Prover além de nossas próprias necessidades

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Prover além de nossas próprias necessidades

E como o dinheiro é um instrumento que pode ser usado para o bem ou para o mal, torna-se importante entendermos, na Bíblia, as instruções de Deus sobre como devemos usar nossos recursos financeiros. Mas antes de analisar os princípios e orientações específicas que Ele nos dá, nós precisamos entender a perspectiva de Deus quanto ao uso do nosso dinheiro e Seus requisitos fundamentais a respeito.

A Propriedade de Deus e a atribuição de trabalhar

Deus revela que Ele é o Criador dos céus e da terra. Portanto, tudo pertence a Ele. "Toda a Terra é Minha", Ele declara (Êxodo 19:5). Isto inclui todos os metais preciosos (Ageu 2:8), os animais (Salmos 50:11) e as pessoas (Ezequiel 18:4)—todos nós.

Quando Deus fez o homem à Sua imagem (Gênesis 1:26-27), Ele o "pôs no jardim do Éden para o cuidar e manter" (Gênesis 2:15). Então Adão tinha um trabalho a fazer. Seu trabalho era cuidar dessa área onde Deus o havia colocado.

Depois que Adão pecou, ao comer do fruto que Deus havia proibido, ele foi expulso do Éden, mas ainda tinha que trabalhar—mas seu trabalho seria muito mais difícil e penoso.

Deus disse-lhe: "Maldita é a terra por causa de ti; com dor comerás dela todos os dias da tua vida. Espinhos, e cardos também, te produzirá; e comerás a erva do campo. Do suor do teu rosto comerás o teu pão, até que te tornes à terra; porque dela foste tomado; porquanto és pó e em pó te tornarás" (Gênesis 3:17-19). Ainda assim, o esforço dele traria consigo certas recompensas, inclusive os meios de manter sua subsistência.

Como Adão, nós também temos que trabalhar para nos sustentar. Contudo, o ser humano não é autossuficiente. Deus continua a nos ajudar, provendo o que não conseguimos por conta própria. "Ele faz crescer a erva para o gado, e a verdura para o serviço do homem, para fazer sair da terra o pão" (Salmos 104:14).

Ao desfrutarmos o resultado de nosso trabalho, nós deveríamos nos lembrar de que tudo o que temos é, afinal de contas, um presente de Deus, Quem tudo criou. "E a todo o homem, a quem Deus deu riquezas e bens, e lhe deu poder para delas comer e tomar a sua porção, e gozar do seu trabalho, isto é dom de Deus" (Eclesiastes 5:19).

Trabalhar duro e desfrutar dos resultados disso, certamente são princípios divinos que a maioria das pessoas entende e aceita como parte fundamental da vida. (Para entender o que Deus espera de nosso trabalho, leia "A Bíblia e o Trabalho").

O trabalho de Deus

Os seres humanos não são os únicos que trabalham. Os seres espirituais —os anjos e Deus—também trabalham. Jesus Cristo disse, especificamente, que Deus Pai, trabalha (João 5:17). Sendo espírito (João 4:24), Deus não precisa de comida, abrigo e roupa para sobreviver. O trabalho dEle é espiritual e humanitário.

João 3:16 resume a motivação de Deus para tudo o que faz pelo ser humano: "Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna". A obra de Deus é finalizar Seu plano para a humanidade, que começou antes da fundação do mundo (Mateus 25:34; Apocalipse 13:8; 1 Timóteo 1:9) e continua até hoje.

De igual modo, Deus espera nos ver envolvidos no trabalho espiritual e humanitário. Assim como trabalhamos para nos sustentar fisicamente, também temos que trabalhar por um grande propósito espiritual. O apóstolo Paulo diz o seguinte: "Porque somos feitura sua, criados em Cristo Jesus para as boas obras, as quais Deus preparou para que andássemos nelas" (Efésios 2:10). Não podemos ganhar a salvação através de nossos esforços, mas Deus explica claramente que fomos criados para fazer "boas obras", as quais têm uma importante dimensão espiritual.

O dinheiro que ganhamos com nossos esforços físicos e mentais pode ser usado, de maneira benéfica, para apoiar importantes empreitadas espirituais. Então, vamos examinar e entender um princípio bíblico essencial praticado pela Igreja primitiva.

Nossa prioridade financeira

Ao longo das eras, Deus tem tornado possível que a verdadeira mensagem de esperança seja preservada e divulgada. No princípio, Ele usou os patriarcas, os profetas e os sacerdotes para transmitir essa mensagem. Hoje em dia, Ele usa Sua Igreja, ou seja, Sua assembleia de pessoas chamadas. Jesus Cristo comissionou Seus seguidores a proclamarem o "evangelho do reino de Deus" para todas as nações (Marcos 1:14-15; Mateus 24:14; 28:19-20).

A mensagem de Cristo—o evangelho, que significa boas novas—é muito mais abrangente do que muitos podem entender. (Para descobrir a verdade bíblica sobre a mensagem trazida e ensinada por Jesus Cristo, solicite sua cópia gratuita do guia de estudo bíblico O Evangelho do Reino de Deus).

