Eclesiastes 1:1 - 1:11
Estudo Bíblico
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Eclesiastes 1:1 - 1:11: Estudo Bíblico
Introdução: O Pregador; O Autor; Quando foi escrito?; Propósito; Esboço geral de quatro partes. Parte 1 - Apreciando a vida como um dom de Deus. Ecl 1:1 - 1:11 - Vaidade de vaidades - coisas vêm e coisas vão.
Transcrição
Eu decidi começar um estudo acerca do Livro de Eclesiastes porque é um dos Livros que é lido durante o período das Festas, particularmente, da Festa de Tabernáculos. Daí ter decidido fazer este estudo.
Hoje, quero dar uma introdução ao Livro de Eclesiastes e primeiro vou dar uma visão geral acerca da Bíblia Hebraica.
A Bíblia hebraica, isto é, os Livros do Antigo Testamento estão divididos, digamos assim, na Bílbia Hebraica em vinte e quatro Livros. Para nós, na maneira que estão postos, na Bíblia que tens em frente, são trinta e nove Livros do Antigo Testamento. Mas na Bíblia hebraica estão conglomerados em vinte e quatro Livros. São basicamente três partes principais, estes vinte e quatro Livros. A primeira parte, é o que chamam a Torá, o que nós chamamos de Pentateuco – que são os cinco Livros de Moisés: Gênesis, Êxodo, Levítico, Números e Deuteronómio.
A segunda secção, são os profetas. Os profetas são oito Livros. Basicamente são quatro Livros que são os antigos profetas e outro quatro Livros que são os últimos profetas. Fazendo o total de oito. Os antigos profetas são: Josué, Juízes, Samuel e Reis. São estes os quatro antigos profetas. Por isso, sabemos que Samuel, quer dizer que nós no Antigo Testamento temos I e II Samuel, na Bíblia hebraica é só um Livro; igualmente aos Reis, I e II Reis, só um Livro. Por isso, perfazem quatro Livros dos profetas.
Os últimos profetas são também quatro, os que eles chamam maiores ou principais que são três; não é que sejam mais principais, mas, simplesmente os Livros são maiores: Isaías, Jeremias e Ezequiel. São estes três que são os maiores e depois, o quarto Livro, são o que nós chamamos os doze menores profetas, que na sua Bíblia você os vê depois de Daniel, vê doze Livros: Oséias, Joel, Amós, Obadias, Jonas, Miquéias, Naum, Habacuque, Sofonias, Ageu, Zacarias e Malaquias. Estes doze são um Livro na Bíblia hebraica.
Finalmente, a terceira secção é dos escritos. Os escritos são onze Livros divididos em três grupos: poéticos, o megilote e os relatos.
Os poéticos são três: os Salmos, Provérbios e Jó.
Os Megilotes que são cinco rolos. Isto é, os Cantares de Salomão, Ruth, Lamentações de Jeremias, Eclesiastes e Esdras. Estes cinco rolos são lidos, de uma maneira geral, a volta ou durante o período de Festas anuais. Assim, o primeiro que é os Cantares de Salomão é lido à volta do primeiro período do primeiro mês na Páscoa; depois, o segundo que é Ruth no período de Pentecostes; o terceiro é Lamentações de Jeremias no período do quinto mês do nono dia quando o templo foi destruído, o quarto é Eclesiastes lido durante o período de Tabernáculos, e o quinto é Esdras que é lido durante o período de Purim. Estes são os cinco rolos de Megilote.
Também tem os Relatos que são três Livros pós babilônicos. Quer dizer, que foram escritos depois de irem e estarem na Babilônia ou quando estavam na Babilônia. Depois de serem levados para o cativeiro. Estes Relatos pós Babilónicos são: Daniel, Esdras-Neemias (juntos, porque estes dois, na Bíblia hebraica são um só Livro), e o terceiro é Crônicas (que inclui o I e II Crônicas).
Estes são vinte e quatro Livros são agrupados em três grupos principais: Torá, Profetas e Escritos; estes são a Bíblia (do Antigo Testamento), composta por estes Livros agrupados nesta versão hebraica.
O ponto aqui é que o Megilote tem cinco Livros e um deles é o Eclesiastes que é lido durante o primeiro período da Festa de Tabernáculos. Isso leva ao ponto que eu estou aqui a abordar hoje porque estamos um pouco antes da Festa de Tabernáculos e é bom considerarmos este Livro para talvez lê-lo durante o período da Festa de Tabernáculos.
