A Europa está afundando?
Downton Abbey é uma série da televisão britânica em exibição na PBS em seu horário Masterpiece Classic. Essa série tem sido o maior sucesso no canal de artes, notícias, história e cultura durante anos.
A série se passa em uma imponente casa inglesa, ou mansão, na véspera e durante a Primeira Guerra Mundial.
Na verdade, a primeira temporada, que foi ao ar há um ano, começou com o naufrágio do Titanic cem anos atrás, em abril de 1912. O herdeiro do fictício Lorde Grantham morreu no naufrágio e foi sucedido por seu herdeiro, um primo distante e plebeu que agora é o personagem principal da série. A primeira temporada terminou com a eclosão da Primeira Guerra Mundial em 1914.
O episódio de 22 de janeiro foi precedido por um documentário especial de uma hora intitulado “Segredos da Mansão”. Durante o programa, um historiador comentou sobre como o naufrágio do Titanic era uma metáfora para o naufrágio da velha ordem que logo viria em seguida, como consequência da Primeira Guerra Mundial.
Como que para enfatizar esse ponto, o segundo episódio da segunda temporada nos trouxe até a queda da dinastia Romanov, na Rússia. A ordem europeia que tinha continuado por mais de mil anos estava desmoronando, morrendo nos campos de batalha e na carnificina da "guerra para acabar com todas as guerras".
Os produtores do documentário não poderiam ter previsto outro desastre de navio de passageiros que prenunciaria uma revolução semelhante na Europa. O Costa Concordia, um navio de cruzeiro italiano, bateu contra um arrecife e virou em treze de janeiro, e dezenas de passageiros e tripulantes morreram afogados ou desapareceram.
Escrevendo no The Wall Street Journal, Bret Stephens destacou esse como outro "evento típico do Titanic, logo na véspera do centésimo aniversário do primeiro", e perguntou se isso era "uma maneira de prefigurar outro grande desastre europeu?" ("O Que está a causar o Naufrágio da Europa?" 17 de janeiro de 2012).
Seu artigo veio logo após o desastre do navio de cruzeiro italiano ao largo da costa da Itália. O número de mortos foi menor, mas o "naufrágio trágico e ridículo" parecia uma metáfora "para um continente no qual nove países tiveram suas classificações de crédito rebaixadas mais cedo naquele mesmo dia. Até mesmo o maior de todos os navios pode afundar em águas calmas se o capitão for negligente. Mesmo uma operação de resgate a cinquenta metros da praia pode se transformar em um fiasco se não fizeram um exercício de emergências e a tripulação não tiver ideia de como pilotar um barco salva-vidas" (ibidem).
Certamente parece uma metáfora para a Europa ― um continente que parece estar correndo o risco de afundar! Mas afinal uma nova Europa está destinada a emergir.
Será que a Europa terá que bancar a sua própria segurança?
Em uma revisão na estratégia de defesa anunciada pelo presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, em Washington, a Europa ficou decididamente descartada quanto à necessidade da proteção dos Estados Unidos. A edição de 14 de janeiro de 2012, da revista The Economist afirmou: “Talvez o que menos se comentou sobre parte da nova estratégia é o futuro aparentemente sombrio das forças norte-americanas na Europa. Ele se refere superficialmente que a ‘maioria dos países europeus’ agora são ‘provedores de segurança ao invés de necessitados’ e fala sobre uma ‘oportunidade estratégica para reequilibrar o investimento militar dos Estados Unidos na Europa’ após a redução de tropas americanas no Iraque e no Afeganistão”.
"A presença militar norte-americana na Europa, assim se insinua, é uma relíquia cara da guerra fria e sugere não haver riscos significativos para a segurança Europeia, exceto no caso do Irã desenvolver um míssil com capacidade balística nuclear, que supostamente poderá ser destruído pelo novo sistema de mísseis de defesa que os Estados Unidos estão começando a implantar" ("O Rebaixamento da Europa").
O artigo tinha o sub-título: "O novo plano de defesa de Barack Obama deixa a Europa por sua conta e risco". O ponto de vista da revista é que "quase 80% dos países que contribuem com tropas para a coalizão liderada pela OTAN no Afeganistão vieram da região europeia." Se os Estados Unidos virarem as costas à Europa, então correrão o risco de se isolar e limitar sua capacidade de atuar internacionalmente.
