Afeganistão: Um Marco no Caminho Rumo ao Declínio

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Afeganistão: Um Marco no Caminho Rumo ao Declínio

Lembro-me de ter visto a cena dos helicópteros decolando do telhado da embaixada dos Estados Unidos em Saigon em abril de 1975. Os Estados Unidos estavam deixando o Vietnã depois de anos de guerra, depois de mais de cinquenta mil soldados estadunidenses mortos e um país amargamente dividido e desmoralizado. Aquela foi uma derrota humilhante que deixou cicatrizes profundas das quais a nação ainda não se recuperou completamente.

Então, em agosto deste ano, quarenta e seis anos depois, surgira mais imagens de outra retirada estadunidense. Após vinte anos de guerra no Afeganistão, os Estados Unidos estavam se retirando derrotados. As cenas de afegãos pendurados em um jato da Força Aérea decolando do aeroporto de Cabul foram trágicas. Os Estados Unidos deixaram para trás milhares de pessoas que ajudaram os militares estadunidenses para se tornarem cordeiros sacrificiais nas mãos dos vitoriosos talibãs. O fato de ter vistos duas cenas dessas em minha vida é surpreendente.

A escala dessa derrota é histórica. A base aérea de Bagram, uma instalação militar multibilionária de última geração, foi abandonada na calada da noite, junto com bilhões de dólares em aeronaves, armas e artilharia sofisticadas. Imediatamente, o Talibã, inimigo da democracia ocidental e de Israel, passaram a ter mais armamentos do que a maioria das nações modernas. Essa entrega de armamentos para um inimigo não tem precedentes na história militar.

É muito importante para os leitores de A Boa Nova compreenderem esse enorme evento geopolítico no contexto de um ponto de vista bíblico. Os Estados Unidos são um império mundial de poder impressionante. O fato de ter sido expulso do Afeganistão por um grupo terrorista de mentalidade medieval é um sinal interno de enfermidade espiritual que, se não for tratada, levará ao colapso dos Estados Unidos.

Contudo, não estamos dizendo que esse colapso é iminente. Mas estamos dizendo que devemos olhar o que dizem as Escrituras sobre uma nação abençoada com as promessas abraâmicas, como tem sido os Estados Unidos, para buscar entendimento e discernir o que Deus diz sobre esse evento. A derrota no Afeganistão não é irrelevante para o futuro dos Estados Unidos. Estamos vendo a história passar em nossa linha do tempo. Esse é um momento extremamente importante.

O que aconteceu no Afeganistão?

Os Estados Unidos entraram no Afeganistão após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001 em que quase três mil pessoas foram assassinadas por membros do grupo terrorista Al-Qaeda, que operava sob a liderança de Osama bin Laden. O objetivo era forçar o regime islâmico talibã local, onde Bin Laden estava localizado, a entregá-lo. Em poucos meses, a Al-Qaeda foi derrotada e o regime do Talibã chegou ao fim. Mesmo assim, Bin Laden escapou — mais tarde, soube-se que fugiu para o Paquistão, onde acabou sendo morto pelas forças especiais estadunidenses.

No início de 2002, durante seu discurso sobre o Estado da União, o presidente George W. Bush declarou vitória militar no Afeganistão: “Em quatro breves meses, nossa nação consolou as vítimas, começou a reconstruir Nova Iorque e o Pentágono, reuniu uma grande coalizão, capturou, prendeu e livrou o mundo de milhares de terroristas, destruiu os campos de treinamento de terroristas do Afeganistão, salvou um povo da fome e libertou um país da opressão brutal”, disse ele.

E com esse sucesso precoce, em vez de aprender com os exemplos de outras potências que ocuparam o Afeganistão, mas que depois passaram vexame, a elite política dos Estados Unidos sob o presidente Bush decidiu ficar ali. Os Estados Unidos também invadiram o Iraque, que apoiava o terrorismo, derrotou Saddam Hussein e ocupou outra nação muçulmana. Mas logo depois, a missão dos Estados Unidos no Afeganistão e no Iraque tornou-se oficialmente uma empreitada para estabelecer uma democracia de estilo ocidental na região.

