A Identidade Bíblica da Família Real Britânica
Segunda Parte
A coroação do rei Charles III em maio deste ano atrairá novamente a atenção do mundo para a monarquia britânica — pouco tempo depois da repercussão mundial da morte de sua mãe, a rainha Elizabeth II. O que está por trás dessa antiga e contínua proeminência da família real do Reino Unido? Muitos ficarão surpresos ao saber que a resposta está nas páginas da Bíblia Sagrada — em suas promessas e profecias sobre a dinastia israelita do rei Davi.
A primeira parte deste artigo mostrou o prenúncio da perenidade do trono de Davi. Como vimos, Deus fez uma promessa inquebrantável a Davi de uma dinastia perdurável, afirmando que seu trono continuaria por todas as gerações até a chegada do reinado do Messias, Jesus Cristo, que deve retornar a uma grande monarquia ainda existente. E Deus tem garantido que isso aconteceria.
Na verdade, Deus predisse especificamente o que aconteceria — que o trono seria transplantado para outro lugar em uma série de reveses. O que se seguiu é uma história formidável que tem elementos nas Escrituras e na História e, até certo ponto, nas fábulas (embora nosso foco esteja principalmente no que está declarado na Bíblia). Aqui encontramos a conexão com a monarquia britânica.
Na primeira parte, vimos como o trono de Davi foi predito para durar, agora nesta segunda parte vamos explorar como esse trono foi transferido, onde está agora e onde estará perpetuamente.
A comissão de Jeremias e as filhas do rei
Continuamos de onde paramos, com a queda de Jerusalém pela Babilônia no século VI a.C. Como a monarquia continuou existindo após a queda do reino de Judá naquela época, considerando tudo o que Deus havia prometido?
O profeta Jeremias viveu naquela época, e já vimos que sua profecia sobre o trono de Davi afirmava que ele duraria como o ciclo do dia e da noite — com uma sucessiva pluralidade de governantes da linhagem de Davi e não apenas com o futuro Messias (Jeremias 33:17-26).
O ministério de Jeremias começou com uma missão importante, mas misteriosa, Deus disse-lhe: “Olha, ponho-te neste dia sobre as nações e sobre os reinos, para arrancares, e para derribares, e para destruíres, e para arruinares; e também para edificares e para plantares” (Jeremias 1:10).
Temos alguma noção do que isso significa pelo fato de que Jeremias estava na terra de Judá pregando à nação e a seus líderes durante sua destruição e deportação do povo. Ele disse ao povo para se submeter aos conquistadores babilônicos e aceitar a realocação para uma nova terra. Esse foi um “desenraizamento” da nação — e da monarquia.
A obra de Jeremias começou na época de Josias, um rei justo. Josias morreu e foi brevemente sucedido por seu filho Jeoacaz, que logo foi deposto pelos egípcios e levado para o Egito, onde morreu. Os egípcios nomearam outro filho de Josias para substituí-lo, mudando seu nome para Jeoiaquim. Este governante iníquo foi morto pelos babilônios e substituído por seu filho Joaquim ou Jeconias.
Logo depois, o governante babilônico Nabucodonosor depôs Jeconias e o levou cativo para a Babilônia. Então, seu tio, outro filho de Josias, renomeado para Zedequias, o sucedeu. Posteriormente, Zedequias, que também acabou sendo um governante perverso, foi capturado enquanto tentava fugir da invasão babilônica, e é obrigado a ver os filhos serem executados antes de ser cegado e levado para a Babilônia, onde morreu. Esse foi o fim da monarquia judaica em Judá.
Alguns depositaram esperanças na sucessão dinástica por meio de Jeconias (também conhecido como Conias), que permaneceu vivo por algum tempo na Babilônia e teve descendentes importantes. Mas, Deus o declarou “sem filhos” em relação ao trono, afirmando que nenhum de seus descendentes se sentaria no trono de Davi para governar em Judá (Jeremias 22:30).
