línguas ao longo dos séculos, tal como em português. Nas línguas hebraica e grega, nas quais a Bíblia foi escrita originalmente, a palavra “filhos” era usada geralmente para se referir a “descendentes”. Nós igualmente usamos as palavras humanidade e irmãos em um sentido coletivo para incluir ambos os sexos.
Deus também nos diz: “Eu serei para vós Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o senhor Todo-poderoso” (2 Coríntios 6:18). Assim como homens e mulheres são filhos de Deus através da criação física, então ambos podem ser filhos de Deus no sentido espiritual.
Podemos ser verdadeiros filhos de Deus?
Mas quando Deus nos chama de Seus filhos e nos instrui a chamá-LO de nosso Pai, isso é em sentido literal? Deus está realmente gerando uma família de outros como Ele mesmo através de um processo de reprodução? Ou isso quer dizer que Deus é um Pai para a raça humana por causa da criação?
Pelo fato da criação Deus também é um Pai para os anjos, chamando-os de “filhos de Deus” em Jó 38:7. Mas existe um sentido mais importante no qual Ele deseja ser um Pai para os seres humanos―um privilégio não concedido aos anjos.
Podemos começar a ver isso no livro de Hebreus: “Porque a qual dos anjos disse jamais: Tu és meu Filho, hoje te gerei? E outra vez: Eu lhe serei por Pai, e ele me será por Filho?” (Hebreus 1:5). Nesta passagem, a comparação está sendo feita entre o status dos anjos e de Jesus Cristo, o divino Filho de Deus. No entanto, aqui a comparação pode ser expandida e aplicada aos seres humanos também.
Devemos reconhecer que Jesus está em uma posição exclusiva como “Filho unigênito” de Deus (João 1:18, 3:16, 1 João 4:9). Como o Verbo divino, Ele estava com Deus Pai antes de Sua concepção humana (João 1:1-3, 14). Então, através de Deus Pai, ao usar o poder do Espírito Santo, o Verbo foi sobrenaturalmente concebido como o ser humano Jesus Cristo no ventre de Maria enquanto ela ainda era virgem (Lucas 1:35, Mateus 1:20).
Jesus não teve um pai humano. Certamente, Deus Pai era o pai de Jesus, até mesmo no sentido físico através do Espírito Santo agindo no mundo físico. Ao mesmo tempo, Jesus também foi gerado pelo Pai para a vida espiritual através do mesmo Espírito (comparar João 5:26; 6:63).
E em Sua ressurreição, seguida à Sua morte, Cristo voltou à Sua antiga glória com o Pai, e assim orou, pouco antes de morrer, como já citado: “E, agora, glorifica-me tu, ó Pai, junto de ti mesmo, com aquela glória que tinha contigo antes que o mundo existisse” (João 17:5).
Ainda que os seres humanos não são fisicamente gerados de modo sobrenatural como foi Cristo, eles podem segui-LO para virem a ser espiritualmente gerados por Deus—embora que seja mais adiante na sua existência física. Os cristãos convertidos também são referidos como “gerados” de Deus (1 Pedro 1:3, 1 João 5:1 [NVI], 18 [ARC]), como filhos de Deus (João 1:12, Romanos 8:16, 21; 1 João 3:1-2, Mateus 5:9, Romanos 8:14, 19; Gálatas 3:26) e, como já visto, como “filhos e filhas” de Deus (2 Coríntios 6:18).
De fato, eles são descritos em 1 Pedro 1:23 como “sendo de novo gerados, não de semente corruptível [grego sperma—isto é, não de uma célula fecundada pelo esperma masculino no óvulo feminino para gerar apenas uma vida mortal perecível], mas da [semente] incorruptível, pela palavra de Deus, viva e que permanece para sempre”.
Esta vida incorruptível e imperecível para a qual são guiados pelas Escrituras vem do ato de Deus inseminar o Seu Espírito Santo dentro deles, pois “somente o Espírito Santo dá a vida eterna” (João 6:63, Bíblia Viva). De fato, o Espírito Santo, como poder de Deus, é o agente da concepção espiritual.
