Jesus morreu mesmo e voltou a viver novamente?
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Jesus morreu mesmo e voltou a viver novamente?
“Deus ressuscitou a este Jesus, do que todos nós somos testemunhas (Actos 2:32).
Uma das maiores provas de que Jesus é exactamente Aquele que disse que era — o Filho de Deus e O único através de quem a vida eterna é oferecida — é a Sua ressurreição da morte.
Os Seus seguidores estavam convencidos de que Ele era o Messias e o Filho de Deus. Os Seus milagres, a Sua vida sem pecado e os Seus ensinamentos, tudo lhes provou quem Ele era. Mas a Sua ressurreição confirma todas as declarações que Jesus fez a todas as pessoas para sempre.
O que é espantoso é que Jesus pôs tudo em risco com os Seus próprios depoimentos de que morreria e seria ressuscitado para a vida novamente. Em diversas ocasiões Ele predisse a Sua própria ressurreição. “E começou a ensinar-lhes que importava que o Filho do homem padecesse muito, e que fosse rejeitado pelos anciãos e príncipes dos sacerdotes, e pelos escribas, e que fosse morto, mas que depois de três dias ressuscitaria” (Marcos 8:31).
Quando os escribas e os Fariseus quiseram um sinal dEle, Ele disse que só um sinal seria dado: “Porque assim como esteve Jonas três dias e três noites no ventre do grande peixe, assim o Filho do Homem estará três dias e três noites no coração da terra” (Mateus 12:40, ARA).
É muito arriscado predizer a tua própria ressurreição. Contudo, Jesus não só a predisse mas também anunciou com precisão quando ressuscitaria (ver “Quando Foi Jesus Cristo Crucificado e Ressuscitado?”)
Tudo se resume a este acontecimento. Como sabemos que a ressurreição de Jesus aconteceu?
Se a resurreição não se deu tal como Ele disse, então não há razão para acreditar que a forma de vida que Cristo trouxe é melhor ou mais recta que qualquer outra religião. Não haveria nada sensasional acerca de Jesus de Nazaré; Ele seria simplesmente mais um outro impostor religioso.
Mas se a resurreição aconteceu realmente, então temos uma diferença muito grande entre Jesus e todos os outros líderes religiosos: os ensinamentos de Jesus são verdadeiros, tudo quanto Ele disse é verdade, e Ele é exactamente o que disse que é.
No seu livro Reasonable Faith (Fé Razoável) o Dr. William Craig apresenta três grandes factos, independentemente estabelecidos, nos quais assenta a evidência da ressurreição de Jesus: o túmulo vazio, as aparições da ressurreição e a origem da fé Cristã (p.272). Examinemos os detalhes e implicações de cada um deles.
Morreu realmente Jesus?
Que Jesus morreu e foi sepultado, é um dos factos mais bem estabelecidos acerca de Jesus. A Bíblia diz repetidamente que Ele morreu. Alguns críticos argumentam que Jesus não estava completamente morto quando foi posto no sepulcro. O Corão, considerado sagrado pelos Muçulmanos, diz que Jesus somente parecia estar morto. Alguns cépticos têm reclamado que Ele meramente parecia estar morto, possivelmente drogado, mas acordou quando estava no túmulo e escapou para convencer os Seus discípulos de que tinha ressuscitado dos mortos.
Mas quando examinamos os factos, o que tais teorias sugerem é fisicamente impossível. A extensão das torturas e feridas de Jesus foi de tal sorte que homem algum poderia sobreviver à crucifixão e a três dias e três noites de isolamento num escuro e frio sepulcro.
Dizer-se que Ele estava narcotizado, é ignorar o registo, pois Ele declinou o analgésico usualmente dado aos condenados por crucifixão (Marcos 15:23). Mais tarde ofereceram-Lhe vinagre, numa esponja, mas não há indicação de um efeito de remédio disto em Jesus por causa da Sua óbvia agonia e do Seu grito final de morte (versículos 36-37).
A morte às mãos dos verdugos e executores Romanos era certa e podia acontecer por diversas causas. O jornalista Lee Strobel, numa entrevista com o Dr. Alexander Metherell, descreve a morte de Jesus sob um ponto de vista médico (The Case for Christ, [O Caso por Cristo], 1998, pp. 193-200).
Jesus fora espancado repetidamente e flagelado com o chicote romano antes da Sua crucifixão (Mateus 27:26). O açoite de couro, uma espécie de chicote, era feito de forma a infligir a máxima dor e estrago na vítima. Era guarnecido com pedaços de osso e de ferro, entrelaçados nas pontas, para dilacerar a carne em cada chicotada. O açoite penetraria nos músculos subjacentes e produziria tiras arrepiantes de carne muscular a sangrar.
