José foi revendido pelos comerciantes árabes a um oficial do faraó egípcio. Certamente, a mão de Deus estava nessa venda de José a Potifar, “para que na casa de alguém tão intimamente ligado à corte, ele pudesse receber o treinamento necessário para o alto cargo que estava destinado a ocupar e na escola da adversidade alcançasse sabedoria na prática, aprendendo lições que seriam de muita utilidade e importância em sua futura função” (Jamieson-Fausset-Brown Bible Commentary [Comentário Bíblico Jamieson-Fausset-Brown], nota no versículo 1).

Embora José tenha prosperado na casa de Potifar, esse não era o propósito definitivo que Deus tinha para ele em sua vida humana — Deus tinha um desígnio maior para José. E para alcançar esse objetivo, José teve que ser jogado na prisão, onde Deus criaria um ambiente em que, mais tarde, o exaltaria à mão direita do Faraó. Isso ilustra algo muito importante que devemos sempre nos lembrar: Às vezes os cristãos precisam passar por dificuldades e provações para alcançarem o resultado desejado por Deus. Então, é preciso ter em mente que Deus nos criou para um propósito maravilhoso. Assim como José acabou sendo resgatado da prisão e recebeu um cargo importante no Egito, equivalente ao que chamaríamos de primeiro-ministro da nação, eventualmente, nós também seremos resgatados dessa existência física e limitante e, junto com José, seremos cogovernantes com Deus sobre todo o vasto universo!

Portanto, se para atingir esse propósito for preciso que passemos por sofrimento e tribulação, Deus vai permitir que isso aconteça. Contudo, mesmo que a situação possa parecer bastante desanimadora, Deus nunca nos deixará nem nos abandonará (Deuteronômio 31:6; Hebreus 13:5). Precisamos ser pacientes em tempos de provação, confiando, servindo e obedecendo a Deus, pois sabemos “que todas as coisas contribuem juntamente para o bem daqueles que amam a Deus, daqueles que são chamados segundo o Seu propósito” (Romanos 8:28, ACF). Além disso, sabemos que Ele não permitirá que sejamos provado além do que podemos suportar (1 Coríntios 10:13).

Podemos aprender muitas lições com o exemplo de José. Reserve algum tempo para ler as seguintes escrituras e observar a relação delas com esse período difícil da vida de José: Provérbios 22:29; Provérbios 10:4; Provérbios 12:24; Mateus 25:21; 1 Coríntios 6:18; 1 Pedro 3:17; Romanos 5:3-4; Romanos 8:35-39.

Uma lição importante é que obedecer a Deus em todas as circunstâncias sempre será a melhor decisão a tomar. José sabia que adultério era pecado e recusou-se a praticá-lo — mesmo que isso pudesse lhe custar a vida —, pois Ele confiava em Deus e sabia que Ele abençoa aqueles que Lhe obedecem. (E mesmo que José tivesse perdido sua vida física, Deus o teria abençoado na eternidade).

Aliás, há outra coisa nesse episódio que devemos prestar atenção. A resposta de José à tentativa de sedução da esposa de Potifar contém informações importantes, que às vezes passam despercebidas. José argumenta: “Como, pois, faria eu este tamanho mal e pecaria contra Deus?” (Gênesis 39:9). Hoje em dia, muitas pessoas acreditam que os Dez Mandamentos não existiam antes da época de Moisés. Contudo, não apenas vemos a virtude de José nessa resposta, mas também encontramos provas de que a lei de Deus já era conhecida naquele tempo. E segundo Romanos 5:13, “o pecado não é imputado não havendo lei”. Entretanto, José claramente chama o adultério de pecado, mostrando assim que a lei de Deus estava em vigor antes de ser codificado no Monte Sinai, cerca de duzentos e cinquenta anos depois desse evento.