Os Dias Santos de Deus Têm Alguma Importância Hoje em Dia?
O registro bíblico demonstra que, no início da história descrita na Bíblia, somente algumas pessoas decidiram obedecer a Deus. Todavia, nos primórdios da eras, os patriarcas, incluindo Abel, Enoque e Noé responderam à revelação do plano de salvação de Deus (Mateus 23:35). Depois do dilúvio da época de Noé, Deus resolveu trabalhar com Abraão e sua esposa, Sara. Acerca das pessoas obedientes a Deus dessas épocas Hebreus 11:13 diz que “todos estes morreram na fé”, mas acreditando que alcançariam a vida eterna (versículo 40).
Precisamos entender que o plano para nos dar a vida eterna já estava em andamento nas vidas desse povo de Deus da antiguidade. O plano não teve início com uma aliança ou pacto realizado entre Deus e a antiga Israel nem começou com o ministério terreno de Jesus.
Deus amou tanto o mundo “que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:16). O amor de Deus, demonstrado pela entrega de Seu Filho, proporcionou a continuidade de Seu plano de salvação, que foi determinado desde a fundação do mundo (Mateus 25:34; Apocalipse 13:8). O esquema dos Dias Santos revelaria, no momento certo, o plano que Deus tinha feito para a humanidade desde o início. A observância dessas festas não era simplesmente uma boa ideia que Deus teve depois de dar início a história humana.
Deus começou revelando à família de Abraão essa boa nova acerca do Seu plano de salvação (Gálatas 3:8). Gênesis 26:3-4 identifica determinadas bênçãos que Deus prometeu a Abraão e aos seus descendentes. O Criador prometeu abençoá-los: “Porquanto Abraão obedeceu à Minha voz e guardou o Meu mandado, os Meus preceitos, os Meus estatutos e as Minhas leis” (versículo 5). Talvez esta seja a razão porque a Bíblia chama Abraão de “amigo de Deus” e “pai de todos os que creem” (Tiago 2:23; Romanos 4:11; Gênesis 18:17-19).
Uma nação escolhida
Os descendentes de Abraão tornaram-se uma poderosa nação (Gênesis 18:18). Eles foram chamados pelo nome de Jacó, neto de Abraão, cujo nome foi mudado para Israel (Gênesis 32:28). Depois de se estabelecerem no Egito, não demorou muito para que se tornassem escravos (Êxodos 1). A história de como Deus libertou Israel da escravidão, assim como a história de como Ele nos livra do mal hoje em dia, é parte desse intrincado esquema das festas de Deus.
Em seu devido tempo, o Criador desencadeou uma série de eventos que ilustraram aos israelitas como o Seu plano era representado pela observância dos Dias Santos e como os conduziria à libertação da escravidão no Egito. Quando Moisés e Arão se dirigiram a faraó, eles disseram ao governante egípcio que esta era a ordem do Deus de Israel: “Deixa ir o Meu povo, para que Me celebre uma festa no deserto” (Êxodo 5:1).
Antes, Moisés e Aarão tinham se reunido com os anciãos de Israel e explicado o plano de Deus para libertá-los (Êxodo 3:16-18). Então, Moisés e o seu irmão Arão, guiados por Deus, fizeram uma série de milagres diante do povo (Êxodo 4:29-30). Diante disso, os israelitas creram (mas, depois, hesitaram) que Deus os libertaria e cumpriria o Seu acordo com Abraão, como tinha prometido (Êxodo 4:31; 6:4-8).
O que se seguiu foi a primeira Páscoa e a primeira Festa dos Pães Asmos da antiga Israel. Muito tempo depois, a Igreja do Novo Testamento celebrou estes mesmos dias como lembrança da libertação dos cristãos através de Jesus Cristo. Por exemplo, Paulo disse aos membros da Igreja em Corinto — judeus e gentios — que deviam ficar “sem fermento”, isto é, sem pecado, porque “Cristo, nossa Páscoa, foi sacrificado por nós” (1 Coríntios 5:7). No versículo seguinte Paulo diz: “Pelo que façamos festa”, referindo-se à mesma festa que Deus tinha instituído para a antiga Israel muitos séculos antes.
As festas no Novo Testamento
Desde os primeiros anos de infância, Jesus celebrou as festas com Seus pais. Lucas 2:41 diz-nos: “Ora, todos os anos, iam seus pais a Jerusalém, à Festa da Páscoa”. Os versículos seguintes descrevem Jesus, então com a idade de doze anos, debatendo fervorosamente com teólogos de sua época durante essa festa (versículos 42-48). Com Seu entendimento e discernimento, Ele deixou espantados aqueles líderes religiosos. João escreve que Jesus continuou observando os Dias Santos anuais depois de adulto, durante o Seu ministério (João 2:23; 4:45).
