Natal: A História Que Nunca Foi Contada
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Natal: A História Que Nunca Foi Contada
O Natal é celebrado em quase todo o mundo. Mas você sabia que o Natal e muitos de seus costumes populares não são mencionados na Bíblia?
Os historiadores dizem que a origem da celebração do Natal é incerta. William Walsh resume as origens desse feriado religioso e suas práticas em seu livro The Story of Santa Klaus (A História do Papai Noel, em tradução livre): “Precisamos lembrar que a celebração do Natal...teve uma evolução gradual desde os tempos que antecederam o período cristão...sobrepondo-se assim aos festivais pagãos, porém, muitos de seus costumes são apenas adaptações de cerimoniais pagãos para os cristãos” (1970, p. 58).
Como essas práticas pagãs se tornaram parte de uma celebração da igreja dominante? Que “festivais pagãos” eram esses que, no decorrer dos séculos, se tornaram o Natal?
As antigas origens dos costumes do Natal
Durante o século II a.C., os gregos praticavam rituais para homenagear seu deus Dionísio (também chamado de Baco). O nome latino para essa celebração era Bacchanalia. Por causa das orgias noturnas associadas a esse festival, o senado romano acabou com a sua observância em 186 a.C. Porém essa ordem de extinguir um feriado era algo incomum para os romanos, pois Roma havia se tornado um crisol de diversos tipos de deuses e cultos. Enquanto assimilavam a cultura, arte e costumes dos povos conquistados por seu império, os romanos também adotavam suas práticas religiosas.
Além da Bacanália, os romanos celebravam outro feriado religioso, a Saturnália, realizada “em honra a Saturno, o deus do tempo, [que] começava em 17 de dezembro e durava sete dias. Muitas vezes, esses festivais terminavam em tumulto e desordem. Consequentemente, as palavras bacanais e saturnais adquiriram má reputação em tempos posteriores” (p. 65).
O motivo do descrédito da Saturnália é revelador. Na mitologia pagã Saturno era um “antigo deus-rei da agricultura que devorava seus próprios filhos, presumivelmente para se evitar o regicídio (assassinato de um rei). E Saturno tinha um paralelo com o ídolo Baal Cartaginês, cuja efígie de bronze com chifres tinha uma fornalha onde crianças eram sacrificadas” (A Book of Christmas [Um livro do Natal, em tradução livre], William Sansom, 1968, p. 44).
As celebrações do solstício de inverno
Ambos os feriados eram observados próximo ao solstício de inverno — época do ano com o menor período de luz natural. “Também dos romanos veio outro fundamento do Natal: A data de 25 de dezembro. O calendário juliano foi proclamado em 46 d.C. e legalizou uma prática que já era comum: a data de 25 de dezembro como data do solstício de inverno” (The Trouble With Christmas [O problema com o Natal, em tradução livre], Tom Flynn, 1993, p. 42).
Na esteira da Saturnália, os romanos escolheram o dia 25 de dezembro para celebrar uma festa chamada de Bruma, que se referia ao solstício. Acredita-se que o termo é derivado do latim brevíssima, que significa mais breve ou mais curto, denotando o dia mais curto do ano. (O início do mês dessas festividades acabou sendo chamado de Brumália).
Por que esse período era tão significativo? “A época do solstício de inverno sempre foi um período importante na mitologia de todos os povos. O sol, o doador da vida, está em seu ponto mais baixo, sendo o mais curto período de luz natural do ano...Nesse ponto mais baixo do solstício, as pessoas deviam ajudar os deuses... [através de] cerimônias religiosas. O sol começa a retornar triunfantemente. Os dias ficavam mais longos e, apesar dos resquícios do inverno, mais uma vez a primavera surgia. E para todos aquele era um momento muito festivo” (The Christmas Almanac [O Almanaque do Natal, em tradução livre], Gerard e Patricia Del Re, 1979, p. 15).