Aliás, o pai adotivo de Jesus, José, era descendente de Jeconias (Mateus 1:11, 16). Portanto, Jesus tinha herança legítima nessa linhagem, mas se fosse filho biológico de José teria sido desqualificado para reinar no trono de Davi. Na verdade, através de um milagre divino, Jesus era filho de Maria, que era descendente de Davi por uma linhagem diferente (como geralmente é entendida a genealogia de Lucas 3:23-31).
Então, a morte dos filhos de Zedequias realmente marcou o fim da dinastia davídica? Pode ter parecido assim — até mesmo para Nabucodonosor, que procurava acabar com as insurreições do povo judeu. Pode ser que ele desconhecia isso, mas havia outra maneira pela qual a linhagem real poderia continuar existindo. Em Jeremias 41:10, somos informados que um remanescente de Judá na terra incluía “as filhas do rei”. Elas eram jovens, possivelmente adolescentes, pois Zedequias, seu pai, tinha apenas trinta e dois anos quando morreu (ver 2 Crônicas 36:11), que ocorreu alguns anos depois disso.
Em Jeremias 42 e 43, ainda temos a informação de que um grupo de remanescentes da nação decidiu deixar o país para se refugiar no Egito, desafiando o que Deus lhes ordenou por meio de Jeremias. Eles levaram consigo as filhas do rei e também Jeremias e seu escriba Baruque contra sua vontade (Jeremias 43:4-9).
Eles foram para a “casa de Faraó em Tafnes”, ou Dafne em grego, uma fortaleza palaciana num braço oriental do rio Nilo, onde, segundo a história, o faraó Hofra tinha mercenários gregos e cários posicionados no sudoeste da Turquia. Parece que Hofra estava dando asilo às filhas de seu falecido aliado Zedequias porque também era adversário de Nabucodonosor.
Mas isso era relevante? Essas princesas poderiam herdar a monarquia? Certamente. Em Números 27:1-11, temos o relato sobre as filhas de Zelofeade, que foram até Moisés argumentando que a herança de seu pai deveria ser passada para elas, pois ele não teve filhos homens para herdá-la, e Deus disse que elas tinham razão. Assim, a herança passaria para suas filhas. Parece que isso também se aplica ao trono, pois, como mencionado antes, o terceiro capítulo do evangelho de Lucas apresenta Cristo como herdeiro da linhagem davídica por meio de Sua mãe, Maria.
Tudo isso é significativo à luz da comissão de Jeremias de arrancar e replantar em outro lugar concernente a nações e reinos. Por acaso, seria apenas coincidência que na época da destruição de Judá e sua monarquia, Jeremias, que tinha essa comissão especial, ter sido enviado para fora do país com as filhas do rei, que assim escaparam do extermínio da família de Zedequias? Não. E isso é muitíssimo significativo, especialmente à luz de outras profecias e fatores históricos.
A profecia de Ezequiel sobre a transplantação do trono de Judá para Israel
Através do profeta Ezequiel, contemporâneo de Jeremias, Deus fornece mais detalhes sobre isso. Ezequiel não estava em Jerusalém durante sua queda, mas viveu entre os judeus que tinham sido levados cativos para a Babilônia uma década antes. Ele profetizou especificamente sobre a transferência do trono de Judá.
Através do profeta Ezequiel, Deus apresentou, e logo depois explicou, um enigma e uma parábola para a casa de Israel (Ezequiel 17:2) — não para a casa Judá. O povo do reino nortenho de Israel tinha sido levado cativo um século e meio antes de Judá, mas os eventos profetizados eram importantes para o futuro deles.
Analisaremos aqui alguns versículos do capítulo dezessete de Ezequiel, mas você pode encontrar uma explicação mais abrangente desse capítulo em nosso Comentário Bíblico online sobre o livro de Ezequiel (disponível futuramente em português).