A palavra Eclesiastes significa pregador; por isso lê-se no primeiro versículo a palavra do pregador, isto é, a palavra Eclesiastes significa pregador. Esta palavra vem da raíz de reunir ou recolher, aquele que reúne, uma assembléia, um convocador para dar um discurso. Por exemplo, vejam aqui em I Reis 8 versículo 1:
Congregou Salomão os anciãos de Israel, todos os cabeças das tribos, os príncipes das famílias dos israelitas, diante de si em Jerusalém, para fazerem subir a arca da Aliança do Senhor da Cidade de Davi, que é Sião, para o templo.
Vemos aí que todos se congregaram e depois vê no versículo 2:
Todos os homens de Israel se congregaram junto ao rei Salomão na ocasião da festa, no mês de Etanim, que é o sétimo. (O mês da Festa de Tabernáculos)
Vimos nesta passagem que reunir, agrupar, congregar as pessoas para uma adoração e instrução. Também, outra maneira de traduzir a palavra original, que é traduzido como pregador é professor. Isto enfatiza a função do Livro. Pregador também se pode adaptar a proclamação pública da sabedoria divina mesmo que escrito invés de discursos falados.
Ora, agora que vimos alguns esclarecimentos de Eclesiastes, vamos ver quem é o autor.
Embora haja sempre argumentos da autoria de certos Livros, neste caso, o autor é bem identificado e diz:
Palavra do Pregador, filho de Davi, rei de Jerusalém:
Vê-se aqui que o filho de Davi, rei de Jerusalém ou vários descendentes mas no caso está a dizer o filho de Davi – que foi Salomão. Vejam também no versículo 12:
Eu, o Pregador, venho sendo rei de Israel, em Jerusalém.
Vê-se mais uma vez que foi Salomão. Veja no versículo 16:
Disse comigo: eis que me engrandeci e sobrepujei em sabedoria a todos os que [Fica claro que foi um rei muito sábio. Depois diz,] antes de mim existiram em Jerusalém; [com isso as pessoas dizem que não pode ter sido Salomão porque não houve muitos dele antes em Jerusalém mas houve muitos reis em Jerusalém que não eram israelitas por isso não está a falar que estes, antes dele que existiram em Jerusalém eram israelitas. O versículo não discrimina] com efeito, o meu coração tem tido larga experiência da sabedoria e do conhecimento.
Ele governou Israel em Jerusalém e teve mais sabedoria que todos os outros reis que reinaram em Jerusalém.
Por isso vê-se que foi o rei Salomão, filho de Davi e por outra, há uma evidência interna que era um rei com grande sabedoria. Não houve um rei com grande sabedoria sem ser Salomão em Israel. Veja em I Reis 3 versículo 12:
Eis que faço segundo as tuas palavras: dou-te coração sábio e inteligente, de maneira que antes de ti não houve teu igual, nem depois de ti o haverá.
É uma promessa de Deus que deu a Salomão que ele teria muita sabedoria. Por isso, é uma evidência interna de sabedoria que é Salomão.
Outra evidência interna está em Eclesiastes 2 versículos 4 a 6:
Empreendi grandes obras; edifiquei para mim casas; plantei para mim vinhas.
Fiz jardins e pomares para mim e nestes plantei árvores frutíferas de toda espécie.
Fiz para mim açudes, para regar com eles o bosque em que reverdeciam as árvores.
Está evidente que foi uma pessoa ligada a muitas actividades de construção e se formos ver em I Reis 7 versículos 1 a 12 não vou descrever todos estes versículos mas apontar a vocês que aí Salomão edificou seus palácios, levando três anos para os construir, edificou a casa do bosque ... e depois diz todas as coisas que construiu. Vê-se outra evidência interna do Livro que quem fez estas actividades de construção foi Salomão.
Outra evidência interna dentro do Livro está em Eclesiastes 2 versículos 7 a . Note que foi uma pessoa com muita riqueza porque diz:
Comprei servos e servas e tive servos nascidos em casa; também possuí bois e ovelhas, mais do que possuíram todos os que antes de mim viveram em Jerusalém.
Amontoei também para mim prata e ouro e tesouros de reis e de províncias; provi-me de cantores e cantoras e das delícias dos filhos dos homens: mulheres e mulheres.
Isso esclareci que era um homem com muita riqueza e que o autor é Salomão.
Ao fim de Eclesiastes 12 versículo 12:
Demais, filho meu, atenta: não há limite para fazer livros, e o muito estudar é enfado da carne.
Aí vê-se uma maneira de escrever que também se vê no Livro de Provérbios que também foram escritos por Salomão. Vê-se outra evidência interna que aponta a autoria do Livro à Salomão.
Quando foi escrito? Foi escrito cerca do ano 940 antes de Cristo.
Pessoas pensam quando foi durante a vida dele. Pensamos que foi quando já idoso. Veja por exemplo em Eclesiastes 2 versículos 1 a 11:
Disse comigo: Eu te provarei com alegria; goza, pois, a felicidade; mas também isso era vaidade.
