O Declínio e a Queda das Nações: Uma Perspectiva Profética

11 minutos tempo de leitura

A antiga Babilônia caiu em uma noite depois de ter sido "pesada na balança e achada em falta”. Os impérios modernos podem cair assim tão rapidamente? A História e a Bíblia têm uma resposta!

O historiador de Harvard, Niall Ferguson, escreveu na edição de março-abril de 2010 da revista Foreign Affairs [Relações exteriores], uma apresentação analítica de como os impérios podem, rapidamente, colapsar e mergulhar no caos. Ao invés de um lento declínio ao longo dos séculos, Ferguson mostra que muitas nações grandes do passado foram destruídas em poucos anos. Embora aparentemente fortes e vibrantes, elas praticamente desapareceram da noite para o dia.

O conhecimento convencional presume que os desafios econômicos para o domínio global dos Estados Unidos são uma ameaça de longo prazo. Destaca-se, por exemplo, que sua própria demografia ao longo do tempo fará aumentar a dívida em proporções incontroláveis​​.

Ferguson cita previsões de que, a longo prazo, a economia da China ultrapassará em tamanho a dos Estados Unidos até 2027 ou 2040, e levanta a seguinte questão: "O que fazer se a história não for cíclica e lenta, mas arrítmica — às vezes quase parada, porém também sendo capaz de acelerar repentinamente, como um carro esportivo? E se o colapso não levar vários séculos, mas vir de repente, como um ladrão na noite?" ("Complexidade e Colapso", pág. 22).

Mudanças súbitas como um ladrão na noite

Um ladrão na noite? Soa bíblico! O Novo Testamento nos diz: "Mas, irmãos, acerca dos tempos e das estações, não necessitais de que se vos escreva; porque vós mesmos sabeis muito bem que o Dia do Senhor virá como o ladrão de noite. Pois que, quando disserem: Há paz e segurança, então, lhes sobrevirá repentina destruição, como as dores de parto àquela que está grávida; e de modo nenhum escaparão" (1 Tessalonicenses 5:1-3, ênfase adicionada).

O que a Bíblia diz sobre os eventos do fim dos tempos culminando no Dia do Senhor se aplica ao colapso repentino das nações e dos impérios poderosos ao longo da história.

Ferguson observa que o colapso da União Soviética se deu em um curto período de cinco anos, a partir do momento que Mikhail Gorbachev se tornou o secretário-geral do Partido Comunista Soviético. Embora a CIA superestimasse o tamanho da economia soviética, pois, os soviéticos tinham superioridade nuclear sobre os Estados Unidos. Parecia que a União Soviética continuaria a desafiar os Estados Unidos ainda por muitos anos.

"No entanto, em menos de cinco anos, após Gorbachev assumir o poder, o império soviético na Europa Central e Oriental havia caído, seguido pela própria União Soviética em 1991. Se alguma vez na história algum império despencou de um penhasco, em vez de declinar paulatinamente, esse foi o fundado por Lenin" (pág. 30).

A tese de Ferguson é que impérios são sistemas grandes e complexos que podem ser virados de cabeça para baixo em um breve espaço de tempo através da inserção de um único evento que está além da capacidade máxima que o sistema pode suportar. A falta de confiança no futuro de uma nação, mesmo sendo forte, pode ser esse evento. Quando as outras nações perdem a confiança na sustentabilidade de um modelo econômico, rapidamente os eventos podem ser postos em movimento para mudar o equilíbrio de poder.

Outros menores, e aparentemente insignificantes, acontecimentos podem desatar uma reação em cadeia levando à convulsão maciça. O assassinato do arquiduque austríaco Franz Ferdinand, em Junho de 1914 foi o estopim que acendeu o barril de pólvora da Primeira Guerra Mundial. Ninguém viu isso na época, mas rapidamente os eventos ficaram fora de controle e resultou em um conflito mundial.

Um exemplo da recente crise econômica

Temos o exemplo recente de como a complexa economia mundial passou por altos e baixos quando muitos americanos começaram a deixar de pagar, o que comumente são chamados de "empréstimos subprime". Porque milhares de grandes instituições financeiras dependem do desempenho desses empréstimos, eles, de repente, se viram falidos ou muito perto da falência. E a onda derrubou grandes casas financeiras de Wall Street e teve repercussões em toda a Europa e Ásia.

O sistema financeiro mundial se aproximou do colapso em uma semana de setembro de 2008. A economia global ainda está se recuperando. É uma lição sobre a rapidez com que os eventos, mesmo os relativamente pequenos, podem virar o mundo de cabeça para baixo.

Ferguson conclui observando que "os impérios se comportam como todos os complexos sistemas adaptativos. Eles funcionam em equilíbrio aparente por algum período desconhecido. E então, de forma brusca, entram em colapso... subitamente" (pág. 32).

O que Ferguson e outros historiadores normalmente deixam de fora da discussão é o que pode ser chamado de dimensão perdida nos assuntos mundiais. Essa dimensão perdida é a mão de Deus na ascensão e queda das grandes nações e impérios.