Os primeiros cristãos não conheciam o Natal como o conhecemos. Ao longo dos séculos seguintes, novas festividades antibíblicas, como o Natal e o Domingo de Páscoa, foram introduzidas gradualmente no cristianismo tradicional. A história mostra que esses novos dias festivos foram impostos a todos, enquanto os dias das festas bíblicas (listados em Levítico 23) foram sistematicamente rejeitados.
A mensagem de Jesus Cristo e dos apóstolos — “o evangelho do reino de Deus” (Marcos 1:14-15) – logo foi esquecida. A celebração do Natal desviou o foco do cristianismo do prometido retorno de Cristo para o nascimento dEle. Mas será que a Bíblia orienta os cristãos a fazer isso?
A escolha da data do Natal
Gerard e Patricia Del Re explicam a evolução do dia 25 de dezembro como uma celebração romana oficial: “A Saturnália e a Calenda [primeiro dia do mês do ano, ou seja, janeiro] eram as celebrações mais conhecidas dos primeiros cristãos (de 17-24 de dezembro e de 1-3 de janeiro, respectivamente), mas os romanos adotaram da Pérsia a tradição de comemorar 25 de dezembro como o aniversário de Cristo. Mitra, o deus persa da luz e dos pactos sagrados, nasceu de uma rocha em 25 de dezembro. Roma era famosa por flertar com outros deuses e cultos, e no terceiro século [274 d.C.]. O imperador pagão Aureliano estabeleceu a data de 25 de dezembro para o festival do Dies Invicti Solis, o Dia do Sol Invencível”.
“Mitra era a personificação do sol, por isso esse período de seu renascimento era um dia importante no mitraísmo, que tinha se tornado a mais recente religião oficial de Roma com o respaldo de Aureliano. Acredita-se que o imperador Constantino aderiu ao mitraísmo até o momento de sua conversão ao cristianismo. Provavelmente, ele teve um papel determinante em que essa grande festa de sua antiga religião fosse transferida para a sua nova fé” (The Christmas Almanac [O almanaque do Natal, em tradução livre], 1979, p. 17).
Embora seja difícil determinar quando foi a primeira vez que 25 de dezembro foi celebrado como o dia do Natal, os historiadores concordam que isso ocorreu por volta do quarto século.
Mas essa é uma data muito tardia, pois o Natal só foi celebrado em Roma, a capital do império, cerca de trezentos anos depois da morte de Cristo. E suas origens não podem ser rastreadas até os ensinamentos ou práticas dos primeiros cristãos. A introdução do Natal representou uma mudança significativa na “fé que uma vez por todas foi entregue aos santos” (Judas 3).
Influências europeias nos costumes do Natal
Embora o Natal tenha sido oficialmente estabelecido em Roma no quarto século, mais tarde outra celebração pagã influenciou fortemente as diversas tradições natalinas praticadas hoje. Essa celebração era a festa germânica de Yule (palavra nórdica para “roda”, que significa ciclo anual).
“Enquanto o cristianismo se espalhava pelo norte da Europa, surgiu a celebração de outro festival pagão realizado em dezembro em homenagem ao sol. E esse foi o festival nórdico de Yule, que durava doze dias. Nessa ocasião, eram acesas fogueiras enormes para ajudar no renascimento do sol. Os santuários e outros locais sagrados eram decorados com plantas como azevinho, hera e louro, e era um tempo para festejar e beber.
“Igualmente antiga era a prática dos druidas, uma casta de sacerdotes dentre os celtas da antiga França, Inglaterra e Irlanda, de decorar seus templos com visco...no século oitavo, São Bonifácio persuadiu [as tribos germânicas] a [adotar] a árvore de Natal, um pinheiro enfeitado em homenagem ao menino Jesus...e foram os imigrantes alemães que levaram esse costume para os Estados Unidos” (The Christian Calendar [O calendário cristão, em tradução livre], L.W. Cowie e John Selwyn Gummer, 1974, p. 22).
