Epístolas de Paulo: A situação no primeiro século - A influência do Judaismo

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Epístolas de Paulo

A situação no primeiro século - A influência do Judaismo

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A igreja primitiva da era apostólica tinha várias pressões da sociedade em que vivia. Este sermão descreve essa situação no primeiro século, com enfase em particular da influência do judaísmo.

Transcrição

Bom dia, boa tarde, queridos irmãos! Aqui é Jorge de Campos.

Eu tenho estado a dar vários estudos acerca das epístolas de Paulo e já completei estudos referentes as I e II Tessalonicenses e a razão que eu estou a dar nesta sequência é porque estou a seguir a sequência das quais elas foram escritas e a terceira epístola que acreditamos que Paulo tenha escrito foi a epístola aos Gálatas. É o que vamos abordar em estudos seguintes. Mas antes de abordarmos o estudo da epístola aos gálatas, é importante entender o contexto.

Ora, muitas vezes quando estamos a falar do contexto, pensamos o que diz um ou dois versículos antes e o que diz um ou dois versículos depois da escritura em questão. Estou a falar de um contexto diferente. O contexto de sociedade em que viviam. Por exemplo, digamos que você viva no Brasil. Há certas situações que afetam você de uma maneira diferente do que situações semelhantes de pessoas que vivam em Portugal por causa do contexto de sociedade em que vivem.

Por isso, o contexto de sociedade que Paulo vivia durante aquela era e durante aquele período, somente naquela área da Turquia, havia muita mistura de judeus vindo do sul para a área central da Turquia que era a área dos gálatas e também da influência gentia – dos gentios dessa área influenciados das ideias gregas e haviam essas influências da sociedade que estavam a afetar os irmãos da região de Gálatas. Daí que, é importante entendermos essas influências que afetaram os do I Séc.

Ora, as indicações são de que  a epístola de gálatas tenha sido escrito no ano de 52 d.C, na era corrente, isso seria cerca de vinte e um anos depois de Cristo morrer. Paulo escreveu esta carta a partir de Éfesos, na segunda viagem missionária de Paulo, ao fim dessa viagem, depois de ter visitado coríntios, escreveu I e II de Tessalonicenses; ele então viajou, saindo de coríntios para a Síria. Vejam em Atos capítulo 18 versículo 18:

Mas Paulo, havendo permanecido ali ainda muitos dias, por fim, despendindo-se dos irmãos, navegou para a Síria, levando em sua companhia Priscila e Áquila, depois de ter raspado a cabeça em Cencréia, porque tomara voto [Paulo tinha tomado voto de nazireu; tinha feito uma promessa].

Vemos aqui que Paulo tinha respeito pela lei e por certas leis mosáicas que não eram necessárias nos gentios, mas como ele sendo de descendência judáica, respeitava esses princípios. E foi aí que ele escreveu gálatas. Isto é, ao fim da última viagem, cerca do ano 52 d.C. Senão foi isso, foi depois. Continuando a ler no versículo 19:

Chegados a Éfeso, deixou-os ali; ele, porém, entrando na sinagoga, pregava aos judeus.

Rogando-lhe eles que permanecesse ali mais algum tempo, não acedeu.

Saiu de Éfeso, muito provavelmente depois de ter escrito Gálatas em Éfesos. Subiu de Éfeso para Jerusalém. A razão de aqui colocar-se «subiu» não é porque Éfeso é mais ao norte. E subiu de Éfeso, cidade marinha e na altitude do mar, para uma cidade ao cimo do monte que era Jerusalém.

Chegando a Cesaréia, desembarcou, subindo a Jerusalém; e, tendo saudado a igreja, desceu para Antioquia [Cidade também mais ao norte de Jerusalém, mas a uma altitude mais baixa].

Antioquia era onde Paulo, provavelmente, tinha a sua vivenda, onde morava e, digamos assim, a sede de onde partia para as suas viagens missionárias. Então, aí, esse período seria entre a segunda e terceira viagens missionárias de Paulo, isto seria no ano de 53 d.C., talvez vinte e dois anos depois da morte de Cristo.

Paulo escreveu a carta aos Gálatas ou de Éfeso, ou de Antioquia. Se de Éfeso, então foi ao fim da segunda viagem missionária; se de Antioquia, então entre a segunda e terceira viagens missionárias. Isso é simplesmente para vos dar uma ideia do tempo de quando ele escreveu.