Do riso disse: é loucura; e da alegria: de que serve?
Resolvi no meu coração dar-me ao vinho, regendo-me, contudo, pela sabedoria, e entregar-me à loucura, até ver o que melhor seria que fizessem os filhos dos homens debaixo do céu, durante os poucos dias da sua vida.
Empreendi grandes obras; edifiquei para mim casas; plantei para mim vinhas.
Fiz jardins e pomares para mim e nestes plantei árvores frutíferas de toda a espécie.
Fiz para mim açudes, para regar com eles o bosque em que reverdeciam as árvores.
Comprei servos e servas e tive servos nascidos em casa; também possuí bois e ovelhas, mais do que possuíram todos os que antes de mim viveram em Jerusalém.
Amontoei também para mim prata e ouro e tesouros de reis e de províncias; provi-me de cantores e cantoras e das delícias dos filhos dos homens: mulheres e mulheres.
Engrandeci-me e sobrepujei a todos os que viveram antes de mim em Jerusalém; perseverou também comigo a minha sabedoria.
Tudo quanto desejaram os meus olhos não lhes neguei, nem privei o coração de alegria alguma, pois eu me alegrava com todas as minhas fadigas, e isso era a recompensa de todas elas.
Considerei todas as obras que fizeram as minhas mãos, como também o trabalho que eu, com fadigas, havia feito; e eis que tudo era vaidade e correr atrás do vento, e nenhum proveito havia debaixo do sol.
Tudo isto mostra que Salomão, o autor do Livro, acumulou tudo isso não no princípio da sua vida mas no fim. E, depois, nos capítulos 11 e 12, está a falar acerca de pensamentos de uma pessoa idosa. Está a dizer para o jovem se alegrar na sua juventude. Isto mostra ser uma pessoa idosa a falar. No capítulo 12, está a descrever uma pessoa idosa: os problemas da idade idosa, coisas desse gênero. Por isso, vê-se que o Livro foi escrito no fim da sua vida e por este facto os historiadores datarem a 940 anos antes de Cristo.
Também vê-se em Eclesiastes 12 versículos 13 a 14:
De tudo o que se tem ouvido, a suma é: Teme a Deus e guarda os seus mandamentos; porque isto é o dever de todo homem.
Porque Deus há de trazer a juízo todas as obras, até as que estão escondidas, quer sejam boas, quer sejam más.
Aí vê-se, mais uma vez, que Salomão teria escrito isso no fim de sua vida. Isso seria uma possível indicação de quando ele escreveu. Não temos nenhum registo para comprovar que tenha sido de facto ao fim de sua vida mas baseado nesta conclusão e nestes vários capítulos lidos, julgamos que foi escrito lá para o fim de sua vida.
Adicionalmente, baseado nesta conclusão, no capítulo 12 versículos 13 e 14, é possível, não temos conclusão possível, que ao fim de sua vida, ele, se tenha arrependido de seus anos rebeldes de devassidão que veio através de concordar com a idolatria de suas esposas pagães. Isto vimos em I Reis 11, como as mulheres o levaram a idolatria e ao fim de sua vida, baseado nesta conclusão, que ele se tenha arrependido.
Por isso, o Livro de Eclesiastes pode ser e realmente esperamos que assim seja, um registo de Salmoão examinando a sua vida, na sua velhice e vendo como ele se desviou e voltando-se para o arrependimento. Mas isto não está nada claro e não se pode dizer que é um facto.
O historiador judeu Josefo regista, no Livro das antiguidades dos judeus, no Oitavo Livro, no capítulo 7, diz assim:
Embora Salomão se tenha tornado mais glorioso dos reis, mais amado, engrandecido em sabedoria àqueles que tinham governado antes dele, ainda assim, ele não perseverou nesse estado até morrer. Não! Ele abandonou as leis do seu pai e chegou a um fim que não era adequado à nossa história anterior a ele. Ele também não imitou a Davi, embora Deus tenha aparecido duas vezes a ele em seu sono e o exortado a imitar seu pai. Então, ele morreu de forma inglória e morreu já idoso tendo sido superior a todos os homens em riqueza e sabedoria, excepto que quando estava a crescer foi achado em mulheres e transgredido a Lei.
Josefo diz que Salomão não se arrependeu. É possível que este tenha sido o caso mas baseado na conclusão é possível que se tenha arrependido.
Agora, qual é o propósito do Livro. Qual é o objectivo do Livro? Vejamos então em Eclesiastes 1 versículo 3:
Que proveito tem o homem de todo o seu trabalho, com que se afadiga debaixo do sol?
