A Páscoa: Por que Jesus Cristo Teve que Morrer?

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A Páscoa

Por que Jesus Cristo Teve que Morrer?

O sacrifício de Jesus é um acontecimento fundamental no plano de Deus para salvar a humanidade. Ao falar de Sua morte, Cristo disse, referindo-se a Si mesmo como o Filho do Homem, que Ele precisava ser “levantado” (crucificado) tal “como Moisés levantou a serpente no deserto”, de sorte que “para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna. Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigénito, para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:14-16).

Vemos aqui que o sacrifício de Jesus, a mensagem central da Páscoa, foi um supremo ato de amor pela humanidade. Esse importante acontecimento estabeleceu a base para as outras festas anuais. E é o passo mais significativo do plano de Deus.

Exatamente antes da Páscoa, quando haveria a Sua execução, Jesus disse: “Para isso vim a esta hora” e, “quando for levantado da terra, todos atrairei a Mim” (João 12:27, 32).

Esse profundo acontecimento da crucificação ocorreu no dia 14 do primeiro mês do calendário de Deus, o mesmo dia em que os cordeiros da Páscoa eram sacrificados (Levítico 23:5). Mais tarde, Paulo escreveu à congregação de Corinto: “Cristo, nossa Páscoa, foi sacrificado por nós” (1 Coríntios 5:7).

Agora veremos novamente na Bíblia as instruções e o significado revelado por Deus sobre esse dia. Isso vai nos ajudar a compreender porque Deus espera que continuemos observando a Páscoa.

Instruções sobre a Páscoa de Deus

Através de Moisés, Deus disse a faraó: “Deixa ir o Meu povo, para que Me celebre uma festa no deserto” (Êxodo 5:1). Por meio de uma série de pragas, Deus demonstrou o Seu grande poder e libertou os israelitas da escravidão do Egito. Depois da nona praga, Ele deu instruções específicas a Israel sobre a décima e iminente praga dessa série de terríveis calamidades e também o que cada família Israelita deveria fazer para escapar dela.

Deus disse que, no décimo dia do primeiro mês, cada Israelita deveria escolher um cordeiro ou cabrito suficientemente grande para alimentar uma família (Êxodo 12:3). Tinha que ser um macho de um ano e sem nenhum defeito. No décimo quarto dia desse mês, no crepúsculo da tarde, o animal seria morto e parte de seu sangue seria posto nas ombreiras das portas das casas. Os animais seriam assados, e, depois, comidos com pão Asmo e ervas amargas. Os israelitas comeram essa refeição apressadamente.

Além disso, o Criador informou aos israelitas que naquela noite mataria todo o primogênito do Egito para convencer o faraó a libertá-los da escravidão. Os primogênitos israelitas seriam protegidos se o sinal do sangue estivesse na entrada das portas de suas casas. Deus “passaria por cima” de suas casas (versículo 13) – e assim temos o significado do nome desta festa.

Deus disse aos israelitas: “Este dia vos será por memória, e celebrá-lo-eis por festa ao SENHOR; nas vossas gerações o celebrareis por estatuto perpétuo” (Êxodo 12:14). Mais tarde, os escritores bíblicos explicaram que a observância anual da Páscoa simbolizava a Cristo. Paulo refere-se a Cristo como a “nossa Páscoa” (1 Coríntios 5:7), e o evangelho de João registra que João Batista reconheceu a Cristo como “o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo” (João 1:29).

Aquele animal imaculado representava a Jesus Cristo como sacrifício perfeito, sem pecado, pelas nossas faltas. Hebreus 9:11-12 diz-nos que “vindo Cristo, o sumo sacerdote dos bens futuros, por um maior e mais perfeito tabernáculo, não feito por mãos, isto é, não desta criação, nem por sangue de bodes e bezerros, mas por seu próprio sangue, entrou uma vez no santuário, havendo efetuado uma eterna redenção”. Jesus Cristo nos comprou com o Seu sangue, dando a Sua vida, como cordeiro da nossa Páscoa, para que Deus perdoasse os nossos pecados.

