Comentário Bíblico
Êxodo 12:1-13:16
Agora Deus dá instruções específicas aos israelitas para que se preparem para a última praga que virá sobre o Egito. E era necessário registrar essas palavras de Deus, pois Suas instruções deveriam ser repetidas anualmente. Isso deveria ser um lembrete da poderosa e milagrosa intervenção de Deus a favor de Seu povo. E também foi para prenunciar o supremo sacrifício do Cordeiro de Deus, Jesus Cristo, que ofereceria Sua vida imaculada como sacrifício pelos pecados de toda a humanidade.
E naquele décimo dia do mês que Deus declarou como o primeiro do ano (Êxodo 12:2, o mês hebraico Abibe, ver Êxodo 13:4, quando ocorria a primavera), os israelitas deveriam escolher um filhote de um ano, sem mácula, das ovelha ou cabras. Eles deveriam mantê-lo até o décimo quarto dia do mês. E no "crepúsculo" da noite do dia 14 (literalmente "entre as duas noites", termo que, embora contestado, é comumente entendido como entre o pôr do sol e o anoitecer), eles deveriam matar o cordeiro ou cabrito e prepará-lo de acordo com as instruções específicas de Deus. A Páscoa consistia nos eventos que ocorreram durante a noite e a manhã seguinte. O que exatamente aconteceu?
1. O cordeiro foi imolado.
2. O sangue dele foi colocado nas portas das casas.
3. O cordeiro foi assado.
4. Os israelitas o comeram com solenidade e em estado de prontidão, sabendo que os acontecimentos do dia seguinte demandariam muita organização e uma viagem.
5. As crianças deveriam aprender o significado desses eventos.
6. Ninguém deveria sair de casa até a manhã seguinte.
7. À meia-noite, o Senhor "passaria por cima" das casas e, ao ver o sangue nas portas, pouparia da morte todos os primogênitos machos dali, seres humanos e animais (machos, segundo a ordem dada em Êxodo 13:12 -15).
8. O resto do sacrifício deveria ser queimado.
E no amanhecer do dia 14, os israelitas de toda a terra de Gósen enfrentaram o grande desafio de se reunirem, com todos os seus pertences e rebanho, para irem até o ponto de partida em Ramsés. Muitos creem que isso exigiria uma jornada de mais de trinta e dois quilômetros, o que levaria o dia todo. Lemos que havia aproximadamente seiscentos mil homens, além de mulheres e crianças, uma multidão mista (tinha pessoas não israelitas) e um imenso rebanho de animais. Então, provavelmente, havia mais de três milhões de pessoas, além dos animais que seriam levados até Ramsés naquela noite, caminhando sob uma lua cheia (era o início do dia 15). Sem dúvida, aquela foi uma noite memorável. E começava os Dias dos Pães Asmos.
Aliás, os Dias dos Pães Asmos, que começava "aos catorze dias do mês, à tarde" segundo Êxodo 12:18 (ACF), também mostrado em outras passagens, como Levítico 23:5, significando o fim do dia 14 e, portanto, o início do dia 15 — como "tarde" ou pôr do sol pode se aplicar ao início ou fim de um dia, dependendo do contexto (ver Levítico 23:32, então a frase "aos nove do mês, à tarde" significa claramente o início do dia 10, versículo 27). E para celebrar a Festa dos Pães Asmos, os israelitas deveriam se desfazer de qualquer pão levedado ou agente levedante (para eles, isso significava fermento) e comer pão asmo. Os eventos inquietantes da noite anterior ficaram gravados em suas mentes, pois muitas pessoas e animais morreram em toda a terra do Egito. Evidentemente, aquela também foi uma ocasião de alegria. Pois, finalmente, depois de tanto vaivém nas decisões do faraó, a promessa de que Deus libertaria os israelitas através de Moisés estava se tornando realidade! Essa famílias, que só conheciam a opressão e a escravidão, agora estavam livres!
No capítulo 13, os detalhes dos Dias dos Pães Asmos são novamente registrados. A Bíblia revela que, além da obrigatoriedade de consumir pão asmo por sete dias como um lembrete da saída apressada do Egito, o fermento representa as coisas que são contrárias ao caminho de Deus. Paulo disse aos coríntios para "celebremos a festa [dos pães asmos], não... com o fermento da maldade e da malícia, e sim com os asmos da sinceridade e da verdade" (1 Coríntios 5:6-8, ARA). As instruções de Paulo mostram que o povo de Deus ainda tinha que observar esses dias e que todo pão levedado e fermentos usados para levedar a massa de pães — que agora inclui, leveduras, fermento em pó e bicarbonato de sódio — deviam ser removidos das casas. (Aqui a palavra “pão” é usada para se referir a qualquer alimento preparado com grãos, inclusive pão de forma, bolachas, panquecas, bolo, massa de torta, biscoitos, queques, massas, etc.). E isso serve para nos lembrar de remover o fermento espiritual de nossas vidas, ou seja, o pecado que tão facilmente se espalha e "incha" (1 Coríntios 4:6, 18-19; 5:2, 6; 8:1; 13:4).
A Santificação dos Primogênitos
Deus instruiu os israelitas a santificar ("separar" para um propósito religioso ou espiritual específico) o primogênito masculino tanto do homem quanto dos animais. Por quê? Por causa do morticínio dos primogênitos no Egito, segundo Êxodo 13:15 — então, aqueles que Deus poupou do povo de Israel pertenciam a Ele. Os primogênitos machos dos animais limpos deveriam ser sacrificados a Deus, enquanto os primogênitos machos dos homens e animais impuros deveriam ser redimidos (ou seja, “comprados de volta” de Deus). Um animal impuro devia ser redimido com o sacrifício de um cordeiro e o primogênito do homem deveria ser redimido com uma oferta no lugar de um sacrifício literal. Números 18:16 revela o valor desse resgate. Através dessa oferta, os israelitas sempre se lembrariam da maneira milagrosa que Deus libertou Israel do Egito.
Mapa do Êxodo