Salomão nesta passagem está basicamente a questionar a razão da vida humana. Por que nascemos? Por quê a vida? Basicamente está a responder vaidade, vaidade. Tudo é vaidade, como lemos no versículo 2, que diz:
Vaidade de vaidades, diz o Pregador; vaidade de vaidades, tudo é vaidade.
Tudo é vaidade debaixo do sol. Quando se olha tudo com a perspectiva terrena, o homem natural, que nunca levou Deus a sério nesta vida, cai na ilusão que este mundo é tudo o que existe. Por isso, responde o pregador: se isto é tudo o que existe, vamos descobrir por experiência se existe algo que valha apena neste mundo, qualquer coisa que produza satisfação real. Por isso vê-se aqui que o propósito deste Livro, primeiro, é dizer que as coisas físicas são vaidades e vamos provar através de riquezas, de experiências, através de sabedoria; se há qualquer coisa sequer que produza satisfação real. Essa é uma das mensagens do Livro; a segunda, é baseada em Eclesiastes capítulo 12 versículo 13, que li a pouco que é da necessidade de termos temor a Deus e guardar os seus mandamentos. Digamos assim que a segunda mensagem é a conclusão do Livro que temos que ter temor de Deus, guardar os seus mandamentos. Isto é o dever de todo o homem.
Mas este não é um único local onde vimos esta passagem. Vamos ver outros locais. Vejam em Eclesiastes 8 versículo 12:
Ainda que o pecador faça o mal cem vezes, e os dias se lhe prolonguem, eu sei com certeza que bem sucede aos que temem a Deus.
Mas o perverso não irá bem, nem prolongará os seus dias; será como a sombra, visto que não teme diante de Deus.
Em vários locais, no Livro, o ponto da importância do temor a Deus. Não é só na conclusão.
O ponto aqui é o seguinte: sem o relacionamento com Deus, a existência humana não é nada. Temos que ter um relacionamento com Deus. Por isso a declaração aqui que se não temos relacionamento com Deus, vivemos numa absoluta futilidade, vaidade, de uma existência sem Deus.
O Livro de Eclesiastes é um livro, tal como todos livros da Bíblia, é para o nosso bem, para o benefício, para a edificação nossa – o povo de Deus.
Outro tema recorrente neste livro, é a alegria ou o gozo. Não só é recorrente, como é parte de um refrão ou estribilho. Por exemplo, numa canção, quando há a repetição de uma certa parte da canção e este refrão ou estribilho acontece seis vezes. Vejemos esta repetição em Eclesiastes 2 versículo 24:
Não há nada melhor para o homem do que comer, beber e fazer que a sua alma goze o bem do seu trabalho. No entanto, vi também que isto vem da mão [isto é uma bênção] de Deus,
Vejam também no capítulo 3 versículos 12 e 13:
Sei que nada há melhor para o homem do que regojizar-se e levar vida regalada;
E também que é dom de Deus que possa o homem comer, beber e desfrutar o bem de todo o seu trabalho.
Vemos aqui uma repetição, um estribilho nestas passagens com relação ao gozo: coma, beba e desfrute ... porque é dom de Deus. Veja também no capítulo 3 versículo 22:
Pelo que vi não haver coisa melhor do que alegrar-se o homem nas suas obras, porque essa é a sua recompensa; quem o fará voltar para ver o que será depois dele?
Veja também no capítulo 5 versículos 18 e 19:
Eis o que eu vi: boa e bela coisa é comer e beber e gozar cada um do bem de todo o seu trabalho, com que se afadigou debaixo do sol, durante os poucos dias da vida que Deus lhe deu; porque esta é a sua porção.
Quanto ao homem a quem Deus conferiu riquezas e bens e lhe deu poder para deles comer, e receber a sua porção, e gozar do seu trabalho, isto é dom de Deus.
No capítulo 8 versículo 15:
Então, exaltei eu a alegria, porquanto para o homem nenhuma coisa há melhor debaixo do sol do que comer, beber e alegrar-se; pois isso o acompanhará no seu trabalho nos dias da vida [vida física] que Deus lhe dá debaixo do sol.
Veja também no capítulo 9 versículos 7 a 9:
Vai, pois, come com alegria o teu pão e bebe gostosamente o teu vinho, pois Deus já de antemão se agrada das tuas obras.
Em todo tempo sejam alvas as tuas vestes, e jamais falte óleo sobre a tua cabeça.
Goza a vida com a mulher que amas, todos os dias de tua vida fugaz, os quais Deus te deu debaixo do sol; porque esta é a tua porção nesta vida pelo trabalho com que te afadigaste debaixo do sol.