Observe o simbolismo do versículo 3: “Uma grande águia... veio ao Líbano e levou o mais alto ramo de um cedro. O Líbano era uma referência a toda a área da Terra Santa, chamada “este Líbano” em Josué 1:4, e não apenas ao país que tem esse nome hoje. Isso designava especialmente os altos cedros do Líbano, que eram usados nos edifícios da realeza de Jerusalém. Assim, aqui o Líbano e o cedro significam a terra de Judá e seus líderes em Jerusalém. Podemos ver a interpretação no versículo 12: “Eis que veio o rei de Babilônia a Jerusalém, e tomou o seu rei e os seus príncipes”.
O versículo 4 afirma: “E arrancou a ponta mais alta dos seus ramos”. E o significado? “E tomou um da descendência real” (versículo 13, ACF). O versículo 4 mostra a semente da terra, o povo de Judá, sendo plantada em outro lugar para se desenvolver.
Após explicar esses símbolos, Deus, através do profeta, entregou a seguinte parábola nos versículos 22-24: “Também Eu [desta vez Deus, não Nabucodonosor] tomarei um broto [Zedequias e os príncipes] do topo do cedro [Judá], e o plantarei; do principal dos seus renovos [filhos de Zedequias] cortarei o mais tenro [as filhas, únicas sobreviventes, pois os filhos foram mortos], e o plantarei sobre um monte alto e sublime [um grande reino ou nação, como costumam significar os montes na profecia]” (ACF).
“No monte alto [o topo do reino, o trono] de Israel [não de Judá!] o plantarei, e produzirá ramos, e dará fruto, e se fará um cedro excelente; e habitarão debaixo dele todas as aves de toda sorte de asas [todo tipo de povo]... Assim saberão todas as árvores do campo [nações da Terra] que Eu, o SENHOR, abati a árvore alta [Judá], elevei a árvore baixa [Israel]” (ACF, grifo nosso).
Nabucodonosor estava transplantando o povo de Judá para a Babilônia, mas Deus estava transplantando o que restava da família real de Judá para Israel. Assim, a nação de Israel não estaria mais na Terra Santa, pois seu povo estava indo para longe.
Paralelamente, precisamos ler de novo algo já observado no livro de Jeremias. Em Jeremias 33:17, Deus predisse que daquele tempo em diante “nunca faltará a Davi varão [uma pessoa] que se assente sobre o trono da casa de Israel” — novamente, a casa de Israel e não a casa de Judá. Desde a divisão do reino sob o governo do filho de Salomão, Roboão, os reis davídicos governaram a casa de Judá. Mas, agora s declara-se que eles reinarão perpetuamente sobre a casa de Israel. Então, isso se alinha precisamente com a profecia do trono sendo transplantado para o monte ou nação de Israel em Ezequiel 17, ratificando isso duas vezes.
Uma transferência histórica: lendas em perspectiva
Então, conectando essas profecias com a comissão que Jeremias recebeu de arrancar, replantar e reconstruir, junto com o fato de que a última vez que o vimos ele estava fora do país com as filhas do rei, podemos ver o que estava acontecendo — ainda que não saibamos exatamente como. Jeremias estava conduzindo a transferência da monarquia davídica de Judá para Israel, como Deus havia declarado que aconteceria.
Mas onde estavam esses israelitas nessa ocasião? Conforme explicado em nosso guia de estudo bíblico Os Estados Unidos e a Inglaterra na Profecia Bíblica, as tribos do norte, que foram levadas pelos assírios, estavam, nessa época posterior, em processo de migração para fora do Oriente Médio e se deslocando para o oeste através da Europa. E as primeiras migrações por via marítima já haviam trazido muitos israelitas para o Mediterrâneo Ocidental e para as Ilhas Britânicas. A seguir mostraremos por que a Irlanda deve ter sido o lugar para onde a dinastia davídica foi transplantada na época de Jeremias.