“Enquanto o Oriente Médio continuar sendo um lugar de tirania e de desespero e ódio, ele continuará a gerar homens e movimentos que ameaçam a segurança dos Estados Unidos e de nossos aliados. Por isso, os Estados Unidos estão buscando uma estratégia de liberdade no grande Oriente Médio”, disse Bush ao Congresso em 2004. “Também sabemos que alguns duvidam que a democracia seja uma meta realista para o grande Oriente Médio, onde a liberdade é algo raro. No entanto, é um erro e uma transigência presumir que culturas inteiras e grandes religiões são incompatíveis com a liberdade e um autogoverno democrático”.

E assim deu-se início a um grande esforço para espalhar as sementes democráticas em áreas incapazes, em virtude da religião e da cultura, de fornecer um ambiente estável para a liberdade florescer. Depois de duas décadas, trilhões de dólares gastos e uma geração de guerreiros feridos e mortos, tudo provou ter sido uma missão insensata. A democracia não criou raízes e muito menos floresceu.

Estava claro que a elite dominante dos Estados Unidos não entendia o Afeganistão nem sua longa história como "cemitério de impérios". Nenhuma outra potência mundial — nem a União Soviética, a Grã-Bretanha ou as forças de Alexandre, o Grande, no século IV a.C. — conseguiu mudar os clãs tribais daquele isolado mundo montanhoso. O erro da classe dominante dos Estados Unidos foi tentar transformar outra nação enquanto seu próprio estado espiritual está arruinado e precisa de uma reforma completa.

Talvez alguém possa argumentar que a elite estadunidense perdeu a confiança na história de sua própria nação e em sua razão de existir. Por que isso aconteceu?

A rápida disseminação da decadência espiritual

Ao falar para uma nação que perdeu seu rumo, tendo esquecido a razão de sua existência, o profeta Isaías disse:

“Ah, como é pecadora esta nação, sobrecarregada pelo peso da culpa! São um povo perverso, filhos corruptos que rejeitaram o SENHOR. Desprezaram o Santo de Israel e deram as costas para Ele. Por que continuam a atrair castigo sobre si? Vão se rebelar para sempre? Sua cabeça está ferida, seu coração está enfermo. Estão machucados da cabeça aos pés, cheios de contusões, vergões e feridas abertas...” (Isaías 1:4-6, Nova Versão Transformadora).

Isso descreve o estado moral e espiritual dos Estados Unidos. Como a antiga Israel, os Estados Unidos receberam sua porção de riqueza e prosperidade material oferecida às nações oriundas das promessas feitas ao patriarca Abraão. Assim como Israel, os Estados Unidos estão abandonando seus princípios básicos derivados da Bíblia. A fé em Deus, a crença na Bíblia e chamada ética judaico-cristã estão em declínio em todo o país.

A agitação cultural dos últimos anos expôs os frutos de décadas de rejeição a Deus. A verdade baseada na Bíblia foi trocada por mentiras arraigadas na criação material, resultando em mentes corrompidas e incapazes de discernir a verdade de Deus (Romanos 1:25-28). A perspectiva bíblica desapareceu da geração daqueles que moldam a cultura de hoje.

E muitos líderes das últimas décadas estão alienados dos princípios que formaram os Estados Unidos. Eles não entendem mais a natureza de seu próprio país. Os Estados Unidos foram derrotados pelas rudes tribos pashtuns por causa de um orgulho que impediu seus líderes de compreender seu próprio caráter vazio.

Os Estados Unidos perderam no Afeganistão porque estão moralmente perdidos como nação. Essa derrota é um sintoma da profunda decadência espiritual dessa nação. Os Estados Unidos ainda têm um grande poder material, mas sobre uma base espiritual vazia, que pode desmoronar muito rapidamente.

O Talibã se conhece como povo. Eles sabem o que os motivam a lutar por sua pátria. Eles levam sua religião a sério, e isso os define em seu âmago. Podemos ridicularizá-los como antiocidentais, antidemocráticos e estranhos a quase todos os valores ocidentais. Mas eles desprezam a cultura ocidental. Eles rejeitam a cultura estadunidense porque a consideram inferior e decadente. Os Estados Unidos ignoraram esse entendimento por sua própria conta e risco.