Mas, uma vez mais, qual era o problema principal que existia nesta igreja primitiva? Basicamente, só existia a vinte e um anos a igreja fundada por Jesus Cristo. Qual era o problema que estavam a encontrar? Basicamente, o problema com que se debatiam, era o problema que vinha da sociedade. As dificuldades, os desafios eram os que vinham da sociedade porque conforme as pessoas vinham para a igreja, traziam com elas, arrastavam com elas, as suas ideias prévias.

Ora, se tinham vindo para a igreja de uma sociedade judáica, traziam com elas ideias do judaismo, ideias do fariseísmo, ideias acerca de obedecer as leis cerimoniais, ideias acerca dos sacrifícios e dos cerimoniais, rituais com bodes e touros e outras do templo de Jerusalém, pensando que era necessário para a salvação.

Por outro lado, havia outro grupo que estava a vir para a igreja que era formado pelos gentios. Os gentios traziam consigo ideias pagães; tradições pagães que eram difíceis de as largar, demorava tempo. Essas ideias era ideias que vinham da sociedade romana, filosofias gregas e, está claro, sincretismo, introduzindo certas ideias pagães para a igreja e dizendo que eram aceitáveis e por isso tinham este sincretismo com esta maneira de pensar, de sabedoria e de filosofia grega, digamos assim e é o que podemos chamar o gnoscitismo porque o gnosticismo quer dizer sabedoria. Esta sabedoria, esta filosofia, esta inteligência, este intelectualismo gentio – pagão.

Por isso, estas duas influências da sociedade estavam a afectar a igreja primitiva. E, está claro, estas duas influências da sociedade, uma das influências, digamos assim, mais da direita, a de obedecer certas leis; e uma influência da sociedade pagã, que seria, digamos assim, uma influência da esquerda – mais libertina. Estas duas ideias, estes dois extremos: fariseísmo – paganismo; estava a influenciar a igreja.

O problema dos cristãos da era primitiva tinha duas faces: a face das influências judáicas e a face das influências gentias, pagães, gnósticas do sincretismo pagão.

Ora, isso afetava o ponto principal da vinda e do sacrifício de Jesus Cristo que somos justificados pelo sacrifício de Cristo. Estas duas influências – judáica e a pagã-gnóstica; ambas sincretizadas. A judáica tinha também sincretismo. Estas duas influências estavam a afectar a igreja.

Por isso, o tema de Gálatas é que somos justificados de graça. Correcto! Pelo sacrifício e morte de Jesus Cristo. Pelo seu sangue. Vejamos aqui em Gálatas capítulo 1, mesmo ao início de Gálatas, vamos ler isso entre o versículo 1 e o versículo 5. Porque notem que ninguém forçou a Jesus Cristo dar a sua vida por nós. Notem isto bem: ninguém forçou Jesus Cristo a dar a sua vida por nós. Ele deu a sua vida de livre vontade para nos tirar deste mundo perverso. Seja pelas influências judáicas, seja pelas influências pagães libertinas, seja o que for, Jesus Cristo deu a sua vida para nos livrar deste mundo perverso. Vejamos aqui no capítulo 1 versículo 1:

Paulo, apóstolo, não da parte de homens, nem por intermédio de homem algum [Paulo está a dizer: “eu sou ministro, aliás, sou um apóstolo, sou um pastor, não porque um homem me tenha feito um apóstolo, porque ninguém me fez apóstolo, mas por Jesus e por Deus Pai que o ressuscitou dentre os mortos], mas por Jesus Cristo e por Deus Pai, que o ressuscitou dentre os mortos, ...

Paulo está a dizer que, “eu sou um apóstolo porque Jesus Cristo me fez um apóstolo pela vontade do Pai, pela ordem do Pai, pela instrução do Pai.”

Queridos irmãos, não é nada diferente hoje em dia. Ministros, verdadeiros ministros de Jesus Cristo são selecionados por Jesus Cristo, são postos nesta posição por Jesus Cristo.

“E todos os irmãos meus companheiros, às igrejas da Galácia,”

Ele estava, como mencionei na introdução, numa área mais ocidental da Turquia porque a Galácia era a Turquia central. Ele estava à fronteira da área da Galácia. Tinha passado por lá na primeira viagem e durante a segunda viagem passou por Galácia e depois foi para a Europa. Agora tinha retornado e passou em Éfeso e mandou uma carta à Galácia. Versículo 3:

“Graça a vós outros e paz, da parte de Deus, nosso Pai, e do [nosso] Senhor Jesus Cristo, ...”

Notem aqui este ponto no versículo 4:

“O qual se entregou a si mesmo pelos nossos pecados [Jesus Cristo entregou a sua vida de livre vontade pelos nossos pecados para nos tirar, para tirar-nos desta raíz deste mundo perverso a que estamos agarrados], para nos desarraigar deste mundo perverso, segundo  vontade de nosso Deus e Pai, ...”