Ademais, tudo indica que a transferência do trono teria envolvido o casamento entre uma das filhas do rei da linhagem davídica e um dos governantes das tribos do norte. Mas como o cetro deveria permanecer com Judá e não ficar com outra tribo, faz sentido que a realeza dentre os israelitas dispersos, na qual a filha do rei se casaria, também fosse judia, mas não tão distante da linhagem de Davi.
Observe novamente a questão mencionada antes sobre o fio escarlate na mão de Zerá, filho de Judá, embora Perez tenha nascido primeiro. Os descendentes de Zerá quase não são mencionados na Bíblia. A maioria dos judeus na Terra Santa era descendente de Perez. Evidentemente, os zeraítas migraram para outro lugar. Há evidências históricas da presença do povo de Judá entre os primeiros cretenses, gregos e troianos, junto com o povo da tribo de Dã — a princípio, os danitas navegavam em navios junto com o povo de Javã ou Grécia (ver Juízes 5:17; Ezequiel 27:19).
As antigas histórias irlandesas mencionam o povo Tuatha de Danaan como os primeiros colonos (a tribo de Dã). E, mais tarde, a Irlanda foi conquistada por um povo chamado de milesianos, que vieram através da Espanha, e que podem ser rastreados até a cidade grega/cária de Mileto. (Essas eram as mesmas pessoas que estavam em Dafne, no Egito, cuidando das filhas do rei judeu para o faraó). Se os milesianos remontam a Mileto, então sua entrada na Irlanda teria sido nos anos 500 a.C. — quando essa cidade-estado era historicamente uma potência colonizadora.
Observe também que os milesianos que vieram para a Irlanda carregavam uma insígnia, conhecida mais tarde como a Mão Vermelha do Ulster, que tinha algumas imagens circundadas por um cordão vermelho. Isso parece intimamente relacionado ao fio escarlate de Zerá. Então, essa seria uma maneira de fechar a brecha entre Zerá e Perez — um casamento entre as dinastias de Perez e Zerá.
Também há muitas outras lendas sobre diversas pessoas nessa transferência da monarquia. Os irlandeses têm histórias de um velho profeta ou rei vindo do Leste com um escriba e uma princesa — chamada Tamar ou Tea-Tephi, junto com a Lia Fáil ou Pedra do Destino.
Os escoceses, que vieram da Irlanda, afirmam que sua realeza descende da filha de um faraó chamada Scota (que talvez não seja um nome real, mas um epônimo, um suposto fundador de um povo que recebeu seu nome). Talvez aqui haja alguma confusão com a filha de um governante oriental que ficou sob a proteção de um faraó e que acabou sendo chamada de filha de um faraó.
Há várias possibilidades e maneiras pelas quais isso poderia ter ocorrido. Mas precisamos ser cautelosos quanto a isso, pois os registros parecem ser confusos, e os personagens dessa história nem sempre se encaixam no tempo ou na genealogia histórica. Portanto, esse material não é tão confiável em muitos aspectos.
Vejamos a seguinte citação de um professor de antropologia na revista Archaeology: “Uma das coisas interessantes sobre o trabalho arqueológico na Irlanda é que os primeiros manuscritos medievais preservam muitos contos sobre esses locais. Algumas histórias são claramente mitológicas, outras são pseudo-história — invenção medieval — e nem sempre é fácil diferenciá-las...”.
“O estudo da mitologia irlandesa e de manuscritos antigos tem sido limitado por uma série de circunstâncias, começando com a proibição de possuir manuscritos irlandeses antigos durante a Reforma [Protestante] no início do século XVII. A queima de livros era comum e quase todo o material sobre os primórdios da Irlanda foi perdido. E não houve nenhum projeto de pesquisa histórico-cultural até a década de 1830, quando alguns manuscritos restantes começaram a vir à tona”.
