Chaves Para Compreender Apocalipse
Apocalipse coloca muitas das profecias anteriores da Bíblia em um contexto compreensível e revela uma estrutura muito necessária para o entendimento das profecias acerca do fim da era. Ele faz isso, em parte, através de símbolos e linguagem figurada que se relacionam diretamente com alguns escritos proféticos da Bíblia.
Por exemplo, o livro profético de Daniel usa símbolos e linguagem semelhantes. Muitas de suas visões e figuras de linguagem são claramente explicadas [no próprio livro de Daniel]. Mas, Deus revelou a Daniel que os significados de outras permaneceriam misteriosamente ocultas até o tempo do fim. Aí, então, seriam entendidos.
Apocalipse contém muitas chaves fundamentais para o entendimento da profecia e o livro de Daniel contém chaves que nos ajudam a entender o livro de Apocalipse.
Observe a explicação de Daniel de uma de suas visões: “Eu, pois, ouvi, mas não entendi; por isso, eu disse: Senhor meu, qual será o fim dessas coisas? E ele disse: Vai, Daniel, porque estas palavras estão fechadas e seladas até ao tempo do fim” (Daniel 12:8-9, ênfase adicionada, salvo indicação em contrário).
Compare com o propósito de Deus para o livro de Apocalipse. Deus Pai deu as profecias do livro de Apocalipse a Seu Filho, Jesus Cristo. Ele passou-as a Cristo na forma de um pergaminho fechado com sete selos (Apocalipse 5:1). Mas, como João, quem escreveu o livro sob inspiração de Deus, nos diz em seu capítulo final, um anjo ordenou-lhe especificamente: “Não seles as palavras da profecia deste livro . . .” (Apocalipse 22:10).
João explica que Deus Pai deu a maior parte do livro de Apocalipse a Cristo em um pergaminho selado com sete selos. Jesus, então, quebrou os selos e abriu o pergaminho.
“E vi na destra do que estava assentado sobre o trono [Deus Pai] um livro escrito por dentro e por fora, selado com sete selos. E vi um anjo forte, bradando com grande voz: Quem é digno de abrir o livro e de desatar os seus selos? E ninguém no céu, nem na terra, nem debaixo da terra, podia abrir o livro, nem olhar para ele . . . E disse-me um dos anciãos: Não chores; eis aqui o Leão da tribo de Judá, a Raiz de Davi, que venceu para abrir o livro e desatar os seus sete selos” (Apocalipse 5:1-5).
Aqui está a chave para a compreensão do livro. Somente Jesus pode revelar o significado de seus símbolos, visões e descrições. O primeiro versículo deste livro anuncia que é a “revelação de Jesus Cristo, a qual Deus lhe deu” (Apocalipse 1:1). Cristo revela o seu significado. Ele abre os selos. Mas como Ele faz isso?
Há dois fatores cruciais. Primeiro, as chaves para desvendar o conteúdo dos sete selos devem ser explicadas pelo próprio Jesus com Suas próprias palavras.
Em segundo lugar, a Bíblia nos diz que “toda a Escritura é inspirada por Deus” (2 Timóteo 3:16, ARA). Portanto, podemos esperar explicação de alguns símbolos no livro de Apocalipse e em outras partes da Palavra inspirada de Deus.
Ao confiar à própria Bíblia as interpretações consistentes de seus símbolos e linguagem figurada, estamos seguros de que nossa compreensão é baseada na Palavra inspirada de Deus e não em nossas próprias opiniões (2 Pedro 1:20). Afinal, revelar o conhecimento é o propósito do livro da Revelação, ou Apocalipse.
Lembre-se, Deus disse a Daniel que algumas das coisas que lhe revelou nas visões estavam seladas, escondidas até o tempo do fim. Mas, Ele acrescentou: “Muitos serão purificados, e embranquecidos, e provados; mas os ímpios procederão impiamente, e nenhum dos ímpios entenderá, mas os sábios entenderão” (Daniel 12:10). No tempo do fim, Deus quer que aqueles que Ele chama de “sábios” entendam essas profecias.
Quem são os sábios aos olhos de Deus?
Há aqueles que desprezam o conceito de que a Bíblia é divinamente inspirada e que dizem que seus símbolos são ilógicos e confusos. E que eles não têm nenhum valor. Porque zombam da ideia da inspiração de Deus e são cegos para a compreensão profética. Eles escolhem ignorar o que Deus revela sobre o futuro (2 Pedro 3:3-7).
