A Maldição da Inflação: Um Ponto de Vista Bíblico

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A Maldição da Inflação: Um Ponto de Vista Bíblico

Os preços estão em alta — seja gasolina, alimento, eletricidade, móveis, etc. A inflação está atingindo fortemente o bolso das pessoas — especialmente nos Estados Unidos, mas também em outros países.

O problema é realmente pior do que se imaginava. A inflação real está muito acima da taxa de 7% relatada em números oficiais do governo dos Estados Unidos, pois mudaram os métodos de cálculo. Uma avaliação mais honesta do site shadowstats.com, que trata de estatísticas econômicas, revela que se a inflação fosse medida como era em 1990, a taxa seria de 12% — ou se calculada como em 1980, a taxa seria de 15%.

O desemprego também está em alta. As estatísticas do governo apontam para 3,4% em janeiro, mas também mudaram o método de cálculo que determina a taxa de desemprego. Surpreendentemente, se for usado um cálculo mais razoável de antes de 1994, atualmente o desemprego nos Estados Unidos está em torno de 25%!

Outra faceta sombria das perspectivas financeiras é o endividamento das famílias nos Estados Unidos, que pela primeira vez ultrapassou quinze trilhões de dólares no terceiro trimestre de 2021. E em janeiro de 2022 a dívida pública dos Estados Unidos ultrapassou os impressionantes trinta trilhões de dólares e, em parte, por causa de um perigoso experimento de impressão de dinheiro que está causando um aumento da inflação.

Mas o que está acontecendo? Enfim, aonde isso vai nos levar?

O fascínio pela teoria monetária moderna

Na última década, a impressão de moeda pelo banco central dos Estados Unidos tem sido de forma desenfreada. E dizem para ninguém se preocupar com as repercussões dessa enorme emissão de moeda e a dívida associada a ela por causa do novo canto da sereia da economia, a Teoria Monetária Moderna (MMT, sigla em inglês).

Em uma publicação do instituto American Enterprise Institute National Affairs, o economista Jonathan Hartley explicou: “A característica definidora da MMT — e o que a distingue das teorias econômicas mais estabelecidas e tradicionais — é sua insistência de que, desde que a dívida de um governo seja em sua própria moeda, não há limite para o endividamento monetário do Estado. Em outras palavras, a dívida pública é irrelevante; o banco central de tal país sempre pode evitar a inadimplência imprimindo mais moeda. Essa impressão de moeda, argumentam ainda os defensores da MMT, pode continuar sem nenhuma consequência inflacionária” (“The Weakness of Modern Monetary Theory” [A Falha da Teoria Monetária Moderna, em tradução livre], outono de 2020).

E isso atrai principalmente aqueles que desejam financiar uma infinita variedade de programas governamentais dispendiosos, que tem tido mais aceitação pelo fato de ter conseguido impulsionar a economia durante os lockdowns da Covid-19. Embora essa teoria possa ser conveniente, Hartley segue dizendo: “As alegações centrais da MMT sobre a inocuidade de déficits, dívidas e enorme emissão de moeda além de serem completamente falsas, elas também são extremamente perigosas” (grifo nosso).

Ele observa que os Estados Unidos, devido sua grandeza, riqueza econômica e ao dólar, que tem servido como moeda de reserva mundial, são capazes de emprestar enormes somas de dinheiro. Mas, em última análise, isso reflete em todos que possuem dólares — tanto nos Estados Unidos quanto em todo o mundo. Eventualmente, quando os investidores, “deixarem de acreditar que o governo seja solvente, se recusarão a comprar seus títulos ou fazer-lhe empréstimos a taxas de juros administráveis”. Os Estados Unidos ainda não chegaram a isso, mas aqueles que pedem gastos maciços e ilimitados estão levando paulatinamente a nação a esse ponto.

Durante anos, os economistas têm alertado que, se os Estados Unidos continuarem aumentando a oferta de moeda sem crescimento econômico e produtividade compatíveis, será inevitável que outras potências econômicas globais, como a União Europeia ou a China, decidam exigir que o dólar seja substituído, como moeda de reserva mundial, pelo euro ou pelo yuan chinês. Isso acarretaria enormes problemas econômicos nos Estados Unidos, inclusive o pesadelo da hiperinflação.

O roubo do governo

No início deste ano, foi relatado que “as empresas estadunidenses esperam ter que aumentar em média 3,4% os salários dos trabalhadores em 2022” (Rede CNBC, 18 de janeiro de 2022). Elas estão sendo forçadas a fazer isso para manter os trabalhadores, mas isso não chega nem perto de cobrir o índice de inflação. Semelhantemente, uma manchete do site Breitbart diz: “UK Wage Hikes Wiped Out to Zero by Soaring Inflation Rate” [A Inflação Alta Torna Sem Efeito O Aumento dos Salários no Reino Unido, em tradução livre] 18 de janeiro de 2022).

