“Essa Rocha Era Cristo”
Na Bíblia, os escritos do apóstolo Paulo são bem conhecidos por serem difíceis de entender. Até o apóstolo Pedro reconheceu isso (2 Pedro 3:16).
Frequentemente, algumas coisas que Paulo escreveu se mostram como um desafio para nós, pela simples razão de que ele viveu e escreveu em uma cultura muito diferente da nossa, há dois mil anos, e em uma parte muito diferente do mundo. Nossa cultura moderna é diferente daquela do mundo de Paulo em muitos aspectos, e muitas vezes deixamos de considerar ou entender essas diferenças quando lemos a Bíblia.
Outras coisas que Paulo escreveu são intrigantes para nós, porque ele escreveu a partir de um cenário intelectual e uma base de conhecimentos muito distantes do nosso mundo atual. Paulo era um rabino treinado sob a tutela do grande Gamaliel, conhecido e respeitado como um “doutor da lei, venerado por todo o povo” (Atos 5:34; 22:3).
Como resultado, Paulo era experto nas Escrituras Hebraicas (hoje comumente chamado de Antigo Testamento) e, muitas vezes, fazia referência a passagens ou tópicos um tanto obscuros que ele e seu público daquela época entendiam muito bem, mas que hoje são estranhos ou, em grande parte, desconhecidos para a maioria dos leitores da Bíblia.
Uma passagem intrigante na primeira epístola aos coríntios
Encontramos um exemplo de uma passagem, total ou parcialmente, incompreendida em 1 Coríntios 10:1-4, onde Paulo escreve: “Porque não quero, irmãos, que vocês ignorem o fato de que todos os nossos antepassados estiveram sob a nuvem e todos passaram pelo mar. Em Moisés, todos eles foram batizados na nuvem e no mar. Todos comeram do mesmo alimento espiritual e beberam da mesma bebida espiritual; pois bebiam da Rocha espiritual que os acompanhava, e essa Rocha era Cristo” (Nova Versão Internacional, grifo nosso).
Algumas partes dessa passagem são fáceis de entender — outras, nem tanto.
Ao tentar entender a Bíblia, sempre é útil ler o contexto. Quando entendemos a ideia geral que o escritor bíblico está transmitindo torna-se muito mais fácil entender os detalhes.
Nesse caso, Paulo está escrevendo essa carta para a igreja de Corinto no período da Páscoa bíblica e da Festa dos Pães Asmos, que foi a época do ano em que a antiga Israel deixou o Egito no êxodo cerca de quinze séculos antes. Esse tempo está evidente no comentário de Paulo de que "Cristo, nossa Páscoa, foi sacrificado por nós" em 1 Coríntios 5:7-8 e suas demais instruções sobre como guardar a Festa dos Pães Asmos com uma atitude e perspectiva corretas. No capítulo 11, versículos 20-29, ele também dá instruções sobre como os cristãos devem observar adequadamente a cerimônia bíblica da Páscoa.
Está claro que a história do êxodo de Israel do Egito e as lições que os cristãos devem aprender sobre isso estavam na mente de Paulo nessa carta. Por isso é que nesta passagem do capítulo 10, versículos 1 e 2, ele se refere à nuvem que os protegia (ver Êxodo 13:21-22; 14:19-20, 24) e à milagrosa passagem de Israel pelo mar (Êxodo 14:24-30), e, no versículo 3, ao maná fornecido sobrenaturalmente para alimentar os israelitas por quarenta anos (ver Êxodo 16:11-35).
As metáforas sobre “a Rocha”
No versículo 4, Paulo faz a transição a outro elemento da história do êxodo para apresentar um argumento mais amplo.
Ele menciona que os israelitas "bebiam da Rocha espiritual que os acompanhava, e essa Rocha era Cristo". Podemos ler os relatos de Deus fornecendo água aos israelitas no deserto através de uma rocha golpeada por Moisés em Êxodo 17:1-6 e Números 20:1-11. Deus havia dito que estaria na rocha, então milagrosamente a água fluiu para o povo dEle.
Mas observe que Paulo não estava enfocando principalmente na rocha física que Moisés golpeou e da qual jorrou água, mas na “Rocha espiritual que os acompanhava” — essa Pedra, ou Rocha, era Jesus Cristo.
O que isso quer dizer? O que Paulo está nos dizendo aqui?