Por outro lado, Deus nos diz que aqueles que O respeitam e guardam os Seus mandamentos são os verdadeiros sábios. Como a Bíblia explica: “Para ser sábio, é preciso primeiro temer [ter um temor respeitoso] a Deus, o senhor. Ele dá compreensão aos que obedecem aos seus mandamentos” (Salmo111:10, BLH). A Escritura também nos diz que “o testemunho do senhor é fiel e dá sabedoria aos símplices” (Salmo 19:7).
O livro de Apocalipse nos dá muitas das chaves que abrem a compreensão profética porque segue fielmente o princípio de que a Bíblia interpreta a si mesmo. Portanto, somente aqueles que acreditam que a Bíblia é inspirada por Deus e confiam no que ela diz serão capazes de compreender o significado do que é revelado no livro de Apocalipse.
Parte desse entendimento começou nos dias dos apóstolos. Um dos propósitos declarados de Apocalipse é o de revelar aos servos de Deus “as coisas que brevemente devem acontecer” (Apocalipse 1:1). Assim, alguns aspectos de Apocalipse diziam respeito aos cristãos dos últimos dias do ministério do apóstolo João.
Cristo instruiu a João registrar (versículo 19): (1) “as coisas que tens visto”—suas visões e seus símbolos enigmáticos; (2) “as [coisas] que são” informações—relacionadas com a Igreja naquela época; e (3) “as [coisas] que depois destas hão de acontecer”—profecias muito além no futuro.
Antes de examinar essas chaves para o futuro, precisamos entender as circunstâncias sob as quais este livro profético foi dado ao apóstolo João.
O cenário político e religioso de Apocalipse
Dentro dos limites do antigo Império Romano, o cristianismo começou em uma época de paz relativa. Os imperadores da época geralmente seguiam uma política de liberdade e tolerância religiosa. Estes cristãos podiam evangelizar longe, perto, dentro e além do império.
Mas, a situação gradualmente foi mudando. Os romanos introduziram e impuseram o culto ao imperador. De repente, os cristãos se encontraram em uma situação intolerável. Jesus, não o imperador, era seu mestre supremo. Eles entendiam que as Escrituras proibiam qualquer outro tipo de adoração além do Deus verdadeiro e Seu Filho, Jesus Cristo. Então, começaram a sofrer fortes pressões para participar dos feriados, dos jogos e das cerimônias em honra ao imperador reinante como se ele fosse um deus.
E a recusa em participar no culto ao imperador colocava-os em conflito direto com as autoridades em todos os níveis da hierarquia romana. Quando Apocalipse foi escrito, alguns cristãos já haviam sido executados por causa de suas crenças. Os cristãos em toda parte, especialmente na Ásia Menor, encontraram muita zombaria e perseguição.
E para complicar a situação dos cristãos, as autoridades romanas, após a destruição de Jerusalém em 70 D.C., deixaram de ver os cristãos apenas como outra seita judia. A tolerância religiosa que Roma tinha estendido a eles havia desaparecido.
Agora, os cristãos eram considerados um grupo religioso subversivo e potencialmente perigoso. Roma via seus ensinamentos de um reino vindouro e um novo e poderoso rei como uma ameaça à estabilidade do império. Nessa altura, o imperador Nero já tinha acusado falsamente os cristãos como os autores do grande incêndio de Roma. O futuro deles parecia sombrio.
O apóstolo João, preso na ilha de Patmos perto da costa da Ásia Menor, durante uma onda de perseguição quase no fim do primeiro século, explicou que também estava sofrendo perseguição e que era seu companheiro “na aflição, e no Reino, e na paciência de Jesus Cristo” (Apocalipse 1:9). João entendia plenamente o estresse deles. No entanto, ele lembrou-lhes de seu objetivo—o Reino de Deus. Ele enfatizou a paciência e a fé que deviam ter para suportar aversão e o abuso até o retorno de Jesus, o Messias que permanentemente libertará os Seus servos da perseguição e os salvará.
Este é o contexto em que Jesus revelou a João quando e como esta perseguição satânica, a qual já tinha sido responsável pelo assassinato de servos leais e fiéis, cessaria completamente. Ele ressaltou que as raízes do problema remontam do início da humanidade—no berço desta era do homem tão cheia de pecado e maldade.