Através de políticas que geram inflação, na verdade, os governos estão roubando empresas e indivíduos. E como é isso? É realmente muito simples. A emissão de moeda de forma artificial faz diminuir o valor dos dólares em circulação. Portanto, praticamente tudo o que você compra vai custar mais — e, às vezes, muito mais.

E isso é assim tão ruim? Em 2020-2021, a oferta de moeda dos Estados Unidos disparou em 27%, o maior salto na história do país. E essa emissão foi muito maior do que nas crises anteriores, como na Grande Depressão (10%) e na Segunda Guerra Mundial (18%). Centenas de milhares de empresas fecharam as portas e dezenas de milhões de estadunidenses receberam auxílio financeiro para ficarem em casa em vez de ir trabalhar. O governo federal enviou cheques de auxílio para milhões de estadunidenses, até mesmo para presidiários. E agora todos os norte-americanos estão pagando o preço por isso.

Entre os mais atingidos por essa disparada da inflação estão aqueles que os governos nos asseguram que se dedicam a ajudar, ou seja, os pobres e os idosos. Mas como a maior parte da escassa renda deles vai para itens básicos como alimentos e serviços públicos, essa inflação é sobretudo devastadora para a situação financeira deles.

Além dessa grande emissão de moeda, que proporciona mais recurso aos governos, mas corrói o valor do seu dinheiro, os governos precisam manter as taxas de juros baixas para financiar essa enorme dívida que assumiram. Isso evita que os poupadores — especialmente aqueles que estão tentando preservar sua renda, como as pessoas que estão quase se aposentando — tenham algum rendimento com os juros e leva muitos a se arriscarem em investimentos mais perigosos apenas para manter estável sua renda ((“How the Fed Is Driving Savers to Riskier Investments" [Como o banco central dos Estados Unidos está Levando os poupadores para investimentos mais arriscados, em tradução livre], The Washington Post, 1º de julho de 2020).

A verdade é que todo o conceito de moeda fiduciária — moeda sem lastro em metal ou valor intrínseco — constitui o maior esquema de ladrões da história. Esse tipo de manipulação de moeda contraria as leis de Deus sobre ter pesos e medidas honestos (ver Deuteronômio 25:15; Provérbios 11:1; 16:11; 20:23).

Na Bíblia, Deus sempre condena o roubo e o maltrato dos pobres e necessitados (Êxodo 20:15; Levítico 19:11; Deuteronômio 24:14; Salmo 72:4; 82:4; Amós 8:4-6). E Ele adverte que o endividamento é um caminho para a escravidão (Provérbios 22:7).

O ex-presidente dos Estados Unidos, Thomas Jefferson, escreveu a seu amigo John Taylor em 28 de maio de 1816, que “o princípio de gastar dinheiro a ser pago pela posteridade, sob o nome de financiamento, não é mais do que enganar o futuro em grande escala”. Certamente, o aumento da dívida pública obriga as gerações futuras a pagar dívidas que nunca contraíram ou participaram delas. Mais uma vez, isso é mero roubo.

Faça o que puder para se preparar

A profecia bíblica adverte sobre as futuras convulsões econômicas e os problemas crescentes nas nações de língua inglesa e o colapso final do sistema financeiro mundial (leia nossos guias de estudo bíblico gratuitos Os Estados Unidos e a Inglaterra na Profecia Bíblica e O Livro de Apocalipse Revelado).

Ainda que, em alguns aspectos, tudo vai parecer se tratar apenas de ruídos — até chegar a calamidade (Mateus 24:38-43).

Faça o que puder para se preparar — e estar pronto (versículo 44). Como nos diz Provérbios 22:3 e 27:12: “O prudente antevê o perigo e toma precauções; o ingênuo avança às cegas e sofre as consequências” (Nova Versão Transformadora). É verdade que, humanamente falando, não podemos fazer muita coisa. Precisamos da ajuda de Deus. Jesus prometeu que, se buscássemos primeiramente o Reino de Deus e a justiça divina, nossas necessidades físicas seriam supridas — e que não ficaríamos desamparados (Mateus 6:25-34; comparar Salmos 37:25).

O fato preocupante é que todos nós estamos prestes a enfrentar um acerto de contas. Por isso, devemos levar a sério as advertências de Deus e fazer o que pudermos para nos preparar. Acima de tudo, devemos nos preparar espiritualmente (ver Mateus 25:1-13), e Deus cuidará de nós nesta era e na maravilhosa era vindoura, quando Suas leis — inclusive as leis econômicas divinas — finalmente serão seguidas em todo o mundo.