O Declínio da Masculinidade
Às vezes, mudanças na cultura de uma nação podem ser dramaticamente ilustradas por um único evento. Como foi o caso, em maio deste ano, de Michael Rotondo cuja história rapidamente chamou a atenção das pessoas.
Michael, um homem de trinta anos que vive no interior de Nova Iorque, tinha voltado para a casa de seus pais oito anos atrás, após perder seu emprego. Ele se recusava a ajudar a manter a casa ou pagar qualquer despesa, enfim, frustrados, seus pais recorreram à justiça para que seu filho fosse expulso da casa. A gota d’água foi seu desdém ao pedido dos pais para que ele saísse da casa.
Durante esse período de ociosidade na casa dos pais, Michael teve um filho fora do casamento. Aquele filho, agora com cinco anos de idade, se tornou objeto de uma ação de custódia com a mãe da criança, e, posteriormente, Michael admitiu que sua batalha contra o despejo fazia parte de sua estratégia de atrair a atenção da mídia, a qual ele esperava que o ajudasse a ganhar essa ação de custódia.
No tribunal, Michael afirmou estranhamente que a exigência de seus pais para que ele saísse da casa era "ultrajante" e que ele tinha o direito de morar ali. Quando ele exigiu mais seis meses na casa, o tribunal apoiou seus pais e ordenou que ele se mudasse dentro de duas semanas. Uma vez despejado, ele desapareceu das manchetes.
Embora esse evento ridículo tenha atraído a atenção no jornalismo sensacionalista, isso também destacou outro aspecto da deterioração do caráter humano — o triste declínio da masculinidade do homem.
Muito distante do exemplo bíblico
O que está acontecendo com os homens de hoje? Uma maré crescente de livros, blogs, palestras, postagens em mídias sociais e artigos de revistas apontam para o aumento da imaturidade e do melindre nos homens. Cada vez mais, os homens são vistos como fracos, indecisos, medrosos, infantis, efeminados, incapazes e indecisos quanto ao seu papel adequado na sociedade. Escutamos termos como maricas, chorão, melindroso e outros que não são adequados para descrever homens, especialmente homens jovens.
Embora esse novo modelo de masculinidade possa ser atribuído a homens de todas as idades, as evidências mostram que isso é mais predominante entre aqueles com idade entre vinte e trinta anos.
Antes de ir avançar, vamos tomar nota da primeira de muitas passagens bíblicas sobre a masculinidade. O antigo rei Davi de Israel demonstrou aspectos do caráter e dos valores da masculinidade que Deus valoriza. Afinal, Deus se referiu a Davi como um “homem segundo o Meu coração” (Atos 13:22, ARA).
Os livros de primeiro e segundo Samuel são dedicados à história de vida deste homem de grande fé que, em sua juventude, enfrentou perigosos animais selvagens e venceu um inimigo gigante — e suportou muitas provações, recuperando-se de erros pessoais para continuar no caminho de Deus.
Em seu leito de morte, Davi instruiu seu filho Salomão, que seria o próximo rei: a "Seja forte e seja homem" (1 Reis 2:2, NVI). A vida de Davi foi de muita ação, coragem e ousadia. Ele sabia que seu filho precisaria dessas mesmas qualidades para liderar com sucesso aquela nação.
A surpreendente falta de masculinidade
O declínio da masculinidade é generalizado. A cultura popular ridiculariza o aperto de mão mole, e um estudo recente mostra que essa é uma realidade crescente — que milhões de homens não são mais firmes nas mãos como os homens de antes!
Os resultados, publicados no Journal of Hand Therapy, revelaram que a força do aperto de mãos dos homens caiu drasticamente nas últimas décadas. O estudo na Carolina do Norte com cerca de 250 homens das gerações X e Baby Boomer mostrou que o aperto de mãos, medida pela força da compressão, entre os homens diminuiu significativamente nos últimos trinta anos (conforme artigo no jornal Waterloo Region Record, 28 de agosto de 2016).
Esse mesmo estudo também descobriu que isso não ocorreu com as mulheres da geração millennial, cuja força de compressão se manteve praticamente inalterada em relação a trinta anos atrás. Isso lembra um comercial de TV de uma cadeia de hotéis que mostra uma empresária jovem, atraente e confiante dando um firme aperto de mão em um colega mais velho, o qual demonstra ter ficado muito impressionado.
Em 2007, o Jornal de Endocrinologia Clínica e Metabolismo relatou que os níveis de testosterona nos homens despencaram 17% de 1987 a 2004, ou seja, cerca de 1% ao ano. O estudo constatou que os homens não só perdiam testosterona à medida que envelheciam, algo normal no organismo, mas também que os homens de épocas posteriores tinham níveis de testosterona substancialmente mais baixos do que seus antecessores na mesma idade. Por exemplo, um homem que completou 65 anos em 2002 apresentava níveis de testosterona muito mais baixos do que outro que completou a mesma idade em 1987.
O mesmo estudo mostrou uma redução geral na saúde reprodutiva masculina e citou vários fatores para esta tendência preocupante, incluindo empregos sedentários, dieta pobre e escolhas de estilo de vida.
