Comentário Bíblico
Êxodo 10:21-11:10
As Últimas Pragas e a Pilhagem dos Egípcios
9. Trevas: Essa praga durou três dias. As pessoas não puderam nem sair de casa devido ao impacto desse evento. Algo comparável a estar em um local totalmente escuro sem nenhuma brecha para entrar luz. Isso significou um grande ataque à credibilidade do deus do sol egípcio — conhecido como Re, Rá, Atum, Aton e, às vezes, Hórus. Embora os egípcios adorassem muitos deuses, nenhum era tão adorado quanto o sol. Considere também que, pelo fato de o mundo antigo temer os eclipses, essa escuridão de três dias deve ter sido deveras aterrorizante. Mais uma vez, isso não afetou os israelitas que moravam em Gósen. Novamente, o faraó tenta fazer um acordo, propondo que os animais dos israelitas, que não foram afetados pelas pragas, não fossem levados. Afinal de contas, o suprimento de alimentos dos egípcios agora estava numa situação crítica — então, para ele, não era um pedido irracional. Mas, diante de Deus, ele não estava em posição de fazer exigências. Entretanto, o faraó estava com tanta raiva que ameaçou matar Moisés se ele não saísse de sua presença.
10. A Morte dos Primogênitos: Antes de partir, Moisés advertiu a faraó sobre a última praga que se abateria sobre o Egito. Os primogênitos dos egípcios e de seus servos não-israelitas e de seus animais iriam morrer —todos do palácio de faraó até as masmorras. Em parte, talvez isso tenha sido um castigo merecido por terem massacrado os filhos de Deus — os bebês israelitas — no passado, desde o tempo do nascimento de Moisés. Contudo, Deus havia dito a Moisés que iria fazer isso por este motivo: “Então, dirás a Faraó: Assim diz o SENHOR: Israel é Meu filho, Meu primogênito. E Eu te tenho dito: Deixa ir o Meu filho, para que Me sirva; mas tu recusaste deixá-lo ir; eis que Eu matarei a teu filho, o teu primogênito” (Êxodo 4:22-23). Além disso, ao matar também os primogênitos dos animais, novamente Deus estava mostrando Sua supremacia sobre os deuses do Egito: “Porque... ferirei na terra do Egito todos os primogênitos, desde os homens até aos animais; executarei juízo sobre todos os deuses do Egito. Eu sou o SENHOR" (Êxodo 12:12, ARA). Assim, não haveria nenhuma dúvida entre os egípcios de que o Deus de Israel era de fato o verdadeiro Deus!
Além das diversas e variadas divindades animais, a ação de Deus também desafiou diretamente a Osíris, o doador e governante da vida. Ademais, essa última praga completaria a destruição do Egito — e forçaria o faraó a finalmente libertar os israelitas. O fato de o faraó ter sido forçado a agir contra sua própria vontade demonstraria sua insignificância e o grandioso poder de Deus sobre todos os deuses que ele representava: Hu, o deus que personificava a autoridade real; Wadjet, a deusa da autoridade real; Sobek, o deus que simbolizava o poder dos faraós; Maat, deusa da ordem cósmica sob cuja égide as autoridades do Egito governavam; e a deusa da guerra Sekhmet, que supostamente sopraria fogo contra os inimigos do faraó. Obviamente, Deus se mostraria vitorioso sobre todos eles — e também sobre faraó, pois, como mencionado antes, ele era considerado a encarnação divina de Hórus.
E mesmo depois de ter anunciado isso, Moisés e os israelitas foram respeitados em toda a terra por causa dos eventos milagrosos que aconteceram. E até mais do que respeitados, pois a Bíblia de Estudo Nelson observa em Êxodo 11:3: "Outro componente notável do Êxodo foi o favorecimento (ou graça) do povo egípcio para com os hebreus e a admiração por seu líder. Depois de tudo o que aconteceu, poderíamos esperar o oposto. Mas, os sentimentos favoráveis a Moisés foram compartilhados, surpreendentemente, até mesmo pelos servos de faraó. Isso também faz parte da sagacidade e ironia dessa grande vitória do Senhor sobre Seu inimigo, faraó (que representa o mal, o pecado, a impiedade e até mesmo Satanás; ver Apocalipse 15:3)”. Deus disse aos israelitas que pedissem aos egípcios itens de prata e ouro — na verdade, uma compensação pelos longos anos de trabalho escravo. E depois de tudo que os egípcios testemunharam, certamente eles não iriam reclamar disso. Porém, o coração do faraó ainda estava endurecido, pois ele ameaçou até a vida de Moisés, como já mencionado. Então, após essa última advertência, Moisés sai furioso da presença dele (Êxodo 11:8). E esse seria o último confronto entre os dois (comparar Êxodo 10:29).