O arquienganador
No Jardim do Éden o homem encontrou pela primeira vez “a antiga serpente, chamada o diabo e Satanás, que engana todo o mundo” (Apocalipse 12:9; Gênesis 3:1). A enganação desse ser maligno tem sido tão bem sucedida que a maioria das pessoas zombam da ideia de sua existência. Mas, os escritores das Sagradas Escrituras consideram sua existência e poder como uma realidade inquestionável. Eles revelam-no como a influência invisível por trás de todo mal e sofrimento. (Para comprovar as evidências claras de sua existência, baixe ou solicite nosso livro gratuito Existe Realmente um Diabo?).
O livro de Apocalipse resume o impacto que o diabo tem provocado, não apenas nos cristãos, mas em toda a humanidade, desde o tempo de João até o retorno de Cristo. Ele revela que o antigo conflito entre as forças do bem e do mal será resolvido.
Como observado anteriormente neste capítulo, João disse aos primeiros cristãos que o livro de Apocalipse inclui tanto as coisas “que são, e as que depois destas hão de acontecer” (Apocalipse 1:19). Esse cumprimento profético começou nos dias dos apóstolos e se estendeu até nossos dias e vai além.
O Dia do Senhor na profecia
A maioria das visões de João têm o foco no tempo mencionado pelos profetas de Deus nas Escrituras como o “Dia do Senhor”, também conhecido como o “dia de nosso Senhor Jesus Cristo”, “o dia de Cristo” e, aqui em Apocalipse, “o Dia do Senhor” (Apocalipse 1:10; compare Isaías 13:6; Joel 2:31; Sofonias 1:14, Atos 2:20, 1 Coríntios 1:8; 2 Tessalonicenses 2:2).
Paulo falou claramente deste tempo profetizado: “Porque vós mesmos sabeis muito bem que o Dia do Senhor virá como o ladrão de noite. Pois que, quando disserem: Há paz e segurança, então, lhes sobrevirá repentina destruição, como as dores de parto àquela que está grávida; e de modo nenhum escaparão” (1 Tessalonicenses 5:2-3).
Algumas pessoas afirmam que quando João disse que estava “em espírito, no dia do Senhor”, em Apocalipse 1:10, ele estava se referindo a adoração no domingo. Entretanto, o contexto de Apocalipse mostra nitidamente que João não estava se referindo a adoração em um dia da semana, mas tendo uma visão da vinda do Dia do Senhor mencionado direta ou indiretamente em mais de cinquenta passagens do Antigo e Novo Testamento.
Como o Comentário do Conhecimento Bíblico (The Bible Knowledge Commentary) explica: “A revelação de João ocorreu no Dia do Senhor, enquanto ele estava em Espírito. Alguns têm ressaltado que ‘o Dia do Senhor’ refere-se ao primeiro dia da semana. No entanto, [aqui] a palavra “Senhor” é um adjetivo e esta expressão nunca é usada na Bíblia para se referir ao primeiro dia da semana. João provavelmente estava se referindo ao dia do Senhor, uma expressão familiar em ambos os Testamentos . . . Ele foi lançado para o futuro dia do Senhor, no seu próprio interior em uma visão, e não no corpo, quando Deus derramará seus juízos sobre a terra” (John Walvoord e Roy Zuck, 1983, pág. 930).
A suposição errônea de que João estava se referindo ao primeiro dia da semana, domingo, não tem nenhum apoio bíblico. O único dia da semana, biblicamente falando, que poderia ser chamado de “dia do Senhor” é o Sábado, o sétimo dia da semana. Jesus se referiu especificamente a Si mesmo como “senhor do Sábado” (Marcos 2:28). E, através do profeta Isaías, Deus também se refere ao sábado como “santo dia do senhor” (Isaías 58:13). (Para saber mais solicite ou baixe nosso livro gratuito O Sábado, de Pôr-do-sol a Pôr-do-sol, o Dia do Descanso de Deus.)
Novamente, João não se estava referindo a qualquer dia da semana, mas ao tempo profético que é o assunto principal do livro de Apocalipse. João nos diz especificamente que o que ele escreveu é profecia (Apocalipse 1:3; 22:7, 10, 18-19). Portanto, João está meramente explicando que “em Espírito”—em visões divinamente inspiradas—ele foi mentalmente transportado para o prometido Dia do senhor.
O Dia do Senhor é descrito nas Escrituras como o tempo da intervenção direta de Deus nos assuntos humanos. É o tempo de Seu julgamento sobre Seus adversários—sobre aqueles que rejeitam Sua correção e recusam os Seus mandamentos. Isaías sucintamente resume o Dia do Senhor: “Chorem, pois o dia do senhor está perto; virá como destruição da parte do Todo-poderoso” (Isaías 13:6, NVI).