Os convertidos eram convencidos a abandonar a adoração ao deus sol para adorar o Filho de Deus. O foco desse feriado religioso foi mudando sutilmente, mas os costumes e práticas pagãs tradicionais permaneceram praticamente inalterados. Os antigos costumes religiosos envolvendo azevinho, hera, visco e árvores perenes ganharam significados “cristãos” inventados. Devemos ter em mente que Jesus Cristo nos alerta para tomarmos cuidado com as coisas mascaradas como cristãs (Mateus 7:15; comparar Isaías 5:20; 2 Coríntios 11:13-15).
As raízes das tradições atuais
Muitos desses costumes e tradições do Natal são apenas resquícios de celebrações da antiguidade.
Diante de tudo o que já aprendemos sobre as antigas origens pré-cristãs do Natal, não deveríamos ficar surpresos ao saber que o Papai Noel nada mais é do que um personagem reciclado das antigas crenças ligadas aos festivais pagãos de inverno.
Os adereços associados ao Papai Noel — a barba grande, a roupa, o trenó e as renas — revelam que sua origem remonta às gélidas regiões do extremo Norte. Algumas fontes o atribuem aos antigos deuses do norte da Europa, Woden e Thor (4000 Years of Christmas [4000 anos de Natal, em tradução livre], Earl e Alice Count, 1997, pp. 56-64). Outras traçam essa origem ainda mais atrás no tempo, até ao deus romano Saturno (homenageado no festival de inverno da Saturnália) e ao deus grego Sileno (Walsh, pp. 70-71).
E quanto a outros costumes e símbolos comuns associados ao Natal? De onde vieram? “No Ano Novo Romano (primeiro de janeiro), as casas eram decoradas com folhagens e luzes, e as crianças e os pobres ganhavam presentes. A essas observâncias se acrescentavam os rituais alemães e célticos do Yule...Um espírito de solidariedade e os banquetes, os troncos e bolos de Yule, os abetos e os pinheiros, os presentes e as saudações, tudo isso era para se comemorar os diferentes aspectos dessa época festiva. Os fogos e luzes, símbolos de calor e vida longa, sempre foram associados com o festival de inverno” (The Encyclopaedia Britannica, 15ª edição, Micropaedia, Vol. 2, p. 903, “Christmas [Natal]”).
“Durante o inverno, a ideia do renascimento e da fertilidade era sumamente importante. Na neve do inverno, o pinheiro era um símbolo da vida que voltaria na primavera, por isso eles eram usados para decoração...A luz era importante para dissipar a crescente escuridão do solstício, por isso um tronco de Yule era aceso...Conforme muitos desses costumes foram perdendo suas razões religiosas de existirem, esses costumes se tornaram superstições, tornando-se tradições de boa sorte e, logo, apenas costumes incoerentes. Então, o visco deixou de ser adorado, mas acabou se tornando um pretexto para atividades irreligiosas” (Del Re, p. 18).
“Até os presentes de Natal nos lembram dos presentes que eram trocados em Roma durante as Saturnálias. Em Roma, esses presentes geralmente tinham forma de velas e de bonecas de cera, sendo este último, por sua vez, um resquício dos sacrifícios humanos que eram oferecidos a Saturno... Em nossos presentes de Natal preservamos, sob outra forma, um dos costumes mais cruéis dos nossos antepassados bárbaros!” (Walsh, p. 67).
Hoje, quando vemos esses costumes perpetuados, na celebração do Natal, não devemos ter dúvidas sobre a origem desse feriado religioso. O Natal é um conjunto diverso de formas pagãs de adoração encoberto pelo verniz do cristianismo.
A aceitação de tradições pagãs
Como esses costumes pagãos se tornaram amplamente aceitos no cristianismo? Eles foram assimilados em um novo feriado religioso da igreja, que supostamente celebraria o nascimento de Cristo. William Walsh descreve esse processo e o arrazoamento por trás dele: “Isso não foi um mero acaso. Essa foi uma medida necessária num momento em que a nova religião [o cristianismo] estava sendo imposta a um povo profundamente supersticioso. A fim de conciliar os recém-convertidos para a nova fé, e desfazer os antigos laços de um modo menos traumático possível, essas relíquias do paganismo foram mantidas com algumas alterações...”.
