Três Jardins e Um Propósito

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Três Jardins e Um Propósito

Todos nós gostamos de jardim. Muitas vezes, falamos de "caminhadas no parque" ou encorajamos as pessoas a pararem "para cheirar as rosas". Jardins são lugares agradáveis, onde há muitas cores e calmaria, e que nos permitem alinhar nossos pensamentos com nosso Criador, além de proporcionarem paz e restauração.

Talvez você nunca tenha pensado na Bíblia dessa maneira, mas toda a Escritura está posicionada como base entre dois jardins. Sim, um no início, chamado Éden e outro no final, em Apocalipse 22, que descreve o novo céu e a nova terra em termos semelhantes ao do Éden.

Outro cenário importante do jardim aparece no meio da Bíblia, unindo os outros dois em um propósito singular. Esse é o Jardim do Getsêmani em Jerusalém, que é vital para entrar no cenário mostrado em Apocalipse 22. Sem o jardim do meio, esta coluna terminaria aqui, mas a boa nova é que não acaba aqui! Essa boa nova suscita questões importantes: Por quê? E como os três jardins estão interligados?

Embarcaremos em uma viagem exploratória em cada um desses jardins. E enquanto viajamos, percebemos que não estamos sozinhos. Aquele que disse "siga-Me" para Seus discípulos estará à frente e será o centro de cada etapa, através do cenário desses jardins, à medida que entramos em cada um dos três. Em nossa primeira parada, nós O encontramos como a Palavra através de Quem Deus criou todas as coisas e por Quem Deus interagiu com a humanidade (João 1:1-3, 14; Hebreus 1:1-2; Colossenses 1:15-16).

Nós O encontraremos de novo, como Jesus, o Filho do Homem (Isaías 53:7-8) e, finalmente, como o Cristo exaltado (Apocalipse 4:11). E, durante toda essa jornada, ao longo dos séculos, Ele continua dizendo-nos: "Siga-Me!". Não importa o que a humanidade tenha feito ou o que você fez antes, para conhecer o Pai dEle, nosso Pai, que ofereceu Seu Filho em resgate de muitos (Mateus 12:28).

E isso diz respeito ao cumprimento do propósito estabelecido no primeiro jardim. De fato, Deus nos diz que Ele é quem declara "o fim desde o princípio", afirmando que Sua vontade e desejo serão realizados (Isaías 46:8-10).

Então, vamos analisar esse primeiro jardim. Nessa vindoura restauração do Éden, o que será restaurado? Simplesmente as plantas, as árvores e os animais domésticos — ou algo mais abrangente? Ou apenas o que foi estabelecido no Jardim do Éden?

O desejo de Deus para ter uma família e um relacionamento íntimo

"No princípio" é a famosa frase que abre o primeiro capítulo de Gênesis, introduzindo-nos a um reino fascinante e maravilhoso. Você já se perguntou o que deve ter sido vivenciar um mundo totalmente diferente do atual? À medida que Deus ia modelando o mundo, Ele dizia, enfaticamente, que era "bom", realmente "muito bom".

A Escritura afirma: “Tomou, pois, o SENHOR Deus o homem, e o pôs no jardim do Éden" (Gênesis 2:15). A palavra Éden significa "deleite". Imagine um mundo no qual tudo está em perfeita harmonia com o Criador — em que havia uma unidade perfeita entre Deus, o homem e a natureza. A desarmonia, a discórdia, a desobediência, a imoralidade, a ingratidão, a desunião, o ódio, a impaciência, a brutalidade e o orgulho ainda não tinham adentrado ao coração do homem. Pelo contrário, era um mundo em que não existia nenhum tipo de frustração.

Ao olharmos um pouco antes disso, podemos imginar Deus se inclinando e, gentilmente, pegando a argila da terra e esculpindo o pináculo de Sua criação física — o primeiro ser humano. É no sexto dia que Ele se comove que aquilo era "bom", "muito bom", então Ele assoprou, amorosamente, o fôlego da vida (Gênesis 2:7) ao ser vivo que a Escritura declara ser um "filho de Deus" (Lucas 3:38).