Vê-se esta repetição no Livro de Eclesiastes. Isso não significa que podes fazer o que quiseres. Porque somos responsáveis perante Deus. Mas vemos aqui que temos que trabalhar. Trabalhe, trabalhe; temos que trabalhar e temos responsabilidades morais com a sociedade. Por isso, aqui não está a dizer que cada um pode fazer o que bem entender. Por exemplo, no capítulo 8 de Eclesiastes, nos versículos 8 e 9:
Não há nenhum homem que tenha domínio sobre o vento para o reter; nem tampouco tem ele poder sobre o dia da morte; nem há tréguas nesta peleja; nem tampouco a perversidade livrará aquele que a ela se entrega.
Tudo isto vi quando me apliquei a toda a obra que se faz debaixo do sol; há tempo em que um homem tem domínio sobre outro homem, para arruiná-lo.
Aqui está certas advertências que haverá juízo. Vejam também outro mandato em Eclesiastes 12 versículo 14, que é o último versículo. Diz assim:
Porque Deus há de trazer a juízo todas as obras, até as que estão escondidas, quer sejam boas, quer sejam más.
Por isso, está é a intenção de Eclesiastes: Deus vai nos julgar a todos. Tantos justos como os ímpios. Não devemos pensar que Deus não virá para julgar e que não se vai lembrar do que fizemos. Todos vamos ter que prestar contas das nossas acções. Tal como lemos anteriormente, teme a Deus e guarda os seus mandamentos. O ponto do temor a Deus é mencionado em cinco versículos. Veja por exemplo no capítulo 3 versículo 14:
Sei que tudo quanto Deus faz durará eternamente; nada se lhe pode acrescentar e nada lhe tirar; e isto faz Deus para que os homens temam diante dele.
Vejam também no capítulo 5 versículo 7:
Porque, como na multidão dos sonhos há vaidade, assim também, nas muitas palavras; tu, porém, teme a Deus.
Eclesiastes 7 versículo 18:
Bom é que retenhas isto e também daquilo não retires a mão; pois quem teme a Deus de tudo isto sai ileso.
Também no capítulo 8 versículo 13:
Mas o perverso não irá bem, nem prolongará os seus dias; será como a sombra, visto que não teme diante de Deus.
Estamos a ver aqui que o livro de Eclesiastes é um livro que está a dizer: sim, há coisas boas na vida mas nada tem valor se não tivermos temor a Deus e por isso temos que ter cuidado com as nossas acções. Estejam contentes na vida; gozem do vosso trabalho. Não é para auto-indulgência mas lembrem-se que haverá um juízo.
Agora, com maior detalhes, podemos analisar o livro de Eclesiastes dando assim uma estrutura ou um esboço geral. Podemos dividir o livro de Eclesiastes de várias maneiras e várias pessoas em vários comentários dividem o livro em várias maneiras. Vou concentrar-me no esboço geral que é um comentário de Walter Caesar Jr. e é basicamente quatro secções:
(1) A primeira parte, é Eclesiastes 1 versículo 12 a 2 versículo 26 (Eclesiastes capítulos 1 e 2); entitulado: apreciando a vida como um dom de Deus.
(2) A segunda parte, é dos capítulos 3 a 5; Eclesiastes 3 versículo 1 ao capítulo 5 versículo 20. Que se pode entitular: entendendo o grande plano de Deus.
(3) Depois, a terceira parte, é Eclesiastes capítulo 6 versículo a uma parte, praticamente até ao fim do capítulo 8 versículo 15; explicando e aplicando o plano de Deus.
(4) A parte final, que são os últimos capítulos, capítulo 8 versículo 16 até ao fim do capítulo 12 versículo 14; entitulado: removendo desânimo e aplicando o plano de Deus a vida.
Como vimos, o Livro de Eclesiastes está a dizer que precisamos de gozar a vida, apreciá-la, mas precisamos ter cuidado porque haverá um juízo; não podemos explorar o próximo e ter vantagem pessoal – não! Mas é ajudar os outros, trabalhando e ter um benefício deste trabalho.
Isto é semelhante a um princípio que Jesus Cristo deu também e isto está em João 10 versículo 10:
O ladrão vem somente para roubar, matar e destruir; eu [Jesus Cristo] vim para que tenham vida e a tenham em abundância.