Por que Jesus Cristo teve que morrer? O Nosso Salvador teve que morrer porque essa era a única maneira pela qual Deus poderia perdoar os nossos pecados. A Bíblia diz-nos que o pecado é a violação da lei de amor de Deus (1 João 3:4). “Porque todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus” (Romanos 3:23). A nossa desobediência nos tornaram merecedores da pena da morte (Romanos 5:12; 6:23).

Paulo ilustra o amor profundo de Jesus Cristo por nós ao dar a Sua vida em nosso favor (Romanos 5:6-8). Todos nós estaríamos condenados eternamente se a pena por nossos erros não tivesse sido paga de alguma forma. Cristo, que viveu uma vida perfeita como o imaculado Cordeiro de Deus, substituiu a Sua morte pela nossa. E, defato, Sua morte era a única substituição possível. O Seu sacrifício tornou-se o pagamento de nossos pecados. Ele morreu por nós para podermos compartilhar eternamente a vida com Ele. Portanto, de agora em diante, nós não podemos viver de acordo com os nossos desejos. Fomos remidos e comprados por Deus por por um preço altíssimo (1 Coríntios 6:19-20).

Jesus e o apóstolo Paulo esclareceram que a Páscoa continua sendo uma celebração cristã. O próprio Jesus instituiu novos símbolos e práticas para ensinar aos cristãos algumas verdades importantes a Seu respeito e sobre o plano de salvação de Deus.

A Páscoa do Antigo Testamento prenunciou a crucificação de Cristo. E a Páscoa do Novo Testamento é um memorial dessa crucificação. Quando a celebramos, nós “proclamamos a morte do Senhor até à Sua vinda” (1 Coríntios 11:26).

Agora vamos examinar as instruções específicas de Cristo em relação à cerimónia da Páscoa e às lições que devemos aprender dela.

Uma lição de humildade e serviço

O apóstolo João descreveu os acontecimentos da última noite de Jesus Cristo com os Seus apóstolos, deste modo: “Ora, antes da festa da Páscoa, sabendo Jesus que era chegada a sua hora de passar deste mundo para o Pai, como havia amado os seus que estavam no mundo, amou-os até ao fim. E, acabada a ceia, tendo já o diabo posto no coração de Judas Iscariotes, filho de Simão, que o traísse, Jesus, sabendo que o Pai tinha depositado nas suas mãos todas as coisas, e que havia saído de Deus, e que ia para Deus, levantou-se da ceia, tirou as vestes e, tomando uma toalha, cingiu-se. Depois, pôs água numa bacia e começou a lavar os pés aos discípulos e a enxugar-lhos com a toalha com que estava cingido” (João 13:1-5).

Geralmente, o ato de lavar os pés dos hóspedes era dever do criado mais inferior da casa. No primeiro século, isso era um ato de hospitalidade. Em vez de pedir a um criado para executar essa função para os Seus hóspedes, o próprio Jesus, humildemente, fez isso para ensinar uma lição importante. Assim continua o relato: “Depois que lhes lavou os pés, e tomou as suas vestes, e se assentou outra vez à mesa, disse-lhes: Entendeis o que vos tenho feito? Vós me chamais Mestre e Senhor e dizeis bem, porque Eu o sou. Ora, se eu, Senhor e Mestre, vos lavei os pés, vós deveis também lavar os pés uns aos outros” (versículos 12-14).

Jesus deixou para Seus discípulos essa última lembrança da importância de servir aos outros com humildade. Isto reforçava uma lição anterior que Ele havia dado, que está registrada em Mateus 20:25-28, onde Jesus admoesta a Seus discípulos sobre a maneira certa, e também a errada, de liderança: “Então, Jesus, chamando-os para junto de si, disse: Bem sabeis que pelos príncipes dos gentios são estes dominados e que os grandes exercem autoridade sobre eles. Não será assim entre vós; mas todo aquele que quiser, entre vós, fazer-se grande, que seja vosso serviçal; e qualquer que, entre vós, quiser ser o primeiro, que seja vosso servo, bem como o Filho do Homem não veio para ser servido, mas para servir e para dar a Sua vida em resgate de muitos” (Mateus 20:25-28).

