A Nova Aliança Invalidou Os Mandamentos de Deus?

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Muitos cristãos acreditam que as leis que Deus entregou à antiga Israel, sob a Antiga Aliança, estão obsoletas e, portanto, não precisam mais ser obedecidas. Mas, eles não deveriam seguir o perfeito exemplo de Jesus Cristo, que disse: “Se guardardes os Meus mandamentos, permanecereis no Meu amor, do mesmo modo que Eu tenho guardado os mandamentos de Meu Pai e permaneço no Seu amor”?

Talvez você esteja entre os cristãos que acreditam que, visto que vivem sob os termos da “Nova Aliança”, os Dez Mandamentos e outras leis que Deus ordenou ao povo da antiga Israel não são válidos atualmente. Mas, segundo a Bíblia, isso é verdade? Antes de responder a esta pergunta, seria importante primeiro definir o que é uma aliança. O dicionário descreve essa palavra como “um acordo, geralmente formal, entre duas ou mais pessoas para fazer ou não algo específico”.

Após o êxodo dos israelitas para o deserto do Sinai, saindo da escravidão no Egito, o patriarca Moisés informou-os do desejo de Deus de estabelecer uma aliança com eles (Êxodo 34:10). Deus tinha a intenção de abençoá-los, guiá-los e protegê-los se obedecessem aos Seus mandamentos e estatutos (Êxodo 20-23; Deuteronômio 11:1; 28:1-14). Como o povo reagiu depois que Moisés contou-lhes os termos dessa aliança? Eles disseram: “Tudo o que o SENHOR tem falado faremos e obedeceremos” (Êxodo 24:7, grifo nosso).

É importante observar que embora as leis de Deus fossem um componente fundamental da aliança sinaítica, elas não eram a própria aliança. Novamente, a aliança envolvia o compromisso de Deus de abençoar os israelitas se eles O obedecessem diligentemente. Mas por que Deus propôs essa aliança? Ele queria que Israel fosse Seu povo especial e desejava cumprir as promessas que havia feito aos fiéis antepassados deles, Abraão, Isaque e Jacó (Êxodo 19:5; Deuteronômio 7:6-8). Além disso, Ele queria que Israel se tornasse uma nação-modelo — mostrando a outras nações como elas também poderiam ser abençoadas se obedecessem aos Seus mandamentos (Deuteronômio 4:5-8).

O sistema sacrificial não modificou a aliança do Sinai

Mas o que aconteceu pouco depois de os israelitas concordarem com os termos dessa aliança? Infelizmente, eles falharam no compromisso de obedecer a Deus quando criaram e adoraram um falso deus — um bezerro de ouro (Êxodo 32:1-35; Ezequiel 16:59). Um ano depois desse incidente, Deus instituiu um sistema de sacrifícios e ofertas de animais para lembrar continuamente ao povo que o castigo pelo pecado era o derramamento de sangue. Além disso, os sacrifícios prefiguravam a futura morte sacrificial do Filho de Deus pelos pecados de toda a humanidade (1 Timóteo 2:5-6).

Gálatas 3:19 diz: “Qual era então o propósito da lei? Foi acrescentada por causa das transgressões, até que viesse o Descendente [isto é, Jesus Cristo] a quem se referia a promessa” (NVI). Essa “lei” que foi acrescentada não se refere aos mandamentos revelados anteriormente, mas a todo o sistema de rituais e ofertas sacrificiais (comparar Hebreus 10:1, 8).

E é importante entender que o estabelecimento do sistema sacrificial não alterou os termos da aliança do Sinai, uma vez que esta foi totalmente ratificada antes do incidente do bezerro de ouro. Como declara Jeremias 7:22-23: “Porque nunca falei a vossos pais, no dia em que vos tirei da terra do Egito, nem lhes ordenei coisa alguma acerca de holocaustos ou sacrifícios. Mas isto lhes ordenei, dizendo: Dai ouvidos à Minha voz, e Eu serei o vosso Deus, e vós sereis o Meu povo”.

Centenas de anos depois na história bíblica, o profeta Malaquias predisse a pregação de João Batista sobre a primeira vinda de Jesus Cristo: “‘Eis que Eu envio o Meu mensageiro [João], que preparará o caminho diante de Mim; e de repente virá ao seu templo o SENHOR, a quem vós buscais [Jesus Cristo]; e o Mensageiro da aliança, a quem vós desejais” (Malaquias 3:1, ACF). Hebreus 8:6 afirma ainda sobre Jesus: “Agora, com efeito, obteve Jesus ministério tanto mais excelente, quanto é Ele também Mediador de superior aliança instituída com base em superiores promessas” (ARA).

