“Amém! Ora, Vem, Senhor Jesus!”.
Nos três últimos artigos desta coluna, viajamos por três cenários únicos dos jardins de Gênesis a Apocalipse, todos eles projetados, sistematicamente, para destacar o eterno desejo de Deus: "Porei o Meu santuário [ou lugar separado] no meio deles para sempre. E o Meu tabernáculo [ou habitação] estará com eles; De fato, e Eu serei o Seu Deus, e eles serão o Meu povo” (Ezequiel 37:26-27; comparar Apocalipse 21:3).
A intenção inicial de Deus para o primeiro Adão no Jardim do Éden e para o segundo Adão, Cristo, no Jardim do Getsêmani, no cenário eterno do jardim é descrita perfeitamente em Apocalipse 22: Ele deseja um relacionamento íntimo com Sua criação especial — e isso inclui você!
Na última vez, quando exploramos o último cenário semelhante ao jardim da Nova Jerusalém, viemos de baixo para o alto (Apocalipse 21-22) com a presença de Deus e do Cordeiro sendo prioritária e central, eu o deixei com o convite para abraçar a realidade de que a eternidade não é simplesmente um destino, mas uma maneira de viajar para sempre ao atender o chamado de seguir a Cristo. Então, vamos em frente.
Com todos os altos e baixos descritos no livro de Apocalipse — a perseguição à Igreja, a ascensão e a queda dos impérios liderados por Satanás, o juízo de Deus a um mundo desviado e o cenário do jardim da Nova Jerusalém — o apóstolo João foi inspirado a escrever: "E o Espírito e a esposa [a Igreja] dizem: Vem! E quem ouve diga: Vem! E quem tem sede venha; e quem quiser tome de graça da água da vida" (Apocalipse 22:17).
E o Cristo vivo declara: “Certamente, cedo venho" (versículo 20). Então, ansiosamente, João responde: "Amém! Ora, vem, Senhor Jesus!" (Mesmo versículo).
Compartilhamos esse mesmo sentimento? Queremos que Cristo venha? Não apenas no futuro, como prometido, mas vivemos agora esse desejo antecipado em nossas vidas de um dia coexistir com Ele e o Pai nesse último jardim da eternidade? E como nós, como disse o especialista em liderança Stephen Covey, "começamos com o fim em mente" — todo dia e em todos os sentidos?
Demonstrar o desejo de que venham Cristo e o Pai
As duas primeiras linhas da oração modelo, que Jesus Cristo ensinou aos Seus discípulos, conhecida como "Pai Nosso", nos dão uma chave. Observe que as seguintes palavras mostram reverência e expectativa: "Pai Nosso, que estás nos céus, santificado [ou tratado como santo] seja o Teu nome. Venha o Teu Reino. Seja feita a Tua vontade, tanto na Terra como no céu” (Mateus 6:9-10, grifo nosso).
Sinceramente, muitos de nós recitamos esses versículos em tempos de aflição e angústia. No entanto, essa súplica ao nosso Pai Celestial seria um último recurso de nossa frustração ou o ponto de partida de nossa existência diária? Como dizem: Falar é fácil. Nosso testemunho torna-se superficial se não estamos vivendo agora o conteúdo de nossas orações.
Quando Jesus voltar e estivermos diante dEle, Sua primeira pergunta não será sobre o que sabemos, mas sobre o que fizemos com esse conhecimento! O conhecimento não tem valor, a menos que você o pratique! Sem rodeios, Jesus disse: "Nem todo aquele que me diz: Senhor, Senhor, entrará no reino dos céus, mas aquele que faz a vontade do meu Pai que está nos céus" (Mateus 7:21).
Quando Cristo diz "siga-Me" e aceitamos esse convite inestimável, Ele quer mais do que nossa palavra. Ele quer que caminhemos na direção do eterno e último jardim — não meramente como um destino, mas como um modo de viajar aqui e agora na arena das escolhas diárias da vida.
Vamos dividir isso em três aspectos importantes como demonstração de nosso desejo de que Cristo e o Pai venham a nós todos os dias e sempre — o que exige nossa total rendição e participação nesse processo.
Em espírito e em verdade
Nós clamamos "venha" quando ouvimos Cristo dizer que Deus nos chamou para adorá-Lo em espírito e em verdade: "Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade, porque o Pai procura a tais que assim O adorem" (João 4:23-24).
As declarações diretas de Jesus nos deixam com três conceitos basilares:
1. "A hora é...agora", e não mais tarde!
2. Deus olha para nossas motivações íntimas. Ele declara abertamente em Jeremias 17:10: "Eu, o SENHOR, esquadrinho o coração, Eu provo os pensamentos; e isso para dar a cada um segundo os seus caminhos e segundo o fruto das suas ações".
3. A motivação íntima apropriada para seguir ao Pai e a Cristo não é uma opção. É uma obrigação. Caso contrário, estaremos apenas deixando ecoar a voz, sem deixar nenhum traço do núcleo da linguagem que Deus deseja ver expresso do fundo de nossos corações.
Por isso, devemos verificar e examinar não apenas o que estamos fazendo, mas também o porquê e para quem.
Sejamos honestos. Esta pergunta é um princípio básico neste mundo: "O que ganho com isso?" Mas isto é totalmente oposto ao modus operandi de Deus, que foi proclamado pelo apóstolo João no fim de sua jornada espiritual: "Vede que grande amor nos tem concedido o Pai, a ponto de sermos chamados filhos de Deus...Por essa razão, o mundo não nos conhece, porquanto não O conheceu a Ele mesmo" (1 João 3:1, ARA).
