Três Jardins e Um Propósito
O Clímax
Em dois artigos anteriores da coluna "Siga-Me" (edições de setembro-outubro e de novembro-dezembro de A Boa Nova), vimos que dois cenários exclusivos do jardim se enquadram na história bíblica de Deus e o homem — do Jardim do Éden em Gênesis ao cenário do último paraíso no final de Apocalipse. O primeiro é sublinhado pela rejeição do homem ao caminho de Deus. O último, o foco do presente artigo, apresenta uma atmosfera espiritual sublinhada pelo incrível desejo do Pai Celestial de reconciliar a humanidade com Ele através de Jesus Cristo.
A última vez que passamos um tempo com Cristo no pivô entre o jardim das Escrituras chamado Getsêmani — reconhecendo que a Sua determinação aqui à sombra de Jerusalém permitiu sermos capazes de avançar com esperança para entrar no cenário do último jardim, que examinaremos agora.
A excelente decisão de Jesus no Getsêmani reabriu a porta do que era inicialmente a vontade de Deus para todos nós no Éden original — um relacionamento pessoal com Ele. Aqui, Jesus, o "último Adão" (1 Coríntios 15:45), reverteu o exemplo errôneo do primeiro Adão, gritando: "Aba, Pai, tudo te é possível; afasta de Mim este cálice; todavia não seja o que Eu quero, mas o que Tu queres" (Marcos 14:36).
Esse compromisso verbal logo se tornou realidade algumas horas mais tarde, quando Ele foi crucificado e permaneceu morto por três dias para que possamos viver para sempre.
E é com esse foco fixo que, apesar da horrível agonia de Sua flagelação e crucificação, Ele vislumbrou o "gozo que Lhe está proposto" (Hebreus 12:2). De fato, na noite anterior, Ele declarou com total confiança: "Vou preparar-vos lugar. E, se Eu for e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos tomarei para Mim mesmo, para que onde Eu estiver estejais vós também” (João 14:2-3).
Seu convite aos discípulos para que continuassem com Ele veio acompanhado de uma promessa. E essa é a expressão final do apelo pessoal de Cristo: "Siga-Me". Vejamos agora o ponto culminante dessa promessa no último jardim das Escrituras.
Um rio claro de água da vida
Em Apocalipse 22, somos introduzidos em um ambiente semelhante a um jardim para ponderar a vida imortal com Deus, concedida aos fiéis, no último Éden.
Aqui, na Nova Jerusalém que descerá do céu, descobriremos "o rio da água da vida, claro como cristal, que procedia do trono de Deus e do Cordeiro. No meio da sua praça, e de ambos os lados do rio, estava a árvore da vida, que produz doze frutos, dando seu fruto de mês em mês; e as folhas da árvore são para a cura das nações" (Apocalipse 22:1-2).
Considere por um momento que, a princípio, isso foi ouvido ou lido por um público que não tinham água jorrando de uma torneira e por outro que vivia em terras semiáridas, onde a água era preciosa. Realmente isso parecia um paraíso. Essa imagem de pureza e abundância lembra a descrição de um rio que fluía através do Éden original (Gênesis 2:10).
Mas há um componente maior para ser entendido em relação a esse rio — o componente espiritual! O salmo 46:4-5 fala disso também: "Há um rio cujas correntes alegram a cidade de Deus, o lugar santo das moradas do Altíssimo. Deus está no meio dela; não será abalada...".
Acabamos de ler que a sua fonte é o próprio trono de Deus e do Cordeiro. Lembre-se das palavras de Jesus em João 7:37-38: "Se alguém tem sede, venha a mim e beba. Quem crê em mim, como diz a Escritura, do seu interior correrão rios de água viva”. João disse que Ele estava falando do Espírito Santo (versículo 39). Sem dúvida, água é vida — um símbolo muito apropriado para o Espírito transformador e vivificante de Deus!
Deixe-me ilustrar isso. Na parte de cima da Califórnia, onde moro, há uma maravilha feita pelo homem — o esplendor agrícola do grande Vale Central. Muitas das frutas e vegetais dos Estados Unidos são produzidas nesse pedaço de terra semiárido que se estende por cerca de 600 km, de norte a sul. O que torna isso possível nessa área é um aqueduto integrado e um sistema de irrigação, que transformaram uma vasta região seca em um tapete verde de vida que, às vezes, alcança horizontes muito distantes.
Ao longo da rodovia que passa por todo esse vale há placas, dizendo: "Onde flui água, as plantas crescem". Grande verdade! Onde há água, há vida. E a poucos passos de distância não há nada além do solo seco e arenoso.
Devemos pensar nisso quando se trata de atender ao chamado de seguir a Cristo. Sermos fechados definitivamente não é a maneira apropriada de sustentar Sua existência em nós. Há uma grande diferença entre observar um agente vivificante uma curta distância e permitir que ele não apenas nos toque, mas que também penetre em todas as fibras de nosso ser — que estava morto, mas agora vive pela graça de Deus com o intuito de seguir pulsante para adorá-Lo.