Eusébio, um historiador do terceiro século, escreveu que “as veias da vítima eram postas a nu e os próprios músculos, tendões e entranhas eram expostos” (citado por Strobel, p. 193). Muitas das vítimas morreriam da flagelação antes de poderem ser crucificadas.
A dor extrema, em conjunto com a perda de sangue, levava muitas vezes a que a vítima entrasse em choque — a sua pressão arterial cairia e causaria desmaio, colapso e sede intensa. Os Evangelhos registam que Jesus sentiu estes sintomas no Seu caminho para o Gólgota. Enfraquecido ao ponto de colapso, Ele não pôde com o peso do madeiro que carregava e, um observador, Simão, o Cireneu, foi forçado a carregá-lo por Ele parte do caminho (Marcos 15:21). Quando foi crucificado, disse, “tenho sede” (João 19:28).
Mas além disso, Ele já tinha sofrido selvagens açoites antes da flagelação. No Seu julgamento, perante o sinédrio, “cuspiram-lhe no rosto e lhe davam punhadas, e outros o esbofeteavam, Dizendo: Profetiza-nos, Cristo, quem é o que te bateu?” (Mateus 26:67- 68). Quando O entregaram aos soldados Romanos, eles ainda mais O maltrataram, socando-O, esbofeteando-O e enfiando-Lhe uma coroa de espinhos na cabeça (Mateus 27:29-30; Marcos 15:16-19; João 19:3).
Temos uma indicação da magnitude desta punição em Isaías 50:6: “Ofereci as minhas costas aos que me batiam e o rosto aos que arrancavam a minha barba. Não tentei me esconder quando me xingavam e cuspiam no meu rosto” (BLH).
Uma outra profecia ainda mais graficamente descritiva vê-se em Isaías 52:14: “...ele estava tão desfigurado, que nem parecia um ser humano” (BLH). O que isto nos diz é que Ele foi tão espancado, estava tão deformado e sangrava tanto que dificilmente era reconhecido como um ser humano.
Pilatos parece ter pensado que quando apresentasse Jesus à multidão, depois dos açoites e flagelação, Ele apresentaria um espectáculo tão penoso que satisfaria a sede pelo sangue dos Seus acusadores (João 19:1, 4-6). Mas o ódio deles pelo homem de Nazaré ensanguentado não ficaria satisfeito. Insistiram que fosse crucificado.
A agonia da crucifixão
Por causa dos efeitos destes açoites e flagelação, sob um ponto de vista médico, Jesus já estaria numa condição muito séria, e mesmo já muito crítica, antes de ser levado para ser crucificado (Dr Alexander Metherell, doutor de medicina, citado por Strobel, p. 196).
Numa crucifixão, os Romanos usavam normalmente cravos de ferro, com 12 a 18 centímetros de comprimento e cerca de 9 milímetros de grossura, pregando-os nos pulsos e nos pés das vítimas para as segurar ao madeiro. A Bíblia diz que pregos foram pregados nas mãos de Jesus, mas na linguagem dos tempos de Jesus o pulso era considerado parte da mão. Eles eram pregados no pulso, entre os ossos do braço, porque as mãos em si não podiam suportar o peso do corpo.
Esta colocação dos pregos é apoiada com o achado, em 1968, em Jerusalém, dos ossos de um homem que fora crucificado e sepultado num túmulo no primeiro século. O osso do seu calcanhar direito ainda tinha um grande prego nele incrustado, e um dos ossos do seu antebraço direito tinha uma estria e marcas de corrosão consistentes com o pregar de um prego entre os dois ossos do braço, junto ao pulso.
Os pregos martelados através dos pulsos esmagariam o nervo intermediário, o maior nervo que se dirige à mão, causando dor indiscritível. “A dor seria absolutamente insuportável”, diz o Dr. Metherell. “De facto, não haviam palavras para a descrever; tiveram que inventar uma nova palavra: excruciante, que, literalmente significa ‘da cruz’.
“Pense-se nisso: tiveram de criar uma palavra porque não havia nenhuma na língua que pudesse descrever a intensa agonia causada durante a crucifixão” (citado por Strobel, pp. 197-198). Os pregos aplicados através dos pés provocariam dor semelhante.
Não se sabe com toda a certeza se Cristo foi crucificado num simples madeiro ou numa cruz (ver “Formas Romanas de Crucifixão”). De qualquer forma, sendo pendurado pelos Seus braços causaria fortes tensões no Seu corpo. Os Seus braços teriam sido estirados alguns centímetros e os Seus ombros provavelmente foram deslocados.