O simples ato de lavar os pés de outra pessoa contém uma lição vital, que está intimamente ligada à Páscoa. Ele concluiu: “Eu vos dei o exemplo, para que, como Eu vos fiz, façais vós também” (João 13:15). Hoje em dia, quantos cristãos obedecem a essa simples instrução de lavar os pés uns dos outros e demonstram essa atitude em suas vidas? A nossa vida, que é propriedade redimida por Deus, através do sacrifício de Cristo, deve ser dedicada a servir a Deus e a nosso semelhante.

O pão: símbolo do corpo de Cristo

Mais tarde, quando os discípulos estavam comendo, Jesus disse que um deles iria traí-Lo (Mateus 26:21-25). Mas observe o versículo 26: “Enquanto comiam, Jesus tomou o pão, e, abençoando-o, o partiu, e o deu aos discípulos, e disse: Tomai, comei, isto é o Meu corpo”.

O corpo de Cristo tornava-se uma oferta sacrificial do pecado, pois, de fato, “temos sido santificados, mediante a oferta do corpo de Jesus Cristo, uma vez por todas. Ora, todo sacerdote se apresenta, dia após dia, a exercer o serviço sagrado e a oferecer muitas vezes os mesmos sacrifícios, que nunca jamais podem remover pecados; Jesus, porém, tendo oferecido, para sempre, um único sacrifício pelos pecados... Porque, com uma única oferta, aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados” (Hebreus 10:10-14, ARA). Deus perdoa-nos através do sacrifício de Jesus Cristo e “santifica-nos” — separa-nos — para o santo propósito de obedecer-Lhe.

A nossa decisão de comer o pão da Páscoa significa que compreendemos que Jesus Cristo “se manifestou, para aniquilar o pecado pelo sacrifício de Si mesmo” (Hebreus 9:26). Espontaneamente, Ele aceitou sofrer uma morte excruciante por nós. Cristo suportou em Seu corpo o sofrimento físico e psicológico causado pelo pecado.

O sacrifício de Jesus Cristo também está intrinsicamente associado à nossa cura. Pedro escreveu sobre o sofrimento de Cristo, dizendo: “Levando Ele mesmo [Cristo] em seu corpo os nossos pecados sobre o madeiro, para que, mortos para os pecados, pudéssemos viver para a justiça; e pelas Suas feridas fostes sarados” (1 Pedro 2:24). Isaías profetizou sobre o sofrimento de Cristo por nós: “Verdadeiramente, Ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. Mas Ele foi ferido pelas nossas transgressões e moído pelas nossas iniquidades; o castigo que nos traz a paz estava sobre Ele, e, pelas Suas pisaduras, fomos sarados” (Isaías 53:4-5).

Em Mateus 8:16-17, lemos sobre os milagres de cura no ministério de Jesus. Ele curou “muitos endemoninhados, e Ele, com a Sua palavra, expulsou deles os espíritos e curou todos os que estavam enfermos, para que se cumprisse o que fora dito pelo profeta Isaías, que diz: ‘Ele tomou sobre Si as nossas enfermidades e levou as nossas doenças.’”

Jesus Cristo mostrou, através de Suas curas milagrosas, que Ele era o Messias prometido. Além de demonstrar a Sua compaixão, esses milagres demonstraram que Ele possuía o poder de perdoar pecados (Mateus 9:2-6). O pecado traz sofrimento! A cura total, somente possível pelo sacrifício de Cristo, inclui todo o ser da pessoa, que leva ao alívio e eliminação do sofrimento mental, emocional e físico resultantes de nossos pecados.

Através do perdão de nossos pecados, Cristo também nos tornou possível a vida eterna. “Eu sou o pão da vida”, disse Ele, “vossos pais comeram o maná no deserto e morreram. Este é o pão que desce do céu, para que o que dele comer não morra. Eu sou o pão vivo que desceu do céu; se alguém comer desse pão, viverá para sempre; e o pão que Eu der é a minha carne, que Eu darei pela vida do mundo” (João 6:48-51).

Um relacionamento que conduz a uma nova vida

O pão da Páscoa nos lembra da relação íntima entre os cristãos e Jesus Cristo. Em Romanos 6:1-6, Paulo mostra-nos que, depois que estivermos simbolicamente unidos com Cristo na morte através do batismo, “não sirvamos mais ao pecado”, mas “andemos nós também em novidade de vida”. A comer o pão manifestamos a promessa de permitir que Cristo viva em nós.