O Talibã acaba de fazer o mesmo que têm feito os povos nômades ao longo da história. Eles derrotaram culturas mais avançadas que se tornaram brandas, indiferentes e desdenhosas de seu passado e de tudo o que levou ao seu sucesso. O que as tribos germânicas fizeram a Roma e as hordas asiáticas fizeram a Damasco no ano 1400, o Talibã fez com os Estados Unidos no Afeganistão. A história muda e acelera quando aqueles que são movidos por um propósito derrotam aqueles que se tornaram indolentes por causa do luxo e da corrupção.

O que está por trás do declínio dos Estados Unidos?

O declínio dos Estados Unidos tem sido muito debatido. E podemos perceber uma mescla de opiniões entre os analistas. Alguns discutem regularmente a queda do país como se ela já tivesse ocorrido. Outros veem uma queda temporária agora e preveem que o século vinte e um será outro "século dos Estados Unidos" — isso apesar das preocupantes tendências culturais, econômicas e políticas que colocam em risco a atual posição do país como a única superpotência mundial.

Os leitores de A Boa Nova sabem que sempre apontamos para a Bíblia para entender os assuntos mundiais, observando o que está acontecendo à luz da profecia bíblica e do propósito de Deus para as nações. Entendemos que atualmente os Estados Unidos e os povos de língua inglesa têm seu "dia ao sol", mas a profecia revela um tempo em que um poder diferente, chamado "Babilônia" e "a besta", dominará o mundo (Apocalipse 13, 17-18). Deus, que controla a história, é quem determina os tempos pré-estabelecidos e os limites das nações (Atos 17:26).

Os Estados Unidos estão em declínio de diferentes maneiras há várias décadas. Mencionei anteriormente a queda de Saigon no fim da guerra do Vietnã. Esse conflito deu início ao definhamento da alma de uma geração. Aquele evento não foi apenas uma derrota militar, mas também uma derrota moral.

Essa guerra ocorreu em meio à revolução social da década de 1960, cujos efeitos ainda sentimos hoje em dia. As sementes da rebelião e da imoralidade sexual, juntamente com a agitação cultural e social, deram origem ao movimento feminista, aos movimentos homossexuais e aos movimentos negros, que conquistaram nosso tempo. Apesar desse atoleiro moral e espiritual, os Estados Unidos ainda lideram o mundo livre. Os migrantes afluem às fronteiras dos Estados Unidos em busca de uma vida melhor. Ninguém quer migrar para o Afeganistão, Iraque ou Cuba.

A elite dos Estados Unidos tem se tornado cada vez mais rica às custas da classe média e baixa no decorrer das décadas. A entrada da China na Organização Mundial do Comércio deu início ao crescimento deste país nos mercados globais, com a transferência para lá da fabricação de commodities básicas, onde a mão de obra barata poderia produzir de tudo, desde tecnologia e medicamentos a bens e serviços. O coração da manufatura estadunidense foi destruído à medida que os empregos iam para a China — e as cadeias de suprimentos vitais para os produtos estadunidenses tornaram-se dependentes da China.

Enquanto isso, a elite política, militar, empresarial e da mídia foi engolfada por acordos lucrativos com a China. Embora tudo isso seja conhecido e tenha levado à ascensão de seu crítico mais veemente, Donald Trump, poucos ousam chamar isso do que realmente é — traição.

Entretanto, os Estados Unidos continuam sendo a economia mais segura do mundo devido ao estado de direito que cria portos seguros para a riqueza. É verdade que os Estados Unidos não decaíram a ponto de se tornar um poder de segunda categoria — ainda não. A derrocada do Afeganistão foi um golpe no prestígio dos Estados Unidos que pode provocar uma perda de confiança entre as nações. Podemos presumir que as capitais mundiais estão incorporando esse cálculo em suas avaliações geopolíticas de curto prazo. Contudo, os Estados Unidos continuam sozinhos, por sua capacidade, no patrulhamento das rotas marítimas do mundo para manter o fluxo do comércio. Ele ainda pode projetar força por meio de seu poderio naval. É um poder ferido, mas ainda assim perigoso, caso haja vontade de usá-lo.

A mensagem de um profeta da antiguidade para os dias atuais

O Afeganistão foi uma loucura que envolveu quatro administrações presidenciais. E representa uma sequência trágica do Vietnã. Aquela retirada atabalhoada prejudicou o prestígio dos Estados Unidos. Embora isso tenha levado a um declínio que levará tempo para ser medido, os Estados Unidos ainda não estão à beira do colapso. Isso faz parte de uma história de longo prazo para uma grande nação que Deus abençoou com muitíssima prosperidade material de acordo com as promessas feitas a Abraão.

