Cristo, o Rei

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Cristo, o Rei

Sob quais acusações Jesus Cristo foi condenado à crucificação? Será que foi porque Ele era profeta ou mestre? Ou foi porque Ele alimentou o povo, curou os enfermos e confortou os desanimados? Não. O sistema religioso judaico da época se opôs a vários aspectos de Seu ensinamento e declarações, e os líderes sentiam ciúme dEle. E muitos até O odiavam. Mas Suas atividades e atos louváveis não podiam ser usados para sentenciá-Lo à morte. Os líderes judeus não tinham autoridade para impor a pena de morte naquela ocasião. Então, o que eles poderiam fazer?

Nos últimos momentos de Sua vida terrena, Jesus foi hostilizado e brutalizado e depois levado pelos judeus ao governador romano Pôncio Pilatos. Eles procuraram fazer com que Jesus fosse morto pelas forças de ocupação.

Mas baseado em quê? “E começaram a acusá-Lo, dizendo: Havemos achado Este pervertendo a nossa nação, proibindo dar o tributo a César [o que era mentira], e dizendo que Ele mesmo é Cristo, o Rei” (Lucas 23:2). A palavra Cristo aqui significa o mesmo que o termo hebraico Messias, o Ungido — uma referência a um Rei vindouro da linhagem do rei Davi.

Eles sabiam que essa acusação chamaria a atenção de Pilatos. Assim, continuando em João 18, Jesus estava diante de Pilatos. Nesse confronto importante, Pilatos perguntou a Jesus: “Tu és o Rei dos judeus?" Jesus não negou, mas afirmou que Seu reino não era daquela época. E Pilatos perguntou novamente: “Logo tu és rei?" (versículos 33-37).

Jesus respondeu: “Tu dizes que Eu sou rei. Eu para isso nasci e para isso vim ao mundo, a fim de dar testemunho da verdade. Todo aquele que é da verdade ouve a Minha voz” (versículo 37, grifo nosso). Esta poderosa resposta sintetizava o papel, o propósito e a mensagem do evangelho de Cristo — e demonstra que nós, que aspiramos à verdade, necessitamos compreender isso! O que Jesus estava dizendo?

“Eis aqui o Vosso Rei”

Mas Pilatos não entendeu. Ele não via Jesus como um rebelde. Então, provocando a liderança judaica, ele perguntou à multidão: “Quereis, pois, que vos solte o Rei dos judeus?" (versículo 39). Mas aquelas pessoas reunidas ali recusaram sua proposta. Em João 19, Pilatos mandou açoitar Jesus, e os soldados romanos zombaram dEle como Rei dos Judeus (versículo 3).

Mesmo vendo que Ele tinha sido torturado, aqueles que estavam reunidos ainda clamavam por Sua crucificação. E quando Pilatos disse: “Eis aqui o Vosso Rei” (versículo 14), eles gritavam ainda mais. Então, Pilatos perguntou: “Hei de crucificar o Vosso Rei?" E “responderam os principais dos sacerdotes: Não temos rei, senão o César” (Versículo 15). Jesus foi então levado para ser crucificado.

Naquela cruz, uma placa foi pendurada acima da cabeça dEle informando o crime cometido. Pilatos não o considerou culpado, mas cedeu à pressão do povo para punir uma ofensa política. Pilatos ordenou que fosse escrito o seguinte na tabuleta: “JESUS NAZARENO, REI DOS JUDEUS” (versículo 19). Os principais sacerdotes reclamaram que a inscrição não deveria declará-Lo como Rei dos Judeus, mas que Ele alegava ser isso — porém, Pilatos disse que o escrito ficaria daquele jeito mesmo (versículos 21-22). Novamente, o delito pelo qual Jesus foi morto era de cunho político — que Ele era um Rei.

Mas que tipo de rei Cristo pretendia ser? Este título seria apenas um simbolismo de sua posição importante? Ou se relaciona com um dever real de governar as nações, tratando os assuntos de governo?

Nascido para ser Rei

Surpreendentemente, Jesus foi proclamado Rei não apenas no fim de Sua vida humana, mas também muito antes do início dela. E, como disse a Pilatos, foi para isso que Ele nasceu. Ao anunciar a concepção de Jesus no ventre de Maria (Lucas 1:26-31), o anjo Gabriel disse-lhe: “Este será grande e será chamado Filho do Altíssimo; e o Senhor Deus lhe dará o trono de Davi, Seu pai, e reinará eternamente na casa de Jacó, e o Seu Reino não terá fim” (versículos 32-33).

