A Jornada de um Cientista Rumo a Deus
Se tudo correr bem, em menos de um ano eu vou obter meu PhD. em neurociência — estudo do cérebro, da medula espinhal e do sistema nervoso periférico. Em meus oito anos de educação científica, muitas pessoas têm me perguntado como eu conseguia manter a minha fé em Deus sendo bombardeado por tanta ciência.
É importante primeiro definir o que é realmente a ciência. É fácil querer esquivar-se, dizendo que a ciência se parece como um conjunto de "fatos" questionáveis reunidos por cientistas tendenciosos e inimigos de Deus. Mas, na verdade, a ciência é investigação — um esforço organizado, rigoroso e contínuo em busca da verdade.
Isaac Asimov, um professor de bioquímica e autor de centenas de contos e livros, disse: "A ciência não tem a verdade absoluta. A ciência é um mecanismo. É uma forma de tentar melhorar o conhecimento sobre a natureza. É um sistema para testar nossos pensamentos contra o universo e ver se eles combinam. E isso funciona, não apenas para os aspectos comuns da ciência, mas para toda a vida" (entrevista ao programa Bill Moyers’ World of Ideas (Ideias do Mundo de Bill Moyers), 21 de outubro de 1988).
Além da compreensão de que a ciência é um processo de descoberta, eu também parti de uma crença fundamental: A Bíblia é divinamente inspirada e a base de toda a verdade (João 17:17). Tudo o que ouvi e aprendi eu comparei com o que Deus diz. Sem esse ponto de partida, a minha jornada teria saído do curso há muito tempo. Albert Einstein disse: "A ciência sem a religião é manca e a religião sem a ciência é cega" (Conferência sobre o papel da ciência, da filosofia e da religião, 09-11 setembro de 1940).
Por entender o que realmente é a ciência e por acreditar que a Palavra de Deus é o fundamento da verdade, eu sei que ser cientista não impede um relacionamento com Deus. Minha jornada científica realmente me ajudou a me aproximar mais de Deus de distintas maneiras.
Aprendi amar e buscar a verdade
Hoje em dia, há tanta informação disponível para nós, mas em muitos casos, as pessoas não são responsabilizadas pelo que dizem ser verdade. É fácil encontrar informações que coincidam com o que eu acho que é certo. Também é fácil encontrar informação carregada de emoção, preconceito e curiosidade, mas desprovida de verdade.
O método científico tem me ajudado a avaliar se realmente amo a verdade. Será que sou capaz de admitir meu engano quando encontro uma evidência sólida que refuta minha convicção? Ou será que deixo meu orgulho influenciar minhas opiniões?
É muito difícil deixar uma hipótese ou teoria que eu pensava que realmente fazia sentido, mas que me trouxe resultados diferentes do que eu esperava. Entretanto, a ciência é um processo sistemático, com experimentos controlados, e isso é um grande mecanismo para eliminar mentiras e informações falsas. Quando a minha hipótese é refutada, devo ajustar o meu raciocínio, pois a ciência valoriza muito a probidade e a precisão. Deus também leva esse assunto muito a sério, dizendo-nos, em Provérbios 19:5, que "a testemunha falsa não ficará impune; e o que profere mentiras não escapará".
Eu também preciso ter essa mesma atitude na minha vida espiritual. O apóstolo Paulo diz que o amor "se regozija com a verdade" (1 Coríntios 13:6). Eu não posso tentar interpretar a Palavra de Deus para encaixá-la em meus conceitos. Eu devo ser suficientemente humilde para buscar a verdade de Deus, mesmo quando ela vai contra o que acho que deve ser verdade.
E eu descobri que a busca permanente pela verdade pode ser uma experiência desafiadora e emocionante. É preciso trabalho e um processo de humildade, mas, no fim, ela traz o amor divino e a paz.
Aprendi humildade
Uma das razões que escolhi a neurociência foi que acredito que tenho muito ainda a aprender. Estamos longe de entender como o cérebro humano funciona — ainda estamos tentando descobrir como funciona o sistema nervoso de um verme! Isso é a verdade em toda a criação. Deus fez o mundo físico tão maravilhosamente complicado que iremos estudá-lo até a volta de Jesus Cristo!
Aqui está um pequeno exemplo: No cérebro há neurônios (as principais células que se comunicam entre si). Elas se comunicam através do envio de produtos químicos, neurotransmissores, (como o cálcio, dopamina ou ácido gama-aminobutírico ou GABA) através de sinapses, que são pequenos espaços entre os neurônios.
Os neurotransmissores são enviados e recebidos por pequenos canais moleculares. Parece simples, certo? Exceto que, para cada neurotransmissor, existem muitos tipos diferentes de canais que respondem de maneira diferente com base no ambiente da célula, outros produtos químicos que os rodeiam, o tipo de células que estão envolvidos, etc.