Primeiro, devemos observar aqui que o termo "seguir" não é a melhor tradução. O verbo grego usado é uma forma do termo akoloutheo, que significa “seguir o mesmo caminho” ou “viajar juntos”. As formas desta palavra aparecem noventa e duas vezes no Novo Testamento, a grande maioria se refere aos discípulos ou às multidões que acompanhavam Jesus Cristo em suas viagens pelas estradas da Galileia e da Judeia durante o Seu ministério.
Embora a palavra akoloutheo geralmente possa significar "seguir", uma melhor tradução no contexto da história do êxodo seria "acompanhar" ou "viajar junto" — já que a "Rocha espiritual" com os israelitas não os seguia, mas os acompanhava enquanto viajavam juntos do Egito para a Terra Prometida. Consequentemente, outras versões traduzem isso como "estava lá com eles" (Bíblia Viva), "ia com eles" (BLH) e "que os acompanhava" (Nova Versão Internacional).
Paulo está mostrando que a rocha física que Moisés golpeou para extrair a água era como um tipo ou símbolo de uma "Rocha espiritual" superior que fornece uma bebida espiritual, e Paulo identifica essa Rocha espiritual como Jesus Cristo.
Aquela “Rocha espiritual” era o Deus de Israel
Onde podemos encontrar na história do êxodo a menção de outra “Rocha”? Além dos livros de Êxodo e Números, como os exemplos citados acima, há outro livro bíblico que narra essa história do êxodo — Deuteronômio. O livro de Deuteronômio é o último dos cinco livros de Moisés, escrito pouco antes de sua morte, enquanto Israel se preparava para entrar na Terra Prometida.
Em muitos aspectos, o livro de Deuteronômio recapitula a história do êxodo e dos quarenta anos da peregrinação dos israelitas no deserto. Quase ao fim desse livro, no capítulo 32, Moisés faz um prolongado louvor a Deus, "o SENHOR", que havia libertado, conduzido e protegido os israelitas mesmo quando foram infiéis a Ele.
Esta parte do livro de Deuteronômio está ligada diretamente à história do êxodo, onde Moisés fala diversas vezes que Deus era a "Rocha" de Israel — hoje podemos chamar isso de fundamento espiritual — que esteve com eles até a entrada em Israel na terra prometida. E quando Paulo discute essa rocha espiritual que acompanhou os israelitas em sua jornada, sem dúvida, ele tem em mente essa “Rocha” divina de Deuteronômio 32. (Demonstrando a popularidade e da familiaridade com esse livro, os escritores do Novo Testamento fazem alusão ao Deuteronômio mais do que qualquer outro livro do Antigo Testamento, além de Salmos e Isaías).
Devemos observar como, em Deuteronômio 32, Moisés se refere repetidamente ao Deus de Israel, novamente "o SENHOR" ou Javé (como se costuma pensar que este nome hebraico foi pronunciado), como "a Rocha". Nessa passagem, essa referência está bem clara.
Moisés começa este capítulo com louvores a Deus, a “Rocha” de Israel, no versículo 3-4: “Ele é a Rocha cuja obra é perfeita, porque todos os Seus caminhos juízo são; Deus é a verdade, e não há nEle injustiça; justo e reto é”.
Novamente, no versículo 15, Moisés chama o Deus dos israelitas de "Rocha", mas dessa vez no contexto de uma nação que O rejeitou: "E, engordando-se Jesurum, deu coices; engordaste-te, engrossaste-te e de gordura te cobriste; e deixou a Deus, que o fez, e desprezou a Rocha da sua salvação”.
No versículo 18, Moisés novamente chama Deus de "Rocha", condenando o fato de que eles se rebelaram contra Ele, embora Deus tenha feito deles uma nação: "Esqueceste-te da Rocha que te gerou; e em esquecimento puseste o Deus que te formou”.
Nos versículos 30-31, Moisés compara a Rocha dos israelitas, seu Deus, aos deuses falsos e infiéis adorados pelas nações vizinhas: “Como pode ser que um só perseguisse mil, e dois fizessem fugir dez mil, se a Sua Rocha os não vendera, e o SENHOR os não entregara? Porque a sua rocha não é como a Nossa Rocha, sendo até os nossos inimigos juízes disso”.