Jesus Cristo veio para nos dar vida e uma vida mais abundante. Há muitas dificuldades neste mundo, sobretudo ara os cristãos, porque existe um diabo – o maligno, que está tentar destruir a Igreja e Deus permite que é para nós aprendermos a ser melhores pessoas e reinarmos com carinho e amor no mundo de amanhã. Mas este ponto de termos vida e ainda mais abundante, posso dizer, é a vida eterna, está claro. Vamos ter a vida eterna e vamos ter uma paz mais abundante. Mas também tem um significado para esta vida física. Se estamos a fazer as coisas da maneira que Deus quer, vai haver bênçãos. Haverá certas bênçãos e isso acontece e vai haver alegria porque o fruto do espírito é: amor, gozo (alegria), paz ... Isto é um simbolismo ao fim de contas da festa de Tabernáculos. A festa de tabernáculos tem o simbolismo do mundo do amanhã, o milénio, e por isso, durante a festa de tabernáculos, olhamos para esta festa como um período em que temos um bocadinho mais que durante os outros períodos do ano. Por que? Porque estamos a guardar o segundo dízimo e vamos usar este segundo dízimo, o décimo do nosso ordenado anual, num período de oito dias, certamente durante este período dos oito dias vamos ter capacidades financeiras, materiais, físicas melhores que durante o ano inteiro. Por esta razão é que gostamos tanto quanto possível de organizar o local da festa que seja uma coisa melhor do que as nossas condições normais para nos ajudar-nos a entendermos, a compreendermos a bênção do mundo do amanhã que vai ser um mundo muito melhor.
Mas, não é só o período das festas (anuais), os sábados semanais também devem ser um período de alegria. Vejam por exemplo em Isaías 58 versículos 13 e 14:
Se desviares o pé de profanar o sábado e de cuidar dos teus próprios interesses no meu santo dia; se chamares ao sábado deleitoso e santo dia do Senhor, digno de honra, e o honrares não seguindo os teus caminhos, não pretendendo fazer a tua própria vontade, nem falando palavras vãs,
Então, te deleitarás no Senhor [isto é, terás um dia alegre, um dia muito especial]. Eu te farei cavalgar sobre os altos da terra e te sustentarei com a herança de Jacó, teu pai, porque a boca do Senhor o disse.
Os dias santos, por isso são chamados festas ou festivais, é o sábado é um festival. Quando lemos em Levíticos 23 versículos 1 e 2; vemos que o sábado é um dos festivais de Deus.
Em sumário, nesta introdução do Livro de Eclesiastes, quando entendemos a mensagem deste Livro da maneira correcta, vemos que precisamos (1) desenvolver um relacionamento com Deus por meio de Jesus Cristo porque se Deus não está na nossa vida, então, é tudo vaidade debaixo do sol. Não é só debaixo do sol, é debaixo de Deus. Isto entendemos porque nada nos vai dar alegria nesta.
Segundo, temos que ter (2) temor a Deus. Temos que temer a Deus. Terceiro, precisamos de (3) guardar os seus mandamentos. Quarto, precisamos de (4) viver de uma maneira correcta porque vai haver juízo. Quinto, precisamos de (5) apreciar, desfrutar da simplicidade das coisas, apreciar as bênçãos de Deus. Diante de nós está uma flor bonita – devemos apreciá-la, cheirá-la ... apreciar e desfrutar das bênçãos de Deus. Sexto, precisamos de (6) crer nas promessas de Deus. Deus nos promete e ele vai ser juiz e promete certas bênçãos e, finalmente, precisamos de (7) realizar o plano de Deus na nossa vida.
Com isto como ponto de introdução ao Livro de Eclesiastes, vamos começar a estudar a primeira parte do Livro de Eclesiastes que é do capítulo 1 até ao fim do capítulo 2. Neste sermão, só vamos cobrir o capítulo 1 e 2.
Esta secção do capítulo 1, eu descrevi sob o título: apreciando a vida como um dom de Deus. Eclesiastes 1 versículos 11 a 12, digamos assim que, é uma subdivisão que vou entitular como vaidade e vaidade, ou, noutras palavras, coisas vêm e coisas vão. Coisas boas não duram para sempre. Por outro lado, coisas más não duram para sempre. Isto é, dias maus não duram para sempre. Haverá dias bons e essa é a boa nova. Isto é, Jesus Cristo voltará e vai haver dias melhores.
Eclesiastes começa aqui a falar no versículo 2 vaidade. Vaidade vem da palavra hebraica ebel significa um assopro como se fosse um fôlego, um assopro, um vapor. Isto é uma coisa que não podemos agarrar ou noutras palavras, é um gênero de futilidade, é uma coisa que podemos ficar frustrados ou haver uma certa frustração; no senso de encontrar sucesso ou este entendimento permanente sem Deus. Sem Deus não é possível ter sucesso permanente e não é possível ter um entendimento permanente. Por isso, debaixo do sol, isto é, sem Deus, tudo que exista a nossa volta, está sujeito a corrupção. Isto é, não é permanente. Por isso ser uma vaidade. Por isso é que diz no versículo 3:
Resolvi no meu coração dar-me ao vinho, regendo-me, contudo, pela sabedoria, e entregar-me à loucura, até ver o que melhor seria que fizessem os filhos dos homens debaixo do céu, durante os poucos dias da sua vida.