Observe novamente as palavras de Paulo em Romanos 8:16: “O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus”. E através desse Espírito torna-se possível sermos “participantes da natureza divina” (2 Pedro 1:4), a própria natureza de Deus.
Voltando ao livro de Hebreus, devemos compreender que a linguagem de ser gerado por Deus, embora não empregada aos anjos, é aplicável não apenas a Jesus Cristo, mas também aos Seus seguidores. Quanto aos “anjos”, a Bíblia diz que “são espíritos que servem a Deus, os quais ele envia para ajudar os que vão receber a salvação” (Hebreus 1:14, BLH).
Estes seres humanos convertidos são filhos de Deus, irmãos de Cristo que, como Ele, são gerados de Deus. Como foi-nos dito, Cristo trará “muitos filhos à glória . . . Porque, assim o que santifica como os que são santificados, são todos de um [isto é, do mesmo Pai ou da mesma família, como menciona outras traduções]; por cuja causa não se envergonha de lhes chamar irmãos” (Hebreus 2:10-11).
Jesus foi o “primogênito entre muitos irmãos” (Romanos 8:29). Estes seres humanos devem ser “nascidos do Espírito” (João 3:6) para se tornar semelhantes a Ele, que agora, como um “espírito vivificante” (1 Coríntios 15:45), senta-se “à direita de Deus” (Hebreus 10:12).
Na verdade, eles vão ainda juntar-se a Ele em glória como companheiros e “filhos da ressurreição” (Lucas 20:36)—Cristo é o “primogênito dentre os mortos” (Colossenses 1:18, Apocalipse 1:5).
Assim, deveria ser claro que esse Espírito possibilita aos cristãos se tornarem, realmente e literalmente, filhos de Deus através da regeneração espiritual—sendo gerados de novo através do Espírito Santo para uma nova vida. Então, Deus realmente está Se reproduzindo em nós segundo Seu “género” [ou ‘espécie’], como implica Gênesis 1—não apenas como modelos físicos em carne, mas como entidades espirituais, como Ele mesmo (João 4:24). Certas pessoas leem alguns versículos dizendo que os cristãos são filhos adotivos de Deus e não Seus filhos regenerados de verdade, mas isso é baseado em um mal-entendido (para saber mais, leia a secção ‘Adoção ou Filiação?’ no nosso livro de estudo bíblico gratuito entitulado ‘Qual é o Seu Destino?’).
Seremos como Jesus Cristo
Ao reconhecermos que somos criados à imagem de Deus e que seguiremos os passos de Cristo em glória futura, vamos dar mais atenção ao que isso implica. Quando tudo estiver dito e feito, como seremos completamente como Deus?
O propósito de Deus é de nos fazer totalmente como Jesus Cristo! Em Efésios 4 Paulo deixa isso claro. Ele explica que os membros da Igreja de Deus são para “que todos cheguemos... à medida da estatura completa de Cristo” (versículo 13). E Paulo comenta em Gálatas 4:19: “Meus filhinhos, por quem de novo sinto as dores de parto, até que Cristo seja formado em vós”. Isso expressa o mesmo conceito com palavras diferentes.
Você consegue vislumbrar o significado do que Paulo está dizendo nessa explicação de que teremos a plenitude de Cristo? Nós podemos nos tornar total e completamente como Jesus Cristo, com Seu caráter formado em nós. Mas isso não é tudo!
Como vimos, Jesus, o Filho de Deus, também é Deus, o Filho. Ele é Deus, juntamente com Deus, o Pai—dois Seres divinos distintos, mas unidos em uma completa unicidade.
Como Jesus é o Filho de Deus, nosso destino também é sermos filhos imortais de Deus. É claro que Jesus é Filho de Deus de um modo único, como vimos. Ao contrário de nós, Ele era o Verbo divino de Deus desde a eternidade com o Pai (João 1:1). No entanto, o Novo Testamento declara que Jesus é, como também vimos, “o primogênito entre muitos irmãos” (Romanos 8:29) e deixa claro que seus seguidores também são filhos de Deus.