Quem é o alvo dessa destruição? “Eis que o dia do senhor vem, horrendo, com furor e ira ardente, para pôr a terra em assolação e destruir os pecadores dela” (versículo 9). Como Jeremias explicou: “ . . . este dia é o Dia do Senhor, o senhor dos Exércitos, dia de vingança contra os seus adversários” (Jeremias 46:10, ARA).
Observe a descrição do profeta Sofonias sobre o tempo da intervenção de Deus: “O grande dia do senhor está perto, está perto, e se apressa muito a voz do dia do senhor; amargamente clamará ali o homem poderoso. Aquele dia é um dia de indignação, dia de angústia e de ânsia, dia de alvoroço e de desolação, dia de trevas e de escuridão, dia de nuvens e de densas trevas, dia de trombeta e de alarido contra as cidades fortes e contra as torres altas”.
“E angustiarei os homens, e eles andarão como cegos, porque pecaram contra o senhor; e o seu sangue se derramará como pó, e a sua carne, como esterco” (Sofonias 1:14-17).
Veja como João descreve os acontecimentos impressionantes que seguem o sexto selo de Apocalipse: “Porque é vindo o grande Dia da sua ira; e quem poderá subsistir?” (Apocalipse 6:17). Pouco antes disso, os servos de Deus martirizados são representados, simbolicamente, chorando de suas sepulturas: “E clamavam com grande voz, dizendo: Até quando, ó verdadeiro e santo Dominador, não julgas e vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra?” (versículo 10). Mais adiante neste livro de profecias um anjo é enviado com essa mensagem: “Temei a Deus e dai-lhe glória, porque vinda é a hora do seu juízo . . .” (Apocalipse 14:6-7).
Depois, quase no fim do livro, João registra mais detalhes da segunda vinda de Cristo: “E vi o céu aberto, e eis um cavalo branco. O que estava assentado sobre ele chama-se Fiel e Verdadeiro e julga e peleja com justiça” (Apocalipse 19:11).
Centenas de anos antes de João deixar por escrito essas profecias de Apocalipse, o profeta Zacarias descreveu graficamente o retorno de Cristo: “Eis que vem o dia do senhor . . . eu ajuntarei todas as nações para a peleja contra Jerusalém... metade da cidade sairá para o cativeiro, mas o resto do povo não será expulso da cidade”.
“E o senhor [Jesus, o Messias profetizado] sairá e pelejará contra estas nações, como pelejou no dia da batalha. E, naquele dia, estarão os seus pés sobre o monte das Oliveiras, que está defronte de Jerusalém para o oriente; e o monte das Oliveiras será fendido pelo meio, para o oriente e para o ocidente, e haverá um vale muito grande; e metade do monte se apartará para o norte, e a outra metade dele, para o sul” (Zacarias 14:1-4). No final desta batalha “o senhor será Rei sobre toda a terra” (vers. 9).
A partir dessas escrituras, o principal objetivo de Apocalipse se torna claro. É retratar em símbolos vívidos o julgamento de Deus nos últimos dias—no, e pouco antes, retorno de Cristo. Ele vai supervisionar a destruição final do sistema satânico, rotulado, em Apocalipse, como a Grande Babilônia.
A verdadeira questão: A quem devemos adorar?
No centro do conflito do fim dos tempos está uma questão crucial: Quem a humanidade vai adorar—a Satanás ou a Deus? Observe a orientação religiosa da maioria da humanidade: “E adoraram o dragão que deu à besta o seu poder; e adoraram a besta, dizendo: Quem é semelhante à besta? Quem poderá batalhar contra ela?” (Apocalipse 13:4).
Qual será o alcance dessa adoração idólatra? “E adoraram-na todos os que habitam sobre a terra, esses cujos nomes não estão escritos no livro da vida . . .” (versículo 8). Hoje mesmo, quase todo mundo na terra, inconscientemente, está “sob o poder do Maligno” (1 João 5:19, NVI)—“a antiga serpente, chamada o diabo e Satanás, que engana todo o mundo” (Apocalipse 12:9). O controle direto de Satanás sobre a humanidade aumentará dramaticamente no tempo do fim.
Entretanto, o homem não foi deixado sem aviso. João registra sua visão de um anjo que “tinha o evangelho eterno, para o proclamar aos que habitam sobre a terra, e a toda nação, e tribo, e língua, e povo, dizendo com grande voz: Temei a Deus e dai-lhe glória, porque vinda é a hora do seu juízo. E adorai aquele que fez o céu, e a terra . . .” (Apocalipse 14:6-7).