A diferença é gritante — quanto a Deus, a nós mesmos e aos outros — quando expressamos o amor de Deus em relação ao próximo, deixando de preocupar-se apenas consigo mesmo. Esta deve ser nossa resposta ao convite de seguir a Jesus — demonstrar altruísmo exatamente como Aquele que "não veio para ser servido, mas para servir" (Mateus 20:28).
Precisamos entender que esse amor não é etéreo ou inalcançável — e isso nos leva ao próximo passo.
Através da obediência
Clamamos "venha" e expressamos o desejo de que a vontade de Deus seja feita tanto na terra como no céu quando obedecemos a Sua lei conforme define Seus mandamentos, os quais expõem o caminho de vida de Deus em ação.
Como João nos diz: "Nisto conhecemos que amamos os filhos de Deus: quando amamos a Deus e praticamos os Seus mandamentos. Porque este é o amor de Deus: que guardemos os Seus mandamentos; ora, os Seus mandamentos não são penosos" (1 João 5:2-3, ARA).
Deus nunca revogou Sua lei, porém nos ensinou que apenas a obediência a ela não nos salva. Depois de nos arrepender de transgredir as leis de Deus, somos salvos por Sua graça, que inclui o perdão através da fé no sacrifício de Cristo (Efésios 2:8). Mas não podemos ser salvos se não estivermos comprometidos a obedecer às leis de Deus, que são um reflexo de Sua mente e caráter perfeito. A lei nos instrui como viver diante de Deus e com nossos semelhantes.
Pelo fato de ser um projeto transcendente de Deus, Sua lei, em última instância, é de natureza espiritual. Como escreveu o apóstolo Paulo: “Porque bem sabemos que a lei é espiritual" (Romanos 7:14). Ela não é mais escrita em pedra pelo dedo de Deus, mas, para aqueles que a Ele se entregam, Ele escreve-a em seus corações, como prometeu: "Eu colocarei Minhas leis nos seus corações, e em suas mentes Eu as escreverei" (Hebreus 10:16).
Isso tem um enfoque diferente da entrega dos mandamentos em Êxodo 20? Não! O apóstolo Tiago também escreveu: “Assim falai e assim procedei, como devendo ser julgados pela lei da liberdade. Porque o juízo será sem misericórdia sobre aquele que não fez misericórdia; e a misericórdia triunfa sobre o juízo" (Tiago 2:12-13).
O que isso significa? Como a misericórdia triunfa sobre o juízo? A misericórdia triunfa sobre o juízo quando nos autojulgamos e nos arrependemos de nossos pecados — a transgressão da lei de Deus (1 João 3:4, ARA). Então, ao reconhecer que recebemos a misericórdia e o perdão de Deus, também vamos demonstrar misericórdia e perdão aos outros.
Esse é um eco do ensinamento de Jesus que, alguns anos antes, havia afirmado que a observância exterior da lei não é desculpa para negligenciar "o mais importante da lei, o juízo, a misericórdia e a fé; deveis, porém, fazer essas coisas e não omitir aquelas" (Mateus 23:23).
Através da vida especial de Deus em nós
Somente podemos começar a proclamar "venha" e fazer a vontade de Deus na Terra, como é no céu, quando aceitarmos e permanecermos com essa vida especial de Deus residindo em nós — o Pai e Cristo, vivendo em nós (João 14:23).
Esta é a única maneira de continuar avançando firmemente. Temos que entender plenamente que este mundo é nossa missão desafiadora — uma batalha após outra nessa guerra espiritual. Jesus orou a nosso Pai: “Não peço que os tires do mundo, mas que os livres do mal” (João 17:15).
Ademais, devemos lembrar que não estamos sozinhos nessa tarefa. Há muito tempo, na noite em que foi traído, Jesus fez uma promessa a Seus seguidores: "Não vos deixarei órfãos; voltarei para vós" (João 14:18). Contudo, em momentos sombrios de nossas vidas podemos nos esquecer dessa promessa.
Por isso é que o apóstolo Paulo pregou essa mensagem, a plenos pulmões, não apenas aos ouvidos e corações dos membros da igreja na antiga Corinto, mas também para despertar a todos nós hoje para essa realidade: "Examinai-vos a vós mesmos se permaneceis na fé; provai-vos a vós mesmos. Ou não sabeis, quanto a vós mesmos, que Jesus Cristo está em vós?..." (2 Coríntios 13:5). Uma poderosa fonte interior para nos guiar à suprema e eterna união com Deus Pai e Cristo!
Exatamente, a mesma essência espiritual generosa Daquele que andou e conversou com Adão e Eva no primeiro jardim. E o mesmo Ser obediente, do jardim anterior chamado Getsêmani, que nos ensinou a nos esforçar valentemente para vencer nossos desejos pessoais e conseguir expressar: "Não se faça a Minha vontade, mas a Tua” (Lucas 22:42).
Devemos desejar que Deus Pai e Cristo entrem em nossas vidas já, antecipando-nos à Sua futura vinda, para morar conosco hoje e pela eternidade.
Os patriarcas do Antigo Testamento nem sempre sabiam para onde Deus estava guiando-os. Eles não colocavam sua fé em saber o destino, mas no SENHOR que os guiava. E foi isso que o apóstolo João expressou para todos nós quando proclamou: "Amém [que assim seja]. Ora, vem, Senhor Jesus!".
Até aquele dia em que nos encontrarmos naquele último jardim pela graça de Deus, precisamos continuar na jornada para a qual fomos convidados por Aquele que nos disse: "Siga-me!".