Esta é a vontade do Pai que Jesus Cristo fez de livre vontade isto, de acordo à vontade do Pai.

“A quem seja a glória pelos séculos dos séculos. Amém!”

Queridos irmãos, vemos aqui que a razão desta carta é de demonstrar que a graça é pelo sacrifício de Jesus Cristo, o valor do sacrífio de Jesus Cristo que é o ponto principal de porque que somos justificados. Não somos justificados por obedecer ou não obedecer a lei; somos justificados pelo sacrifício de Jesus Cristo. Isso quer dizer que já não precisamos obedecer à lei? Não! Não estou a dizer isso. Precisamos de obedecer a lei de Deus! Mas está aqui Paulo a dar um princípio importante. Por causa das influências da sociedade: as influências judáicas e as influências gentias.

Hoje, neste sermão, vou abordar principalmente a influência judáica – é disso que estarei a falar. Começarei a abordar um bocadinho da influência da sociedade gentia mas, abordarei com mais detalhes [a influência da sociedade gentia], daqui a um mês noutro sermão desta série de estudo.

Vemos aqui irmãos que existia uma situação entre os judeus e os verdadeiros cristãos. Por que? Porque havia pessoas de descendência judáica que tinham entrado na igreja e estas pessoas de descendência judáica traziam estas ideias para dentro da igreja e estavam a puxar, a lutar pelo seu ponto de vista. Por isso, havia dezenas ou milhares de judeus que tinham vindo para a igreja que eram zelosos pela lei e que diziam que Paulo estava a pregar para as pessoas se afastarem da lei, afastarem-se de Moisés.

Por exemplo, diziam que Paulo pregava que os gentios não precisavam de circuncidar-se os filhos nem andar segundo os costumes da lei. Isto, está claro, está a falar dos costumes cerimoniais da lei. E este problema, embora esteja na carta, (escrita cerca de 52, 53 d.C) era corrente, por cerca de vinte e um ou vinte e dois anos depois da morte de Cristo, e isto continuou a ser problema muitos anos depois.

Depois da terceira viagem missionária de Paulo. Vejam aqui ao fim, depois da terceira viagem missionária de Paulo, Atos 21 versículo 20. Aqui vê-se que a 3ª viagem missionária tinha terminado, no versículo 16; depois, vê-se, no versículo 17:

“Tendo nós chegado a Jerusalém, os irmãos nos receberam com alegria.No dia seguinte, Paulo foi conosco encontrar-se com Tiago, e todos os presbíteros se reuniram. E, tendo-os saudado, contou minuciosamente o que Deus fizera entre os gentios por seu ministério.”

Explicou o sucesso da sua viagem. A animação do que tinha acontecido.

“Ouvindo-o, deram eles glória a Deus e lhe disseram: bem vês, irmãos, quantas dezenas de milhares há entre os judeus que creram, e todos são zelosos da lei; E foram informados a teu respeito que ensinas todos os judeus entre os gentios a apostatarem de Moisés [isto é, da lei cerimonial de Moisés], dizendo-lhes que não devem circuncidar os filhos, nem andar segundo os costumes da lei [por exemplo, da lei da purificação].

Os apóstolos estavam a dizer que Paulo, estas ideias continuam, destas pessoas que são judáicas, continuam a falar mal de ti e vê-se aí no versículo 22 o que há de ser feito:

Que se há de fazer, pois? Certamente saberão da tua chegada. [... vai cumprir a lei!  … vocês sabem o resto da história]

O ponto que quero demonstrar aqui é que mesmo depois de Paulo ter escrito a carta de Paulo aos Gálatas, mesmo depois de ter feito a 3ª viagem missionária, este entendimento de que Paulo estava contra a lei persistia (continuou). Por isso, essas acusações continuaram e por isso acabou por ele ser aprisionado, acabando por ser levado à Roma, como sabemos desta parte da história.

Queridos irmãos, o problema aqui da influência judáica era o seguinte, muito simplesmente: para os que tinham vindo do ensino do judaísmo (não estou a falar da lei, basicamente do AT, mas de como essa lei, esse entendimento tinha sido alterado, sincretizado, tinha sido alterado pela influência humana, pelo raciocínio humano e, agora, o judaísmo que não era da lei de acordo com o que tinha sido dada à Moisés. Tinha sido alterada, assim como seu entendimento e agora estavam a dizer que as pessoas eram justificadas pela obediência a esses cerimoniais, esses rituais).

O livro de Gálatas vem dizer: NÃO. Não somos justificados pela lei. Somos justificados pelo sangue de Jesus Cristo. Pelo sacrifício de Cristo. Esse é o ponto todo.