Deus envia uma clara mensagem através do livro de Apocalipse: O tempo se aproxima quando Ele não mais tolerará a rejeição dEle pela humanidade ou que esta continue a adorar ao diabo. O sistema de adoração idólatra de Satanás deve ser varrido da face da terra antes que Cristo comece Seu governo como Rei dos Reis.
Os apelos do povo de Deus são respondidos
O templo em Jerusalém era o centro de adoração da antiga Israel de Deus. E lá se manifestou a Presença de Deus (2 Crônicas 5:13-14).
No livro de Apocalipse Deus é frequentemente retratado sentado em um templo celestial em Seu trono (antigamente representado pelo propiciatório sobre a Arca da Aliança na parte mais sagrada do templo terreno). Conforme João observa os anjos a dispensarem alguns dos castigos finais mencionados neste livro, o apóstolo João diz que “saiu grande voz do templo do céu, do trono, dizendo: Está feito!” (Apocalipse 16:17 ).
Um anjo havia dito anteriormente a João, “Levanta-te e mede o templo de Deus, e o altar, e os que nele adoram” (Apocalipse 11:1). Dentro do templo, Deus é retratado recebendo as orações de Seus servos. “E veio outro anjo e pôs-se junto ao altar, tendo um incensário de ouro; e foi-lhe dado muito incenso, para o pôr com as orações de todos os santos sobre o altar de ouro que está diante do trono” (Apocalipse 8:3).
Qual oração Deus ouve continuamente de Seus servos verdadeiros? “Clamaram em grande voz, dizendo: Até quando, ó Soberano Senhor, santo e verdadeiro, não julgas, nem vingas o nosso sangue dos que habitam sobre a terra?” (Apocalipse 6:10). Apocalipse revela as circunstâncias sob as quais os verdadeiros adoradores de Deus finalmente terão essa oração por justiça inteiramente respondida.
João cita Jesus prometendo a Seus servos: “A quem vencer, eu o farei coluna no templo do meu Deus . . . e escreverei sobre ele o nome do meu Deus e o nome da cidade do meu Deus, a nova Jerusalém . . . ” (Apocalipse 3:12). Finalmente, o jogo vira. Os servos fiéis de Deus serão os verdadeiros vencedores. Deus irá recompensá-los muito por sua paciência e resistência enquanto esperavam que Ele cumprisse Suas promessas e respondesse suas orações.
Como Deus intervém nos assuntos do mundo e mostra Seu grande poder para as nações, seus verdadeiros adoradores são representados em Apocalipse cantando com alegria: “Grandes e maravilhosas são as tuas obras, Senhor, Deus Todo-poderoso! Justos e verdadeiros são os teus caminhos, ó Rei dos santos! Quem te não temerá, ó Senhor, e não magnificará o teu nome? Porque só tu és santo; por isso, todas as nações virão e se prostrarão diante de ti, porque os teus juízos são manifestos” (Apocalipse 15:3-4).
O Padrão dos Sete em Apocalipse
Outra característica notável do livro de Apocalipse é a sua organização de acordo com o padrão dos sete. Apenas o primeiro capítulo menciona sete igrejas, sete candelabros de ouro, sete espíritos, sete estrelas e sete anjos.
Os principais acontecimentos do livro estão organizados em sete selos, sete trombetas, sete trovões e sete taças contendo as sete últimas pragas. Encontramos também sete lâmpadas de fogo e um cordeiro com sete chifres e sete olhos.
Depois, há um dragão que domina uma besta com sete cabeças e dez chifres. Sete montes e também sete reis são associados com as cabeças dessa besta. O que as mensagens transmitidas pelo uso repetido do sete têm em comum?
Na Bíblia, o número sete reflete a ideia de perfeição, de plenitude, daquilo que está completo. Por exemplo, sete dias compõem uma semana completa. Deus introduziu este conceito imediatamente após terminar de criar os nossos primeiros pais humanos: “E, havendo Deus acabado no dia sétimo a sua obra, que tinha feito, descansou no sétimo dia de toda a sua obra, que tinha feito. E abençoou Deus o dia sétimo e o santificou; porque nele descansou de toda a sua obra, que Deus criara e fizera” (Gênesis 2:2-3).
Apocalipse explica como Deus concluirá Seu plano mestre. E estabelece um quadro em que a parte profética desse plano é realizado, especialmente nos últimos dias.