A profecia do sofrimento de Cristo em Salmos 22:14 refere-se à Sua condição de torturado: “Como água me derramei, e todos os meus ossos se desconjuntaram; o meu coração é como cera, derreteu-se dentro de mim”.
O Dr. Metherell continua com uma descrição das agonias que Jesus suportou: “Uma vez que uma pessoa é pendurada numa posição vertical...crucifixão é essencialmente uma lenta e agonizante morte por asfixia. A razão é devida à tensão dos músculos e do diafragma porem o tórax na posição de inalação; basicamente, para expirar, a pessoa tem de estender-se nos seus pés para a tensão nos músculos aliviar por um pouco. Ao fazer isso, o prego rasgaria através do pé, eventualmente estacando nos ossos do tarso.
“Depois de conseguir exalar, a pessoa seria então capaz de relaxar um pouco e fazer uma outra inalação. Ela teria outra vez de se elevar para exalar, roçando as suas costas ensanguentadas contra a áspera madeira da cruz. Isto processar-se-ia continuamente até que completa exaustão se apoderaria dela e não mais poderia respirar” (Strobel, pp. 265-266).
Qual foi a causa da morte de Jesus?
Muitas pessoas assumem que Jesus morreu simplesmente do trauma, ou sufocado, que eram causas comuns da morte por crucifixão. Vários médicos têm estudado a execução por crucifixão e chegam a conclusões semelhantes. Alguns teólogos e igrejas têm ensinado que Jesus morreu por causa dum coração quebrado. Podemos saber o que realmente O matou?
Zacarias 12:10 contém uma profecia da crucifixão de Jesus. Referindo-se aos habitantes de Jerusalém, ela diz: “...olharão para mim, a quem traspassaram...” Uma e outra vez as Escrituras falam da importância do sangue derramado de Jesus (Actos 20:28; Efésios 2:13; Hebreus 9:11-14; 1 Pedro 1:18-19). O Próprio Jesus disse que o vinho da Páscoa do Novo Testamento representou “...o meu sangue; o sangue do novo testamento, que é derramado por muitos, para remissão dos pecados” (Mateus 26:28).
Um foco central do sacrifício de Cristo, claramente foi o Seu sangue, o qual Ele derramou em sacrifício pelos pecados de toda a humanidade. Lamentavelmente isto é de certa forma obscurecido em João 19:30-34, que faz querer parecer que Jesus tinha morrido e depois foi lanceado por um dos soldados Romanos, “e logo saiu sangue e água” (versículo 34). Contudo, há um problema, se essa fosse a ordem dos acontecimentos, porque uma vez que o coração pára a sua acção de bombear, os corpos mortos não sangram mais assim.
Este problema é resolvido quando consideramos muitos manuscritos mais antigos do Evangelho de Mateus [como por exemplo o manuscrito Grego Aleph B C L], os quais contêm palavras que aparecem em algumas traduções da Bíblia, mas que foram omitidas nas versões em Português. Estas palavras omitidas falam-nos da sequência correcta dos acontecimentos.
“E logo um deles, correndo, tomou uma esponja, e embebeu-a em vinagre, e, pondo-a numa cana, dava-lhe de beber. Os outros, porém, diziam: ‘Deixa, vejamos se Elias vem livrá-lo’. Contudo, um outro homem, pegou numa lança e perfurou-Lhe o lado; e água e sangue brotou dele. Mas Jesus, clamando outra vez com grande voz, rendeu o espírito” (Mateus 27:46-50).
As palavras omitidas, anotadas aqui em itálico, mostram que Jesus foi lanceado, gritou em voz alta e depois morreu. Outras versões que contêm as palavras omissas, incluem a Tradução Inglesa de Moffatt e a Bíblia Enfática de Roterdão, também em Inglês. Várias outras versões da Bíblia em Inglês incluem notas à margem referenciando estas omissões.
Então entra em conflito a descrição de Mateus com a de João? Não. Ambas descrevem os mesmos acontecimentos, mas a partir de diferentes perspectivas.
A descrição de Mateus salta imediatamente da morte de Jesus para a descrição da rotura do véu do templo, em duas partes. A descrição de João concentra-se no facto de nem um só osso de Jesus ter sido quebrado, em contraste com os dois criminosos condenados com Ele. Então, João explica, de forma parentética, como Jesus já tinha morrido e por isso assim os Seus ossos não tinham de ser quebrados — o Seu lado tinha sido furado com uma lança (João 19:31-34).