Irmãos, mesmo sendo oito anos antes, ao fim da primeira viagem missionária, já havia o mesmo problema. E por isso é que houve, digamos assim, a reunião de Atos 15. Vejam comigo, se faz favor em Atos 15 versículo 1:

Alguns indivíduos que desceram da Judéia ensinavam aos irmãos: Se não vos circuncidardes segundo o costume de Moisés, não podeis ser salvos.

Basicamente estão a dizer que a salvação é baseada nas leis cerimoniais incluindo a circuncisão física. Continuando a ler no versículo 2:

Tendo havido, da parte de Paulo e Barnabé, contenda e não pequena discussão com eles, resolveram que esses dois e alguns outros dentre eles subissem a Jerusalém, aos apóstolos e presbíteros, com respeito a esta questão.

Queridos irmãos, digamos assim, houve uma zanga, houve uma contenda muito forte dentro da igreja. Mais adiante, no versículo 5:

Insurgiram-se, entretanto, alguns da seita dos fariseus [os da seita dos fariseus que agora estavam a crer em Cristo] que haviam crido, dizendo: é necessário circuncidá-los e determinar-lhes que observem a lei de Moisés [as leis cerimoniais: sacrifício de bodes, lavagem, coisas físicas…].

Veja também no versículo 7:

Havendo grande debate [despoletou num grande debate e, depois, chegou-se a uma conclusão acerca dos gentios. Não era uma decisão acerca dos judeus. Essa decisão vê-se nos versículos 19 e 20], Pedro tomou a palavra e lhes disse: Irmãos, vós sabeis que, desde há muito, Deus me escolheu dentre vós para que, por meu intermédio, ouvissem os gentios a palavra do evangelho e cressem.

Versículos 19 e 20:

Pelo que, julgo eu, não devemos perturbar aqueles que, dentre os gentios, se convertem a Deus,

Mas escrever-lhes que se abstenham das contaminações dos ídolos [da idolatria, do sincretismo; não devem trazer isso para dentro da igreja. Tem que parar com isso], bem como das relações sexuais ilícitas, da carne de animais sufocados e do sangue [porque essas eram coisas pagães. Sacrifícios com sangue … eram todas coisas pagães].

Por isso, Paulo nesta carta (aos Gálatas) está a descrever este princípio muito importante que devemos entender a partir do contexto do livro de Gálatas que é de que somos justificados de graça e que os gentios não precisam de observar as leis cerimoniais do templo e que tinham vindo os israelitas que eram leis aplicáveis aos israelitas mas que não eram necessárias aos gentios.

Mas, as leis espirituais de Deus mantêm-se. Não há divisão nisso. Não há alteração nisso. Mas as leis cerimoniais não eram necessárias para os gentios.

Vou repetir, para melhor entendimento: como é que somos justificados? Como é que somos perdoados dos nossos pecados? Como é que somos feitos justos, retos, corretos perante Deus? É oferecendo bodes? Sim, oferecendo bodes é simbólico mas para nos fazermos retos perante Deus, mas é o sacrifício de Cristo que nos justifica, nos faz retos perante Deus.

Ora, obedecer a qualquer lei física, depois de teres quebrado a lei física, não paga o preço da multa por quebrar esta lei física. Por exemplo, você vai a estrada e um utente não obedece a lei de tráfego e invés de parar, um ponto vermelho, e bate em você; pode causar grande perigo mortal a outras pessoas, por isso é que essa lei existe; mas caso tenha feito isso [caso tenha quebrado essa lei no passado e recebeu uma multa], de agora em diante se parar no semáforo vermelho ou parar no stop, não vai pagar a multa. Para pagar a multa é preciso pagar a multa. Não é estar no futuro a obedecer a lei. É necessário obedecer a lei! Mas também tem de pagar a multa. Por isso, obedecer a lei no futuro não paga a multa do passado.

É o mesmo princípio espiritual, quando você quebra as leis de Deus – você cometeu adultério, você mentiu, você roubou, você cobiçou, seja o que for; agora, você não adulterar, não mentir, não roubar, não cobiçar ... isso não paga a multa, a pena do pecado. A pena do pecado é a morte. Por isso que é vida com vida. É por isso que a vida de Jesus Cristo foi dada para pagar pelos nossos pecados. Romanos 6 versículo 23:

Porque o salário do pecado é a morte, mas o dom gratuito de Deus é a vida eterna em Cristo Jesus, nosso Senhor.