Somente neste capítulo, Moisés se refere cinco vezes ao Deus dos israelitas como a "Rocha" deles. Obviamente, Paulo, como um estudioso experiente da Bíblia, tinha isso em mente quando se referiu aos eventos do êxodo e da jornada no deserto, por isso nos disse que “essa Rocha era Cristo" (1 Cor. 10:4 NVI).
A surpreendente verdade sobre o Deus de Israel e o Criador de todas as coisas
Nessa frase de Paulo — “essa Rocha era Cristo" (NVI) — temos o esclarecimento de uma incrível verdade da Bíblia. Muitas pessoas acham que Deus Pai, foi o Deus que interagiu diretamente com indivíduos, grupos e nações durante o período do Antigo Testamento. Mas aqui Paulo nos diz que, na verdade, o Ser que fez isso, sob a direção do Pai, foi o que mais tarde nasceria em carne como Jesus Cristo (ver “O Supremo Sacrifício”).
Paulo confirma isso alguns versículos depois, em 1 Coríntios 10:9, onde escreve sobre outro evento significativo que ocorreu durante a jornada dos israelitas do Egito à Terra Prometida: “E não tentemos a Cristo, como alguns deles também tentaram e pereceram pelas serpentes”, escreveu Paulo. O incidente a que ele se refere pode ser encontrado em Números 21:5-9, onde o povo se rebelou contra Deus e, como resultado, “o SENHOR mandou entre o povo serpentes ardentes, que morderam o povo” (versículo 6). Quem era o SENHOR ou Deus que os israelitas tentaram nessa ocasião? Paulo nos diz claramente que era Jesus Cristo!
Como Paulo saberia que esse Deus que interagiu com Moisés e os israelitas era o mesmo Ser que mais tarde nasceria na carne como Jesus Cristo? Lembre-se de que Paulo, após sua milagrosa conversão, aparentemente foi ensinado diretamente por Cristo por três anos na Arábia, antes de conhecer qualquer outro apóstolo (Gálatas 1:11-18).
E, escrevendo sob a inspiração de Deus, ele nos diz em Colossenses 1:16 a respeito de Jesus: “Porque nEle foram criadas todas as coisas que há nos céus e na terra, visíveis e invisíveis, sejam tronos, sejam dominações, sejam principados, sejam potestades; tudo foi criado por Ele e para Ele”.
Aqui Paulo nos diz claramente que foi Jesus Cristo que criou não apenas o universo físico que vemos ao nosso redor, mas também o universo espiritual invisível, ou o reino angelical. Paulo nos diz que “tudo foi criado por Ele e para Ele”.
Em tudo isso, vemos que Paulo, sob a inspiração de Deus, nos diz que Jesus Cristo é o Criador, aquele por quem Deus Pai criou o universo físico e o reino angelical, e também que Jesus era o Deus e o SENHOR que interagiu com Moisés e os israelitas durante a jornada deles do Egito até a Terra Prometida.
“Deus nunca foi visto por alguém”
O apóstolo João fez várias declarações notáveis que nos ajudam a entender o papel de Jesus Cristo durante o período do Antigo Testamento. Em João 1:18, ele nos diz: “Deus nunca foi visto por alguém. O Filho unigênito, que está no seio do Pai, este O fez conhecer”.
No início deste capítulo, no versículo 14, João explicou que ele era uma testemunha ocular do “Verbo” que se tornou carne como Jesus Cristo. Portanto, no versículo 18, a palavra Deus não pode se referir a Jesus, mesmo Jesus também sendo Deus (versículos 1-3). Então, o "Deus" que nunca foi visto por alguém, obviamente, se refere ao Deus Pai.
Observe também que João disse que Jesus Cristo "fez conhecer" o Pai. Outras versões traduzem isso como "O tornou conhecido” (Nova Versão Internacional), "nos contou tudo a respeito dEle” (Bíblia Viva), “nos mostrou quem é Deus” (Bíblia na Linguagem de Hoje) ou "O revelou" (Almeida Corrigida e Fiel).
Se Deus Pai fosse conhecido pelos israelitas como o Deus do período do Antigo Testamento, por que Jesus precisaria torná-Lo conhecido? Isso não faz sentido. Não haveria necessidade de revelar o Pai se Ele já fosse conhecido quando Jesus veio.