Está expressão debaixo do céu ou debaixo do sol, é usada neste Livro 28 vezes. Ora, está claro e isto quer dizer que é quando a pessoa não está a incluir Deus ou a sua palavra na sua vida. Isto é, debaixo do céu, debaixo do sol, neste mundo de hoje. Está a referir-se não da nova terra ou do novo céu. Porque na nova terra e no novo céu, Deus estará na terra. Será uma nova terra. A terra será renovada. A vida será positiva em todas as maneiras. Mas aqui, debaixo do sol, é neste mundo de hoje em dia, no mundo do “deus deste século” que é o diabo.
Também é semelhante ao princípio que Paulo descreve em Romanos 8 versículo 20:
Pois a criação está sujeita à vaidade, não voluntariamente, mas por causa daquele que a sujeitou,
Por causa do pecado. Nós, a raça humana, está sujeita ao pecado, vaidade. Por que? Porque é consequência do pecado. O pecado de satanás, dos anjos que o seguiram, pecado do homem (Adão e Eva) que fizeram a escolha incorrecta e por isso é a razão da futilidade.
Ora, outra pergunta do pregador; Salomão está a perguntar. Se olharmos pura e simplesmente, o que eu tenho de mostrar do meu trabalho, qual é o valor desta vida? Isto é o que ele está a dizer nesta secção de Eclesiastes 1 e 2. Mas não chegamos a ver isto sem lermos a conclusão desta secção. A conclusão desta secção está no capítulo 2 versículo 24 e 26:
Nada há melhor para o homem do que comer, beber e fazer que a sua alma goze o bem do seu trabalho. No entanto, vi também que isto vem da mão de Deus,
Por isso, apreciamos a vida como um dom de Deus? Sim. Existe valor no nosso trabalho se reconhecemos Deus. Veja também no versículo 26:
Porque Deus dá sabedoria, conhecimento e prazer ao homem que lhe agrada [Se nós estamos a fazer coisas que agradam a Deus, ele nos dá sabedoria, conhecimento e prazer]; mas ao pecador dá trabalho, para que ele ajunte e amontoe, a fim de dar àquele que agrada a Deus. Também isto é vaidade e correr atrás do vento.
Por isso, nesta secção, vemos que a conclusão de qual é o valor do meu trabalho, sim, é quando pomos Deus na nossa vida.
Vamos continuar a ler no versículo 4:
Geração vai e geração vem; mas a terra permanece para sempre.
Aqui vê-se Salomão a apresentar de uma forma poética uma prestativa sômbria da vida que apresenta por isso a futilidade. Aqui, ele apresenta inicialmente uma futilidade nesta secção. Está a apresentar vaidade de vaidade coisas vêm e coisas vão. Mas a conclusão desta secção diz que temos que ter Deus, senão tudo é vaidade. Do versículo 4 ao versículo 11 está a falar de vaidades, de coisas que vêm e coisas que vão.
A nossa vida passa e parece que não tem impacto mas a terra continua. Por isso ele dizer aqui que geração vai e geração vem. Nós crescemos, nos desenvolvemos, casamos, reproduzímo-nos, envelhecemos e por fim falecemos. Geração vem e vai mas a terra permancece para sempre.
Aqui temos a assinalar este ponto que a nossa vida vem e passa mas a terra continua. Veja por exemplo nos versículos 5 a 7:
Levanta-se o sol, e põe-se o sol, e volta ao seu lugar, onde nasce de novo.
O vento vai para o sul e faz o seu giro para o norte; volve-se, e revolve-se, na sua carreira, e retorna aos seus circuitos.
Todos os rios correm para o mar, e o mar não se enche; ao lugar para onde correm os rios, para lá tornam eles a correr.
Quer dizer que as coisas parecem monótonas. Isto é uma característica da natureza – tudo continua. Então, onde está o valor da vida humana porque vem e passa (morremos).
Mas notem em Gênesis 1 versículo 28:
E Deus os abençoou e lhes disse: Sede fecundos, multiplicai-vos, enchei a terra e sujeitai-a; dominai sobre os peixes do mar, sobre as aves dos céus e sobre todo animal que rasteja pela terra.
Não estamos a dominar a terra. A terra continua mas os homens morrem. Deus deu ao homem domínio mas parece que não se vê. Por isso é que Davi escreveu em Salmos 8; é um Salmos muito interessante que também está descrito em Hebreus 2. Mas em Salmos 8, questiona quem é o homem. Veja no versículo 4:
Que é o homem, que dele te lembres? E o filho do homem, que o visites? Veja igualmente o versículo 6:
Deste-lhe domínio sobre as obras da tua mão e sob seus pés tudo lhe puseste:
É o que Hebreus 2 explica. Mas ainda não vemos isto. Isto é no futuro. Por isso, estamos só a ver sem entender o plano de Deus que aos nossos olhos parece tudo em vão. As coisas continuam, Deus nos deu domínio sobre estas coisas mas parece que as coisa é que nos estão a dominar. Porque nós nascemos, crescemos ... e passamos (morremos). Veja em Eclesiastes 1 versículo 8:
Todas as coisas são canseiras tais, que ninguém as pode exprimir; os olhos não se fartam de ver, nem se enchem os ouvidos de ouvir.