João, no versículo 36, diz-nos que isto teve lugar em cumprimento do Salmo 43:20 e do simbolismo do cordeiro da Páscoa, o qual seria morto sem se lhe quebrar um só osso (Êxodo 12:6, 46; Números 9:12). Os cordeiros da Páscoa que tinham o seu sangue derramado para salvação dos Israelitas (Êxodo 12:6-7, 13), representavam Jesus, “o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (João 1:29).
O último golpe fatal
Continuando em João 19:37, João dá a conhecer que a profecia de Zacarias 12:10, em que o corpo de Jesus seria traspassado, acabara de ser cumprida. Qual foi o golpe fatal final que acabou com a vida de Jesus?
O doutor de medicina, Dr. John Lyle Cameron, explica: “O soldado Romano; estava bem treinado, proficiente e sabia o seu dever. Ele sabia que parte do corpo devia traspassar de forma a obter um resultado rápidamente fatal ou assegurar que a vítima estava inegávelmente morta...
“O soldado, pondo-se por baixo do nosso Senhor crucificado quando estava pendurado na cruz, desferiria a lança de baixo das costelas da esquerda para cima. A lança larga e de dois gumes afiados entraria pelo lado esquerdo da parte superior do abdómen, abriria o...estômago, perfuraria o diafragma, cortaria ao meio o coração e os grandes vasos sanguíneos, artérias e veias...e laceraria o pulmão.
“A ferida seria suficientemente grande de forma a permitir que uma mão aberta pudesse por ela entrar [comparar João 20:24-27]. Sangue...juntamente com água do...estômago, derramar-se-iam em abundância. O acontecimento, na íntegra, descrito por São João, na verdade teve de ter acontecido, pois escritor algum poderia apresentar com detalhes tão coerentes tão reconhecível feito, sem que ele ou alguém tivesse testemunhado a ocorrência” (citado por R.V.G. Tasker, Tyndale New Testament Commentaries: John, [Comentários por Tyndale do Novo Testamento: João] 2000, pp. 212-213).
A ideia de que Jesus não tenha morrido, mas que desmaiou, ou que tenha sido drogado, e mais tarde ressuscitado, não tem qualquer fundamento, quando se consideram as claras afirmações que Ele morreu. O apóstolo João foi uma testemunha ocular dessa morte, tendo lá estado presente com outros, consoante estes acontecimentos se desenrolaram (João 19:25-27, 35).
Os soldados Romanos também sabiam que Ele estava morto. Eles não eram especialistas em medicina, mas estavam habituados a ver execuções e a saber quando alguém estava morto. Antes de entregar o corpo de Jesus a José de Arimateia, Pilatos confirmou com o centurião, que superintendeu os pormenores da execução, de que Jesus estava na verdade morto (Marcos 15:43-45).
Mesmo assumindo que Jesus pudesse ter sobrevivido fisicamente a crucifixão, como poderia Ele então ter vivido durante três dias e três noites num túmulo fechado, sem qualquer espécie de cuidado ou tratamento médico?
Há um outro ponto que aqui devemos apresentar: Assumindo, a ideia evidentemente impossível, de que um homem duma maneira ou outra pudesse ter vivido através disto tudo, as descrições das aparições de Jesus aos Seus discípulos, depois desta experiência, seriam ainda muito mais impossíveis. Pois, se Ele de algum modo tivesse conseguido sobreviver, Ele certamente não podia parecer na Sua condição física, como Aquele que inspiraria os Seus discípulos a proclamar que tinha ressuscitado num estado glorioso e poderoso. Ele seria um homem severamente desanimado e ferido — psicologicamente traumatizado, fisicamente inválido e mutilado para o resto da vida.
Qualquer teoria que pretenda dizer que de fato Jesus não morreu, não pode ser tomada a sério à luz da clara evidência que temos.
O enterro de Jesus
Jesus foi enterrado por José de Arimateia num túmulo novo que José tinha reservado para si mesmo.
Visto que José de Arimateia era um membro do mesmo tribunal supremo Judaico que condenou Jesus, é improvável que ele fosse uma invenção Cristã. O Evangelho de Marcos diz-nos que: “José de Arimateia, senador honrado...ousadamente foi a Pilatos, e pediu o corpo de Jesus” (Marcos 15:43).
Dada a permissão para levar o corpo, José “comprara um lençol fino, e, tirando-o da cruz, o envolveu nele, e o depositou num sepulcro lavrado numa rocha; e revolveu uma pedra para a porta do sepulcro” (versículo 46).