E João repete exatamente essa mesma afirmação em uma de suas epístolas: “Ninguém jamais viu a Deus” (1 João 4:12). Aparentemente, João escreveu isso quase no fim do primeiro século. Na época, parece que ele era o último dos apóstolos ainda vivo. Ele teve mais de meio século para refletir sobre seu tempo com Jesus Cristo e permitir que Seus ensinamentos — inclusive as próprias declarações de Jesus de que ninguém nunca tinha visto a Deus — penetrassem profundamente em sua mente. Sem dúvida, João sabia exatamente o que Jesus estava dizendo.
Também temos duas declarações explícitas do próprio Jesus Cristo. Veja o que diz João 5:37: “E o Pai, que Me enviou, Ele mesmo testificou de Mim. Vós nunca ouvistes a Sua voz, nem vistes o Seu parecer”.
Além disso, e para ficar mais claro, novamente Jesus disse que ninguém jamais viu o Pai em João 6:46: “Ninguém viu o Pai, a não ser Aquele que vem de Deus; somente Ele viu ao Pai” (Nova Versão Internacional). Aqui Jesus diz claramente que ninguém viu o Pai, exceto Aquele que veio de Deus — referindo-se a Si mesmo. Apenas Ele viu o Pai. Nenhum ser humano jamais viu o Pai.
O registro bíblico de pessoas que viram a Deus
Contudo, através dos livros do período do Antigo Testamento, sabemos de muitas pessoas que viram a Deus. E, dentre elas, estão as seguintes:
• Abraão (Gênesis 12:7; 15:1; 18:1).
• Isaque (Gênesis 26:2, 24).
• Jacó (Gênesis 28:13; 32:30; 35 9-10).
• Moisés (Êxodo 3:6; 33:11, 21-23).
• Moisés, Arão e os setenta anciãos de Israel (Êxodo 24:9-11).
• Josué (Josué 6:2).
• Gideão (Juízes 6:14).
• Salomão (1 Reis 11:9).
Quase todas essas pessoas descritas tiveram encontros face a face com Deus. Contudo, dois desses encontros são descritos especificamente como visões, inclusive um dos encontros de Abraão e outro de Jacó. Mas, além dessas visões, Abraão e Jacó também tiveram encontros pessoais com Deus — durante os quais Abraão comeu uma refeição com Deus e Jacó lutou com Deus.
Nesses diversos encontros, o “Deus” que apareceu e falou com essas pessoas é identificado como “Deus” (Elohim no hebraico), “o SENHOR” (YHWH ou Javé no hebraico), “o Deus de Israel”, “O Deus de seus pais”, “o Deus de Abraão, o Deus de Isaque e Jacó”, o “Deus Todo-Poderoso” (do hebraico El Shaddai), “a palavra do SENHOR”, “o Anjo do SENHOR”, "EU SOU O QUE SOU” e "EU SOU".
Então, como reconciliar essa afirmação de que “Deus nunca foi visto por alguém” com os relatos que afirmam que muitas pessoas viram a Deus?
Anteriormente, vimos muitas declarações do apóstolo João e do próprio Jesus Cristo de que ninguém nunca viu o Pai. Então, quem essas pessoas viram quando disseram que viram a Deus? A única maneira de entender isso é compreendendo que nenhum homem jamais viu a Deus Pai, mas no entanto essas pessoas viram Aquele que também era Deus.
O que eles viram, como registrado nessas diversas passagens e em outros momentos em que Deus apareceu a determinadas pessoas, foi o Verbo que também era Deus (João 1:1), Aquele que nasceu em carne como Jesus Cristo. Então, ao compreender isso, vemos que não existe nenhuma contradição. Pois, sabemos que “a Escritura não pode ser anulada” (João 10:35).
O que vemos revelado nas Escrituras, a partir dessas passagens, é que Jesus foi Aquele que interagiu com os patriarcas, os profetas e o povo de Israel como o SENHOR ou Deus em nome do Pai. Aquele que se tornou o Pai não era conhecido pelos israelitas quando Cristo veio. Eles nunca tinham visto o Pai, mas apenas o Verbo ou Porta-voz de Deus, Jesus Cristo, que veio revelar o Pai.
