O Que Está Errado Com Nossa Natureza Humana?
Está claro que eles não tinham inclinação para o mal. Mas, ao descrever como boa a Sua criação, Deus não quis dizer que Adão e Eva eram inerentemente bons ou estavam inclinados a optar por viver no caminho de Deus. Inicialmente, eles não tinham feito qualquer escolha racional em termos do bem e do mal. O modo de pensar e o comportamento deles eram neutros—um estado às vezes referido como tábula rasa, ou “lousa limpa”.
Como seres humanos de carne e sangue, eles tinham instintos físicos e interesses materiais comuns a toda humanidade. Eles tinham desejos de autopreservação, de prazeres físicos, de ser apreciados, de aprender e de melhorar suas situações. Eles também eram naturalmente curiosos e buscavam evitar o aborrecimento ou, inversamente, o esforço demasiado. O foco no eu em tais características não era inerentemente pecaminoso. Mas esse foco auto-orientado pode levar ao pecado, se contrariar a direção e as instruções de Deus.
Então, Satanás entrou em cena, o diabo em forma de uma serpente, e não perdeu tempo em tentar os primeiros seres humanos para que pecassem. Ele enganou a Eva para que comesse o fruto que Deus tinha proibido, aproveitando o seu desejo de experimentar esse fruto apetitoso, tornar-se sábia e melhorar sua vida. Suas fraquezas físicas e carnais—incluindo sua total ingenuidade—tornaram mais fácil ao diabo enganá-la. Adão não foi enganado, mas, de qualquer maneira, ele se submeteu às maquinações de Satanás através de Eva—aparentemente para manter o seu vínculo com ela (Gênesis 3, 1 Timóteo 2:14).
Assim, Adão e Eva definiram um padrão que toda a raça humana, que surgiria deles, iria seguir—aceitar o governo e a influência de Satanás, em vez de seguir a Deus.
Seguindo os passos de Adão e Eva
A partir daí, os seres humanos seriam levados a perseguir o egoísmo e se rebelar contra os mandamentos de Deus. As crianças nasceriam com uma natureza neutra—tábula rasa— mas sob a influência de Satanás num mundo em que todas as pessoas foram enganadas para seguir, involuntariamente, a ele e seus caminhos, todas as crianças rapidamente desenvolveriam a natureza orientada ao egoísmo dessa sociedade corrompida e de toda a cultura humana ao seu redor.
A tendência dos seres humanos a exaltar o eu e desobedecer a Deus é conhecida como natureza humana, referida na Bíblia pelos termos “carnal”, “inclinação da carne”, “concupiscências da carne”, “vontade da carne” e semelhantes—que significa o egoísmo como principal motivação ao invés de um desejo de obedecer e agradar a Deus.
Mas, novamente, Deus não criou os seres humanos com esta natureza egoísta e nem as crianças nascem com ela. Todos nós somos vítimas da influência de Satanás. Na realidade, Satanás implantou sua própria natureza corruptaem toda a raça humana (exceto que ele mesmo não tem fraquezas carnais já que ele é um ser espiritual).
A Bíblia descreve Satanás como o mestre manipulador da natureza humana. A nossa fraqueza, associada com a influência do diabo, conduziu todo o mundo ao pecado (Apocalipse 12:9). Paulo diz que “o deus deste século cegou os entendimentos dos incrédulos, para que lhes não resplandeça a luz do evangelho” (2 Coríntios 4:4).
Por causa disso, nossa natureza humana carnal muitas vezes é referida como natureza pecaminosa, alguns têm a impressão de que isso é apenas um problema de algumas pessoas— daqueles que são pecaminosos. Mas o fato é que esta natureza é um problema de todas as pessoas. Sem dúvida, sendo Jesus Cristo a única exceção, “todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Romanos 3:23).
O apóstolo Paulo, citando várias passagens do Antigo Testamento, resume assim a triste condição espiritual da raça humana: “Não há um justo, nem um sequer. Não há ninguém que entenda; não há ninguém que busque a Deus. Todos se extraviaram e juntamente se fizeram inúteis. Não há quem faça o bem, não há nem um só. A sua garganta é um sepulcro aberto; com a língua tratam enganosamente; peçonha de áspides está debaixo de seus lábios; cuja boca está cheia de maldição e amargura. Os seus pés são ligeiros para derramar sangue. Em seus caminhos há destruição e miséria; e não conheceram o caminho da paz. Não há temor de Deus diante de seus olhos” (Romanos 3:10-18).