Ninguém tentando inventar e arriscar uma falsificação inventaria uma pessoa que não existisse e diria que ela era um membro do Sinédrio, o conselho governante da nação Judaica. Os membros do Sinédrio eram bastante conhecidos. Porque José era uma figura pública respeitada, muitas pessoas deveriam saber onde era o seu túmulo. Se Jesus não tivesse sido sepultado no seu túmulo, o ardil teria sido demasiado fácil de expor.
Note-se também as precauções tomadas para que nada acontecesse ao corpo de Jesus, uma vez que ele fosse posto no túmulo: “no dia seguinte...os príncipes dos sacerdotes e os fariseus, em casa de Pilatos,” disseram: “Senhor, lembramo-nos de que aquele enganador, vivendo ainda, disse: ‘Depois de três dias ressuscitarei.’”
“Manda, pois, que o sepulcro seja guardado com segurança até ao terceiro dia, não se dê caso que os seus discípulos vão de noite, e o furtem, e digam ao povo: ‘Ressuscitou dentre os mortos’; e assim o último erro será pior do que o primeiro. E disse-lhes Pilatos: ‘Tendes a guarda; ide, guardai-o como entenderdes’. E, indo eles, seguraram o sepulcro com a guarda, selando a pedra” (Mateus 27:62-66).
Foram postas sentinelas Romanas, de guarda ao túmulo, no dia seguinte ao enterro de Jesus. Certamente teriam tomado nota se Jesus tivesse acordado do estado de quase morte, ou se o Seu corpo tivesse sido roubado pelos Seus seguidores. As ordens que receberam eram bem claras. Eles tinham de guarantir que nada aconteceria ao corpo de Jesus. Se eles falhassem esta obrigação podiam ser condenadas à morte tal como Jesus tinha sido.
Os Judeus, tal como os discípulos de Cristo, sabiam o local do túmulo. As mulheres que figurariam proeminentemente na descoberta do túmulo vazio, também sabiam o local do túmulo e que Jesus estava de facto nele (Lucas 23:55). Elas também sabiam que uma pedra pesada tinha sido posta na entrada do túmulo (Marcos 15:46-47) e sabiam que teria de ser retirada quando voltassem ao mesmo lugar para aplicar os unguentos que prepararam, pois: “diziam umas às outras: ‘Quem nos revolverá a pedra da porta do sepulcro?’” (Marcos 16:3).
Não havia dúvidas na mente das mulheres e dos Seus outros discípulos de que Jesus estava no túmulo.
As Mulheres descobrem o túmulo vazio
Marcos também nos descreve o detalhe em que três mulheres — Maria Madalena, Maria mãe de Tiago, e Salomé — foram ao túmulo antes do nascer do sol para ungir o corpo de Jesus com aromas. Encontrando a pedra pesada removida, entraram no túmulo e ficaram chocadas e com medo quando “viram um jovem assentado à direita, vestido de uma roupa comprida, branca...”Ele disse-lhes: “Não vos assusteis; buscais a Jesus Nazareno, que foi crucificado; já ressuscitou, não está aqui...Mas ide dizei aos discípulos...” (Marcos 16:1-8).
Na sociedade desse tempo, o testemunho das mulheres era considerado tão baixo que nem lhes era permitido servir como testemunhas num tribunal de lei. Como é notável, então, as mulheres foram reconhecidas as descobridoras do túmulo vazio de Jesus!
Se alguém tivesse inventado esta história mais tarde, como muitos críticos assumem ter sido o caso, a conspiração certamente apresentaria discípulos var ões, tais como Pedro e João, como descobridores do túmulo vazio. Mas porque foram mulheres as principais testemunhas do facto do túmulo estar vazio, isto explica ainda mais a pura verdade de que as mulheres mencionadas foram deveras as que de facto o descobriram.
Os escritores dos Evangelhos registaram fielmente o que para eles era um detalhe deselegante e potencialmente embaraçoso.
Os inimigos de Jesus reconheceram que o túmulo estava vazio
Qual foi a reacção dos inimigos de Jesus à impressionante declaração dos discípulos de que Jesus estava vivo outra vez, depois de ter sido executado publicamente?
As suas reacções são bastante reveladoras. Disseram eles que os discípulos de Jesus estavam mentindo, e que o corpo de Jesus estava ainda no túmulo lavrado na rocha? Não! Disseram que os discípulos estavam alucinando? Não! Ao contrário, eles subornaram os soldados Romanos responsáveis pela guarda ao túmulo selado, para espalharem o que eles sabiam ser uma mentira. Eles disseram-lhes para propagar a contra informação declarando que os discípulos de Jesus tinham vindo ao túmulo e roubado o Seu corpo enquanto eles dormiam, e que os protegeriam se eles se vissem em problemas com o governador Romano.