O apóstolo Paulo descreve esta união com Cristo em Gálatas 2:20: “ estou crucificado com Cristo; e vivo, não mais eu, mas Cristo vive em mim; e a vida que agora vivo na carne vivo-a na fé do Filho de Deus, o qual me amou e se entregou a si mesmo por mim”. Paulo compreendia que viver de sua própria maneira jamais deveria ser o seu objetivo. A Sua relação com Jesus Cristo tornou-se sumamente importante.

O apóstolo João disse o que Cristo espera de nossa relação com Ele: “Nisto sabemos que o conhecemos: se guardarmos os Seus mandamentos. . . Aquele que diz que está nEle também deve andar como Ele andou” (1 João 2:3-6).

O pão da Páscoa reforça o nosso entendimento de que Jesus Cristo, o verdadeiro “pão da vida”, precisa viver em nós para que possamos ter uma vida inteiramente nova. Deus perdoa os nossos pecados para nos santificar — para continuar nos reservando para um propósito sagrado e para nos redimir (ou seja, para nos comprar por um alto preço). Desse modo, Agora pertencemos a Deus e assim Ele pode realizar o Seu propósito em nós.

O significado do vinho da Páscoa

Por que foi que Jesus ordenou aos Seus discípulos beber vinho na cerimônia da Páscoa como um símbolo do Seu sangue? Qual o simbolismo disso?

Vejamos o registro de Mateus: “A seguir, tomou um cálice e, tendo dado graças, o deu aos discípulos, dizendo: Bebei dele todos; porque isto é o meu sangue, o sangue da nova aliança, derramado em favor de muitos, para remissão de pecados. E digo-vos que, desta hora em diante, não beberei deste fruto da videira, até aquele dia em que o hei de beber, novo, convosco no reino de meu Pai” (Mateus 26:27-29, ARA).

O que podemos aprender deste simbolismo? Primeiramente, Cristo sabia que ao beber um pouco de vinho como símbolo do Seu sangue derramado iria causar um profundo impacto em nossa mente pelo fato de Sua morte ter acontecido para haver perdão de nossos pecados. “Fazei isto, todas as vezes que beberdes, em memória de mim” (1 Coríntios 11:25). Jesus “nos ama, e em seu sangue nos lavou dos nossos pecados” (Apocalipse 1:5). Deus perdoa os nossos pecados através do sangue derramado por Cristo (1 João 1:7).

Normalmente, a grande maioria das compreende esse princípio — de que Deus perdoa os nossos pecados através do sangue de Jesus Cristo — mas nem todas entendem como isso ocorre. Paulo explica que “quase todas as coisas, segundo a lei, se purificam com sangue; e sem derramamento de sangue não há remissão [de pecados]” (Hebreus 9:22).

O Antigo Testamento registra a instrução de Deus ao sacerdócio sobre certas responsabilidades, que incluíam um sistema de limpeza e purificação utilizando o sangue de animais sacrificados, prenunciando assim o derramamento do sangue de Cristo, o supremo sacrifício pelo pecado. Ele ordenou à nação de Israel a seguir este sistema temporário de purificação ritual do pecado (Hebreus 9:9-10). O sacrifício de animais serviu como símbolo ou representação do único e verdadeiro sacrifício futuro, o de Jesus Cristo, o qual pagaria a pena pelos pecados de todos de uma vez por todas.

A Bíblia ensina que a vida de uma pessoa está em seu sangue (Gênesis 9:4). Quando uma pessoa perde muito sangue, ela morre. Por isso, o sangue, quando derramado, produz a expiação do pecado, o qual produz a morte (Levítico 17:11). Jesus perdeu o Seu sangue quando foi açoitado, crucificado e trespassado (Lucas 22:20; Isaías 53:12). Ele derramou o Seu sangue ao morrer pelos pecados da humanidade.

Quando participamos da cerimônia do vinho durante a Páscoa, devemos ponderar cuidadosamente seu significado. Essa pequena porção de vinho representa o verdadeiro sangue da vida que se esvaiu do corpo moribundo de Jesus Cristo para remissão dos nossos pecados (Efésios 1:7). E esse perdão traz a libertação da morte eterna.