“Ao longo dos anos, apenas alguns poucos pesquisadores sabiam ler o irlandês antigo, e ainda hoje há poucos que conseguem. Além disso, os estudiosos e escribas que redigiram os manuscritos costumavam usar uma forma ainda mais antiga da língua irlandesa, de modo que as traduções podem diferir. Contudo, os manuscritos são decisivos para qualquer compreensão dos locais pré-cristãos na Irlanda” (“The Sacred Landscape of Ancient Ireland” [A Paisagem Sagrada da Antiga Irlanda, em tradução livre], Ronald Hicks, maio-junho de 2011, pp. 40-41).
E também podemos acrescentar que a perspectiva adequada sobre a confiabilidade limitada desse material originário é crucial para reunir o histórico dessa transferência.
A coisa mais importante que precisa ser entendida é que na verdade não precisamos de tudo isso para ver que essa transferência aconteceu, como a Bíblia nos diz que deveria acontecer. Ainda assim, o fato é que essas informações podem destacar diversas e detalhadas maneiras de como isso pode ter acontecido e respaldar a conclusão geral.
Na verdade, o que é preciso para chegar a essa conclusão é o conhecimento das profecias sobre a transferência do trono de Judá para Israel, bem como as profecias sobre onde Israel estaria e quais são as atuais e principais nações israelitas do tempo do fim no cenário mundial. Qualquer uma delas que tenha uma monarquia proeminente, que foi transferida de outro lugar, é a que detém a monarquia de Davi.
E é possível vermos ver isso muito claramente. Como demonstra nosso guia de estudo bíblico Os Estados Unidos e a Inglaterra na Profecia Bíblica, os povos britânico e estadunidense herdaram as bênçãos de primogenitura da grandeza nacional no tempo do fim, que foram prometidas a Efraim e Manassés. Pois, se eles não herdaram essas promessas, então quem herdou?
A Inglaterra tem uma monarquia antiga e duradoura que, durante séculos, foi a mais proeminente do mundo. A Rainha Vitória governou mais de um quarto da Terra e o Império Britânico foi o maior império que o mundo já viu!
E o que dizer sobre essa transferência de monarquia?
A profecia de Ezequiel sobre os reveses históricos
A monarquia britânica foi transferida de outro lugar? Sim, da Escócia. O rei James VI da Escócia tornou-se James I da Inglaterra, o primeiro a se intitular rei da Grã-Bretanha. E a monarquia da Escócia tinha sido anteriormente transferida da Irlanda — por meio da sobreposição do reino gaélico de Dalriada, que se estendia do nordeste da Irlanda ao sudoeste da Escócia. E as histórias irlandesas mostram que a alta realeza irlandesa foi transferida pelos milesianos, como mencionado antes, evidentemente na época de Jeremias.
E isso se encaixa perfeitamente com outra profecia de Ezequiel, que fala sobre o fim da monarquia em Judá sob o governo de Zedequias. Nela, Deus diz para declarar o seguinte ao rei:
“Tira o diadema, e remove a coroa; esta não será a mesma [estava ocorrendo uma mudança ou transferência]; exalta ao humilde [o governante de Israel, talvez da linhagem judaica de Zerá], e humilha ao soberbo [Zedequias da linhagem de Perez até Davi, segundo as posições invertidas que vimos anteriormente em Ezequiel 17:24]. Ao revés, ao revés, ao revés porei aquela coroa [isto é, o trono], e ela não mais será [derrubada] até que venha aquele a quem pertence de direito; a ele [Cristo] a darei” (Ezequiel 21:26-27, ACF).
Nessa passagem, a Bíblia Almeida Revista e Atualizada diz: “Ruína! Ruína! A ruínas a reduzirei” e “já não será”, o que significa que esse trono não existirá mais até que venha Aquele a quem pertence de direito. Mas, isso não faz o menor sentido. Pois, se está totalmente destruído e não existe mais, como poderia ser entregue a alguém? Esse trono teria desaparecido se inexistisse por centenas de anos.
