Vladimir Putin: A Ascensão de um Homem Poderoso

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Vladimir Putin: A Ascensão de um Homem Poderoso

Há muitos anos atrás, Vladimir Putin, cujo nome está se tornando sinônimo da própria Rússia, era um completo desconhecido.

A vida de Putin é uma história inquietante de alguém que passou, fortuitamente, a estar em todos os lugares certos na hora certa para fazer todas as coisas erradas para o seu país e o mundo.

Vladimir Putin nasceu em 1952 em um setor pobre de São Petersburgo, na Rússia (chamada Leningrado na época em que a Rússia liderou a União das Repúblicas Socialistas Soviéticas ou URSS). Ele era o único filho sobrevivente de pais que viviam num apartamento de um quarto. A Segunda Guerra Mundial havia terminado alguns anos antes. As forças nazistas da Alemanha de Hitler sitiaram esta cidade, fazendo com que 632 mil pessoas morressem de fome, inclusive seu irmão mais velho, Viktor, que ele nunca conheceu.

Entretanto, hoje em dia, por seu "serviço público", ele tem uma riqueza estimada entre quarenta e duzentos bilhões de dólares, mais do que o produto interno bruto de muitas nações. Ele é um dos homens mais ricos, se não o mais rico, do mundo. Putin é chefe de uma cleptocracia, um regime de líderes corruptos e ladrões, que exploram os cidadãos de seus próprios países e os recursos materiais para expandir sua riqueza pessoal e seu poder político. Grande parte da história é explicada no livro de Karen Dawisha, publicado em 2014, A Cleptocracia de Putin: Quem é Dono da Rússia?

Qual é a história por trás de Vladimir Putin? Sua história nos dá um vislumbre do tipo de liderança que, provavelmente, veremos cada vez mais no mundo nos próximos anos.

Da espionagem à corrupção no gabinete do prefeito

Vladimir, ainda jovem, já era ambicioso. Aos dezesseis anos, entrou no escritório de Leningrado da KGB (a polícia soviética e agência de inteligência secreta) e pediu para ser incorporado ao quadro de funcionários. Foi-lhe dito que ele era muito novo e que voltasse noutra ocasião. E foi exatamente isso que fez, e sete anos depois, tendo obtido um diploma de Direito, ele ganhou um emprego ali. Um de seus professores de direito foi Anatoly Sobchak, que, mais tarde, se tornou prefeito de São Petersburgo de 1991 a 1996, e para quem ele trabalharia.

Na KGB, Putin fiscalizava os estrangeiros e os funcionários consulares em Leningrado. Em 1985, a KGB o designou à Alemanha Oriental para trabalhar em contrainteligência. Mas em 1990, à medida que a União Soviética se dissolvia, ele voltou para Leningrado e assumiu um emprego como assistente do reitor da universidade estatal enquanto ainda, com o conhecimento do reitor, trabalhava para a KGB no recrutamento ou na espionagem de estudantes.

Putin deixou a KGB para trabalhar na prefeitura de Leningrado, onde Sobchak, seu ex-professor de direito, era prefeito. Ele também foi responsável por promover relações internacionais e investimentos estrangeiros e registrar projetos de grandes empresas como presidente do Comitê de Relações Econômicas Externas.

A Rússia estava atravessando tempos difíceis na economia no período logo após o colapso da União Soviética. As pessoas precisavam de comida, mas havia pouca moeda estrangeira para importá-la para os cinco milhões de habitantes de São Petersburgo. Então, foi elaborado um plano em que os fornecedores russos exportariam matérias-primas e, em seguida, comprariam alimentos com o lucro. A emissão de licenças e contratos para isso ocorreu no âmbito do comitê de Putin, que obteve muita autoridade.

Entretanto, a maior parte da comida prometida nunca chegou, e a corrupção tornou-se evidente à medida que o esquema prosseguia. Os contratos foram criados com falhas ao ponto de serem ilegais e mesmo assim não poderem se sujeitar a um processo legal por descumprimento de contrato. As matérias-primas foram exportadas com descontos e os preços dos alimentos foram inflacionados. Algumas empresas envolvidas mostraram-se bem ligadas a Putin. Algumas delas desapareceram depois de transferir milhões de dólares em lucros para contas bancárias estrangeiras.

Apesar dos escândalos, e os investigadores afirmando que havia provas concretas de que Putin estava diretamente envolvido em tudo isso e recomendando que ele fosse demitido, Putin continuou sendo o chefe do Comitê de Relações Econômicas Externas até 1996. Em 1994, Putin tornou-se vice-prefeito, alimentando as especulações de que o prefeito Sobchak estava envolvido em sua empresa criminosa — ou talvez o contrário. O próprio Sobchak, mentor de Putin, foi acusado de corrupção e apropriação indébita de fundos públicos.