A Bíblia é uma crônica de antigas nações que ascenderam e descenderam conforme o plano e o propósito de Deus. O Egito, a Assíria, a Babilônia, a Pérsia, a Grécia e Roma — todas são mencionadas na narrativa. Todas desempenharam papéis centrais na interação com a nação de Israel e com a Igreja fundada por Jesus Cristo. Ainda hoje, as lições dos impérios contidos na Bíblia podem ser aplicadas quando observamos que o mundo moderno caminha para o que Cristo disse que seria o fim da era dos governos humanos.

A lição da antiga Babilônia

O livro profético de Daniel lista a Babilônia como o primeiro de uma sucessão de impérios que impactaria o mundo desde o tempo da queda de Jerusalém, nos dias de Daniel, até o fim da era atual de desgoverno humano. Daniel encontrava-se na sede do império lidando com sucessivos governantes, começando com Nabucodonosor. Ao explicar ao rei o significado do seu sonho, o profeta lhe disse que Deus "remove os reis e estabelece os reis" (Daniel 2:21).

Aqui está um crucial e primeiro princípio para se entender os assuntos mundiais. Deus determina o rumo das nações. Ele pode estabelecer ou remover um líder quando quiser. Isso não significa que Ele está envolvido nos assuntos cada pequena nação, quando estas não afetam o curso de seu plano. Mas, é evidente que Ele está envolvido em muitas coisas — as quais incluiem tudo que necessite atenção para que todas as profecias que Ele deu sobre várias nações e o mundo em geral sejam cumpridas. Muitas dessas profecias são advertências de julgamento.

A Babilônia encontrou-se diante da advertência profética de Deus na noite em que um subsequente governante, Belsazar, "deu um grande banquete" (Daniel 5:1). Este evento ocorreu quando os exércitos persas estavam reunidos fora dos portões da cidade. Durante o banquete dedos de uma mão de homem apareceram e escreveram na parede do palácio do rei (versículo 5). O rei Belsazar perturbou-se ao ver aquilo e ordenou que interpretassem o que estava escrito. A ordem chegou a Daniel, o único que poderia interpretar a escrita, então ele foi levado para a sala de banquete.

Daniel relatou algumas das coisas que o antigo governante, Nabucodonosor, tinha aprendido através de sua experiência com Deus, incluindo o fato de que "Deus, o Altíssimo, tem domínio sobre os reinos dos homens e a quem quer constitui sobre eles" (Daniel 5:21).

A interpretação de Daniel da escrita destaca outra dimensão fundamental nos assuntos mundiais. A mensagem na parede foi: "Contou Deus o teu reino e o acabou... e foste achado em falta... Dividido foi o teu reino e deu-se aos medos e aos persas" (Daniel 5:26-27).

É Deus quem decide quanto tempo um império pode permanecer e quando deve acabar. A chave é quando a nação e seu povo são "achados em falta" — não estando à altura. Em outras palavras, isso se refere ao pecado, à transgressão das leis de Deus e ao não reconhecimento do Deus da criação.

Os babilônios adoravam deuses falsos que não viam nem ouviam, nem sabiam de nada. Eles não reconheciam o "Deus, em cuja mão está a tua vida e todos os teus caminhos" (vers. 23). Praticamente, o problema deles era o mesmo que todas as outras grandes nações que surgiram e desapareceram ao longo da história: Eles não adoravam ao verdadeiro Deus. Eles praticavam o que a Bíblia chama de idolatria, adorando como Deus o que não é Deus. Até hoje temos o mesmo problema.

Naquela mesma noite os persas conquistaram a Babilônia e Belsazar foi morto. Como potência, a Babilônia acabou — absorvida pelo reino persa. A transição foi extremamente rápida, como um ladrão na noite.

A ascensão e queda da "Babilônia" moderna

Na Bíblia, "Babilônia" tem um significado que vai além de uma antiga cidade. A palavra também é usada para descrever um sistema religioso e político que tem raízes pagãs na Babilônia. Quando vamos ao livro de Apocalipse, vemos uma versão moderna desse antigo sistema dominando o cenário mundial. Apocalipse 17 mostra uma mulher sentada sobre uma besta escarlate com um nome em sua testa que diz: "MISTÉRIO, A GRANDE BABILÔNIA, A MÃE DAS PROSTITUIÇÕES E ABOMINAÇÕES DA TERRA" (versículo 5).

Esse sistema controla o mundo por um breve e significante tempo antes da vinda de Jesus Cristo. O mundo vai se iludir com uma sensação de paz e segurança provido por este sistema unido sob o disfarce de proteção e segurança.

Apesar de este sistema causar impacto no mundo inteiro, há sinais de que será fraco na sua fundação. Seu tamanho o tornará um sistema complexo. Muitas nações, etnias, culturas e línguas estarão em jogo. A tecnologia, por si só uma estrutura complicada e tênue, vai ajuntar a diversidade do mundo. Será uma mistura instável que, depois de uma breve supremacia, rapidamente vai se desemaranhar.