Nesse caso, a intenção de Deus foi revelada logo antes do homem ser criado. Os Seres divinos, que agora conhecemos como Deus Pai e Jesus Cristo, tinham um propósito em mente desde o início, quando declararam: "Façamos o homem à Nossa imagem, conforme a Nossa semelhança" (Gênesis 1:26) — e isso significa "trazer muitos filhos para a glória" (Hebreus 2:10).

Imagine os olhos de Adão se abrindo e seus ouvidos recebendo os primeiros sons da voz de Deus, talvez dizendo, amorosamente, algo como: Apenas olhe ao redor! Tudo isso é seu. Todavia, o mais importante é manter seus olhos sempre em Mim. Por quê? Você deve ser Meu e Eu vou ser seu. Você foi criado para Me refletir de todas as maneiras, interno e externamente, e para responder a Mim como nenhum outro ser da criação — não apenas por instinto, mas por escolha própria.

A notável intimidade na relação entre os seres humanos e seu Criador era direcionada ao propósito e o prazer de Deus — nossa adoração altruísta e total de coração, mente e alma em relação a Ele, devido à Sua decisão inabalável de nos amar e cuidar de nós primeiro.

Quando o homem olhou em volta, ele viu um rio, ervas, árvores, animais e, é claro,  depois de um sono induzido de forma sobrenatural, surgiu algo realmente especial — uma mulher! (Gênesis 2:21-24). Mas foi Deus, e somente Ele, no meio de toda a Sua criação, que fez tudo perfeito. Assim pudemos desfrutar intelectualmente a experiência de andar e conversar com Deus sem nada interferir.

O rompimento da relação, o homem é expulso do Éden

Logo, a serpente — Satanás, o diabo (Apocalipse 12:9) — entrou em cena e apontou para a árvore do conhecimento do bem e do mal (Gênesis 3:1-6). Ela parecia tão maravilhosa, bonita e sedutora. O pecado sempre é assim! Não era uma planta com o “cacto”. Os espinhos surgiriam mais tarde, então Eva sucumbiu à primeira e grande mentira da história humana: "Certamente não morrereis" (versículo 4). Sério?

As indicações iniciais pareciam prometer elementos de alguma sabedoria desconhecida. E, francamente, isso parecia bom! Como poderia continuar vivendo sem dar uma mordida nesse fruto? O resultado final daquela atitude de Eva e a posterior decisão de seu marido desfizeram o vínculo da adoração plena e prazerosa a Deus. Sem dúvida, Deus sentiu aquela dolorosa ruptura assim que ela aconteceu.

Adão e Eva se esconderam do Criador e também um do outro, e até se cobriram, devido ao novo sentimento de vergonha, que estavam experimentando pela primeira vez. E começaram a culpar-se mutuamente. O homem culpou a mulher. A mulher apontou para a serpente. Ninguém assumiu sua responsabilidade. Algumas coisas nunca mudam! Se a verdade não tivesse sido revelada, todos estariam culpando a Deus.

Contudo, na maldição que Deus proferiu (Gênesis 3:14-19), Ele, específica e sistematicamente, apontou para cada um deles e condenou a humanidade a uma vida de frustrações longe do deleite experimentado no jardim. Mas não foi apenas o jardim que definiu a experiência, não é mesmo? Não – a grande experiência foi estar com Deus!

O vínculo que, inicialmente, existia entre Deus e o homem não foi desfeito por causa do projeto de Deus, mas pela péssima escolha do homem. Aqui no primeiro jardim, o Éden, é que nos defrontamos com a equação da vida, consistente e sistemática, de que para cada causa há um efeito, seja benção ou maldição (Deuteronômio 30:19).