Por isso, a multa de quebrar as leis de Deus é que vamos morrer – e morremos, irmãos. Só o sangue de Cristo é que paga pelos nossos pecados e nos pode ressuscitar. Isto é, comprar a nossa vida de novo. Isto é ser ressuscitado. Isso é feito de graça, pelo sacrifício de Jesus Cristo.

Por isso irmãos, isso não quer dizer que uma vez perdoado por Jesus Cristo, agora pode continuar a quebrar a lei. Não! Isso é ridículo, ridículo! O ponto é que, uma vez que reconhecemos, arrependemos e que estamos perdoados, e a pena do nosso pecado está paga, e, ressuscitaremos de novo, no futuro – quando Jesus Cristo vier, visto que já foi pago! Agora, nós temos que nos compremeter a andar nesse novo modo de vida. Temos que nos arrepender. E por isso, essa lei de cerimónias é simbólica.

É simbólica em primeiro lugar porque apontava para o verdadeiro sacrifício que é Jesus Cristo. Por isso a morte de bodes e touros é simbólica e é uma lição que os israelitas estavam a praticar como lição para todo mundo. Para ensinar a todo mundo que o único sacrifício que nos vai pagar pelos nossos pecados é o sacrifício de Jesus Cristo. Mas é uma lição que foi dada aos israelitas para fazer este ato, esta demonstração, esta atuação para dar-nos a todos uma lição.

Vejam comigo, se faz favor, em Hebreus capítulo 10, vamos começar a ler do versículo 1:

Ora, visto que a lei [a lei dos sacrifícios] tem sombra dos bens vindouros, não a imagem real das coisas, nunca jamais pode tornar perfeitos os ofertantes, com os mesmos sacrifícios que, ano após ano [mês após mês, dia após dia era oferecidos], perpetuamente , eles oferecem.

Isto é, a lei de matar um bode, um cordeiro; nunca nos faz perfeito. É apenas uma lição que está a apontar a Cristo. Versículo 2:

Doutra sorte, não teriam cessado de ser oferecidos, porquanto os que prestam culto, tendo sido purificados uma vez por todas, não mais teriam consciência de pecados?

Se os touros e os bodes nos perdoassem, pronto, não seria mais necessário voltar a ofecerer. Versículo 3:

Entretanto, nesses sacrifícios faz-se recordação de pecados todos os anos,

Por que? Versículo 4:

Porque é impossível que o sangue de touros e de bodes remova pecados.

Por isso, é que Jesus Cristo veio para a terra. Está aí a explicar. Um bocadinho mais adiante, vemos no versículo 10. Diz assim:

Nessa vontade é que temos sido santificados, mediante a oferta do corpo de Jesus Cristo, uma vez por todas.

Nós somos justificados, somos feitos santos, somos feitos justos perante Deus, como? Pela oferta do corpo de Cristo, pelo sangue de Cristo. Versículo 11:

Ora, todo sacerdote se apresenta, dia após dia, a exercer o serviço sagrado e a oferecer muitas vezes os mesmos sacrifícios, que nunca jamais podem remover pecados;

Por isso, Paulo está aqui a escrever muito claramente que a maneira que podemos ser perdoados, justificados, é pelo sacrifício de Jesus Cristo; não é nada que tu ou eu possamos fazer. Versículo 12:

Jesus, porém, tendo oferecido, para sempre, um único sacrifício pelos pecados, assentou-se à destra de Deus [ao lado direito de Deus],

Jesus Cristo deu seu corpo, deu sua vida, para remoção dos nossos pecados. Vida por vida e ele deu a sua vida por nós. Que tem muito mais valor que todas as nossas vidas e isso pagou pelos nossos pecados. Versículo 13:

Aguardando, daí em diante, até que os seus inimigos sejam postos por estrado dos seus pés.

Versículo 14. Este é um versículo extremamente importante:

Porque, com uma única oferta, aperfeiçoou para sempre quantos estão sendo santificados.

Jesus Cristo com uma única oferta aperfeiçoou você e eu para sempre. Você e eu estamos aperfeiçoados, perdoados, estamos justificados perante Deus para sempre. Mas as vezes é difícil nós entendermos isso. É difícil nós entendermos isto. O perdão está completado –  completo.

Mas está aqui no versículo 14, outro ponto importante que diz: … quantos estão sendo santificados. Aqueles que estão a seguir o caminho e estão a esforçar-se a seguir o caminho, estão a ser santificados, isto é, santificação do Espírito; estão a ser santificados com a ajuda de Deus e estão a ser pessoas melhores. Por isso irmãos, é importante nós não desistirmos. É importante nós continuarmos a manter-nos nesta posição de sermos justificados porque o final está garantido. É o que aqui diz: ele ofereceu para sempre.