O apóstolo João explica o que isso significa, em última instância: “Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus . . . Amados, agora, somos filhos de Deus, e ainda não se manifestou o que haveremos de ser. Sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele, porque haveremos de vê-lo como ele é” (1 João 3:1-2, ARA).
Com a nossa mente humana finita e limitada em compreensão, não podemos saber tudo o que há para saber sobre Deus. Também não podemos compreender plenamente o que significa ser seres espirituais divinos e glorificados como são Deus Pai e Jesus Cristo. Mas nós temos essa promessa—que os seres humanos iniciados na família que Deus está criando acabarão por serem glorificados a seres espirituais, como Jesus Cristo ressuscitado (Filipenses 3:20-21), que reina sobre o universo em Seu estado glorificado à direita de Deus Pai!
Isto é o que se entende pela descrição de Daniel sobre o futuro onde as pessoas justas “resplandecerão . . . como as estrelas, sempre e eternamente” (Daniel 12:2-3). Os seres humanos ressuscitados para a vida eterna serão como Jesus Cristo glorificado!
Mas o que isso realmente significa? Vamos entender alguns pontos cruciais. Considere que os filhos humanos são como seus pais, irmãos e irmãs. Eles são todos do mesmo género de seres—seres humanos. Da mesma forma, finalmente, os filhos de Deus vão ser como Ele e como Jesus Cristo, Seu irmão divino.
Jesus Cristo, Deus, o Filho, é como Deus, o Pai—com o mesmo tipo de glória e poder. Essas passagens das Escrituras nos dizem que os outros filhos de Deus, sendo glorificados quando ressuscitados, serão como o Pai e Cristo! Eles serão do mesmo género de seres, como o Pai e Cristo—seres divinos, por mais incrível que possa parecer!
O potencial impressionante de qualquer pessoa, tal como mostra a Palavra de Deus, parece tão incrível que a maioria das pessoas não consigem entender essa verdade bíblica quando a leem pela primeira vez. Embora, francamente declarada na Bíblia, as pessoas costumam passar despercebidas por ela. Na verdade, esse incrível futuro é todo o propósito e razão pelos quais Deus criou o homem. E é por isso que nascemos, por que existimos!
Infelizmente a crença na trindade tem cegado a milhões de pessoas para esta inspiradora verdade. A trindade apresenta Deus como três pessoas divinas que são, ao mesmo tempo, um—e como um grupo sempre fechado, nem mais nem menos. Este ensinamento antibíblico obscurece a admirável verdade de que Deus está aumentando Sua família! Essa família, que agora consiste do Pai e do Filho, vai crescer, como Hebreus 2:10 nos diz: “trazendo muitos filhos à glória”!
Vocês são deuses?
Vamos chegar ao cerne da questão. Os judeus da época de Jesus acusaram-NO de blasfêmia por afirmar ser o Filho de Deus: “Porque, sendo tu homem, te fazes Deus a ti mesmo” (João 10:33).
Observe Sua intrigante resposta: “Replicou-lhes Jesus: Não está escrito na vossa lei [no Salmo 82:6]: ‘Eu disse: sois deuses?’ Se Ele [Deus] chamou deuses àqueles a quem foi dirigida a palavra de Deus, e a Escritura não pode falhar, então, daquele a quem o Pai santificou e enviou ao mundo, dizeis: Tu blasfemas; porque declarei: sou Filho de Deus?” (João 10:34-36, ARA).
Em outras palavras, Cristo disse: “Se a Escritura sem qualquer reserva chama os seres humanos de deuses, por que vocês estão incomodados quando eu apenas digo que sou Filho de Deus?”
No entanto, são os seres humanos realmente deuses? O que Ele quis dizer?
No Salmo 82:6, citado por Jesus, Deus diz para os seres humanos: “Eu disse: Vós sois deuses, e vós outros sois todos filhos do Altíssimo”. A chave aqui é a palavra filhos, assim como já vimos em outros versículos. Devemos entender que Deus é uma família—uma família divina de mais de uma pessoa. Como vimos neste livro, há um só Deus (a família de Deus) com mais de um Ser Divino.