Leia a descrição dos eventos em Mateus 28:11-15. Esta foi a melhor desculpa que as autoridades puderam encontrar para explicar o desaparecimento do corpo de Jesus e porque não podia ser encontrado!
Aqui temos evidência dos próprios inimigos de Cristo de que o Seu túmulo estava vazio. A coisa mais racional que eles puderam inventar, foi algo que eles sabiam ser uma mentira. Não há outra explicação para que o túmulo aparecesse vazio exceto que Jesus tinha ressuscitado corporalmente e deixado o túmulo.
Testemunhos oculares das Suas aparições
Em múltiplas ocasiões e em várias circunstâncias individuos, e grupos de pessoas, viram Jesus vivo depois de saberem que Ele tinha morrido.
Veja-se o que o apóstolo Paulo escreveu à igreja em Corinto: “...foi visto por Cefas [Pedro], e depois pelos doze. Depois foi visto, uma vez, por mais de quinhentos irmãos, dos quais vive ainda a maior parte, mas alguns já dormem também. Depois foi visto por Tiago, depois por todos os apóstolos. E por derradeiro de todos me apareceu também a mim, como a um abortivo” (1 Coríntios 15:5-8).
Como foi que Paulo recebeu esta informação? Ele conhecia e tinha falado com as pessoas envolvidas. Ele ouviu-as com as suas próprias descrições e palavras. A maior parte dos que podiam testificar disso ainda estavam vivos. Ele faz esta afirmação, sabendo que pode ser desmentido se tal não for verdade!
Tais testemunhos não podem ser descartados como fantasia. Eles têm de se referir a acontecimentos que de facto foram testemunhados por muitas pessoas vivas na altura em que Paulo escreveu isto. Paulo até faz uma lista dos nomes das testemunhas mais conhecidas para que outros, para si próprios, verificassem os factos da ressurreição de Jesus!
Aparições em forma corporal
Todas as aparições de Jesus pós ressurreição, nos Evangelhos, são em forma de corpo. “Por que estais perturbados, e por que sobem tais pensamentos aos vossos corações?” perguntou Ele aos Seus apóstolos quando lhes apareceu, como registado em Lucas 24:36-43.
Ele convidou-os, “Vede as minhas mãos e os meus pés, que sou eu mesmo; apalpai-me e vede, pois um espírito não tem carne nem ossos, como vedes que eu tenho”. Como eles ainda não acreditavam, talvez por causa da alegria, Ele pediu-lhes comida a qual comeu na frente deles.
Então há a ocasião em que Jesus aparece a todos os Seus apóstolos, incluindo Tomé, que aparentemente, não esteve presente na prévia ocasião. Tomé não desistia em não acreditar salvo se visse as feridas de Jesus com os seus próprios olhos e as sentisse com as suas mãos (João 20:24-29). Contudo, ele ficou absolutamente convencido quando Jesus apareceu a todos eles e convidou especificamente Tomé a verificar que Ele era na verdade o mesmo Jesus que Tomé e os restantes tinham conhecido por tanto tempo.
Numa outra ocasião Jesus apareceu aos discípulos na praia do mar da Galiléia. Nessa altura Ele fez um milagre, preparou e comeu um pequeno-almoço de peixe e pão com eles e, delicadamente, repreendeu Pedro por voltar à sua vida de pescador em vez de cuidar dos assuntos da Sua igreja que eram de muito maior importância (João 21:1-23).
Tem sido sugerido que estas aparições foram alucinações por parte dos discípulos. Mas esta teoria não dá satisfação ao facto das aparições terem sido em diferentes lugares, em diferentes ocasiões e perante diferentes grupos de pessoas. Jesus apareceu de forma que convenceu todos os apóstolos. Estas aparições não deixaram a menor dúvida nas suas mentes—incluindo a de Tomé, que sustentou a sua posição em não acreditar salvo se de facto visse e sentisse o Jesus que ele conhecera.
A espantosa transformação dos discípulos
Uma das maiores provas da ressurreição de Jesus é a dramática mudança nas vidas dos Seu discípulos.
As descrições dos Evangelhos não são elogiadoras dos apóstolos, coisa que mais evidencia que eles não inventaram a história. Na ocasião da prisão e do julgamento de Cristo, todos os Seus apóstolos O abandonaram e fugiram (Mateus 26:56). Pedro, que prometeu que estaria sempre ao lado de Jesus, até praguejou e jurou negando que O conhecia (versículos 69-75).