Putin sofreu um processo judicial pelas acusações de corrupção, mas nada ficou esclarecido. E, mais tarde, quando ele assumiu a presidência da Rússia, aquele processo foi considerado "inaceitável" por ser contra um presidente.

De Moscou à proeminência nacional

Quando Sobchak deixou seu cargo, Putin mudou-se de São Petersburgo para Moscou, onde continuou sua escalada política na administração do presidente Boris Yeltsin em que havia muitas acusações de apropriação indébita de fundos públicos. Putin tinha assessorado a Sobchak, e agora estava ajudando a Yeltsin. Uma coisa é certa sobre funcionários públicos corruptos: eles precisam permanecer no poder, pois se caírem, não sabem o que pode acontecer com eles. Deixar o cargo dentro de um caixão pode ser melhor do que ir para a prisão.

Putin continuou sua ascensão. Entre outras nomeações, ele se tornou chefe do FSB (Serviço Federal de Segurança), a agência que substituiu a KGB. Em agosto de 1999, o presidente Yeltsin nomeou Putin como primeiro-ministro em exercício da Federação Russa. Mas, alguns meses depois, no fim de 1999, Yeltsin renunciou inesperadamente por causa de problemas de saúde. E, de repente, Vladimir Putin tornou-se presidente em exercício. O mundo estava perguntando: Quem é esse homem de baixa estatura? Ele parecia antagônico, e era visto pela maioria dos estrangeiros como um mero intermediário, na melhor das hipóteses.

Mas, dentro da Rússia, Putin estava se tornando popular por causa de sua oposição severa aos terroristas chechenos no final da década de 1990. Sua bravura ressoou entre o povo.

Putin ganhou seu primeiro mandato de quatro anos em maio do ano 2000 com 53% dos votos. E ele voltou a conquistar um segundo mandato em 2004 com uma votação expressiva de 71% dos eleitores.

Seu primeiro ato como presidente foi conceder imunidade ao ex-presidente Boris Yeltsin e seus familiares contra determinadas acusações de corrupção. Em seguida, ele desaparelhou a companhia petrolífera Yukos, pertencente ao homem mais rico da Rússia e condenou-o a dez anos de reclusão numa prisão na Sibéria por fraudes fiscais. Em seguida, tomou sua companhia, que valia bilhões de dólares, e dividiu-a entre pessoas leais a ele.

Buscando reviver a grandeza do passado e aumentando as tensões

Primeiramente, Putin encantou os líderes ocidentais. O chanceler alemão Gerhard Schroeder, o primeiro-ministro britânico Tony Blair e o presidente dos Estados Unidos, George W. Bush demonstraram muito entusiasmo e contentamento na presença de Vladimir. Eles o viram, ingenuamente, como aliado e amigo.

Mas tudo isso mudou. Pois, Putin tinha outra agenda. Ele acha que as coisas pertencentes à Rússia foram tomadas (como as repúblicas que se separavam na ruptura da URSS) e as quer de volta. A Ucrânia, estratégica e rica em recursos, era a número um da sua lista. Putin arquitetou a anexação da Crimeia. Ele incitou uma guerra civil no leste da Ucrânia, embora haja trégua no momento, os russos ainda estão atirando e matando soldados ucranianos todos os dias durante esse "cessar-fogo".

Putin quer de volta a Estônia e o resto do território báltico. A Estônia tem uma grande população russa porque muitos russos se estabeleceram ali quando as fronteiras eram abertas entre as várias repúblicas soviéticas. E, naquela época, muitos militares da Rússia foram mantidos ali.

Quando a Estônia se tornou independente, os russos que viviam ali não queriam voltar para a Rússia porque a vida era melhor na Estônia. E a Rússia tem expressado o desejo de "proteger" os irmãos étnicos deixados fora de suas fronteiras. No entanto, a Estônia não tem facilitado as coisas, pois exigiu que os cidadãos de etnia russa aprendam a difícil língua estoniana para que possam adquirir a cidadania no país.

A antipatia ocidental contra Putin aumentou com a queda do voo MH17 da Malaia Airlines em 17 de julho de 2014, que atravessava o espaço aéreo ucraniano. O Ocidente alimentou seu comportamento hostil e desonesto e aplicou sanções contra a Rússia. Além disso, os preços do petróleo caíram acentuadamente. A economia russa dependia fortemente da receita do petróleo para essa operação, e realmente esse foi um golpe duro. O rublo desvalorizou-se sessenta por cento em relação ao dólar. Entretanto, isso não tem impedido a Putin. Ele continua em seu curso de beligerância contra o Ocidente.