Como explicado anteriormente, a família de Deus desde o início compreendia dois seres divinos—Deus e o Verbo, este último tornou-se carne dois mil anos atrás como o Filho de Deus, Jesus Cristo (João 1:1-3, 14). Depois da vida e morte de Jesus como humano, Ele ressuscitou para uma existência divina espiritual, como o “primogênito dentre os mortos” (Colossenses 1:18) e “o primogênito entre muitos irmãos” (Romanos 8:29). Assim, Jesus foi espiritualmente nascido na ressurreição como o primeiro de muitos “irmãos” ou filhos que viriam depois.
Mais uma vez, como apontado no início deste capítulo, Atos 17:28-29 afirma que os seres humanos são “geração” de Deus (palavra grega genos que aqui significa “parentesco”, “raça”, “género”, “descendência” ou “família”). E como vimos a partir de Gênesis 1, o propósito de Deus ao criar o homem à Sua imagem e semelhança era de torná-lo de acordo com o “género de Deus”—assim, reproduzir-Se através da humanidade.
O Salmo 82 é muito mais fácil entender à luz dessa verdade. No versículo 6 a palavra deuses é equiparada a “filhos do Altíssimo”. Isso faz todo o sentido. Quando um ser gera filhos, seus descendentes são do seu mesmo género de seres. Os filhotes de gatos são gatos. Os filhotes de cães são cães. A descendência de seres humanos são seres humanos. A descendência de Deus são, nas palavras do próprio Cristo, “deuses”.
Mas devemos ter cuidado aqui. Seres humanos não são literalmente deuses—pelo menos, ainda não. Na verdade, inicialmente as pessoas não são literalmente filhos de Deus, exceto no sentido de que Ele criou a humanidade e a fez à Sua imagem e semelhança.
No Salmo 82, apesar de os seres humanos serem chamados de deuses—no sentido de serem descendência de Deus, com a intenção de vir a representá-LO em posições de autoridade e juízes em toda a terra—eles ainda são declarados como imperfeitos e sujeitos à corrupção e à morte. Então, eles são da família divina apenas em um sentido restrito.
Um exemplo disso é que o homem foi criado à imagem e semelhança de Deus em um nível físico e mortal, com domínio limitado, assemelhando-se a Deus, mas sem o Seu caráter divino e glória. Outro aspecto desta questão é que a humanidade tem o potencial final de se tornar definitivamente no mesmo género de seres que o Pai e Cristo são agora.
De fato, muitas vezes Deus “chama as coisas que não são como se já fossem” (Romanos 4:17)—olhando para o futuro e dando Seu propósito como já realizado. Surpreendentemente, o propósito de Deus é elevar os seres humanos desta existência carnal para o mesmo nível de existência divina espiritual que Deus tem, como veremos.
A caminho do resultado final—a glória divina
Isto envolve o processo mencionado anteriormente de reprodução espiritual em que Deus nos gera como Seus filhos. Na verdade, agora com um quadro mais completo do que Deus está fazendo, vamos rever isso por um momento. O processo espiritual de reprodução inicia-se com o Espírito de Deus se unindo ao nosso espírito humano. Mais uma vez: “O mesmo Espírito testifica com o nosso espírito que somos filhos de Deus “ (Romanos 8:16). Através dessa união milagrosa, nós nos tornamos “participantes da natureza divina” (2 Pedro 1:4).
Assim, o cristão gerado pelo Espírito é um filho de Deus, um membro real da família de Deus (Efésios 2:19)—mas ainda não no sentido final. Como crianças, ainda devemos passar por um processo de desenvolvimento nesta vida—um período de edificação do caráter divino, tornando-se mais e mais semelhante a Deus em nossa maneira de pensar e comportar. E no final desta vida, na ressurreição ao retorno de Cristo, os cristãos verdadeiros serão transformados em seres espirituais divinos, tal como o Pai e Cristo são.