As falhas estão nas pessoas e não nas leis

Mas por que Cristo veio como arauto dessa aliança superior? O que havia de errado com a Antiga Aliança para que uma nova fosse necessária? A suposição comum entre muitos cristãos é que o problema era os mandamentos que Deus entregou aos israelitas. Mas as Escrituras revelam que essa suposição é incorreta. A verdadeira falha na Antiga Aliança não estava nas leis de Deus, mas no povo! Hebreus 8:7-8 diz: “Pois se aquela primeira aliança fosse perfeita, não seria necessário procurar lugar para outra. Deus, porém, achou o povo em falta e disse: "Estão chegando os dias, declara o Senhor, quando farei uma nova aliança com a comunidade de Israel e com a comunidade de Judá” (NVI).

A Antiga Aliança falhou porque os israelitas “não continuaram na Minha aliança, e Eu não atentei para eles, diz o Senhor” (Hebreus 8:9, ARA). Os israelitas não conseguiram cumprir com a aliança porque a obediência às leis de Deus não estava nos corações e mentes deles (Deuteronômio 5:29; 29:4). Como diz Romanos 8:6-7: “A mentalidade da carne é morte, mas a mentalidade do Espírito é vida e paz; a mentalidade da carne é inimiga de Deus porque não se submete à lei de Deus, nem pode fazê-lo” (NVI).

O que Deus fez para resolver esse problema? Ele decidiu invalidar Suas próprias leis? Será mesmo que, como alguns dizem, Jesus Cristo instituiu leis novas, diferentes e melhores? A resposta é absolutamente não! Em vez disso, Deus disse: “Porei Minhas leis em suas mentes e as escreverei em seus corações. Serei o Deus deles, e eles serão o Meu povo” (Hebreus 8:10, NVI).

A Nova Aliança não invalida os mandamentos de Deus, na verdade, torna-os uma parte importante das mentes e dos corações daqueles que aceitam o sacrifício de Cristo, se arrependem dos pecados e recebem o dom do Espírito Santo de Deus (Efésios 5:2; Atos 2:38). Através do poder do Espírito de Deus é que os indivíduos obedientes podem ter o desejo e a capacidade de compreender, valorizar e obedecer às leis de Deus — algo que os antigos israelitas não tinham. O fato de ter a mente imbuída do Espírito de Deus pode capacitar um indivíduo devotado a substituir seus pensamentos e atitudes prejudiciais por um desejo forte e sincero de amar e obedecer a Deus e preocupar-se sinceramente com os demais (Romanos 8:5-8; 2 Pedro 1:4).

“Não penseis que vim revogar a Lei”

A Nova Aliança é “mais excelente” e oferece “melhores promessas” (Hebreus 8:6) porque proporciona o perdão dos pecados através do sacrifício de Jesus, o Espírito Santo para capacitar a obediência e desenvolver o caráter divino e, por fim, a salvação e a vida eterna — algo não prometido na Antiga Aliança. Deus diz: “E vos darei um coração novo e porei dentro de vós um espírito novo; e tirarei o coração de pedra da vossa carne e vos darei um coração de carne. E porei dentro de vós o Meu espírito e farei que andeis nos Meus estatutos, e guardeis os Meus juízos, e os observeis” (Ezequiel 36:26-27).

Ao longo de Sua vida terrena, Cristo deu o exemplo perfeito de como as pessoas deveriam viver através de Sua plena e fiel obediência aos mandamentos de Seu Pai (João 14:21, 23). Ele veio para “engrandecer a lei e fazê-la gloriosa” (Isaías 42:21). Além disso, Jesus declarou abertamente: “Não penseis que vim revogar a Lei ou os Profetas; não vim para revogar, vim para cumprir. Porque em verdade vos digo: até que o céu e a terra passem, nem um i ou um til [as menores marcações escritas] jamais passará da Lei, até que tudo se cumpra” (Mateus 5:17-18, ARA).

Enfim, os mandamentos de Deus são descritos como “santos, justos e bons” (Romanos 7:12). Portanto, está muito claro que a Nova Aliança não anula as leis de Deus. Em vez disso, os cristãos precisam empregar diligentemente as palavras de Jesus Cristo, que disse em João 15:10: “Se guardardes os Meus mandamentos, permanecereis no Meu amor, do mesmo modo que Eu tenho guardado os mandamentos de Meu Pai e permaneço no Seu amor”.

Course Content

John LaBissoniere

John has served as an employee of the United Church of God in a variety of media-related responsibilities and as a senior writer for Beyond Today magazine.

He graduated with a Bachelor of Arts degree in Political Science at the University of Wisconsin in Milwaukee, Wisconsin in 1973. He also received a Bachelor of Arts degree in Theology at Ambassador College, Pasadena, California in 1978. John was ordained an elder in 1994 and serves in the Cincinnati, Ohio congregations.

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