Lembramo-nos que Jesus, predisse a fraqueza de Pedro e até preveniu os Seus apóstolos de que eles também tropeçariam por causa da sua associação com Ele (versículos 31-35).
Contudo, num curto espaço de tempo, observamos uma mudança dramática. Encontramos os apóstolos a falarem a grandes multidões e a declararem abertamente que Jesus tinha ressuscitado da morte. Longe de fugirem e se esconderem, agora eles confrontaram corajosamente as autoridades civis e religiosas com o facto de que Jesus tinha sido morto e ressuscitado para a vida outra vez.
Eles desafiaram ordens ameaçando-os com prisão se eles continuassem a falar acerca da pessoa de Jesus (Actos 4:1-23). Corajosamente enfrentaram espancamentos e sofreram ameaças de morte porque pregaram que Jesus estava vivo e era o Messias (Actos 5:17-42).
Conquanto só algumas semanas antes tivessem negado até conhecê-Lo, agora nada os podia impedir de abertamente dizerem o que eles obviamente sabiam ser verdade. Só uma explicação é plausível para a nova inabalável crença, mesmo em face de prisão e execução: Eles viram Jesus Cristo vivo depois de saberem que Ele tinha morrido. Eles falaram com Ele, comeram com Ele, receberam extensas instruções por Ele, passaram tempo com Ele e tocaram-Lhe.
Estes homens deram os anos restantes da sua vida, e por fim a sua propria vida, por Aquele que eles sabiam conquistara a morte. Se todos eles tivessem somente participado numa gigantesca mentira, poderíamos nós acreditar que eles dariam as suas vidas por algo que sabiam ser uma mentira?
A notável mudança de Pedro
O apóstolo Pedro é o mais conhecido dos discípulos cuja vida foi tão notavelmente mudada. A sua audácia na Festa de Pentecostes foi espantosa. No templo, ele dirigiu-se a uma enorme multidão de pessoas, das quais 3.000 se tornaram discípulos de Jesus o Messias.
Pedro falou para pessoas que viviam em Jerusalém e em toda a Judeia, bem como em muitas outras partes do mundo Romano. Elas estavam em Jerusalém para celebrar a Festa de Pentecostes, também chamada a Festa das Semanas, como Deus ordenou em Deuteronómio 16:16. Pedro lembrou-lhes que todos sabiam quem Jesus era e o que Lhe acontecera sete semanas antes, na Festa da Páscoa (Actos 2:22-24).
Pedro, que negara a sua amizade com Jesus antes d’Ele morrer, agora proclamava à multidão presente destemidamente dizendo que foram eles quem tinham crucificado o prometido Messias—mas que Deus O ressuscitara.
A reacção da multidão é muito significante. Não há quem negue, nem clamor, nem tentativa de apedrejar Pedro por esta acusação aparentemente excessiva. Muitos deles sabiam dos acontecimentos que envolveram a prisão, o julgamento e a crucifixão de Jesus. Eles sabiam que muitos—talvez mesmo alguns dos que ali estavam sentados a ouvir Pedro—tinham gritado pelo sangue de Cristo. Eles sabiam do estranho desaparecimento do corpo do túmulo, um mistério que ninguém era capaz de resolver.
Eles sabiam, ou tinham ouvido falar, de outros acontecimentos estranhos que tomaram lugar na altura: da escuridão que desceu sobre a terra quando Jesus estava a ser crucificado, pessoas a serem ressuscitadas da terra e a andarem nas ruas de Jerusalém, e o pesado véu do magnífico templo a rasgar-se de cima a baixo sem aparente causa.
Como se podiam explicar estes acontecimentos? Que significavam? Pedro estava-lhes dando a explicação fantástica—uma explicação que deles requeria tomarem uma decisão que lhes afectaria o resto das suas vidas.
Pedro contrastou o túmulo de Jesus com o túmulo ali próximo do maior rei de Israel, David. “Homens irmãos, seja-me lícito dizer-vos livremente acerca do patriarca David, que ele morreu e foi sepultado, e entre nós está até hoje a sua sepultura” (Actos 2:29). O seu ponto era inconfundível: toda a gente sabia onde estava o túmulo de David que este era o lugar onde o corpo do rei estava sepultado. Mas Jesus, ao contrário de David, já não estava na sepultura!
Jesus de Nazaré, declarou Pedro, tinha sido ressuscitado por Deus, e muitas testemunhas podiam testificar esse facto. Uma vez mais não houve argumento da multidão. Ao contrário, as pessoas agora perguntavam o que haviam de fazer, posto que, elas também, estavam convencidas que Pedro estava certo. Pedro respondeu que elas se deviam arrepender e de ser baptizadas e que também receberiam o Espírito Santo, como os discípulos receberam naquele mesmo dia (Actos 2:37-38).
