Comentário Bíblico
Gênesis 42-43
Então, já fazia vinte e dois anos desde que os irmãos de José o venderam como escravo e enganaram seu pai, Jacó. Um tempo muito longo para se manter uma mentira, e parece que isso teve um custo para os filhos de Israel. A situação deles ficou um pouco complicada no Egito quando José os acusou de serem espiões. Os seus irmãos ficaram muito abalados. Tudo indica que eles nunca se esqueceram do crime cometido contra o irmão, pois quando José exigiu que trouxessem Benjamim ao Egito como prova de sua história, imediatamente eles viram isso como uma punição pelo que fizeram há muito tempo. Ademais, Rúben diz-lhes que os tinha avisado, pois ele tentou salvar José. Mas ele, obviamente, era tão culpado quanto os outros, pois também não contou a verdade ao seu pai nem tentou encontrar e libertar seu irmão escravizado assim que descobriu o que havia acontecido.
Todo esse tempo carregando essa culpa levou ao amadurecimento dos irmãos desde aquele crime. Por exemplo, Judá mudou muito de atitude, pois, em Gênesis 37, foi ele quem deu a ideia de vender José aos comerciantes árabes. Agora, em Gênesis 43, ele estava disposto a se oferecer como garantia para proteger Benjamim, irmão de José. Antes, Judá não se importava com a felicidade de seu pai, mas agora se dispõe a aceitar toda a culpa para não causar outra tristeza a ele. E no capítulo 44, Judá provará a genuinidade de sua mudança e a sinceridade de sua promessa.
Enquanto os irmãos lidam com a culpa, José parece sentir um turbilhão de emoções. A princípio, ele se sente um pouco indignado com seus irmãos quando percebe que os sonhos que eles odiavam (Gênesis 37:8) se tornaram realidade. E para testar a atitude deles, José lida com eles de maneira bastante rude. Mas quando ouve a tristeza e a angústia deles enquanto discutem seu arrependimento, José chora secretamente. Agora, ele os perdoa de coração. Embora José continue sendo duro com eles em público, ele faz coisas gentis por eles nos bastidores.