Além de remir todos os nossos pecados, o sangue de Jesus Cristo também torna possível a remoção de nossa culpa. Hebreu 9:13-14 compara o sacrifício físico de um animal com o sangue de Cristo: “Porque, se o sangue dos touros e bodes e a cinza de uma novilha, esparzida sobre os imundos, os santificam, quanto à purificação da carne, quanto mais o sangue de Cristo, que, pelo Espírito eterno, se ofereceu a si mesmo imaculado a Deus, purificará a vossa consciência das obras mortas, para servirdes ao Deus vivo?”.

A palavra consciência vem do Latim conscire, que significa “estar consciente de culpa”. A nossa consciência nos alerta sobre o certo e o errado.

O ato de tomar o vinho na cerimônia da Páscoa do Novo Testamento é uma expressão de nossa fé de que Deus realmente nos perdoou. Estamos livres do pecado e da culpa (João 3:17-18) e os nossos corações estão “purificados da má consciência” (Hebreus 10:22). Vivemos em novidade de vida e com uma consciência limpa (Romanos 6:14).

Acontece que algumas pessoas continuam se sentindo culpadas mesmo depois do arrependimento. Embora a nossa consciência nos culpe imediatamente quando pecamos de novo, nós não devemos ficar recriminando-nos continuamente por causa dos pecados outrora perdoados por Deus. Aliás, devemos confiar plenamente em nossa libertação da culpa. Esta libertação nos foi dada por Deus (1 João 1:9; 3:19-20).

O acesso ao Pai

O sangue derramado de Cristo também torna possível o nosso acesso ao próprio trono de Deus Pai. nos termos da Antiga Aliança somente o sumo-sacerdote podia entrar na área do tabernáculo, conhecida por Santuário ou Santo Lugar (Hebreus 9:6-10). Aquele "propiciatório" representava o trono de Deus. Levítico 16 descreve, noutro Dia Santo, o Dia da Expiação, a cerimônia que se realizava ali todos os anos . Nesse tempo, o sumo-sacerdote aspergia o sangue de um bode, representando o futuro sacrifício de Jesus Cristo, sobre o propiciatório para purificar, simbolicamente, os israelitas de todos os seus pecados (versículos 15-16).

Por causa do sangue de Jesus Cristo, que remove o pecado e nos torna puros perante Deus, nós podemos desfrutar do acesso direto ao Pai (Hebreus 9:24). Jesus, como o nosso Sumo-Sacerdote, entrou no Santo Lugar pelo Seu próprio sangue (Hebreus 9:11-12). Agora, podemos nos dirigir a Deus Pai sem hesitação ou medo de ser rejeitados, mas com certeza e confiança(Hebreus 10:19-22).

Hebreus 4:16 menciona essa confiança que podemos ter para nos dirigir a Deus: “Cheguemos, pois, com confiança ao trono da graça, para que possamos alcançar misericórdia e achar graça, a fim de sermos ajudados em tempo oportuno”. Portanto, Jesus Cristo tornou possível essa nossa íntima relação com Deus, Nosso Pai.

A nossa aliança com Deus

O sangue de Cristo também significa que Ele fez uma aliança [concerto] conosco. Como vimos, quando Jesus apresentou o vinho aos Seus discípulos, durante a observação da última Páscoa juntos, Ele disse-lhes: “Isto é o Meu sangue, o sangue da nova aliança” (Mateus 26:27-28 ARA).

Por que esse vinho é chamado “o sangue da nova aliança”? O autor do livro de Hebreus explica que, depois de Deus realizar a Antiga Aliança com Israel no Monte Sinai, a qual eles se comprometeram a obedecer, a aliança foi ratificada pela cerimônia da aspersão de sangue. Os escritores bíblicos chamaram isso de o “sangue da aliança” (Hebreus 9:18-20, ARA; 13:20; Êxodo 24:3-8).