A árvore da vida e não mais da maldição
Esta visão em Apocalipse revela que a árvore da vida permanece no meio do jardim. Não há menção de anjos bloqueando o caminho a ela, como aconteceu depois que Adão e Eva decidiram comer da árvore errada (Gênesis 3:24). Em vez disso, o acesso está aberto para aqueles que obedecem a Deus: "Bem-aventurados aqueles que guardam os Seus mandamentos, para que tenham direito à árvore da vida, e possam entrar na cidade pelas portas" (Apocalipse 22:14, ACF).
Jesus prometeu anteriormente no mesmo livro que aqueles que, na fé, imitam Seu exemplo obediente de não fazer sua própria vontade, mas a vontade do Pai, receberá esta recompensa: "Ao que vencer, dar-lhe-ei a comer da árvore da vida, que está no paraíso de Deus" (Apocalipse 2:7).
Na visão desse paraíso de Apocalipse 22, não há menção à árvore do conhecimento do bem e do mal. Ela não terá lugar ou espaço aqui. Ela não tem mais utilidade.
As pessoas que vivem nesse último cenário são aquelas que, tendo enfrentado a escolha entre as duas árvores, representando uma vida guiada por si mesmo versus uma existência guiada por Deus, escolheram e continuaram nesta última. Com a ajuda de Deus, eles finalmente resistiram em sua decisão de participar da árvore da vida e não da árvore proibida.
Essa árvore proibida, a maneira de escolher por nós mesmos o que é certo e errado, trouxe uma maldição para a humanidade. No entanto, observe a impressionante declaração do versículo 3: "Ali não haverá jamais maldição". Imagine! Isso resume o que foi dito em Apocalipse 21:4: “Não haverá mais morte, nem haverá mais pranto, nem lamento, nem dor”!
E não é apenas a árvore do conhecimento do bem e do mal que perderá seu espaço, mas também não haverá nenhuma serpente enganadora nesse cenário. Apocalipse 21:27 nos diz: "E não entrará nela coisa alguma impura, nem o que pratica abominação ou mentira; mas somente os que estão inscritos no Livro da Vida do Cordeiro".
As peças centrais do jardim
Mas o que torna tudo isso possível? São as eternas peças centrais desse Jardim do Éden restaurado.
Em muitos lugares, hoje você pode ver uma fonte central ou uma estátua memorial, e muitas vezes dão nome ao parque. Aqui, para sempre, as peças centrais são Deus e o Cordeiro (Apocalipse 21:3-5; comparar Apocalipse 21:22-23). Deus sempre quis estar entre Seus filhos, seja Adão e Eva, os filhos de Israel, a Igreja primitiva, ou nós hoje em dia.
Deus, o Pai, é Quem inicia nosso chamado para entrar num relacionamento pessoal com Jesus Cristo, como o próprio Jesus declarou: "Ninguém pode vir a Mim, se o Pai que Me enviou não o trouxer” (João 6:44). Então, é somente através de Cristo que podemos vir ao Pai (João 14:6). Ambos devem estar no centro de nossas vidas — a partir do cenário eterno do jardim.
Ao lado do Pai está o Cordeiro — Jesus Cristo. Uma coisa é certa, nosso Pai Celestial sempre esteve no centro da vida de Jesus de Nazaré. Afinal, Ele reconheceu plenamente isso e nos deu exemplo de quem aceitaria o chamado para segui-Lo, e o que alimentou a existência de Jesus: “A minha comida é fazer a vontade daquele que me enviou, e completar a sua obra” (João 4:34). Essa obra o levaria de um jovem artesão da Galileia para se tornar "o Cordeiro de Deus, que tira o pecado do mundo" (João 1:29).
Portanto, seria de espantar que Jesus tenha sido confirmado agora e para sempre como o Cordeiro de Deus, tanto no céu como na Terra? Muitas vezes pensamos em Jesus como sendo o cordeiro sacrificial no altar da Gólgota. Mas aqui, nesse cenário do jardim, Ele ainda é chamado "o Cordeiro", como também é em outras 27 vezes em Apocalipse!
Isso é uma parte permanente de quem Ele é — lembrando que aqueles que desejam entrar neste último jardim e fazer parte de Seu ambiente santo para viver em Cristo diante de nosso Pai Celestial, devem morrer para a vida egocêntrica e viver oferecendo continuamente sacrifícios para Deus (Romanos 6:5-6).
Um olhar para o futuro
Após ponderar nesse último jardim, ainda há mais a explorar. Então, eu o convido a se juntar a mim na próxima vez que visualizarmos esse futuro jardim, esse novo céu e nova terra, esse Reino de Deus em sua plenitude, que não é apenas um destino ou um ponto de contato isolado na eternidade, mas é algo muito maior que Deus deseja que internalizemos desde agora.
Enfim, a vida eterna é expressa não em termos de lugar ou espaço, mas em termos de uma relação íntima com o Pai e com Cristo. Como Jesus orou na última noite de Sua vida humana: “E a vida eterna é esta: que Te conheçam a Ti, como o único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, Aquele que Tu enviaste" (João 17:3).
Então, venha juntar-se a mim na próxima vez que explorarmos a jornada que está diante de nós e chegarmos para abraçar a realidade de que a eternidade não é simplesmente um destino, mas uma forma de viajar, agora e para sempre, enquanto prestamos atenção ao chamado de Cristo, quando Ele nos diz: Siga-Me”.