Queridos irmãos, desde que você não desista, a sua salvação está garantida. Mas você tem que fazer a sua parte. Tem que manter-se fiel. Tem que fazer a sua parte. Tem que estar a ser santificado pela ajuda do Espírito Santo. Tem que estar no caminho. Não pode simplesmente virar as costas. Compreendemos isto?

Queridos irmãos, somos perdoados de graça pela bondade, carinho e sacrifício que Jesus Cristo fez por nós e não foi porque nós pedimos. Ele fez isso de livre vontade, antes de nós pedirmos. Por isso, precisamos de estar muito gratos com isso e, agora, em reconhecimento, retribuição, não queremos voltar ao caminho do velho eu; queremos ser um novo eu; queremos andar sem matar. Ora, talvez diga que nunca matou. Mas já teve pensamentos de zanga, de ira com outra pessoa? Já teve pensamentos que não perdoa a outra pessoa? Por isso, digamos assim, é equivalente de uma maneira ou outra a estar a matar a outra pessoa. Ora, nunca cometi adultério… mas olhou a pessoas de uma maneira que não devia ter olhado? Olha, não roubo. Mas está a roubar, talvez, não seja literalmente; mas espiritualmente não dando o que pode dar.

Queridos irmãos, a lei não está anulada. A fé de Jesus Cristo não anulou a lei de Deus. Veja em Romanos 3 versículo 31:

Anulamos, pois, a lei pela fé? Não, de maneira nenhuma! Antes, confirmamos a lei.

Queridos irmãos, estamos a entender isso? Está a dizer que de maneira nenhuma estamos a anular a lei de Deus, os dez mandamentos, a lei espiritual, não está anulada. Antes, confirmamos a lei.

Agora, por que somos perdoados de graça, ainda temos uma maior responsabilidade de esforçar-nos de obedecer à lei de Deus. Veja o que Jesus disse em Mateus 19 versículos 16 a 18:

E eis que alguém, aproximando-se, lhe perguntou: Mestre, que farei eu de bom, para alcançar a vida eterna?

Respondeu-lhe Jesus: por que me perguntas acerca do que é bom? Bom só existe um. Se queres, porém, entrar na vida, guarda os mandamentos.

Acho que Jesus Cristo foi bem claro, se quiseres entrar na vida eterna, obedeça aos mandamentos de Deus.

E ele lhe perguntou: quais? Respondeu Jesus: não matarás, não adulterarás, não furtarás, não dirás falso testemunho;

Basicamente, nomeou a parte da lei que fala do amor ao próximo. Claro, a lei é uma, amar a Deus e amar ao próximo.

Por isso irmãos, é importante estudarmos cuidadosamente os dez mandamentos, a ver como estamos a obedecê-los e analisar a nós próprios porque agora, debaixo da graça de Deus, do sacrifício de Jesus Cristo, é ainda mais importante estarmos a obedecer as leis de Deus. Precisamos de analisar isto de maneira cuidada.

Mas, voltando ao tema, na epístola aos Gálatas, o tema principal desta epístola é que nós somos ou estamos justificados não porque obedecemos a lei perfeitamente, nenhum de nós obedece a lei perfeitamente; mas por causa do sacrifício de Jesus Cristo. Nós somos justificados pelo sacrifício de Jesus Cristo!

Ora, uma vez justificados, não quer dizer que estamos salvos, queridos irmãos. Justificados é o primeiro passo, digamos assim; estamos justos perante Deus, temos um relacionamento agora com o Pai, podemos conversar com ele, a porta está aberta, a porta de comunicação, estamos perdoados; mas agora, temos que fazer a nossa parte, temos que andar o caminho, temos que estar arrependidos, estarmos a manifestar gratidão. Ora esta obediência não nos perdoa mas demonstra que queremos obedecer e agradar a Deus pelo que Ele nos fez de graça.

Por isso, o tema do livro de Gálatas, é basicamente que somos justificados por Jesus Cristo, mas como disse, haviam ideias judáicas que estavam a puxar os irmãos de uma maneira errada, a dizer, olha, têm que obedecer as leis cerimoniais e [também] haviam ideias pagães atracadas no intelectualismo grego, digamos assim, gnosticismo, sabedoria grega, que estava a afectar os verdadeiros cristãos.

Então, a sabedoria grega também tinha afectado o Antigo Testamento (AT), pois que as ideias judáicas também tinham sido afectadas com este sincretismo pagão, por isso, o judaísmo próprio já estava distorcido por causa desta influência pagã, dessa idolatria, deste sincretismo.

