O capítulo 18 continua o tema da santidade e separação. As instruções aqui são direcionadas para toda Israel, mas não há nenhuma menção ao sacerdócio. Portanto, as instruções não são propriamente para  a santificação ritual. Uma vez que as instruções dizem respeito a relacionamentos sexuais proibidos, elas parecem ser para santidade social, ou seja, para regular relacionamentos corretos entre as unidades básicas da sociedade: homens e mulheres.

A imoralidade sexual tem sido um problema persistente em todas as culturas humanas. As sociedades da época de Israel cometiam uma variedade de perversões sexuais, assim como as nossas hoje em dia. E para criar uma nação santa, cuja conduta individual e social fosse pura e estável, Deus teve que deixar claro quais relacionamentos sexuais eram proibidos.

A lista de relacionamentos proibidos incluía: (1) casamento entre pai e filho, (2) padrasto e enteado, (3) irmãos germanos, (4) meios-irmãos, (5) avô e neto, (6) tio e sobrinha, ou tia e sobrinho, (7) sogro e nora, e (8) cunhado e cunhada. Além disso, um homem era proibido de se casar com uma mulher e sua filha ou neta. Deus também proibiu um homem de tomar a irmã de sua esposa como segunda esposa enquanto sua esposa estivesse viva, pois tal casamento provavelmente arruinaria o relacionamento entre as irmãs e causaria rivalidade e conflitos infinitos dentro da família.

Essas proibições, que ainda estão em vigor, impedem relacionamentos sexuais destrutivos com parentes próximos, proibindo relações sexuais com pessoas dentro de duas gerações de um indivíduo. Como pode ser visto, essas proibições, se tivessem sido promulgadas antes, teriam proibido os casamentos de qualquer um dos filhos de Adão e Eva (conforme proibição 3 acima), Abraão e Sara (conforme proibição 4 acima), bem como Jacó e Lia e Raquel (conforme proibição contra casar com a irmã de uma esposa). Nenhuma razão particular é dada para as proibições, mas a ciência médica demonstrou que os filhos de uniões entre parentes próximos, conforme definido por Deus, têm um risco maior de anormalidade genética — e é possível que isso tenha sido um fator relevante nessas proibições.

Deus também proíbe relações sexuais com uma mulher durante a menstruação. Embora nenhuma razão para a proibição seja dada, é possível que um Deus sensível a tenha dado para fornecer uma medida de proteção para as mulheres durante esse período, muitas vezes, desconfortável. A menstruação frequentemente produz desconforto físico leve ou até mesmo severo, e a condição emocional de uma mulher nesse momento pode ser frágil. Além disso, a ciência médica mostrou que o sexo durante a menstruação representa um risco maior de lesão tecidual ou infecção para a mulher, bem como de transmissão de doenças transmitidas pelo sangue de um parceiro para outro. Essa lei divina também pode estar ligada ao papel especial do sangue para a expiação do pecado, pois o sangue parece ser a principal questão de Levítico 20:18. Seja qual for o motivo, Deus leva esse assunto muito a sério — nessa passagem citada, onde Deus impôs uma punição severa por essa transgressão, bem como em Ezequiel 18, se declara que é uma questão de justiça (versículos 5-9).

Deus conclui sua instrução sobre relações e práticas sexuais ilícitas lembrando aos israelitas que tal conduta contamina não apenas a eles, mas também a terra. É fácil supor que essa má conduta afeta apenas o perpetrador e aqueles ao seu redor. Mas não é bem assim. A qualidade moral de um povo se estende muito além disso, pois abrange até a própria terra em que habitam. Deus lembra a Israel que os habitantes de Canaã cometeram esses atos abomináveis, por isso aquela terra iria "vomitá-los". Longe de ser uma figura de linguagem ou um recurso poético, a advertência de Deus revela uma lei moral universal. O pecado tem um impacto material no mundo natural. Lúcifer pecou e as Escrituras parecem indicar que a criação foi devastada como resultado disso. Adão pecou e o reino animal e vegetal foram corrompidos. E da mesma forma, quando uma nação se torna pecadora, até mesmo sua terra é contaminada. O pecado afeta tudo — o ser humano, a fauna, a flora e a terra.