Veja mais uma vez esta surpreendente verdade registrada pelo apóstolo João: “Amados, agora somos filhos de Deus, e ainda não é manifesto o que havemos de ser. Mas sabemos que, quando ele se manifestar, seremos semelhantes a ele; porque assim como é o veremos” (1 João 3:2).
Na verdade, expandindo mais o assunto, nos é dito em numerosas passagens da Escritura que vamos receber a glória divina do Pai e de Cristo: “O Deus que tem por nós um amor sem limites e que chamou vocês para tomarem parte na sua eterna glória” (1 Pedro 5:10, BLH, ver também Romanos 5:2; 2 Coríntios 3:18; 1 Tessalonicenses 2:12; 2 Tessalonicenses 2:14; Colossenses 1:27; Hebreus 2:10).
Além disso, como co-herdeiros com Cristo, receberemos domínio sobre todas as coisas, incluindo o vasto universo todo—domíno tal como Cristo tem (comparar Romanos 8:17, Hebreus 1:1-3; 2:5-9; Apocalipse 21:7 ). Para realmente exercer domínio sobre todas as coisas―incluindo as ferozes fusões termonucleares de 50 bilhões de trilhões de sóis, e de cada partícula subatômica de cada átomo de cada molécula na expansão cósmica—requer o poder onipotente de Deus.
E o que dizer de nossas mentes? Como seres humanos, não poderíamos contar todas as estrelas do universo, a um por segundo, num trilhão de vidas. Mas Deus, como observa uma passagem, diz que Ele conhece todas as estrelas pelo nome (Salmo 147:4). Incrivelmente, Paulo afirma: “Agora, conheço em parte, mas, então, conhecerei como também sou conhecido [isto é, por Deus]” (1 Coríntios 13:12), mostrando que vamos possuir a onisciência de Deus. E por que não, pois teremos o Espírito Santo, a mente de Deus, em cheio!
Considere o seguinte: os seres humanos convertidos possuírão um dia a natureza divina, a glória divina, e poder completo sobre a criação, compartilhando o conhecimento infinito de Deus. Tudo isto requer nada menos do que divindade!
Na verdade, nessa ocasião, como Jesus, finalmente vamos ser “cheios de toda a plenitude de Deus” (Efésios 3:19; comparar Colossenses 1:19; 2:9). Como alguém pode ser “cheio de toda a plenitude de Deus” e ser menos que o que Deus é? Portanto, na nossa transformação final, também seremos divinos—embora o Pai e Cristo sempre serão maiores do que nós em autoridade e majestade.
A doutrina da deificação
Esta verdade bíblica certamente será um choque para aqueles que sempre tiveram a visão tradicional do Cristianismo dominante em relação à recompensa final dos justos. No entanto, aqueles que talvez sejam rápidos em atacar este ensinamento podem ficar ainda mais surpreendidos ao saber que muitos dos primeiros “padres da igreja” da tradição dominante—não muito além dos primeiros ensinamentos apostólicos e antes que a doutrina da trindade se enraizasse—compreendiam essa incrível verdade, pelo menos em parte. E referências sobre isso, às vezes, são vistas até hoje.
Observe nos parágrafos 398 e 460 do atual Catecismo da Igreja Católica [Catechism of the Catholic Church] (1995), as fontes das notas de rodapé estão entre parênteses:
“Criado em um estado de santidade, o homem estava destinado a ser plenamente ‘divinizado’ por Deus na glória [mas pecou] . . .
“O Verbo se fez carne para nos fazer ‘participantes da natureza divina’ [2 Pedro 1:4]: ‘Para isso é que o Verbo se fez homem e o Filho de Deus tornou-se Filho do homem: para que o homem, ao entrar em comunhão com o Verbo e recebesse assim a filiação divina, pudesse se tornar um filho de Deus’ [Irineu (segundo século), Contra as Heresias [Against Heresies] Livro 3, cap. 19, seção 1].