Sim, pelo exemplo dos fariseus, não podemos dizer que o judaísmo era a religião do AT de Moisés. Não! Não podemos dizer isso. Os fariseus tinham uma forma do judaísmo, mas haviam outras formas. Outras seitas. O judaísmo e outras seitas desenvolveu-se num período com vários grupos e vários estágios, tal como hoje o cristianismo tem várias denominações, desenvolvidos por vários momentos, tempos, estágios e tem se modificado. E assim, o judaísmo, mudou, alterou o que era o verdadeiro ensino de Moisés. Durante o tempo do persas, durante o tempo dos helenistas, durante o tempo dos macabeus, durante o tempo dos romanos e durante o tempo rabínico, afectou o judaísmo. Houve influências, ideias himanas que vieram, foram sincretizadas, digamos assim, um gnosticismo que afectou o ensino de Moisés. Por isso, estamos a falar aqui de um sincretismo e de um movimento de conhecimento que alterou a verdade durante o período de vários anos.

Por isso o judaísmo é uma fragmentação de outros movimentos e grupos messiânicos que existiram, como existe hoje em dia, ideias que não são ideias puras de Cristo; mas que se estão tornando, digamos assim, um judaísmo moderno que está a afectar a Igreja através deste judaísmo modermo, deste messianismo e coisas assim, que estão a alterar a pureza de Cristo.

Por isso, lembrem-se que o judaísmo não era a religião do AT, tal qual, o cristianismo não é a religião de Cristo no Novo Testamento (NT). O cristianismo geral de hoje em dia... (e digo a mesma coisa destes grupos messiânicos) ... não são a pureza da religião de Cristo.

Introduziram tradições; o messianismo introduziu coisas judáicas; com o desejo de virem a ser mais justos. Mas a justiça de Deus não é uma justiça de ações por estarmos a fazer isso ou aquilo; estas ideias têm sido infiltradas na igreja. Infiltraram-se no AT, de modo que o judaísmo não era o que Cristo e o que Deus quisessem! Igualmente o que o cristianismo é hoje, se desviou, não é o que Cristo e o que Deus quer!

São tradições que foram incorporadas nestas religiões que não vieram da Bíblia e que mudaram a cristandade, nesta era do NT, para uma que não é o cristianismo puro de Cristo. Por isso, existe uma diferença entre o judaísmo e a verdadeira religião de Deus; existe uma diferença entre o messianismo e a verdadeira religião de Jesus Cristo; existe uma diferença entre o cristianismo e a verdadeira religião de Cristo. Precisamos entender isso.

Veja por exemplo aqui em João capítulo 7, isso foi num período em que iam à Festa de Tabernáculos e nesse período queriam matar Jesus Cristo, vamos começar a ler no versículo 14:

Corria já em meio a festa, e Jesus subiu ao templo e ensinava.

Então, os judeus se maravilhavam e diziam: Como sabe este letras, sem ter estudado?

Como esse sabe este conhecimento sem ter passado em nenhuma faculdade deste mundo? Jesus Cristo não tinha ido a nenhuma faculdade teológica deste mundo, mas sabia a palavra.

Queridos irmãos, hoje encontro diversas pessoas: “Ó Eu fui a esta faculdade teológica e por isso quero ser ministro!” Irmãos, simplesmente porque você foi a faculdade teológica deste mundo, não quer dizer que você sabe as coisas da Bíblia. Você é reconhecido por essa faculdade deste mundo, mas quem tem que o pôr como ministro de Jesus Cristo é Jesus Cristo! E você precisa primeiro ser seguidor de Jesus Cristo. É praticar o que Jesus diz para nós praticarmos.

A maioria de vocês que se aproximam de mim a dizer que “olha quero ser ou sou um pastor ou uma pastora”, não praticam o que Jesus diz para ser praticado, não são discípulos de Jesus Cristo.

Aqui está Jesus a observar a Festa de Tabernáculos…

Respondeu-lhes Jesus: O meu ensino não é meu, e sim daquele que me enviou [do Pai].

Queridos irmãos, de onde obtemos o ensino do Pai? Não é de nenhuma Faculdade Teológica. É da Bíblia. É da Bíblia – estudando a pura Bíblia. Versículo 17:

Se alguém quiser fazer a vontade dele, conhecerá a respeito da doutrina [isto é, do ensino], se ela é de Deus ou se eu falo por mim mesmo.

Se vocês querem fazer a vontade de Deus, vocês podem comparar com a Bíblia, se o que falo é de mim mesmo ou falo do que o Pai [a Bíblia] me diz para falar.