“Assim, vemos que quando o papa Gregório [540-604] enviou Santo Agostinho como missionário para converter a Inglaterra anglo-saxônica, e o orientou a adaptar, tanto quanto possível, os novos e estranhos ritos cristãos ao que os pagãos nativos estavam familiarizados desde seu nascimento.
“Por exemplo, ele aconselhou Santo Agostinho a permitir que seus convertidos, em determinadas festas, abatessem e comessem uma grande quantidade de bois para a glória de Deus Pai, assim como faziam antes para honrar [seus deuses]...E no Natal, depois de chegar à Inglaterra, Santo Agostinho batizou milhares de convertidos e permitiu a celebração tradicional deles do mês de dezembro com um novo nome e um novo significado” (p. 61).
“Então, Gregório permitiu a introdução de práticas religiosas pagãs, alegando que quando se trata de “mentes obstinadas é impossível interromper tudo de uma vez” (Sansom, p. 30).
Tragicamente, o cristianismo nunca cumpriu a tarefa de erradicar o paganismo de suas celebrações. Segundo Owen Chadwick, ex-professor de história na Universidade de Cambridge, os romanos “continuaram celebrando o solstício de inverno com uma festa de bebedeira e baderna. Mas os cristãos achavam que poderiam dar um significado melhor a essa festa. Eles tentaram convencer os seus rebanhos a evitar beber ou comer demasiadamente para que celebrassem uma festa mais austera — mas não tiveram sucesso nisso” (A History of Christianity [Uma história do cristianismo, em tradução livre], 1995, p. 24).
A princípio, os cristãos se opuseram ao Natal. Assim surgiram algumas controvérsias sobre se o aniversário de Jesus deveria ser comemorado.
A Enciclopédia Britânica acrescenta: “Os Pais [da igreja] dos séculos II e III, como Clemente de Alexandria, Orígenes e Epifânio, afirmaram que o Natal era uma cópia de uma celebração pagã” (15ª edição, Macropédia, Vol. 4, p. 499, “Cristianismo”).
A decisão de celebrar o nascimento de Cristo em 25 de dezembro estava longe de um consenso. “Os cristãos da Armênia e da Síria acusaram os cristãos de Roma de adoração ao sol por celebrarem o Natal em 25 de dezembro...No século quinto, o papa Leão Magno tentou erradicar alguns costumes do Natal que ele considerava semelhante a adoração ao sol” (Celebrations: The Complete Book of American Holidays [O livro completo dos feriados estadunidenses, em tradução livre], Robert Myers, 1972, p. 310).
O Natal sob análise
Não podemos negar que o Natal se originou de antigos costumes e práticas religiosas que nada tinham a ver com o cristianismo e a Bíblia. E Tom Flynn resume a questão: “Um grande número de tradições que agora associamos ao Natal têm suas raízes nas tradições religiosas pagãs pré-cristãs. Algumas delas têm conotações sociais, sexuais ou cosmológicas que podem fazer com pessoas cultas, modernas e culturalmente sensíveis as evitem, uma vez que tenham entendido mais claramente suas origens” (p. 19).
Apesar disso, o Natal continua sendo uma tradição consolidada. Embora alguns reconheçam o paganismo inerente nesse feriado religioso, muitos acreditam que as pessoas são livres para escolher seus próprios dias de culto. Outros se apegam à crença ingênua e biblicamente inaceitável de que as celebrações mais populares do paganismo foram cristianizadas e, portanto, são aceitáveis a Deus.
Deixando de lado o raciocínio humano, precisamos considerar a opinião de Deus sobre essas celebrações. Devemos olhar para a Palavra de Deus para saber o que Ele acha dessa mistura de práticas e costumes pagãos em Sua adoração!
Saiba mais
Este artigo foi extraído de nosso revelador guia de estudo bíblico Feriados Religiosos ou Dias Santos: Será que importa quais dias observamos? Peça ou baixe seu exemplar gratuito para entender também as origens de outros feriados religiosos populares, como o Domingo de Páscoa.