Não há como mudar essa equação apenas por meios humanos. Gênesis 3:24 diz que Deus expulsou "o homem, pôs ao oriente do jardim do Éden os querubins, e uma espada flamejante que se volvia por todos os lados, para guardar o caminho da árvore da vida”. Enfim, um letreiro foi colocado no portão do jardim: Fechado até segunda ordem!

A grande decisão e a escolha magnífica

Entretanto, e felizmente, Deus fez uma escolha magnífica que transcende nossas fraquezas mortais. Deus tomou a excelente decisão de criar o homem à Sua imagem. Mas, como isso exigia que o homem tivesse livre arbítrio para fazer suas próprias escolhas, certas ou erradas, Deus precisava decidir o que fazer a respeito disso. E Ele revelou Sua magnífica escolha quando proferiu Sua primeira profecia messiânica registrada na Escritura. As palavras de Deus, em Gênesis 3:15, envolvia a serpente: "Porei inimizade entre ti e a mulher, e entre a tua descendência e a sua Descendência; Esta te ferirá a cabeça, e tu Lhe ferirás o calcanhar".

Muitas vezes, quando pensamos em profecias, vem em nossa mente os livros de Daniel, Jeremias ou Apocalipse. Mas a profecia começa aqui em Gênesis! O restante da Bíblia é o cumprimento desse versículo singular. O restante das Escrituras mostra que a serpente estaria lutando contra a Semente da mulher — Jesus Cristo, O próprio!

Esse versículo trata das artimanhas de Satanás, que sempre fustiga os calcanhares do Salvador escolhido por Deus e do povo da aliança, e que foi um instigador da morte de Cristo (ainda que somente com a permissão de Deus em cumprimento de Seu propósito), mas, enfim, Deus triunfaria por meio de Seu Filho unigênito e esmagaria a cabeça da serpente (Romanos 16:20).

Essa magnífica escolha, declarada na primeira das profecias messiânicas, ofereceria esperança para os desesperançados e uma bússola para os perdidos. Exatamente, até mesmo quando a humanidade estava sendo despejada do Jardim do Éden, Deus já estava iniciando um plano de retorno através do sangue derramado de algo mais do que um mero animal do jardim, que proveu roupas a Adão e Eva (comparar Gênesis 3:21). Na verdade, isso exigiria o sangue Daquele que criou os seres humanos — o Verbo vivente de Deus, Aquele conhecido no período do Antigo Testamento como o SENHOR Deus e, agora, em nosso tempo, revelado como Jesus Cristo.

O apóstolo Pedro declara abertamente que somos redimidos, comprados de volta do pecado e da morte, através do "precioso sangue, como de um cordeiro sem defeito e sem mancha, o sangue de Cristo... o Qual, na verdade, foi conhecido ainda antes da fundação do mundo, mas manifesto no fim dos tempos por amor de vós" (1 Pedro 1:18-20).

Exatamente, a Semente da mulher é o caminho de volta ao Éden — a Semente que traria à luz uma vida preciosa, uma morte humilhante e uma ressurreição gloriosa como preparação para reinar na Terra por mil anos, em nome de Seu Pai Celestial, sendo o primeiro passo rumo à eternidade.

Mas vamos em frente com nossa jornada. Jesus continua nos dizendo "siga-Me", e nos leva até o próximo jardim em Jerusalém, o jardim do meio, e demoramos um pouco para entrar com Ele, porém, mais uma vez, os ecos daquela escolha magnífica se cristalizariam. Ele convidou Seus discípulos contemporâneos para virem a esse mesmo jardim.

Ele também desejava um relacionamento com eles. Humanamente falando, Ele precisava deles! Mas eles adormeceram. E mesmo depois de acordarem, eles fugiram. Em nossa seguinte visita ao próximo jardim, eu pretendo ficar junto a você com o nosso Mestre, para aprender com Ele. Você se juntará a mim? E o mais importante, você se juntará a Ele?

Até lá, tome cuidado com o que lhe é oferecido para dar uma mordida ou experimentar. Nem tudo o que brilha é ouro, especialmente se isso prejudica nosso relacionamento com Deus!