Em maio de 2012, um artigo da revista Forbes, intitulado “Uma Geração de Mariquinhas”, lamentou os vínculos sociais entre nossa cultura em transformação e o fim da classe média.
“Nas últimas décadas”, escreveu o autor John Marriotti, “os pais criaram uma 'Geração de Mariquinhas' — jovens mimados, preguiçosos, melindrosos e supervalorizados; jovens altamente educados, mas em coisas que o mundo não dá muito valor (e que não vai pagar por isso). Destes, os 25% melhores podem ser profissionais muito bons, brilhantes, motivados, e, provavelmente, terão mais sucesso do que nunca. Mas a grande maioria desta geração consiste em pós-adolescentes, formalmente educados, mas mimados, que vão ter que lutar pelo sustento depois de adultos...
“Os membros dessa 'Geração de Mariquinhas' são vítimas por terem sido criados mimados, enganados, mal orientados e subeducados a tal ponto que suas vidas dependentes tornam-se insustentáveis à medida que se aproximam da idade adulta. Os pais, que fizeram isso, também compartilham da responsabilidade pelo fracasso desse modo de criação dos filhos”.
Segundo Marriotti, o declínio da competitividade é culpa de pais indulgentes e desse sistema educacional em que “todo mundo ganha um prêmio apenas por estar presente”. E fica claro que o efeito dessa propensão de manter a autoestima dos filhos acima de tudo está finalmente cobrando seu preço.
Educação e entretenimento conduzem a guerra contra os homens
Outra evidência da mudança do papel dos jovens do sexo masculino pode ser vista no constante declínio das matrículas em universidades. Muitas fontes constataram o que os professores já perceberam: Os homens estão evitando a sala de aula.
Um artigo de agosto de 2017 no jornal The Atlantic citou números do Departamento de Educação dos Estados Unidos, mostrando que os homens agora representam apenas 44% dos estudantes em faculdades e universidades norte-americanas, uma grande reversão em relação ao fim da década de setenta, quando os homens representavam 58% das matrículas em faculdades. Atualmente, os homens compõem pouco mais de um terço dos graduados, e a porcentagem vem caindo quase todo ano.
No Brasil, segundo o IBGE, “o nível educacional das mulheres é maior do que o dos homens na faixa etária de 25 anos ou mais. A principal diferença percentual por sexo encontra-se no nível superior completo, onde 12,5% das mulheres completaram a graduação contra 9,9% dos homens”.
Embora seja verdade que a faculdade não é mais vista como a rota certa para uma carreira de sucesso como antes, também é verdade que os líderes de uma nação tendem a vir do meio das pessoas mais altamente qualificadas. Então, o que dizer sobre o papel dos futuros líderes das nações?
Podemos dizer o que Deus disse a Seu povo há mais de 2.700 anos, através do profeta Isaías: “Os opressores do Meu povo são crianças, e mulheres dominam sobre ele; ah, povo Meu! Os que te guiam te enganam, e destroem o caminho das tuas veredas” (Isaías 3:12, ACF)
O entretenimento também aparece como um dos culpados disso, e a representação de homens na televisão e em outras mídias tem mostrado uma mudança marcante nos últimos quarenta anos. Um retrato do papel masculino muito distante daqueles mostrados em filmes e séries de cowboys ou da representação de pais cuidadosos, sábios e decididos, popularizados nos programas de televisão da década de 1960, como Papai Sabe Tudo e Foi Sem Querer [Beaver, o Trapalhão].
Antes do fim dos anos de 1990, esses tipos de personagens foram substituídos por outros mais delicados e gentis, ou por papéis que retratavam homens — especialmente pais — como incompetentes estabanados, idiotas amáveis que, sem a influência de suas esposas inteligentes, decididas e eficientes, causariam estragos em suas famílias. A sensibilidade tornou-se a palavra de ordem — John Wayne e Clint Eastwood ficaram de fora.
A televisão influencia a sociedade, e quem sabe até onde muitos desses programas populares serviram de modelo para os jovens de hoje?
Neutralidade de gênero?
Sem dúvida, um dos piores males de nosso tempo é a crença generalizada nos círculos educacionais de que não há diferenças significativas na composição mental e emocional de meninos e meninas. A educação moderna abraçou completamente essa ideia absurda e também contribuiu para a desmasculinização dos homens.
Hoje em dia, em muitas escolas, os meninos passam por uma doutrinação, que começa no jardim de infância, de que eles deveriam ser mais parecidos com meninas e vice-versa. Na mais recente edição de seu livro A Guerra Contra Os Meninos: Como Políticas Erradas Estão Prejudicando Os Nossos Jovens, a autora Christina Sommers associa esses esforços à cultura da negação e da falta de desempenho acadêmico masculino que permeia as escolas.