A Boa Nova sempre tem se voltado para o que Deus disse ao povo que recebeu parte dessas bênçãos, a antiga nação de Israel, descendente de Jacó, neto de Abraão. O profeta Amós entrega um discernimento por meio da mensagem que levou a Israel em meados do século VIII a.C.

Israel estava prosperando entre as nações. Naquela época, o comércio com outros países estava tornando os mercadores e artesãos mais ricos do que em qualquer outro período da história. A riqueza estava fluindo e aumentando. As pessoas podiam investir em bens de luxo. As camas de marfim em que dormiam eram símbolos de extravagância. Elas estavam bem alimentadas e bem entretidas.

Mas havia uma grande lacuna no ciclo dessa riqueza. Isso ocorria às custas da classe média e dos pobres. A desigualdade social chamou a atenção de Deus, e Ele orientou Amós a assinalar o seguinte: “Assim diz o SENHOR: Por três transgressões de Israel, e ainda mais por quatro, não anularei o castigo. Vendem por prata o justo, e por um par de sandálias o pobre. Pisam sobre a cabeça dos necessitados como pisam no pó da terra, e negam justiça ao oprimido” (Amós 2:6-7, NVI). A desigualdade de renda era um problema. Os ricos ficavam mais ricos e os pobres ficavam mais pobres. E a elite parecia não se importar com isso.

O cerne do problema era a corrupção. Como Deus disse através do profeta: “Pois sei quantas são as suas transgressões e quão grandes são os seus pecados. Vocês oprimem o justo, recebem suborno e impedem que se faça justiça ao pobre nos tribunais” (Amós 5:12, NVI). A corrupção entre os líderes em todos os níveis defraudava os pobres, tornando-os ainda mais miseráveis. Amós não estava incitando a uma guerra de classes. Ele estava mostrando a realidade. E, hoje em dia, nós vemos acontecendo a mesma coisa. Há políticas ruins. As oportunidades estão desaparecendo e vemos gastos públicos pressionando a inflação. Tudo isso rouba a riqueza das pessoas. E estimular programas sociais cujas bases são contrárias à lei de Deus é nada menos do que pecado.

Amós disse isso em sua época como profeta em Israel. Mas, evidentemente, as coisas continuaram como estavam e suas declarações não parecem ter mudado as pessoas. Depois de falar sobre a religião falsa e outros males da sociedade, ele termina com a promessa de um tempo melhor e a esperança de um futuro promissor. Depois de sofrer as consequências devastadoras de suas ações, Israel voltaria àquela terra. Eles cultivariam pomares e comeriam do seu fruto. Eles seriam plantados em sua terra para nunca mais ser desarraigados (Amós 9:14-15).

Amós parece ter feito seu trabalho e depois voltado à sua casa para continuar criando suas ovelhas. Israel continuou com os negócios normalmente. Eles logo se esqueceram de Amós e de sua mensagem. E levou muitos anos para que se cumprissem aquelas profecias sobre calamidades e declínio de Israel. Mas elas foram cumpridas.

E qual é nossa lição nisso tudo? Agora é a hora de ouvir. Agora, enquanto ainda temos segurança e prosperidade, é a hora para atendermos ao chamado de Deus ao arrependimento. Estamos vendo a história passar em nossa linha do tempo. Os eventos preditos na profecia bíblica estão caminhando a passos largos. Agora é a hora de despertar e compreender os tempos importantes em que vivemos. É tempo de lamentar a aflição de nosso povo. Ore para que Deus lhe conceda o arrependimento que leva à verdadeira vida. Preste atenção na mensagem de Amós e de todos os profetas. Já é hora de acordar!

Saiba mais

Séculos atrás, os profetas bíblicos predisseram o que aconteceria às principais nações do mundo no tempo do fim. E as mais importantes delas são os Estados Unidos e as principais nações de língua inglesa. Mas você precisa entender as identidades bíblicas delas para saber o que vai acontecer! Para saber mais, baixe ou peça seu exemplar gratuito do guia de estudo bíblico Os Estados Unidos e a Inglaterra na Profecia Bíblica.