“‘Porque o Filho de Deus se fez homem para que nos tornássemos como Deus’ [Atanásio (quarto século), Acerca da Encarnação do Verbo [On the Incarnation of the Word], cap. 54, seção 3]. ‘O Filho unigênito de Deus, querendo nos tornar participantes da Sua divindade, assumiu nossa natureza, de modo que, feito homem, pudesse tornar os homens deuses’ [Tomás de Aquino (século XIII), Opusculum 57, palestras 1-4]” (págs. 112, 128-129, grifo nosso).
Este ensino é ainda mais predominante na tradição ortodoxa oriental, onde é conhecido pelo termo grego theosis, que significa “divinização” ou “deificação”. É totalmente diferente do conceito da Nova Era de absorção na consciência universal ou nos vermos agora como inerentemente divinos. Observe a explicação notável do teólogo Tertuliano, escrevendo por volta do ano 200:
“Seria impossível que outro Deus pudesse ser admitido, quando não é permitido a nenhum outro ser possuir algo de Deus. Bem, então, você poderia dizer, nesse caso nós não possuímos mesmo nada de Deus. Mas na verdade possuímos, e continuaremos a possuir. Só que é dEle que recebemos isso, e não é de nós.
“Pois, nós ainda seremos deuses, se merecemos estar entre aqueles de quem Ele declarou: ‘Eu disse: Vocês são deuses’ [Salmos 82:6], e ‘Deus está na congregação dos deuses’ [Salmos 82:1]. Mas isso vem da Sua própria graça, não de qualquer propriedade em nós. Pois somente Ele é quem pode nos tornar deuses” (Contra Hermógenes [Against Hermogenes], cap. 5, Pais Anti-Nicenos [Ante-Nicene Fathers], vol. 3, pág. 480, citado em “Deificação do Homem” [Deification of Man], David Bercot, editor, Um Dicionário de Crenças dos Primeiros Cristãos [A Dictionary of Early Christian Beliefs], 1998, pág. 200).
Na verdade, esta era a visão comumente aceita durante os primeiros séculos cristãos (veja nosso livro gratuito Qual é o Seu Destino? para saber mais sobre isso).
Apesar deste entendimento, alguns dos teólogos de data posterior a este período inicial estavam-se desviando para o trinitarianismo em vias de desenvolvimento. No entanto, os teólogos primitivos não demonstraram nenhum indício de ideias trinitárias. Considere esta afirmação notável do bispo Irineu, no segundo século, que foi ensinado quando jovem por um discípulo do apóstolo João: “Não há nenhum outro chamado Deus pelas Escrituras, senão o Pai de todos e o Filho, e aqueles que possuem a adoção [ou seja, a filiação como filhos de Deus]” (Contra as Heresias [Against Heresies], Livro 4, prefácio).
Então, ao invés de um Deus trinitário em três pessoas—Pai, Filho e Espírito Santo―Irineu proclamou um Deus que inclui o Pai, o Filho e um grande número de outros filhos trazidos para a glória (crentes transformados).
Autores mais recentes também vislumbraram a verdade bíblica sobre o destino do homem. Observe estas palavras notáveis de C.S. Lewis, talvez o escritor cristão mais popular do século passado:
“O mandamento Sede perfeitos [Mateus 5:48] não é uma palavra vazia e idealista, nem uma ordem para que o ser humano realize o impossível. Ele vai nos transformar em criaturas capazes de obedecer a esse mandamento. Na Bíblia, Ele disse que somos “deuses”, e será fiel às suas palavras.
“Se O deixarmos agir—pois podemos impedi-lo, se quisermos—Ele fará do mais fraco e do maior pecador entre nós um deus ou uma deusa, uma criatura luminosa, radiante e imortal, tomada por uma pulsação tal de energia, alegria, sabedoria e amor que agora somos incapazes de imaginar; um espelho claríssimo e sem mácula que reflete perfeitamente ao próprio Deus (embora, como é óbvio, numa escala menor) o seu poder, sua bondade e sua felicidade infinita. O processo será longo e, às vezes, muito doloroso, mas é nesse processo que entramos―nada menos do que isso. Ele estava falando sério” (Cristianismo Puro e Simples, Martins Fontes, 2005, págs. 69-70).