“Embora muitos educadores reconheçam que os meninos ficaram muito atrás das meninas na escola, poucos abordam o problema de maneira séria”, diz Sommers. “Escolas que tentam parar a tendência, através da pedagogia orientada a meninos [ou outro método de ensino], intervenções de alfabetização, treinamento vocacional ou salas de aulas separadas por gênero, muitas vezes são frustradas. Alguns grupos de mulheres ainda chamam esses projetos de evidências de uma "reação adversa" contra as conquistas das meninas e acreditam que fazem parte de uma campanha para desacelerar ainda mais o progresso feminino".
Ela discute como o mito da “igualdade de gêneros” funciona sistematicamente para negar aos garotos a ajuda que eles precisam para progredir em uma cultura educacional que tem ido cada vez mais contra eles.
“Para resolver o problema, devemos reconhecer a verdade: meninos e meninas são diferentes. No entanto, em muitos círculos educacionais e governamentais, continua sendo tabu abordar o tema da diferença entre os sexos. Estudiosos e especialistas em gênero ainda insistem que os sexos são iguais e argumentam que qualquer conversa sobre diferenças apenas estimula o sexismo e os estereótipos. Na atual conjuntura, falar de diferenças atrai reprovação [ou denúncia] e falar das necessidades particulares dos meninos atrai uma oposição fanática e organizada” (2015, pp. 1-2, grifo nosso).
Em algumas áreas levam isso ao extremo absurdo, como a nova lei em Wisconsin, Estados Unidos, que procura doutrinar meninos no jardim de infância sobre os perigos da “masculinidade tóxica”. Os meninos aprendem que não há diferenças entre os sexos e que o importante é aprender a ser sensível e valorizar mais o lado feminino da vida.
Em muitas escolas, os meninos aprendem que sentimentos de agressividade, assertividade e determinação são errados. Mas perguntemo-nos: Jesus Cristo era “excessivamente masculino” quando, irritado com o comércio extorsivo no templo de Jerusalém, pegou um chicote e expulsou os cambistas? "Parem de fazer da casa de Meu Pai um mercado!", vociferou Ele (João 2:16, NVI). Podemos imaginar Seu semblante de raiva enquanto expulsa-os dali, assustando os animais e seus vendedores gananciosos.
Jesus Cristo estava precisando de um "treinamento de sensibilidade"? Sem dúvida, hoje em dia, muitos pensariam assim!
Os exemplos bíblicos
Poderíamos continuar descrevendo o problema, mas vamos parar e nos voltar para o que o Criador dos seres humanos diz sobre a masculinidade.
Suas instruções começaram na criação, quando Deus disse ao primeiro homem para ter domínio sobre a Terra e todas as suas criaturas e para cuidar e manter seu habitat (Gênesis 1:26-28; 2:15). Na criação, o homem foi instruído a subjugar, supervisionar, administrar, governar, cuidar e proteger. Sem dúvida, é verdade que o homem tem corrompido esse papel ao longo da história humana, mas não se pode negar que Adão e seus descendentes foram orientados a governar a Terra e ser decididos e assertivos.
Como uma crônica de milhares de anos sobre a história humana, a Palavra de Deus está repleta de exemplos de homens que demonstraram masculinidade em suas vidas. Davi, provavelmente ainda adolescente, não teve medo de enfrentar o gigante Golias. Noé desafiou seus vizinhos e amigos por cento e vinte anos para construir a arca, onde ele e sua família foram salvos. Abraão demonstrou coragem e determinação ao seguir as instruções de Deus para mudar-se com sua família para Canaã. Mais tarde, ele liderou um pequeno exército para resgatar do cativeiro seu sobrinho Ló.
Moisés, educado na corte do faraó, segundo fontes antigas, tornou-se não apenas um estudioso, mas um general que comandou o exército egípcio. Deus usou seus talentos para desafiar a faraó e livrar a antiga Israel da escravidão egípcia.
Moisés, quando chegou o fim de seu período como líder da nação de Israel, ungiu Josué para ser seu sucessor. Observe suas instruções a esse jovem homem: “Seja forte e corajoso, pois você irá com este povo para a terra que o SENHOR jurou aos seus antepassados que lhes daria...Não tenha medo! Não se desanime!” (Deuteronômio 31:7-8, NVI).
Esta passagem fazia parte das instruções do apóstolo Paulo aos anciãos da Igreja em Corinto: “Conservem os olhos abertos contra o perigo espiritual; permaneçam fiéis ao Senhor; portem-se como homens; sejam fortes” (1 Coríntios 16:13, Bíblia Viva). Paulo, que sofreu espancamentos e apedrejamentos pela fé, sabia que era preciso coragem e determinação para ser um seguidor de Cristo no início da Igreja dentro do Império Romano.
Estes são exemplos masculinos apropriados que os jovens precisam aprender a imitar.
A guerra contra a virilidade dos homens já se encontra muito avançada e as forças que a promovem estão próximas de declarar vitória. A sociedade mudou, mas não precisamos mudar junto com ela. Em nenhum lugar da Palavra de Deus podemos encontrar respaldo para a crença moderna e generalizada de que os homens precisam ser mais delicados, mais afeminados, mais em contato com sua "criança interior" e outras tolices semelhantes a estas. Os homens mais jovens de hoje devem seguir o conselho de Davi a Salomão: "Seja forte e seja homem!".