Apocalipse 17:16 mostra que o poder econômico e militar alinhado com essa Babilônia do fim dos tempos, profeticamente chamado de "besta", vai se transformar neste sistema simbolizado por uma mulher caída. E Apocalipse 18:8 nos diz: "Portanto, num dia virão as suas pragas: a morte, e o pranto, e a fome; e será queimada no fogo, porque é forte o Senhor Deus, que a julga... Pois numa hora veio o seu juízo" (Apocalipse 18:8-10).

Mais uma vez, o juízo vem rápido e inesperadamente. Se se trata de dias ou meses não está claro, mas provavelmente não será por muito mais tempo, dado o tempo da profecia neste período. Como a antiga Babilônia caiu em uma noite, vemos que a mudança repentina pode vir a uma nação mesmo quando a vida parece estar normal.

A advertência de Cristo para não sermos surpreendidos

Jesus Cristo disse que as pessoas estariam vivendo uma vida normal e seriam surpreendidas pelo acontecimento de importantes mudanças: "E olhai por vós, para que não aconteça que o vosso coração se carregue de glutonaria, de embriaguez, e dos cuidados da vida, e venha sobre vós de improviso aquele dia. Porque virá como um laço sobre todos os que habitam na face de toda a terra" (Lucas 21:34-35).

Mais uma vez, vemos a advertência de que os eventos vão ocorrer de repente, como um ladrão na noite. O que Niall Ferguson observou em seu artigo sobre o declínio e a queda das nações encontra respaldo na história e na profecia bíblica. Mas, há uma diferença. Ferguson e a maioria dos historiadores modernos enfocaram em dados demográficos e fatores econômicos. Como já salientado, eles geralmente deixam de fora a dimensão espiritual da intervenção de Deus.

Ignorar e negar a mão de Deus na história é perder o verdadeiro significado da história e dos acontecimentos do mundo atual. E negar a Deus é a cerne de todo declínio e queda.

O problema da idolatria

Nabucodonosor teve que aprender esta lição da maneira mais difícil. Ele olhou para o reino que governava e pensou que tudo tinha sido estabelecido e construído por sua sabedoria e astúcia. Como qualquer déspota da história, ele tinha muito orgulhoso de si mesmo, e quando estava examinando arrogantemente o esplendor da Babilônia, viu-se obrigado a encarar a realidade.

A Escritura diz que Ele enlouqueceu por sete anos. Seu estado mental fez dele um prisioneiro no seu próprio corpo, sem capacidade de agir ou de pensar racionalmente. E então, de repente, ele voltou ao normal e retomou sua posição no reino. Ele aprendeu uma lição — que o controle de Deus sobre os líderes e nações é um fator crítico nos assuntos mundiais. Os últimos versículos de Daniel 4, onde esta parte da história é contada, formam uma palavra final sobre o reinado de Nabucodonosor.

As palavras dos profetas, incluindo Jesus Cristo, ensina-nos a lição fundamental de que precisamos entender porque as nações podem, subitamente, entrar em colapso mesmo quando os sinais normais dizem o contrário. Que seja Israel, o povo escolhido de Deus, ou outro império, quando um povo falha em não reconhecer a Deus e cai em idolatria, colocando-se em primeiro lugar, se encontram em uma estrada a caminho do  colapso.

Esse colapso pode levar várias gerações, mas é inevitável, exceto se ocorrer um arrependimento nacional. A queda pode levar algumas décadas ou apenas alguns anos. Mas, quando o tempo de Deus tiver chegado, o que Ele predisse acontecerá.

É por isso que a situação atual das coisas no Estados Unidos e seu papel no mundo é tão crítico. Desde o fim da Segunda Guerra Mundial, o Estados Unidos tem sido o defensor do chamado "mundo livre". Seu escudo nuclear protegia a Europa durante a Guerra Fria, permitindo a recuperação das economias europeias. A Marinha do Estados Unidos manteve as rotas marítimas do mundo abertas ao comércio. Seus exércitos têm lutado contra o terrorismo, reagindo ao genocídio e dissuadindo a nações párias, como a Coréia do Norte e o Irã.

O aumento da dívida estadunidense, um dia — talvez muito em breve — fará com que ele abandone o papel histórico que tem desempenhado como um protetor global. Quando esse dia chegar, será um sinal de mudança, talvez um colapso, no papel dos Estados Unidos como uma superpotência. O que se seguirá, provavelmente, será rápido e repentino, "como um ladrão na noite".

Quando chegar o dia que o Estados Unidos e os países de língua inglesa renunciem ao seu papel histórico e biblicamente predito no mundo moderno, o mundo se tornará um lugar muito diferente.   BN

Course Content

Darris McNeely

Darris McNeely works at the United Church of God home office in Cincinnati, Ohio. He and his wife, Debbie, have served in the ministry for more than 43 years. They have two sons, who are both married, and four grandchildren. Darris is the Associate Media Producer for the Church. He also is a resident faculty member at the Ambassador Bible Center teaching Acts, Fundamentals of Belief and World News and Prophecy. He enjoys hunting, travel and reading and spending time with his grandchildren.