Ele tem se envolvido bastante no Oriente Médio, estabelecendo uma base militar na Síria para apoiar o atroz Bashar al-Assad, outro homem poderoso que tem assassinado seu próprio povo e permitido a implosão de seu país.

Na eleição russa para presidente, em março de 2018, certamente Putin vencerá novamente. As pessoas o seguem e apoiam sua ideia de trazer de volta a antiga glória da Rússia diante do mundo. Ironicamente, um de seus opositores foi impedido de concorrer nessas eleições por causa de "corrupção".

Embora a Rússia tenha experimentado certa melhora na economia, ainda é um país pobre com a maior desigualdade entre ricos e pobres. Apenas cento e dez pessoas possuem 35% das riquezas da nação.

Uma biografia de Putin, lançada quando ele se tornou presidente, conta a história de seu primeiro susto — um rato, encurralado dentro do apartamento da família, acabou pulando nele. Fora este pesadelo de infância, ele quer ser visto como alguém que não aceita pressão e que nunca desiste. Sua mensagem para todos é: Não tentem me acuar.

Outros líderes mundiais que buscam mais poder

Homens poderosos, como Putin, criam outros homens poderosos que, para permanecerem no poder, precisam se defender destes e acabam imitando seu comportamento.

Estamos entrando em uma era de surgimento de outros líderes como Putin em países como a Turquia, que, igual à Rússia, deseja recuperar a glória do Império Otomano. O atual homem forte turco, Recep Tayyip Erdogan, gostaria de tornar a Turquia grandiosa novamente. Hoje em dia, a Turquia tem apenas uma fração do território que teve antes da Primeira Guerra Mundial e muitas lembranças do grande poder do antigo califado. A China também tem seu homem forte, Xi Jinping.

Surgirão outros homens poderosos para contrapor-se aos atuais? Será que vai surgir alguém também na Europa?

Existe um movimento que combate a ineficácia das democracias parlamentares, que não são inteligentes o suficiente para reagir rapidamente às ações dos outros. Um jovem político da Áustria, Sebastian Kurz, de 31 anos, que está crescendo, meteoricamente, como líder. Ele "resolveu" sozinho o problema dos refugiados em seu país e está sendo chamado de "Messias do Danúbio".

Seria outro salvador vindo da Áustria? A Alemanha voltou-se para um salvador austríaco nos anos que antecederam a Segunda Guerra Mundial, e isso foi uma tragédia para o mundo. Será que essas provocações no Oriente Médio e a própria Rússia podem gerar outro pesadelo europeu?

O mundo se tornará muito mais perigoso havendo mais postura como a de Putin. Ao sentirem-se mais poderosas, as nações serão instigadas pelo fervor nacionalista a buscar por sua antiga glória imperial na Europa, na Rússia e na Ásia por meio de expansão econômica e de ambições militares.

Onde reside o verdadeiro poder geopolítico

Como vimos, alguns governantes chegaram ao poder de maneiras muito obscuras, e isso nos leva a refletir na história do profeta Daniel e do poderoso Nabucodonosor, que agiu como alguns governantes atuais. Daniel, que trabalhou na corte de Nabucodonosor, revelou o seguinte ao rei sobre a política de seu tempo e o envolvimento de Deus nela: "Ele muda os tempos e as horas; Ele remove os reis e estabelece os reis” (Daniel 2:21).

O desenvolvimento da geopolítica e a ascensão de governantes dependem exclusivamente da permissão e direção de Deus. Por conseguinte, Daniel relata o que Deus revela sobre o futuro da humanidade através de uma sucessão de homens poderosos através da história, levando ao tempo do retorno de Cristo.

Mais tarde, Daniel explica o que todos precisam saber: "O Grande Deus domina sobre os reinos do mundo: Ele dá os reinos a quem bem entende, até ao mais humilde dos homens" (Daniel 4:17, Bíblia Viva). Todos os governantes precisam prestar atenção nisso.

A corrupção nos governos deste mundo chegará ao fim com um reino de justiça governado por Jesus Cristo: “Mas, nos dias desses reis [no último ressurgimento do Império Romano], o Deus do céu levantará um reino que não será jamais destruído; e esse reino não passará a outro povo; esmiuçará e consumirá todos esses reinos e será estabelecido para sempre" (Daniel 2:44).

Mas antes disso, haverá dias sombrios enquanto homens poderosos e corruptos lutarem para reviver a antiga glória de suas nações. Felizmente, os dias deles estão contados!