Em um de Seus mais instrutivos exemplos, Jesus arriscou a Sua segurança pessoal para assistir à Festa dos Tabernáculos (João 7:1-2; 7-10, 14). “No último dia, o grande dia da festa, Jesus pôs-se em pé e clamou, dizendo: Se alguém tem sede, que venha a Mim e beba. Quem crê em Mim, como diz a Escritura, rios de água viva correrão do seu ventre. E isso disse Ele do Espírito, que haviam de receber os que nEle cressem; porque o Espírito Santo ainda não fora dado, por ainda Jesus não ter sido glorificado” (João 7:37-39).
Muitas igrejas creem que o apóstolo Paulo alterou fundamentalmente a maneira que os cristãos devem adorar. Esta ideia defende que Paulo ensinou aos gentios que a observância dos Dias Santos era desnecessária. Entretanto, sendo que parte de seu estilo de escrever era difícil de compreender até mesmo por seus contemporâneos (2 Pedro 3:15-16), as suas declarações e ações claras contradizem qualquer ideia de ele ter anulado ou abolido a prática dos Dias Santos.
Por exemplo, em 1 Coríntios 11:1-2, Paulo disse aos seus seguidores: “Sede meus imitadores, como também eu sou de Cristo” e “retende os preceitos, como vo-los entreguei”. Alguns versículos adiante, ele explica : “Porque eu recebi do Senhor o que também vos ensinei: que o Senhor Jesus, na noite em que foi traído, tomou o pão; e, tendo dado graças, o partiu e disse: Tomai, comei; isto é o meu corpo que é partido por vós; fazei isto em memória de Mim” (1 Coríntios 11:23-24).
Se a prática de Paulo não fosse a de observar os Dias Santos, os seus comentários aos judeus e gentios em Corinto seriam injustificáveis. É evidente que Paulo jamais desencorajou alguém a guardar as festas anuais; esta ideia seria impensável para ele (Atos 24:12-14; 25:7-8; 28:17).
Pelo contrário, os registos bíblicos sobre o ministério de Paulo retratam repetidamente os Dias Santos como práticas importantes e marcos em sua vida. Por exemplo, ele disse aos efésios: “É-me de todo preciso celebrar a solenidade que vem em Jerusalém” (Atos 18:21, ACF). Em Atos 20:16 e 1 Coríntios 16:8 vemos Paulo planejando sua viagem para acomodar a Festa de Pentecostes. Lucas, companheiro de viagem de Paulo, em Atos 27:9, refere-se ano àquela ocasião do ano como sendo depois do “Jejum”, referindo-se- ao Dia da Expiação.
O Comentário Bíblico Expositivo [The Expositor’s Bible Commentary], em referência a Atos 20:6, diz que Paulo, impossibilitado de chegar a tempo a Jerusalém para a Páscoa, “permaneceu em Filipos para celebrá-la, e também a Festa dos Pães Asmos, que dura uma semana…” (Richard N. Longenecker, 1981, Vol. 9, p. 507). Ainda sobre Atos 20:16, esse mesmo comentário nota que Paulo “apressava-se, pois, para estar, se lhe fosse possível, em Jerusalém, no dia de Pentecostes…” (p. 510).
O ministério de Paulo incluía a prática dos Dias Santos de Deus junto com a Igreja. Defendendo o evangelho que pregava, Paulo disse que trazia a mesma mensagem que os outros apóstolos ensinavam: “Então, ou seja eu ou sejam eles, assim pregamos, e assim haveis crido” (1 Coríntios 15:11).
Paulo e todos os outros apóstolos ensinaram, consistentemente, uma mensagem acerca da necessidade de os cristãos seguirem o exemplo de Jesus Cristo em todos os aspectos. O apóstolo João, que escreveu até quase no fim primeiro século, resume esta mensagem: “Aquele que diz que está nEle também deve andar como Ele andou” (1 João 2:6).
Os judeus crentes continuaram guardando os Dias Santos, como também fizeram os cristãos gentios (ver artigo “Colossenses 2:16 Mostra Cristãos Gentios Observando os Dias Santos.”). Diante de todas essas evidências, somente podemos concluir que a prática da Igreja primitiva era a de observar essas festas de Deus, a Páscoa é a primeira delas.