Jesus foi o "EU SOU" que falou com Moisés
O próprio Jesus deixou isso muito claro para as pessoas que O ouviram, e elas entenderam o que Ele estava lhes dizendo. Observe esse relato em João 8:57-58, onde Jesus estava em um acalorado debate com alguns judeus que Lhe eram antagônicos, em que Ele disse que Abraão se alegrou ao ver Seu dia.
"Disseram-lhe, pois, os judeus: Ainda não tens cinquenta anos e viste Abraão? Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que, antes que Abraão existisse, EU SOU".
Aqui, Jesus lhes revelou especificamente a Sua identidade divina — que Ele existia antes de Abraão e, ainda mais surpreendente, que Ele era o Deus que interagia com as pessoas no período do Antigo Testamento. Então, quem exatamente Ele alegou que era?
Encontramos a resposta em Êxodo 3:13-14, onde Deus apareceu a Moisés na sarça ardente, prometendo libertar os israelitas da escravidão egípcia.
“Então, disse Moisés a Deus: Eis que quando vier aos filhos de Israel e lhes disser: O Deus de vossos pais me enviou a vós; e eles me disserem: Qual é o Seu nome? Que lhes direi? E disse Deus a Moisés: EU SOU O QUE SOU. Disse mais: Assim dirás aos filhos de Israel: EU SOU me enviou a vós”.
Avancemos quinze séculos no tempo e repitamos a pergunta: Quem Jesus disse que era mesmo? Então, voltando ao que acabamos de ler em João 8:58: "Disse-lhes Jesus: Em verdade, em verdade vos digo que, antes que Abraão existisse, EU SOU"".
Observe o que aconteceu logo depois de Jesus dizer essas palavras: “Então, pegaram em pedras para Lhe atirarem; mas Jesus ocultou-se, e saiu do templo, passando pelo meio deles, e assim se retirou” (João 8:59).
Os judeus que ouviram Jesus dizer essas palavras perceberam o que Ele quis dizer — que Ele estava reivindicando ser o “EU SOU” que havia interagido com Moisés. E como eles reagiram? Imediatamente, eles pegaram pedras para apedrejá-Lo até a morte por ter alegado ser Deus!
A incrível verdade sobre a identidade de Jesus
Ao juntar todas essas escrituras, vemos emergir um personagem notável: Aquele que veio à Terra como um ser humano de carne e osso, Jesus Cristo, que foi, de fato, quem interagiu com as pessoas como Deus em todo o período do Antigo Testamento.
Estas não são todas as escrituras pertinentes a esse assunto, mas são suficientes para demonstrar plenamente que Aquele que falou e interagiu com os seres humanos no período do Antigo Testamento, agindo em nome do Pai, foi o Deus que hoje conhecemos como Jesus Cristo.
Veja que isso não é apenas opinião ou conjectura, mas declarações diretas do apóstolo Paulo, do discípulo amado de Jesus, João, e do próprio Jesus Cristo. Da mesma forma, Mateus, apóstolo e autor do evangelho que leva seu nome, afirmou que Jesus era Emanuel, que significa "Deus conosco" (Mateus 1:23), e o apóstolo Tomé O chamou de “Senhor Meu, e Deus Meu!" (João 20:27-29). (Para saber mais sobre esse tema, baixe ou solicite nosso guia de estudo bíblico gratuito Quem é Deus?).
Certamente, Jesus sempre dirigiu a adoração para Deus Pai e foi totalmente subserviente a Ele (João 4:23; 5:19, 30; 8:28; 10:18, 29, 37; 12:49-50; 14:10, 24; 15:10). Do mesmo modo, nós devemos sempre colocar Deus Pai em primeiro lugar e honrá-Lo acima de tudo. Mas Jesus também aceitou ser adorado e não impediu que as pessoas fizessem isso (Mateus 8:2-3; 9:18-19; 14:33; 15:25; 28:9-10, 17; Lucas 24:51-52). E Ele também disse que a vontade de Deus é “que todos honrem o Filho, como honram o Pai” (João 5:23).
Nunca devemos perder de vista o extraordinário papel de Jesus Cristo em toda a Bíblia, sabendo que Ele também pode ser a nossa Rocha, que nos acompanha em nossa jornada espiritual!