O supremo relacionamento familiar
É óbvio, este assunto requer alguns esclarecimentos importantes. O ensino bíblico não é que nós, de alguma forma mística, nos tornamos um ser único com Deus, perdendo a nossa identidade individual. A realidade é que Deus é uma família. E assim como os membros individuais de uma família humana são entidades distintas com identidades exclusivas, assim será na família de Deus.
No entanto, através do Espírito de Deus os membros da família de Deus compartilharão uma união especial de propósito, mente e natureza, que vai muito além da união e identidade comum possível dentro da família humana. Esta união já existe entre Deus Pai e Jesus Cristo. A doutrina da trindade define a união deles em termos de singularidade do ser. Mas isso está claramente errado.
Há de fato um só Deus, mas esse Deus é uma família—com outros membros a serem acrescidos a essa família. O termo deuses em referência ao nosso destino é realmente significativo para distinguir a multiplicidade de seres em Deus que constituem a única família de Deus. Mais uma vez, existem atualmente dois membros completamente divinos da família de Deus—dois Seres distintos—Deus o Pai e Deus o Filho, Jesus Cristo. E, por incrível que pareça, haverá mais filhos por vir.
Como visto anteriormente, Deus declarou: “Eu serei para vós Pai, e vós sereis para mim filhos e filhas, diz o senhor Todo-poderoso” (2 Coríntios 6:18). E Ele quer dizer isso mesmo. O Pai tem a intenção de nos regenerar como Seus filhos completamente, para nos transformar exatamente no género de seres que Ele e Cristo são agora—seres de glória e majestade tão incríveis a ponto de ser além da nossa limitada compreensão e inteligência humana!
Embora os seres humanos serão realmente elevados a esse incrível nível de existência divina como verdadeiros filhos de Deus e membros plenos da Sua família, mas, é claro, eles nunca serão tão grandes em majestade e autoridade como Deus Pai e Jesus Cristo. O Pai e o Filho não foram criados, são sempiternos, vivendo eternamente ao longo do tempo e sem começo. E há somente um Salvador, em cujo nome podemos receber o dom divino da vida eterna (Atos 4:12), estabelecendo-O nessa posição para sempre.
Obviamente, aqueles que entram nessa família como filhos de Deus glorificados e imortais nunca desafiarão, individual ou coletivamente, a preeminência do Pai e de Cristo como líderes dessa família. Verdadeiramente, todos estarão sujeitos a Jesus, exceto o Pai, a quem o próprio Cristo se sujeitará (conforme 1 Coríntios 15:24-28). O Pai e Jesus Cristo vão permanecer no cargo mais alto da família para sempre, reinando supremos, mesmo com o acréscimo de milhares de milhões de filhos divinos.
Então, é por isso que você e eu nascemos! É o potencial destino final de toda a humanidade. É o propósito inspirador para o qual fomos criados. Como Jesus citou, prevendo o nosso destino alcançado: “Eu disse: Vocês são deuses”. Nosso futuro não pode ficar maior ou melhor do que isso!
Perante esta maravilhosa e abrangente verdade a doutrina da trindade é desvendada de qualquer inspiração e completamente arruinada! Infelizmente, as distorções da doutrina trinitária escondem o que Deus revelou sobre a Sua natureza e nosso incrível futuro—distorcendo ou obscurecendo a verdade com erros flagrantes. De fato, a trindade nega a maior verdade que podemos saber—que Deus é uma família em crescimento da qual podemos ser parte.
Realmente é uma grande tragédia o mundo cristão ter adotado essa gigantesca fraude advinda da religião e filosofia pagãs. Felizmente, a verdade de Deus é clara para aqueles que têm olhos para ver. Apesar de a verdade não ser incompreensível como a trindade, ela nos surpreende—de uma forma muito positiva—pela imensidão e grandeza em seu âmbito de aplicação. Esperamos que você possa agarrar-se ao destino deslumbrante e glorioso que Deus tem prometido em Sua Palavra!