Esta é a mensagem que o mundo precisa ouvir com urgência. E os seguidores de Cristo têm a responsabilidade de garantir a proclamação dessa mensagem. Além de nossas orações fervorosas e, em alguns casos, de nossa participação direta, também devemos dedicar parte de nossas rendas a essa nobre causa, assim ajudando para que a mensagem de esperança de a Boa Nova seja proclamada em todo o mundo.

Quando Jesus mandou os Seus discípulos pregarem o evangelho do Reino (Mateus 10:1), Ele disse: "De graça recebestes, de graça dai" (versículo 8). Os Seus discípulos não tiveram que cobrar das pessoas para custear suas necessidades físicas, pois estas eram custeadas, voluntariamente, por aqueles que ouviam a mensagem deles (Mateus 10:11; Lucas 9:3-4). Como, mais tarde, Paulo escreveu: "Assim ordenou também o Senhor aos que anunciam o evangelho, que vivam do evangelho" (1 Coríntios 9:14).

Naturalmente, isso suscita uma pergunta: Quanto nós devemos contribuir para apoiar a ordem de Cristo quanto à proclamação do Evangelho e treinamento dos discípulos? As pessoas podiam debater essa resposta por toda a vida, mas Deus já deu uma resposta direta—um dízimo ou um décimo, que significa dez por cento de nossa renda (Levítico 27:32). Ao instruir os antigos anciãos israelitas sobre como administrar esses assuntos financeiros, Deus disse: "Todos os dízimos do campo, da semente do campo, do fruto das árvores, são do Senhor; É santo para o Senhor" (Levítico 27:30).

Esta passagem nos mostra que esse dízimo pertence a Deus. Ou seja, é dEle. Não é nosso para fazermos o que bem entendermos. Deus é o dono de todas as coisas. Ele tem o direito de requerer o que desejar. Na verdade, Ele está requerendo somente que Lhe devolvamos uma pequena parte do que Ele nos deu.

Deus nos permite manter das benções físicas que Ele nos dá Ele só diz que os devolvamos uma porcentagem, um décimo, em agradecimento, pois que Ele é a fonte de todas as coisas. Se ignorarmos este princípio, então estaremos roubando de nós mesmos as bênçãos que Deus promete nos dar. "Eu pergunto: 'Será que alguém pode roubar a Deus?' Mas vocês têm roubado e ainda me perguntam: 'Como é que estamos te roubando?' Vocês Me roubam nos dízimos e nas ofertas. Todos vocês estão Me roubando, e por isso Eu amaldiçôo a nação toda" (Malaquias 3:8-9, Bíblia na Linguagem de Hoje).

Durante seu ministério na Terra, Jesus Cristo confirmou a prática de dizimar. Não "deixem de lado" o dízimo! (Mateus 23:23). Porque dizimar é um princípio bíblico fundamental para uma vida mais abundante, vamos examinar esta prática mais detalhadamente.

Exemplos de retidão

A primeira menção do dízimo na Bíblia se encontra em Gênesis 14. Aqui, Abrão (depois chamado de Abraão em Gênesis 17:5), elogiado como um modelo de fé e conduta para os cristãos (Gálatas 3:29; Romanos 4:11), envolveu-se numa missão de resgate de seu sobrinho Ló, que havia sido levado cativo (Gênesis 14:1-14).

Depois de resgatar Ló e recuperar seus bens, Abraão se encontrou com Melquisedeque, "o sacerdote de Deus", e "lhe deu o dízimo de tudo" (versículos 16-20). Note que Abraão deu o dízimo de tudo—não apenas dos produtos agrícolas, como alguns supõem.

Mais tarde, lemos sobre Jacó, neto de Abraão, que fez a seguinte promessa a Deus: "De tudo quanto me deres, certamente Te darei o dízimo" (Gênesis 28:22). Como vemos, a prática de dizimar veio antes da aliança que Deus fez com os Israelitas. (Para entender o significado desse tema, leia "Será que o Dízimo foi abolido pela Nova Aliança?").

Com passar do tempo, os descendentes de Abraão, Isaque e Jacó se multiplicaram e se tornaram a nação de Israel. Depois de resgatá-los da escravidão no Egito, Deus instruiu aos Israelitas a serem uma nação santa (Êxodo 19:6). Parte dessa obediência, que faria deles a Sua "propriedade peculiar dentre todos os povos", (versículo 5) exigia a entrega do dízimo sobre "toda a novidade" [todo ganho ou renda] que Deus lhes dava todos os anos (Deuteronômio 14:22).

Esse princípio bíblico básico se aplica a todos nós. Um fazendeiro costuma ter despesas com sementes, fertilizantes, combustíveis, equipamentos e, talvez, aluguel ou hipoteca da terra que ele usa para plantar. A 'novidade' [o ganho ou a renda] é determinada subtraindo as despesas [os custos] do lucro que ele tem com a colheita. Cálculos semelhantes são aplicados na maioria dos casos, mesmo se trabalharmos por conta própria ou se somos empregados.