Muitas Escrituras Se Referem a Deus Como a “Rocha” de Israel
O apóstolo Paulo não é o único escritor bíblico que se referiu à “Rocha” de Israel. Muitos escritores do Antigo Testamento também se referiram a Deus — ou a Javé, como muitos acreditam que seja a pronúncia da forma hebraica de Seu nome — como a “Rocha” deles ou de Israel. Além daquelas cinco menções no livro de Deuteronômio, pelo menos outras vinte e quatro passagens, principalmente em Salmos, se referem a Deus como a Rocha de Israel.
Conforme explicado no artigo “Essa Rocha era Cristo”, provavelmente o apóstolo Paulo tinha em mente as cinco referências a Deus como a “Rocha” de Israel de Deuteronômio 32, quando escreveu em 1 Coríntios 10:4, "e essa Rocha era Cristo" (NVI). Mas, sendo um especialista em todos os escritos das Escrituras Hebraicas, comumente chamado de Antigo Testamento, talvez ele também tivesse pensando em diversas outras referências.
Observe essas outras vinte e quatro passagens onde Deus é chamado de Rocha de Israel. E, como Paulo deixou claro, compreendido nessa identidade divina está Aquele que se tornou Jesus Cristo!
“O SENHOR é a Minha Rocha, a Minha cidadela, o Meu libertador" (2 Samuel 22:2, ARA).
“Pois quem é Deus além do SENHOR? E quem é Rocha senão o Nosso Deus? (2 Samuel 22:32, NVI).
“Vive o SENHOR, e bendita seja a Minha Rocha! Exaltado seja o Meu Deus, a Rocha da Minha salvação! (2 Samuel 22:47, ARA).
“Disse o Deus de Israel, a Rocha de Israel a mim me falou...” (2 Samuel 23:3).
“O SENHOR é a Minha Rocha, a Minha cidadela, o Meu libertador...” (Salmos 18:2, ARA).
“Pois quem é Deus além do SENHOR? E quem é Rocha senão o nosso Deus? (Salmos 18:31, NVI).
“Vive o SENHOR, e bendita seja a Minha Rocha!...” (Salmos 18:46, ARA).
“A ti clamarei, ó SENHOR, Rocha Minha...” (Salmos 28:1).
“Sê A Minha Firme Rocha, uma casa fortíssima que me salve” (Salmos 31:2).
“Porque Tu és a Minha Rocha e a Minha fortaleza...” (Salmos 31:3).
“Direi a Deus, a Minha Rocha...” (Salmos 42:9).
"Leva-me para a Rocha que é mais alta do que eu" (Salmos 61:2).
“Só Ele é a Minha Rocha e a Minha salvação...” (Salmos 62:2).
“Só Ele é a Minha Rocha e a Minha salvação...” (Salmos 62:6).
“Em Deus está a Minha salvação e a Minha glória; a Rocha da Minha fortaleza...” (Salmos 62:7).
"Tu és a Minha Rocha e a Minha fortaleza" (Salmos 71:3).
"E lembravam-se de que Deus era a Sua Rocha, e o Deus Altíssimo, o Seu Redentor" (Salmos 78:35).
"Tu és Meu Pai, Meu Deus, e a Rocha da Minha salvação" (Salmos 89:26).
“Para anunciarem que o SENHOR é reto; Ele é a Minha Rocha...” (Salmos 92:15).
"Mas o SENHOR foi o Meu alto retiro; e o Meu Deus, a Rocha em que me refugiei" (Salmos 94:22).
“Cantemos com júbilo à Rocha da Nossa salvação!” (Salmos 95:1).
“Bendito seja o SENHOR, Minha Rocha...” (Salmos 144:1).
“Há outro Deus além de Mim? Não! Não há outra Rocha que Eu conheça” (Isaías 44:8).
“Não és Tu desde sempre, ó SENHOR, Meu Deus, Meu Santo?...ó Rocha, o fundaste para castigar” (Habacuque 1:12).
Quando Paulo escreveu que “a Rocha era Cristo" (NVI), ele não estava tirando a palavra "Rocha" do nada. Ele sabia que Moisés, Davi, Isaías e Habacuque se referiam a Deus — Javé — como a "Rocha" deles ou de Israel. Paulo estava intimamente familiarizado com as Escrituras Hebraicas e suas repetidas referências a Rocha como um termo que se referia ao Deus de Israel. Além disso, Paulo nos diz claramente quem era a Rocha que interagia diretamente com os israelitas: "essa Rocha era Cristo" (NVI).