E aqui há outros fatores a considerar para os norte-americanos (e europeus) ― a história e a Bíblia.
Lições da história e avisos da profecia
Tem passado quase setenta anos desde o fim da Segunda Guerra Mundial. Depois da guerra, os vitoriosos aliados mantiveram centenas de milhares de tropas na Europa. E isso incluiu os Estados Unidos. Na época, muitas vezes foi dito que as tropas estavam ali "para manter longe os russos, os norte-americanos dentro e os alemães para baixo!" Depois de duas guerras mundiais provocadas pela Alemanha, ninguém queria ver outra.
Durante quatro décadas da Guerra Fria, o foco do Ocidente foi manter os russos distantes, e para isso era necessário manter próximos os norte-americanos. A Alemanha Ocidental foi rapidamente se transformando em um aliado democrático. Nas duas décadas desde a queda do comunismo, os aliados ocidentais não têm visto mais necessidade de manter os russos afastados — que era a justificativa de manter proximidade com os norte-americanos.
Através das recentes convulsões financeiras na União Europeia (UE), a Alemanha emergiu claramente como líder dominante. Como a UE é o maior mercado único do mundo e o mais poderoso sistema de comércio, isso torna a Alemanha uma superpotência econômica.
No passado, a Alemanha estava disposta a ficar no banco de reservas, devido ao seu passado infame, mas não é mais assim atualmente. Hoje os alemães não vão deixar um britânico ou um francês ditar-lhes as regras. Ao mesmo tempo, a história mostra que uma nação que é economicamente influente acabará exercendo o domínio político e militar.
A profecia bíblica nos mostra que outra superpotência está para surgir — uma união europeia centrada em dez "reis" (ou nações) que serão liderados por uma figura que a Bíblia chama de "a Besta", um ditador europeu de quem Adolf Hitler e outros tiranos do passado foram apenas precursores.
Esse último renascimento do Império Romano será uma ameaça ainda maior para a paz mundial do que o Terceiro Reich, porque não vai ficar preso no objetivo de conquista e subjugar outras nações europeias. Em vez disso, será uma união voluntária de nações europeias, provavelmente lideradas pela Alemanha. Esta derradeira união de nações europeias se voltarão contra Jesus Cristo, para lutar contra Ele no Seu retorno.
Você pode ler sobre isso em Apocalipse 17: "E os dez chifres que viste são dez reis, que ainda não receberam o reino, mas receberão o poder como reis por uma hora [um curto período de tempo no contexto da história humana] juntamente com a besta. Estes têm um mesmo intento e entregarão o seu poder e autoridade à besta. Estes combaterão contra o Cordeiro [Jesus Cristo], e o Cordeiro os vencerá, porque é o Senhor dos senhores e o Rei dos reis" (Apocalipse 17:12-14).
Semelhanças com as condições antes da Segunda Guerra Mundial
Parece estranho falar de um Império Romano revivido na Europa numa época em que a União Europeia, fundada pelo Tratado de Roma de 1957, parece estar se desmoronando.
E aqui é onde se tem utilidade algum conhecimento da história da Europa.
Em 1930 a Europa estava caindo aos pedaços. E menos de dez anos mais tarde, a Alemanha, Áustria, Itália e alguns outros aliados menores foram capazes de conquistar a maior parte do continente e representar uma grave ameaça para a paz e a prosperidade do resto do mundo. Em aliança com o Japão, as potências do Eixo infligiram um conflito de seis anos em grande parte do mundo.
O que trouxe tudo isso? Problemas econômicos como a quebra da bolsa de valores de Wall Street em 1929, as guerras comerciais e a Grande Depressão, o que resultou em desemprego para um terço dos alemães.
Por sua vez, isto levou à ascensão de partidos extremistas como o Partido Nacional Socialista (Partido Nazista). Os nazistas chegaram ao poder em janeiro de 1933. Em 1936 o país tinha se rearmado significativamente, o suficiente para desafiar a Liga das Nações e enviar tropas para a Renânia. Em 1938 toda a Europa estava com medo dos nazistas, incluindo a Grã-Bretanha, cujo primeiro-ministro Neville Chamberlain foi para Munique se encontrar com Hitler e voltou prometendo "paz em nosso tempo". Um ano depois, as nações estavam em guerra, levando a dezenas de milhões de mortos.