A representação de plenitude também é importante ser entendida nas mensagens às sete igrejas nos capítulos um a três. Quando comparamos essas expressões simbólicas em Apocalipse com imagens em outras partes da Bíblia, um quadro muito mais significativo surge.
Em Apocalipse Deus está revelando a Seus servos uma visão geral abrangente dos fatores mais significativos que afetarão suas vidas— incluindo as suas dificuldades e recompensas—até Seu plano para a humanidade ser concluído. Os capítulos finais (21-22) até dão uma justa e breve olhada na natureza de suas relações com Deus e com os demais por toda eternidade. Deus enfatiza a perfeição e a plenitude deste resumo profético revelado, apresentando seus aspectos mais significativos nos padrões dos sete.
Embora, os padrões bíblicos dos sete são simbólicos ao representar plenitude, eles também costumam ter alguma realização real e literal. Por exemplo, Deus deu ao faraó do antigo Egito um sonho no qual sete vacas magras comiam sete vacas gordas. Então, Deus providenciou a José para explicar ao Faraó que o sonho significava sete anos de fartura agrícola que seria seguido por sete anos de fome devastadora.
Ao revelar esta informação a Faraó em um sonho, Deus o inspirou a nomear José para um cargo poderoso no Egito. Assim, José ficou na situação de protetor e provedor da família de seu pai—um pequeno clã destinado a se tornar a nação de Israel—durante os terríveis anos de fome. Deus estava no controle do sonho e do seu resultado.
Da mesma forma Deus pode predizer o resultado de qualquer aspecto da história (Isaías 46:9-10). Ele pode intervir para fazer com que os eventos aconteçam como Ele deseja (versículo 10). Ele pode revelar detalhes sobre o futuro com firmeza—com exatidão e precisão. Assim, não devemos assumir descuidadamente, como fazem alguns, que os padrões dos Sete em Apocalipse têm apenas um valor simbólico. Eles geralmente predizem acontecimentos reais e devem ser levados a sério.
O papel dos santos
Quando João escreveu Apocalipse, os cristãos estavam sendo perseguidos, às vezes martirizados, com a aprovação dos imperadores romanos. E Apocalipse frequentemente contrasta a injustiça da época com a ênfase no futuro papel de governante do Messias e dos santos.
Este é outro aspecto importante de Apocalipse. A identidade de quem terá o controle do mundo no futuro é uma das características centrais de suas profecias.
Sobre o retorno de Cristo, aprendemos: “Bem-aventurado e santo aquele que tem parte na primeira ressurreição; sobre estes não tem poder a segunda morte, mas serão sacerdotes de Deus e de Cristo e reinarão com ele mil anos” (Apocalipse 20:6). No capítulo final, lemos que os fiéis servos de Deus, depois de receber a vida eterna na ressurreição, “reinarão para todo o sempre” (Apocalipse 22:5).
Também é significativo o lugar onde, inicialmente, ajudarão a Jesus a governar. “Tu os constituíste reino e sacerdotes para o nosso Deus, e eles reinarão sobre a terra” (Apocalipse 5:10, NVI).
No início de Apocalipse João fala de “Jesus Cristo, a Fiel Testemunha, o Primogênito dos mortos e o Soberano dos reis da terra” (Apocalipse 1:5, ARA). Então, João diz aos cristãos que Jesus “nos fez reis e sacerdotes para Deus e seu Pai, a ele, glória e poder para todo o sempre” (versículo 6).
Será que os servos de Deus que suportarem as provações e as perseguições—do passado e do futuro—receberão autoridade de verdade no Reino de Deus sob Cristo? Certamente que sim. Como o apóstolo Paulo lembrou aos cristãos de Corinto: “Não sabeis vós que os santos hão de julgar o mundo?” (1 Coríntios 6:2).
Preste atenção na revelação de Cristo para João: “E vi tronos; e assentaram-se sobre eles aqueles a quem foi dado o poder de julgar. E vi as almas daqueles que foram degolados pelo testemunho de Jesus e pela palavra de Deus, e que não adoraram a besta nem a sua imagem, e não receberam o sinal na testa nem na mão; e viveram e reinaram com Cristo durante mil anos” (Apocalipse 20:4).
Isso faz parte do incrível futuro que Jesus Cristo planejou para seus fiéis seguidores—para viver e reinar com Ele para sempre! Agora vamos aprender o que foi profetizado que aconteceria com os verdadeiros seguidores de Cristo através dos séculos, até Seu retorno.