A única explicação da dramática transformação dos discípulos, de um medroso bando pronto a abandonar tudo e a fugir de volta para a Galiléia, é a de que Jesus deixou evidência sensacional e poderosa: um túmulo vazio e múltiplas aparições corporais. Pessoas comuns, de vários quadrantes normais de vida, que tinham negado o seu Mestre e O tinham desapontado miseravelmente, repentinamente mudaram-se, como que do dia para a noite, em líderes dinâmicos de uma Igreja que ía resistir abertamente e desafiar o antigo mundo pagão.
Tiago, o meio-irmão de Jesus, torna-se crente
Talvez uma ainda mais notável transformação deu-se com Tiago, meio-irmão de Jesus (Tiago foi filho natural de Maria e de José, enquanto que Jesus foi filho de Maria e de Deus Pai). Repare-se como J. P. Moreland descreve acontecimentos na vida de Tiago tal como foram registados na Bíblia e na história contemporânea:
“Por que é que estes homens mudaram? Por que se submeteram a dificuldades, perseguição, pressão e martírio? Considere-se Tiago, o irmão de Jesus. Josefo, o historiador Judeu do primeiro século, diz-nos que ele teve uma morte de mártir pela fé no seu irmão. Todavia os Evangelhos dizem-nos que durante a vida de Jesus ele era um incrédulo e se opunha a Jesus.
“Por que é que ele mudou? O que podia fazer com que um Judeu crêsse que o seu próprio irmão era o verdadeiro Filho de Deus e se dispusesse a morrer por tal crença? Certamente não foi um conjunto de ensinamentos encantadores de um carpinteiro de Nazaré. Só a aparição de Jesus a Tiago (1 Coríntios 15:7) pode explicar a sua transformação.
“Tal como com Tiago, assim acontece com os outros discípulos. Aquele que nega a ressurreição deve-nos uma explicação desta transformação a qual faz justiça aos factos históricos” (Scaling the Secular City [Escalando a Cidade Secular], 1987, pp. 178-179).
Paulo o perseguidor é transformado
O apóstolo Paulo é outro exemplo notável. Como um devoto rabi Judeu e estrito Fariseu, ele estava resolutamente convencido que a ressurreição de Jesus não se dera. Paulo perseguiu membros da Igreja primitiva por crerem em tal absurdo. Ele apostava toda a sua missão na vida na convicção de que a ressurreição era uma fabricação e o movimento era uma ameaça a toda a tradição que ele considerava sagrada.
Ele estava convicto que este novo movimento devia ser reprimido por todos os meios, incluindo prisão e execução (Actos 22:4)—e esta seria a sua cruzada pessoal. Então algo aconteceu. Jesus apareceu a Paulo e falou com ele.
Paulo não era um homem dado a imaginações vívidas de pessoas supersticiosas. Ele era um intelectual sensato. Contudo, mais tarde estava preparado para defender o seu zelo por Cristo perante multidões hostis bem assim como governadores, reis e outros governantes. Por fim esteve preparado para morrer pelo que ele sabia ser a verdade: Jesus era realmente o Messias e estava vivo e bem à mão direita de Deus.
A existência da Igreja Cristã
O Dr. Moreland põe a questão da seguinte maneira: “Que causa podemos admitir que é possível para explicar o facto de que a igreja Cristã transformou o mundo do primeiro século? As probabilidades de sucesso tinha antecedentes fracos. No primeiro século existiam várias religiões e alguns dos elementos do Cristianismo podem ser encontrados nelas. Porque é que o Cristianismo foi bem sucedido, especialmente quando se tratava de uma fé tão exclusivista que olhava mesmo com desdém o sincretismo [a combinação de princípios de diversos sistemas]? O que fez com que a igreja tivesse início? Nunca houve uma forma de Cristianismo que não enfatizasse a importância central da morte e da ressurreição de um Jesus divino.
“A ressurreição de Jesus é a explicação que a própria Igreja dá, e é a única adequada. O académico do Novo Testamento da Universidade de Cambridge, C. F. D. Moule, argumenta deste modo: ‘Se o aparecimento dos Nazarenos, um fenômeno inegavelmente atestado pelo Novo Testamento, abre à força um grande buraco na história, um buraco do tamanho e forma da Ressurreição, então o que o historiador secular propõe para o tapar?’” (ibid., pp. 180-181).
Que Jesus Cristo foi realmente ressuscitado da morte é a única conclusão verdadeiramente razoável.