A palavra hebraica traduzida como “ruína”, avvah, ocorre apenas aqui. Alguns veem seu significado como arruinado ou corrompido, mas, provavelmente, o sentido literal é derivado de avah, que significa virar ou dobrar. Então, poderia se tratar de distorção ou deslocamento, condizendo com o trono sendo movido ou deslocado de onde deveria estar na Terra Santa e, em seguida, sendo deslocado ainda mais.
Alternativamente, pode se referir à inversão de posições advinda de cada transferência — rebaixamento e exaltação, como vemos em Ezequiel 17. Em todo caso, ser arruinado se encaixa bem com outras profecias relacionadas de desenraizamento e transplantação.
Supondo que isso se refira a três transferências, então isso se encaixaria no que sabemos sobre as realocações do trono. Recapitulando, o terceiro revés foi da Escócia para a Inglaterra, onde ainda permanece. O segundo revés foi da Irlanda para a Escócia. Então, o primeiro teria sido necessariamente de Judá à Irlanda. Contudo, isso provavelmente não ocorreu de forma rápida. Essa lacuna dinástica poderia durar muitos anos, contanto que o trono fosse restabelecido em uma geração.
E, novamente, ao invés dessa passagem dizer que o trono não existiria mais ou desapareceria, ela parece dizer que o trono não sofreria mais reveses até a vinda Daquele a quem ele pertence. Isso se encaixa com Cristo reivindicando o cetro em Seu retorno de acordo com a promessa do cetro.
Então, não haverá mais reveses até esse ponto, pelo menos até haver o último e quarto revés — da Inglaterra de volta a Jerusalém. E isso pode muito bem incluir uma lacuna na monarquia devido ao poder da Besta profetizado para o tempo do fim, um futuro Império Romano revivido, que vai conquistar a Inglaterra e depor seu governo. (Mais uma vez, consulte nosso guia de estudo bíblico gratuito Os Estados Unidos e a Inglaterra na Profecia Bíblica).
Mas, se a monarquia entrar em colapso nessa época, ela logo será restaurada após Cristo voltar para reinar.
Cristo retorna para reinar e compartilhar o governo com Seus seguidores
O legítimo herdeiro do trono retornará para reivindicá-lo — Aquele que tinha direito ao trono desde o princípio virá como Filho de Davi e Filho de Deus para reinar sobre Jacó e todo o mundo. Esse é o surpreendente futuro do trono da Inglaterra — que, na verdade, é o trono israelita de Davi.
Entretanto, Jesus não reinará sozinho nesse trono. Pois, como Ele promete a Seus seguidores desta era: “Ao que vencer, lhe concederei que se assente Comigo no Meu trono, assim como Eu venci e Me assentei com Meu Pai no Seu trono” (Apocalipse 3:21). Ele recebeu essa corregência com o Pai, mas a compartilhará conosco.
E a Bíblia nos diz claramente que o próprio rei Davi será ressuscitado para reinar sobre os israelitas (Jeremias 30:8-9; Ezequiel 37:24-28). Jesus ainda revelou que Seus doze apóstolos se assentarão “sobre doze tronos, para julgar as doze tribos de Israel” (Mateus 19:28).
Então, eles reinarão sob Davi, que reinará sob Cristo. Apocalipse 20:4 refere-se a vários tronos para os santos, mas todos eles são parte ou extensões do trono de Cristo em Jerusalém. “Naquele tempo, chamarão Jerusalém de trono do SENHOR, e todas as nações se ajuntarão a ela” (Jeremias 3:17).
O povo judeu ficou sem rei por todo esse tempo, mas eles verão o retorno do Messias e, finalmente, O aceitarão e se arrependerão sinceramente. Então, o Espírito de Deus será derramado sobre o restante dos descendentes físicos da casa de Davi, a família real, para que sejam convertidos (Zacarias 12:7-13:1). Atualmente, vemos muitos problemas na casa de Davi. Porém, além das provações desta era, Deus lhe trará redenção e restauração e nos conduzirá para o futuro que Ele planejou para nós.