Essas palavras encontram eco em uma profecia dada séculos antes: “Porque um menino nos nasceu, um filho se nos deu; o governo está sobre os Seus ombros; e o Seu nome será: Maravilhoso Conselheiro, Deus Forte, Pai da Eternidade, Príncipe [ou Governante] da Paz; para que se aumente o Seu governo, e venha paz sem fim sobre o trono de Davi e sobre o Seu reino, para o estabelecer e o firmar mediante o juízo e a justiça, desde agora e para sempre” (Isaías 9:6-7, ARA).

Ambas as passagens falam de um governo literal sobre as pessoas na Terra. O mundo do tempo de Jesus estava esperando que um Messias trouxesse muito mais do que um avivamento espiritual. Eles estavam esperando que Aquele chamado “o Desejado de todas as nações” (Ageu 2:7) chegasse para trazer a mudança definitiva de regime. Eles ansiavam pela liberdade da opressão romana.

Quando os sábios do Oriente vieram prestar homenagens ao menino Jesus, eles perguntaram: “Onde está Aquele que é nascido Rei dos judeus? Porque vimos a sua estrela no Oriente e viemos a adorá-Lo” (Mateus 2:2). Na profecia de Miquéias 5:2, eles aprenderam que o governante e pastor messiânico de Israel nasceria em Belém. Herodes, o rei da Judeia, estava se sentindo tão ameaçado que ordenou o massacre de todas as crianças menores de dois anos para evitar esse desafio ao seu governo.

O Reino vindouro: uma mensagem persistente

Contudo, como disse Jesus, Seu reino não era daquela presente época. Isso aconteceria no futuro — e não seria um governo apenas sobre Israel e Judá, mas sobre o mundo inteiro. Como mostrou a visão do profeta Daniel: “Eis que vinha nas nuvens do céu um como o filho do homem...E foi-Lhe dado o domínio, e a honra, e o reino, para que todos os povos, nações e línguas O servissem; o Seu domínio é um domínio eterno, que não passará, e o Seu reino, o único que não será destruído” (Daniel 7:13-14).

Durante todo Seu ministério, Jesus proclamou a vinda deste Reino sobre o qual Ele governaria em nome de Deus Pai e exortou as pessoas a se arrependerem e a confiarem nessa mensagem (ver Marcos 1:14-15). Ele deu ênfase ao que seria necessário para fazer parte desse Reino. Isso exigiria um papel sacrificial da parte dEle, mas também que Ele governasse nossas vidas hoje. Ele ensinou acerca do tipo de atitudes e comportamento necessários para fazer parte desse Reino de Deus — um caminho de vida inexistente dos reinos dos homens, o que resultou em toda a miséria que vemos no mundo. Então, Ele enviou Seus discípulos para pregar essa mesma mensagem.

É interessante notar que pouco antes de Jesus retornar ao céu, eles Lhe fizeram esta última pergunta: “Senhor, restaurarás Tu neste tempo o reino a Israel?" (Atos 1:6). Eles ainda acreditavam firmemente na promessa de um governo e um governante real. Cristo não contradisse o entendimento deles. Simplesmente, Ele respondeu que não cabia a eles saberem o tempo e que deveriam continuar sua obra de proclamação daquela mensagem até isso acontecer (versículos 7-8).

Assim, como eles reconheceram, a única esperança para o mundo é o estabelecimento do Reino de Deus. Um reino literal na Terra que terá Jesus Cristo como Seu Rei.

Os últimos capítulos do último livro da Bíblia mostram isso realmente acontecendo. Após Seu retorno, e depois de vencer os exércitos organizados das nações que vieram enfrentá-Lo (Apocalipse 19:14), Jesus “as governará com cetro de ferro” (versículo 15, NVI). Agora as nações, como ovelhas, teriam a proteção de um pastor com um poder invencível. Ele terá o nome de “REI DOS REIS E SENHOR DOS SENHORES” (versículo 16).

Assim, Jesus finalmente substituirá o governo corrupto e ilegítimo deste mundo que infligiu indescritível miséria à humanidade. Então, o tempo da verdadeira e duradoura justiça começará — o tempo do reinado de Cristo, o Rei!