A Alemanha no controle
Claro, as coisas são diferentes hoje. A Alemanha é uma democracia ocidental próspera, que desempenha um papel de liderança na Europa e em outras partes do mundo. Qualquer um que visite a Alemanha perceberá a aparente prosperidade do país, sua cultura, sua limpeza e seu senso de ordem. A Alemanha hoje, com uma população de quase 82 milhões de habitantes, exporta mais bens para outras nações do que qualquer outro país, incluindo os Estados Unidos com 320 milhões de pessoas. Isto é prova da qualidade dos produtos alemães.
Por causa das lições duras de hiperinflação em 1923, a Grande Depressão da década de trinta e o colapso da economia logo após a Segunda Guerra Mundial, os alemães têm uma reputação de disciplina fiscal que não perde para ninguém. Enquanto, os Estados Unidos continuam comprando e caminhando para a recessão, ao seguir imprimindo mais dinheiro, a Alemanha segue uma rígida política fiscal, recusando-se a inflar a economia com pesados empréstimos ou a impressão de mais euros.
Porém, isso teve um efeito negativo sobre alguns membros da zona do euro que querem ter liberdade para gastar mais, mas também outro efeito foi o de colocar a Alemanha no controle — os alemães têm recursos para socorrer as outras nações, dando-lhes assim mais poder do que ninguém.
Quando os alemães e os franceses deram um ultimato para outros países europeus, em dezembro, todos os membros da União europeia apoiaram, com exceção única do Reino Unido―até mesmo a Dinamarca, que historicamente sempre apoiou os britânicos, que os libertaram do jugo nazista no final da Segunda Guerra Mundial. A Dinamarca e a Grã-Bretanha aderiram à União Europeia conjuntamente em 1973.
"Para os dinamarqueses, a vida na União Europeia teve muitas vezes a necessidade de encontrar um equilíbrio entre a Alemanha, seu vizinho e maior parceiro comercial, e a Grã-Bretanha, a sua alma gêmea e o histórico mercado para a manteiga e bacon. Poucos ficaram tão desanimados como a Dinamarca por causa da oposição da Grã-Bretanha aos seus parceiros da UE em dezembro... A divisão foi ‘o pior cenário para a Dinamarca’, diz Bo Lidegaard, editor de Politiken, um jornal diário. ‘Não é de nosso interesse ter o nosso amigo e maior mercado se afastando para longe’" ("Aceitar ou Não Aceitar", The Economist, 14 de janeiro de 2012).
Sinais preocupantes na Europa
A Alemanha emergiu como líder da Europa e está exercitando seus músculos financeiros. Mas o último trimestre de 2011 mostrou que até mesmo a Alemanha diminuiu o ritmo dando a entender que a Europa parece caminhar para uma recessão mais grave. Será que isso pode levar a repetir a década de 1930?
Sem dúvida, tudo isso se parece com o que ocorreu na década de trinta. O atual vento financeiro que afeta países europeus poderiam facilmente se tornar um furacão, anunciando o retorno de um clima econômico muito alusivo aos anos trinta.
Ironicamente, depois de escrever este artigo, eu vi este outro artigo sombrio em 23 de janeiro no jornal londrino Daily Telegraph: "O colapso das bolsas pode acontecer dentro de semanas, advertem os bancários" (Harry Wilson e Philip Aldrick). O seguro das dívidas de vários bancos europeus já atingiu máximo patamar histórico.
"O problema é a falta de liquidez — isto é o que está causando os problemas com os bancos. E eles sentem exatamente o que foi sentido em 2008", disse um executivo sênior do banco com sede em Londres. “Acho que estamos caminhando para um choque de mercado em setembro ou outubro que não poderá ser comparado a qualquer coisa que tenhamos visto antes”, disse um banqueiro de crédito sênior em um grande banco europeu (ibidem).
Muito poucas coisas na vida são certas. Mas a profecia bíblica é certa. A ressurreição profetizada do Império Romano parece não depender apenas de um processo evolutivo da União Europeia para acontecer. Pois, parece mais provável que esse império seja formado a partir dos restos da atual União Europeia após um naufrágio financeiro e um retorno às dramáticas mudanças da década de trinta — mudanças que transformaram o continente e, finalmente, o mundo inteiro. BN