Surpreendentemente, todos nós que seguimos a Jesus Cristo estamos destinados a ser reis, governando com Ele no Reino de Deus, como família imortal de Deus e família de Israel glorificada, no trono de Davi — para sempre!
Seria Racismo Reconhecer a Identidade Nacional de Israel?
Embora não seja comumente entendido, os Estados Unidos, a Inglaterra e outras nações da herança do noroeste da Europa, em grande parte, são descendentes dos antigos israelitas da Bíblia. Contudo, muitos veem essa identificação com desdém e como algo racista. É verdade que alguns crentes agiram de forma preconceituosa quanto ao chamado israelismo britânico, e um dos piores exemplos é o movimento denominado erroneamente como “Identidade Cristã”, pois este é um movimento hediondo, supremacista branco e antissemita. Entretanto, o verdadeiro ensinamento bíblico sobre a identidade de Israel é de fato antirracista.
As bênçãos nacionais e a posição que Deus concedeu aos povos de língua inglesa devem ser entendidas não como uma questão de supremacia racial, mas de herança e responsabilidade de família. Basicamente, as nações se formaram a partir de famílias. E Deus diz que pretende abençoar todos os povos por meio dos israelitas. Atualmente, muitos agitadores marxistas buscam erradicar da sociedade essa herança de família. Porém, a herança dentro de uma família, na verdade a família de Israel, está no cerne do propósito e plano de Deus para a humanidade.
É fato que Deus escolheu um homem em particular, o patriarca Abraão, e seus descendentes para cumprir um papel especial no mundo. O Deus Criador tem todo o direito de conceder bênçãos e atribuir deveres a quem Ele quiser. E Deus fez promessas específicas sobre isso a Abraão, seu filho Isaque e seu neto Jacó, que recebeu o nome de Israel. Isso não significa que eles ou seus descendentes eram inerentemente superiores a outras pessoas (Deuteronômio 7:7-8; 9:6). Na verdade, ao longo das Escrituras, Deus é muito mais crítico com os israelitas do que com os outros povos, pois eles são julgados de acordo com o entendimento de sua herança e bênçãos. Como Jesus declarou: “E a qualquer que muito for dado, muito se lhe pedirá” (Lucas 12:48).
A herança étnica israelita não é motivo de arrogante ostentação, embora alguns a tratem assim. Um dos propósitos fundamentais da nação de Israel era servir de exemplo para o resto do mundo quanto ao que acontece com uma sociedade que honra ou rejeita a Deus. Diversas profecias dizem respeito às grandes bênçãos nacionais de Israel nesta era e numa era vindoura. Porém, muitas outras alertam sobre as terríveis consequências que viriam sobre os israelitas como julgamento pelos flagrantes pecado e rebelião contra Deus.
Portanto, não é razoável rotular como racista o direcionamento dessas advertências bíblicas aos seus respectivos destinatários. Tampouco é racista expressar gratidão pelos aspectos positivos desse legado nacional. Em vez disso, é sensato e apropriado enfocar em exemplos virtuosos (Filipenses 4:8), compreendendo que todos os seres humanos, exceto Jesus, são terrivelmente falhos.
O registro bíblico mostra tanto os triunfos quanto as tragédias morais da história de Israel, e também vemos isso na história pós-bíblica e nas profecias ainda a serem cumpridas. Uma observação importante é que Deus tem selecionado um determinado grupo de pessoas para Seus propósitos sagrados, mas sem garantir-lhe facilidades e privilégios — longe disso! No musical estadunidense Fiddler on the Roof (Um Violinista no Telhado), o personagem principal Tevye, refletindo um sentimento judaico comum após uma sequência de perseguições, implora a Deus: "Eu sei que somos o povo escolhido, mas de vez em quando o Senhor não poderia escolher algum outro?".