A influência de Satanás sobre toda a humanidade
Paulo lembra aos discípulos fiéis de Cristo que “noutro tempo, andastes, segundo o curso deste mundo, segundo o príncipe das potestades do ar, do espírito que, agora, opera nos filhos da desobediência; entre os quais todos nós também, antes, andávamos nos desejos da nossa carne, fazendo a vontade da carne e dos pensamentos; e éramos por natureza filhos da ira, como os outros também” (Efésios 2:2-3). Isso demostra que Satanás “emite ondas” de atitudes corruptas e pecaminosas para as mentes humanas.
No entanto, mesmo sendo tão poderosa a sua influência, devemos entender que o diabo não pode nos forçar a pecar. Ele simplesmente vem nos seduzindo, ao longo do tempo, através de nossas fraquezas carnais e do modo errôneo de pensar. Veremos alguns aspectos de nossa natureza que são facilmente manipulados por Satanás.
Primeiro, os nossos desejos carnais e egoístas frequentemente nos trazem problemas: “As coisas que a natureza humana produz são bem conhecidas. Elas são: a imoralidade sexual, a impureza, as ações indecentes, a adoração de ídolos, as feitiçarias, as inimizades, as brigas, as ciumeiras, os acessos de raiva, a ambição egoísta, a desunião, as divisões, as invejas, as bebedeiras, as farras e outras coisas parecidas com essas. Repito o que já disse: Os que fazem essas coisas não receberão o Reino de Deus” (Galátas 5:19-21, BLH).
Paulo descreve graficamente os efeitos dos desejos carnais no comportamento humano. “Por isso Deus os entregou à impureza sexual, segundo os desejos pecaminosos do seu coração, para a degradação do seu corpo entre si . . . Além do mais, visto que desprezaram o conhecimento de Deus, ele os entregou a uma disposição mental reprovável, para praticarem o que não deviam. Tornaram-se cheios de toda sorte de injustiça, maldade, ganância e depravação”.
“Estão cheios de inveja, homicídio, rivalidades, engano e malícia. São bisbilhoteiros, caluniadores, inimigos de Deus, insolentes, arrogantes e presunçosos; inventam maneiras de praticar o mal; desobedecem a seus pais; são insensatos, desleais, sem amor pela família, implacáveis. Embora conheçam o justo decreto de Deus, de que as pessoas que praticam tais coisas merecem a morte, não somente continuam a praticá-las, mas também aprovam aqueles que as praticam” (Romanos 1:24, 28-32, NVI).
Segundo, a nossa astúcia natural, inclusive o autoengano, é uma das maiores fraquezas da mente carnal. “Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?” (Jeremias 17:9-10).
Por estarmos sujeitos à influência de Satanás, naturalmente nós procuramos justificar a nossa cobiça, os nossos desejos pecaminosos e os comportamentos surgidos daí. Nós mesmos nos enganamos ao acreditar que os nossos desejos são naturais, por isso não são assim tão maus. Mas a Palavra de Deus lembra-nos que “há caminho que parece direito ao homem, mas o seu fim são os caminhos da morte” (Provérbios 14:12; 16:25). A morte é o resultado final de se viver nesse caminho errado (Romanos 6:23).
Terceiro, sob a influência de Satanás, nós temos uma tendência natural de nos ressentir quando temos os nossos desejos carnais limitados por regras, mesmo que sejam de Deus. Paulo explica: “Quem vive segundo a carne tem a mente voltada para o que a carne deseja; mas quem vive de acordo com o Espírito, tem a mente voltada para o que o Espírito deseja. A mentalidade da carne é morte, mas a mentalidade do Espírito é vida e paz; a mentalidade da carne é inimiga de Deus porque não se submete à Lei de Deus, nem pode fazê-lo. Quem é dominado pela carne não pode agradar a Deus” (Romanos 8:5-8, NVI).
Nós concluímos destas e doutras passagens que Satanás é um manipulador e enganador poderoso que se aproveita da nossa natureza egocêntrica persuadindo-nos a ceder ainda mais às nossas necessidades e desejos humanos do que normalmente deveríamos. Mas nós também contribuímos para tudo isso. Sem a influência positiva do Espírito de Deus, nossa principal tendência é servir a nós mesmos e resistir a viver de acordo com todas as instruções bíblicas de Deus.
Por causa disso, Paulo adverte: “Se viverdes segundo a carne, morrereis; mas, se pelo espírito mortificardes as obras do corpo, vivereis. Porque todos os que são guiados pelo Espírito de Deus, esses são filhos de Deus” (Romanos 8:13-14). Precisamos da guia do Espírito de Deus para nos ajudar a libertarmo-nos da natureza egoísta, que desenvolvemos sob a influência de Satanás, e para, ao invés disso, desenvolver uma natureza divina.