Mudança na aplicação da lei

Depois de determinar o dízimo, ou décimo, da renda deles, Deus instruiu que esse dízimo fosse entregue aos levitas, que eram responsáveis pelo tabernáculo (Números 1:50-53). Depois que recebiam os dízimos, certamente, eles [os levitas] também deveriam dizimar de sua renda (Números 18:26; Neemias 10:38).

Após Sua crucificação e ressurreição, Jesus se "tornou o Sumo Sacerdote eternamente de acordo com a ordem de Melquisedeque" (Hebreus 6:20). O serviço de Jesus é da mesma ordem sacerdotal de Melquisedeque, para quem Abraão pagou os dízimos no passado. (O nosso guia de estudo Quem é Deus? explica que, no Antigo Testamento, Melquisedeque era a representação dAquele que veio a ser Jesus Cristo). Essa mudança no sacerdócio Levítico de volta à ordem de Melquisedeque demandou outras mudanças.

Como diz em Hebreus 7:12: "Porque, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também mudança da lei". O sacerdócio físico dos levitas foi substituído pelo sacerdócio espiritual de Jesus Cristo. Os serviços sacerdotais no templo, que eram custeados pelos dízimos, terminaram quando os romanos conquistaram Jerusalém e destruíram o templo em 70 d.C.

Hoje Jesus Cristo é o nosso Sumo Sacerdote e Seus ministros têm a responsabilidade de servir ao povo de Deus. Agora, os dízimos de Deus são entregues a estes, que estão continuando fielmente a Sua Obra.

Reconhecer as bênçãos de Deus quanto ao Seu dízimo e honrá-Lo com as ofertas é o primeiro passo para estabelecer um plano financeiro pessoal baseado nos princípios bíblicos. Como está escrito em Provérbios 3:9: "Honra ao Senhor com os teus bens, e com a primeira parte de todos os teus ganhos, e se encherão os teus celeiros, e transbordarão de vinho os teus lagares".

Provendo para o necessitado

Desde os primórdios da história humana, Deus sempre quis que fôssemos o "guardador" de nosso irmão. Embora Caim não tenha entendido esse princípio (Gênesis 4:9), Deus fez com que essa instrução estivesse bem clara em Suas diretrizes a Israel: "Pois nunca cessará o pobre do meio da terra; pelo que te ordeno, dizendo: Livremente abrirás a tua mão para o teu irmão, para o teu necessitado e para o teu pobre na tua terra" (Deuteronômio 15:11).

O princípio de ajudar aos pobres remonta à instrução original de Deus sobre as pessoas cuidarem umas das outras. O próprio Jesus disse que servir aos outros (Mateus 25:31-46) e amar ao próximo eram as características nobres que identificava Seus seguidores (João 13:34-35).

Sempre que pudermos, nós devemos ajudar aos necessitados. Como escreveu o apóstolo João: "Quem, pois, tiver bens do mundo, e, vendo o seu irmão necessitado, lhe cerrar o seu coração, como estará nele o amor de Deus? Meus filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por obra e em verdade" (1 João 3:17-18). Provérbios 3:27 acrescenta: "Não deixes de fazer bem a quem o merece, estando em tuas mãos a capacidade de fazê-lo" (ACF).

Quando damos aos necessitados, então seguimos o exemplo de nosso Criador, cuja natureza é de amor para com os outros (João 3:16; 1 João 4:8). Deus quer que pratiquemos o Seu próprio amor, pois Ele cuida de toda humanidade. Ao descrever essa atitude de entrega, Paulo escreveu, "Aquele que furtava, não furte mais; antes trabalhe, fazendo com as mãos o que é bom, para que tenha o que repartir com quem tiver necessidade" (Efésios 4:28).

Então, dar por caridade é outro passo fundamental no plano financeiro divino.

Sustentando a família

A seguir, vamos voltar nossa atenção à família. Paulo escreveu sobre a necessidade de prover para os familiares: "Mas, se alguém não tem cuidado dos seus e principalmente dos da sua família, negou a fé e é pior do que o infiel" (1 Timóteo 5:8). Deus espera que, sempre que possível, nas famílias, os parentes cuidem uns dos outros, antes de pedir ajuda aos outros. Recusar ou negligenciar a obediência a esse princípio é uma afronta a Deus e à Sua instrução.

Jesus Cristo condenou veementemente aqueles que negligenciam a instrução de Deus para cuidar de suas famílias (Marcos 7:8-23; ver também "O Que é Corbã?"). Lamentavelmente, algumas pessoas descuidam do sustento de suas famílias. Os pais e as mães que se recusam a prover para seus filhos violam os princípios e as responsabilidades financeiras mais básicas de Deus e causam incalculável sofrimento a seus familiares. Isso também serve para os filhos que se recusam a ajudar seus pais idosos em suas necessidades.

Jesus usou o princípio de prover para a família para ilustrar o amor de Deus por nós, como Seus filhos: "Se vós, pois, sendo maus, sabeis dar boas coisas aos vossos filhos, quanto mais vosso Pai, que está nos céus, dará bens aos que lhe pedirem" (Mateus 7:11).

Agora que temos uma ideia de como Deus espera que usemos nossos recursos financeiros, vamos analisar os detalhes de como estabelecer e seguir um plano financeiro prático.