Nenhum seguidor de Jesus Cristo deve apoiar ou disseminar o racismo. Pois, Deus chama pessoas de “todas as nações, e tribos, e povos, e línguas” (Apocalipse 7:9). A Bíblia afirma que todas as pessoas, independentemente da origem étnica, são da “descendência de Deus” (Atos 17:29, NVI) e têm o potencial de se tornarem filhos glorificados na família divina.
O apóstolo João escreveu que o amor de Deus por todo o mundo motivou o envio de Jesus para morrer pelos pecados das pessoas (João 3:16). Além disso, Deus levou o apóstolo Pedro a declarar: “Reconheço, por verdade, que Deus não faz acepção de pessoas; mas que lhe é agradável aquele que, em qualquer nação, O teme e faz o que é justo” (Atos 10:34-35, grifo nosso). Deus não julga a cada um de nós por nossos ancestrais ou pela cor da pele, mas por quem somos por dentro: “Porque o SENHOR não vê como vê o homem. Pois o homem vê o que está diante dos olhos, porém o SENHOR olha para o coração” (1 Samuel 16:7).
A Bíblia revela que haverá harmonia entre as raças quando Cristo governar o mundo no Reino de Deus, pois as antigas inimizades serão resolvidas: “Naquele dia, Israel será o terceiro com os egípcios e os assírios, uma bênção no meio da terra. Porque o SENHOR dos Exércitos os abençoará, dizendo: Bendito seja o Egito, Meu povo, e a Assíria, obra de Minhas mãos, e Israel, Minha herança” (Isaías 19:24-25). Entretanto, isso não torna irrelevante a linhagem física. Observe que distintos grupos étnicos ainda existirão durante o futuro reinado de Cristo.
Paulo, o apóstolo dos gentios, salientou a importância de sua linhagem étnica: “Porque também eu sou israelita, da descendência de Abraão, da tribo de Benjamim” (Romanos 11:1). Evidentemente, nossa linhagem mais importante é a espiritual, pois temos Deus como nosso Pai através do Espírito Santo. Contudo, as Escrituras equiparam isso a tornar-se um verdadeiro israelita. Como Paulo explicou, Jesus Cristo é a Semente perfeita de Abraão, pois todos os outros estavam desqualificados para receber essa herança definitiva por causa do pecado — ainda assim, todos os que se arrependem e se unem a Cristo, através do recebimento do Espírito Santo, tornam-se semente de Abraão e coerdeiros com Cristo, como Israel, inclusive aqueles que são etnicamente gentios (Gálatas 3; 6:16; Romanos 2:28-29; 8:14-17; 9:1-8; 11; Efésios 2:11-22).
É importante entender que pessoas de todas as nações precisam se tornar israelitas para serem salvas. Afinal de contas, a família divina estará na Israel glorificada, e os portões dessa Nova Jerusalém, citada em Apocalipse 21-22, levam os nomes das doze tribos. Embora isso nos mostre um mundo abençoado por meio de Israel na eternidade, precisamos entender que Deus abençoou, de muitas formas, o mundo desta era através da descendência de Abraão — principalmente por meio de Jesus Cristo, mas também pelos imensos benefícios que Deus proporcionou ao mundo por meio da família que Ele escolheu. Tudo isso, de um extremo a outro da Bíblia, mostra que a herança nacional israelita é essencial no plano de Deus para a humanidade.
Portanto, proclamar quem são os povos israelitas hoje não é uma atitude racista, mas um reconhecimento do que Deus tem feito ao longo dos séculos para realizar Seu grande plano de abençoar todos os povos por meio de Israel.
Saiba mais
E para mais explicações dos detalhes proféticos dessa incrível história e do registro bíblico do trono britânico, peça ou baixe nosso guia de estudo bíblico gratuito Os Estados Unidos e a Inglaterra na Profecia Bíblica.