Precisamos entender que o nosso arrependimento, batismo e aceitação do sacrifício de Jesus Cristo — bem como a crença em Sua promessa de perdão dos nossos pecados — faz parte da nossa aliança com Deus. Através dessa aliança, que aceitamos com muita gratidão e que podemos confiar plenamente (Hebreus 6:17-20), é que Deus nos promete a vida eterna. Quando aceitamos o sacrifício de Cristo para a remissão do pecado, entramos numa relação de aliança com o Deus do universo. Esta aliança é descrita tanto no Antigo Testamento (Jeremias 31:31) quanto no Novo Testamento (Hebreus 8:8), que tem por nome Nova Aliança (versões bíblicas de ARA, ACF e NVI) ou Novo Concerto (versão bíblica de ARC). As condições desta aliança são absolutas porque foi selada com o sangue derramado de Jesus Cristo (Hebreus 9:11-12, 15). Esta aliança é renovada todos os anos, quando participamos da Páscoa, no dia e na hora correta, como observada por Cristo (Marcos 14:12, ARA; Lucas 22:14-15).

Quais são os termos desse relacionamento nessa aliança? “Esta é a aliança que farei com eles, depois daqueles dias, diz o Senhor: Porei no seu coração as Minhas leis e sobre a sua mente as inscreverei, acrescenta: Também de nenhum modo Me lembrarei dos seus pecados e das suas iniquidades, para sempre” (Hebreus 10:16-17 ARA).

A antiga Israel não teve o coração disposto a guardar fielmente os mandamentos de Deus (Deuteronômio 5:29). Mas, sob a Nova Aliança, Deus escreve Suas leis em nossos corações e mentes. Estas leis não se tratam de purificação física como no sistema de sacrifícios, lavagens e serviços no tabernáculo. Em vez disso, elas são leis santas e virtuosas que definem o comportamento correto para com Deus e o semelhante (Romanos 7:12) e conduzem à vida eterna (Mateus 19:17). O ato de beber o vinho da Páscoa é um simbolismo de nossa aceitação do relacionamento nessa aliança, que é ratificada pelo sangue de Jesus Cristo.

A observância anual na Igreja primitiva

O Novo Testamento mostra os cristãos continuando a observar as festas anuais nos períodos ordenados por Deus. Quando era jovem, Cristo também celebrava a Páscoa anualmente no dia correto (Lucas 2:41), e continuou essa prática com os Seus discípulos. A Igreja primitiva também continuou observando os outros Dias Santos nas datas corretas. Por exemplo, Atos registra que os seguidores de Jesus se reuniram para observar a Festa de Pentecostes: “Cumprindo-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar” (Atos 2:1).

As Escrituras não dizem nada sobre a Igreja primitiva ter acrescentado festas diferentes ou mudado as datas ordenadas por Deus para as Suas festas. A frase, em 1 Coríntios 11:26 — “Porque, todas as vezes que comerdes este pão e beberdes este cálice” — simplesmente assinala que, ao celebrar a Páscoa anualmente no dia determinado, os membros da Igreja anunciavam “a morte do Senhor, até que venha”.

A Bíblia ordena a celebração anual da Páscoa, e a história registra que esta era a prática da Igreja primitiva. A Páscoa, como um memorial da morte de Jesus, é para ser celebrada anualmente, e como todas as outras festas anuais, ela é observada uma vez ao ano e não diversas vezes. Nem Cristo nem os apóstolos deram a entender que devêssemos mudar a data ou a frequência de quaisquer das festas de Deus.

Hoje em dia, seguindo o Seu exemplo, devemos observar a Páscoa ao começo da noite do dia 14 do primeiro mês do calendário hebraico (mês conhecido por Abibe ou Nisã).

Durante a Sua última Páscoa com os Seus discípulos, Jesus explicou que essa celebração tem implicações significativas para o futuro. Em Mateus 26:29 Ele disse-lhes: “Digo-vos que, desde agora, não beberei deste fruto da vide até àquele Dia em que o beba de novo convosco no Reino de Meu Pai.”

A celebração anual da Páscoa lembra-nos que Deus é Quem perdoa os pecados e nos garante a vida eterna em Seu Reino, através do sacrifício de Jesus Cristo, a nossa Páscoa. Esta prática é um memorial do trabalho contínuo de nosso Criador para a salvação da humanidade.