Comentário Bíblico
Êxodo 13:17-14:31
Deus tirou Israel do Egito por meio de grandes sinais e maravilhas. Ele se comunicava com os israelitas através de Seu servo Moisés, e agora estava guiando-os milagrosamente pelo deserto. E Israel estava testemunhando outro milagre — Deus guiava os israelitas por uma coluna de nuvem durante o dia, que proporcionava uma sombra que os aliviava do calor da tarde (Salmos 105:39; comparar Isaías 4:5-6; Isaías 25:4-5) e por uma coluna de fogo durante a noite, provendo-lhes uma luz quente e brilhante. Porém, Deus estava conduzindo-os por um caminho que não parecia fazer sentido, pois não era uma rota para Canaã, mas um beco sem saída. E, mais uma vez, o faraó mudou de ideia e agora os israelitas se encontravam presos entre o exército dele e o mar.
Alguém poderia pensar que, depois de testemunhar aqueles formidáveis milagres no Egito, os israelitas começariam a demonstrar confiança e fé Naquele que os havia libertado até então. Em vez disso, encontramos um grupo vacilante de pessoas reclamando e murmurando continuamente e que não conseguia entender o propósito divino! Por isso, Deus nos lembra que esses exemplos do passado foram registrados para nosso benefício hoje (1 Coríntios 10:6). As pessoas, lugares e eventos podem ser diferentes, mas essas atitudes prevalecem ao longo das eras.
Será que hoje somos diferentes deles? Será que nunca aconteceu de questionarmos a existência ou o paradeiro de nosso Criador? Será que alguma vez duvidamos da milagrosa intervenção de Deus em nossas vidas? Alguma vez reclamamos ou murmuramos quando as coisas não ocorrem como queremos? Quando estamos defronte do "Mar Vermelho" e sem uma saída à vista, será que confiamos na salvação do SENHOR? No fim dos tempos vai acontecer um evento que testará a fé dos eleitos de Deus (Apocalipse 12:13-16). Será que o povo de Deus se lembrará de Seus milagres ou agirá como os antigos israelitas? Se alguém crê Naquele que foi tão paciente, amoroso e misericordioso com um povo teimoso e obstinado, por que duvidaria de Sua paciência, amor e misericórdia hoje em dia? Deus é imparcial (Atos 10:34).
Enquanto o exército de faraó era envolvido pela escuridão da noite, a coluna de fogo guiava milhões de israelitas e animais pelo leito seco do mar Vermelho. Essa foi uma enorme empreitada. Um estudioso, estimou que essa multidão somava dois milhões e meio de pessoas — mas, provavelmente, eram quase três milhões — que, matematicamente, formaria "dez filas marchando lado a lado, que configuraria uma linha de mais de duzentos e quarenta quilômetros de comprimento e necessitaria de oito ou nove dias para marchar até qualquer ponto fixo" (Moses: A Life [A Vida de Moisés, em tradução livre], Jonathan Kirsch, p. 175). Visto que eles cruzaram o Mar Vermelho em uma única noite, obviamente os israelitas estavam alinhados em número muito maior que dez filas, provavelmente centenas ou milhares!
Finalmente, a rebeldia do faraó chegou ao fim diante de uma série de eventos milagrosos que todos puderam testemunhar. Muitos afirmam que os israelitas simplesmente atravessaram um pântano ou lago raso quando o nível da água estava baixo. Parte desse argumento é que o termo hebraico original traduzido como "Mar Vermelho", Yam Suf, significa "Mar de Juncos" — junco é uma planta como taboa, vime e papiro. Contudo, a palavra suf também pode significar algas marinhas (Jonas 2:5). Na verdade, o Golfo de Aqaba, um braço do Mar Vermelho, é chamado de Yam Suf em 1 Reis 9:26. Outros que apoiam essa ideia podem argumentar que os israelitas estavam caminhando sobre um banco de areia na maré baixa — e que os egípcios foram arrastados quando a maré subiu. Entretanto, a Bíblia diz claramente que as águas eram uma "parede" para os israelitas em ambos os lados (Êxodo 14:22) — um milagre espantoso que não pode ser explicado por uma coincidência de fenômenos naturais.
O historiador bíblico Eugene Merrill disse o seguinte sobre esse evento: “A passagem de Israel pelo mar, que antecedeu o afogamento dos exércitos e carruagens egípcias, não pode ser explicada como uma "travessia de um pântano". Foi preciso a poderosa ação de Deus, uma ação tão expressiva em sua extensão e significado que, a partir daquele momento, na história de Israel, ela seria para sempre um paradigma por meio do qual os atos salvíficos e redentores de Deus seriam evocados. Se não existiu um milagre real nas proporções aqui descritas, todas as demais referências ao êxodo como o arquétipo do poder soberano e salvífico da graça de Deus tornam-se vazias e sem significação real” (História de Israel no Antigo Testamento: O Reino dos Sacerdotes Que Deus Colocou Entre as Nações, p. 59).
Será que, após esse impressionante batismo simbólico (1 Coríntios 10:2), os israelitas sairiam com uma atitude renovada?
Mapa do Êxodo