Apenas concentrando-se em cálcio, sabemos que há muitos e muitos tipos de canais de cálcio, que abrem e fecham em ambientes diferentes, desativando em tempos distintos e servem a vários propósitos em diversas áreas das células.
Para cada tipo de canal de cálcio, há vários subtipos de canal. Para cada subtipo de canal, em cada tipo de célula, os cientistas precisam isolar o canal e investigá-lo experimentalmente para descobrir suas propriedades, seu propósito e o que acontece quando ele não funciona corretamente.
E isso tudo ocorre apenas em uma pequena molécula! À medida que me aprofundo na compreensão da criação de Deus, eu consigo apreciar o quanto ela é detalhada e organizada, e como é maravilhosa a mente e a capacidade criativa de Deus.
Se o mundo físico é assim tão complexo, imagine o quão surpreendente é o mundo espiritual! Não podemos sequer começar a compreender isso! Estudar a criação física de Deus me ajuda a continuar admirando e reverenciando o Criador. Como Êxodo 15:11 exclama: "Ó SENHOR, quem é como Tu... glorificado em santidade, terrível em feitos gloriosos, que operas maravilhas?" (ARA).
Aprendi a lidar com a incerteza
Como eu disse acima, os resultados que obtemos da ciência fornece um conjunto de fatos e dados. Mas os experimentos, talvez ainda mais na biologia do que nas ciências físicas, lidam com incertezas e variáveis aleatórias.
Por isso é que temos estatísticas para nos ajudar a compreender a probabilidade de que os resultados de certo experimento sejam verdadeiros. E com o tempo, e mais testes, é que nos asseguramos sobre uma parte específica do quebra-cabeça que é nosso mundo.
Como cientista, eu tenho aceitado que não temos todas as respostas, mas temos que continuar a crescer em nossa compreensão da verdade. Por isso que a Palavra de Deus é tão reconfortante e muito essencial. Ela é algo que podemos realmente ter certeza. Deus ainda não nos deu as respostas para tudo, mas Ele nos deu informações suficientes para que possamos ter uma vida bem sucedida, crescer no caráter e ter esperança no futuro. Como nos foi dito: "A paz de Deus, que excede todo o entendimento, guardará os vossos corações e os vossos pensamentos em Cristo Jesus" (Filipenses 4:7).
Aprendi a ampliar minha perspectiva
No final do livro de Jó, Deus pergunta: "Onde você estava quando lancei os alicerces da terra?... Quem foi que deu sabedoria ao coração e entendimento à mente?" (Jó 38:4, 36, NVI).
Esquecemos facilmente que os seres humanos têm uma perspectiva limitada. A ciência permite expandirmos nossa perspectiva de forma magnífica. Agora podemos ver as células, as moléculas e os átomos, bem como as galáxias do outro lado do universo. A ciência nos proporciona um pequeno vislumbre da impressionante escala da percepção de Deus. E eu gosto de pensar que Deus pode ver todos os diferentes pontos de vista de uma só vez. Ele vê os neurotransmissores que fluem através das sinapses de seu cérebro e também vê as luas que orbitam Saturno, além disso, Ele vê você.
O fato de a ciência nos permitir expandir nossa perspectiva é importante porque é tão fácil ser estritamente focada em nossas circunstâncias imediatas. E ainda mais fácil questionar a Deus automaticamente quando situações difíceis ocorrem em nossa vida: "Por que Deus permitiu que isso acontecesse? Deus deveria me dar isso, pois sei que seria bom para mim".
É muito fácil esquecer a amplitude da visão de Deus. Ele me conhece melhor do que eu mesmo (1 Reis 8:39) e sabe como tudo funciona em conjunto (Jó 38). Muitas vezes, coisas que parecem tão evidentes nem sempre são realmente verdade. A ciência nos mostra isso.
Aprendi a admirar o poder e a criatividade de Deus
Quanto mais estudo o mundo físico, mais eu vejo sua expressão como obra de Deus; e admiro mais ainda o fato de Deus amar a diversidade e a criatividade. Ele criou milhões de espécies para que possamos descobrir, explorar e cuidar.
Ele criou o cavalo marinho do tamanho de sua unha. Ele criou o choco do mar, que pode camuflar através da cor e da textura. Ele criou todos os tipos de maravilhas incríveis. Deus está envolvido em cada pequeno detalhe — e quanto mais aprendo sobre a Sua criação, mais eu aprendo sobre Ele. Ele é carinhoso, atencioso e perfeito!
Paulo expressou isso muito bem: "Pois desde a criação do mundo os atributos invisíveis de Deus, seu eterno poder e sua natureza divina, têm sido vistos claramente, sendo compreendidos por meio das coisas criadas, de forma que tais homens são indesculpáveis" (Romanos 1:20, NVI).
A própria ciência não é assustadora ou propriamente má. Deus fez o mundo e o fato de eu ter me tornado um cientista me permitiu crescer em conhecimento, caráter, humildade, respeito e valorização da criatividade!
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