As pessoas não têm nada significativo a dizer comde das o resposta. Embora, com tudo que vêm não chega para entenderem. Não entendem o plano de Deus, não entendem a realidade das coisas sem Deus. Veja no versículo 3, esta é a resposta que está a dar.
Que proveito tem o homem de todo o seu trabalho, com que se afadiga debaixo do sol?
Vaidade de vaidades ... tudo é vaidade.
A resposta a esta pergunta do versículo 3, não está aqui. Sem Deus, não está. Continuando a ler os versículos 9 e 10:
O que foi é o que há de ser; e o que se fez, isso se tornará a fazer; nada há, pois, novo debaixo do sol.
Há alguma coisa de que se possa dizer: Vê, isto é novo? Não! Já foi nos séculos que foram antes de nós.
As pessoas dizem: há coisas novas. O computador – não existiam computadores e coisas desse gênero. Há coisas novas. O que conta aqui é que o que se está a viver são as mesmas coisas. Nascemos, crescemos, aprendemos, casamos, trabalhamos, voltamos para o trabalho, trabalhamos, ficamos velhotes e morremos. Tudo é a mesma coisa. Não há nada diferente. Sim, há invenções, há carros, fizeram as coisas mais rápidas ... mas o sol nasce no nascente e põe-se no poente. Os rios correm, tudo é o mesmo. As pessoas buscam fama, buscam poder, buscam felicidade, envelhecem e morrem. É como diz no versículo 9:
O que foi é o que há de ser; e o que se fez, isso se tornará a fazer; nada há, pois, novo debaixo do sol.
Há alguma coisa de que se possa dizer: Vê, isto é novo? Não! Já foi nos séculos que foram antes de nós
As pessoas continuam a viver ... geração vem e geração vai, doenças continuam a existir e coisas deste gênero. Versículo 11:
Já não há lembranças das coisas que precederam; e das coisas posteriores também não haverá memória entre os que hão de vir depois delas.
Não nos lembramos das pessoas que vieram antes. Vou por exemplo a um cemitério e vejo todas aquelas sepulturas. A maioria das pessoas não há memória delas. Alguns cemitérios mais recentes têm flores e coisas assim, mas as que morreram a cem, duzentos anos ninguém vai lá, ninguém se lembra deles, estão lá esquecidos. Por isso, nós precisamos uma solução diante disso e esta solução está pura e simplesmente em termos de um relacionamento com Deus. Esta passagem quando lemos mais profundamente está a descrever que precisamos da Boa Nova do Reino de Deus.
Só Jesus Cristo pode fazer as coisas diferentes; pode abrir um caminho diferente, pode nos tirar desta escravidão deste mundo. Veja em João 8 versículo 23:
E prosseguiu: Vós sois cá de baixo, eu sou lá de cima; vóis sois deste mundo, eu deste mundo não sou.
Precisamos de Cristo. Porque ele veio dos céus e ele vai nos dar uma nova vida. Veja por exemplo nos versículos 31 e 32:
Disse, pois, Jesus aos judeus que haviam crido nele: Se vós permanecerdes na minha palavra, sois verdadeiramente meus discípulos;
E conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.
Estamos nesta escravidão neste mundo, parece tudo vaidade de vaidades mas precisamos de um relacionamento forte com Jesus Cristo. Ele nos criou à nova aliança, ele nos dá uma nova vida, ele nos vai dar um novo nome, como lemos em Apocalipse 2:17, e, através de Jesus Cristo, todos nós somos uma nova criação. II Coríntios 5 versículo 17:
E, assim, se alguém está em Cristo, é nova criatura; as coisas antigas já passaram; eis que se fizeram novas.
Tudo é novo. À vinda de Cristo, a última trombeta, como sabemos em I Coríntios 15:50, e geralmente lemos os versículos 50 a 52, mas quero ler agora os versículos 53 a 54:
Porque é necessário que este corpo corruptível se revista da incorruptibilidade, e que o corpo mortal se revista da imortalidade.
Isto é, este corpo que é da vaidade seja transformado por um corpo eterno.
E, quando este corpo corruptível se revestir de incorruptibilidade, e o que é mortal se revestir de imortalidade, então, se cumprirá a palavra que está escrita: Tragada foi a morte pela vitória.
Queridos irmãos, o livro de Eclesiastes é um livro muito interessante e de grande benefício para todos nós.