O judaísmo não estava a seguir o que a Bíblia, as lições de Moisés estavam a dizer. O judaísmo tinha introduzido pesos e tradições, alterando a doutrina que causava tropeços com que eles quebravam as leis de Deus. Veja no versículo 18:

Quem fala por si mesmo está procurando a sua própria glória; mas o que procura a glória de quem o enviou, esse é verdadeiro, e nele não há injustiça.

Se você “procura a glória de quem o enviou” … aqui está um ponto que você precisa ser enviado por Deus. Não pode enviar-se a você mesmo. E segundo, você procura a glória de Deus que enviou a você. Versículo 19:

Não vos deu Moisés a lei [Está aqui Jesus a dizer aos fariseus: então, Moisés não vos deu a lei]? Contudo, ninguém dentre vós a observa [Estão a ver o que Jesus Cristo está aqui a dizer? Vocês que se entitulam como observadores da lei de Moisés, vocês, o judaísmo, da era de Cristo, que diziam que estavam a seguir Moisés não observavam a lei de Moisés. Hipócritas!]. Por que procurais matar-me?

O judaísmo do tempo  de Cristo já se tinha desviado da lei de Deus, como foi promulgada por Moisés.

Queridos irmãos, o que se vê aqui é que houve um sincretismo, uma mistura pagã que afectou o judaísmo com suas ideias, sua sabedoria, sua maneira de pensar, seu intelectualismo pagão que disfarçou da obediência a Deus e, então, isso veio a ser o que chamamos o judaísmo. É uma idolatria misturada com o raciocínio humano à parte de Deus. Ou noutras palavras, é a árvore do conhecimento do bem e do mal que tem afectado o mundo todo, e é o caminho da morte. E esse intelectualismo pagão, disfarçado de obediência a Deus era o judaismo. Por isso é que Jesus Cristo diz que vocês não obedecem às leis de Deus, ou dizem que obedecem, mas na verdade não obedecem.

Irmãos, a mesma coisa acontece com o cristianismo. O cristianismo, hoje; os messiânicos, hoje em dia, se desviam do ensino de Cristo. Se desviam da pureza da obediência de seguir a Jesus Cristo. Então, este intelectualismo pagão, disfarçado de obediência a Jesus, tal como por exemplo, “olha você precisa aceitar a Jesus,” esse sincretismo pagão com ideias gnósticas pagães afectam a doutrina de Cristo. Ou noutras palavras, é uma idolatria misturada com raciocínio humano à parte de Deus.

É mesma coisa que o judaísmo fez com as leis de Moisés; é o que os cristãos, hoje em dia, estão a fazer com os ensinos de Cristo. A lei de Deus, os ensinos de Cristo; os judeus desviaram-se desta maneira, os cristãos e messiânicos estão a se desviar duma ou doutra maneira. Mas não estão a seguir o caminho que é apertado, que é o caminho que devemos seguir.

Por isso irmãos, quando Paulo escreveu aos Gálatas havia esta influência da sociedade na área da Galácia e durante a era primitiva.

O princípio que eu estou a dizer é o seguinte: o mundo hoje em dia não é nada diferente.

Os mesmos pecados, as mesmas ideias e pensamentos errados, os mesmos enganos de satanás foi o que ele deu as pessoas dos dias de Noé; foi o que ele deu nos dias de Sodoma e Gomorra; foi o que ele deu nos dias dos tempos da igreja primitiva por isso foi que Paulo escreveu esta carta aos Gálatas.

Por que? Porque o deus deste mundo, satanás, continua a estar aqui no mundo, a iludir o mundo. Por isso irmãos, precisamos ter cuidado para não sermos enganados. É importante entendermos este princípio do livro de Gálatas, vamos vermos mais no próximo estudo, também acerca das ideias pagães, como vieram afectar a Igreja de Gálatas, e também a nós, hoje em dia!

Precisamos estar prontos, precisamos nos ataviar para as bodas do Cordeiro, para não termos desculpas porque lembrem-se irmãos: Deus é paciente. Deus é muito paciente para que todos venhamos a nos arrepender mas talvez ele esteja a recordar-nos, talvez ele esteja a permitir-nos a passar por certos problemas e dificuldades na nossa vida para nós abrirmos os olhos e acordarmos.

Quantas pessoas escrevem a mim para informar que estão a passar pelos dias mais difíceis das suas vidas. Será que Deus está a permitir ter estas dificuldades para você poder acordar e sair deste sono, desta dorminhoca do mundão?

Queridos irmãos, a paciência de Deus está perto de acabar, depois virá a grande tribulação que é o dia da ira de Deus e do Cordeiro. Por isso irmãos, precisamos nos ataviar antes disso.